sexta-feira, 11 de junho de 2010

145º Aniversário da Batalha Naval do Riachuelo – Data Magna da Marinha


Ordem do Dia: 145º Aniversário da Batalha Naval do Riachuelo – Data Magna da Marinha

Completam-se, nesta data, 145 anos desde o momento em que o Brasil escreveu, nas páginas de sua história, uma de suas mais gloriosas passagens: a Batalha Naval do Riachuelo. Foi um acontecimento que deixou, para as gerações futuras, um legado de atos heróicos e ricos em lições de abnegação e amor ao País, protagonizados por pessoas que, no ardor dos combates, souberam dignificar, com coragem e extrema doação, o seu patriotismo. Aqueles fatos seguem nos ajudando a corroborar a grandeza da Nação.

Considerada como o ponto de inflexão da Guerra da Tríplice Aliança, a contenda ocorrida naquele afluente do rio Paraná foi de suma importância para a vitória dos aliados.

Na ocasião, os nossos navios não estavam preparados para uma operação fluvial, pois possuíam cascos inapropriados às pequenas profundidades e que eram feitos de madeira, o que os tornavam bastante vulneráveis às peças de artilharia inimigas, dispostas, furtivamente, ao longo das margens. Contudo, o ânimo para a luta e a adaptabilidade do pessoal foram o fator impulsionador necessário à superação dos obstáculos que se apresentaram.

Como Comandante-em-Chefe da Esquadra estava o nosso Patrono, o Almirante Joaquim Marques Lisboa, então Visconde de Tamandaré. À frente do grupo-tarefa local, cuja missão era participar da retomada da cidade argentina de Corrientes e realizar o bloqueio dos rios Paraguai e Paraná, vias essenciais para o apoio logístico do oponente, encontrava-se o Chefe-de-Divisão Francisco Manoel Barroso da Silva.

Dotado de fibra e sendo muito perspicaz, o Almirante Barroso pôde, naquela manhã de 11 de junho de 1865, contrapor-se à investida do adversário, consagrando-se herói nacional. Também merecem ser lembrados os Guarda-Marinha Greenhalgh e Imperial Marinheiro Marcílio Dias que, como muitos outros, sacrificaram suas vidas defendendo a nossa bandeira.

Marinheiros, Fuzileiros Navais e Servidores Civis de hoje! Homens e mulheres que se dedicam, diuturnamente, à nossa Instituição! Ressaltar a dignificante saga dos antepassados permite refletir sobre a magnitude das responsabilidades que nos são confiadas pela sociedade. A Pátria clama por gente à altura de sua grandiosidade!

Nesses tempos atuais, em que o mundo se transforma rapidamente, o incrível avanço das comunicações e dos transportes encurta as longas distâncias de antigamente e dita profundas mudanças comportamentais nos seres humanos. Há uma notória percepção de que os povos estão permanentemente interagindo, o que requer estarmos atentos para a resultante dessas dinâmicas sociais.

Assim, a Marinha, em plena consonância com a evolução do pensamento moderno, porém sem se afastar dos valores de outrora, procura, incansavelmente, construir uma Força capaz de contribuir para a garantia dos interesses e da soberania de um Estado pujante e cada vez mais influente, como o nosso.

São muitos os motivos que nos levam a meditar.

As riquezas existentes em nosso território, tais como as jazidas de minerais estratégicos, de petróleo e de gás; as reservas de água doce; o clima e o solo fértil para a produção de alimentos; e a longa tradição de buscar soluções pacíficas para as controvérsias, podem gerar atitudes alienígenas indesejáveis às nossas pretensões, caso não estejamos suficientemente preparados para dissuadi-las. Temos, portanto, que enfrentar o desafio de ser grande, fruto do papel, cada vez mais atuante, que estamos desempenhando no cenário internacional e, da mesma maneira que ocorreu no passado, sermos obstinados na execução das tarefas que nos são cometidas.

A construção do submarino com propulsão nuclear, por sua complexidade, bem demonstra o espírito que devemos cultuar. Tendo iniciado o nosso Programa Nuclear há cerca de 31 anos, jamais nos abatemos diante das dificuldades, estando, agora, em decorrência de uma reconhecida necessidade estratégica, aproximando-nos de ver concretizada essa meta maior.

Além disso, precisamos nos conscientizar que somos uma Instituição respeitada entre as diversas Marinhas. As nossas capacidades tecnológicas e operativas, adquiridas ao longo dos anos, refletem, claramente, as potencialidades de um País predestinado a ser um ator relevante, não só em face das suas dimensões geográficas, como também do seu desenvolvimento sócio-econômico. Dentro desse enfoque, posso citar, além do domínio de tecnologias sensíveis, a capacitação em construir navios, o que inclui submarinos convencionais; a operação de navios-aeródromos com aeronaves de asa fixa embarcadas; e a manutenção de tropas de fuzileiros navais em condições de pronto emprego e com características eminentemente expedicionárias.

Acresce que, em dezembro de 2008, foi aprovada a Estratégia Nacional de Defesa, cuja divulgação tem incentivado a sociedade a discutir questões que envolvem a segurança externa; trata-se de um documento de alto nível que orienta os esforços, dos mais variados setores, no sentido de criar-se uma sinergia capaz de proporcionar o devido aparelhamento e a eficaz distribuição territorial das organizações militares, além do fortalecimento sustentável da indústria, com geração de empregos e mais renda para os brasileiros.

A Força, alinhada com essa perspectiva, vem empreendendo esforços importantes com a finalidade de se equipar com os meios necessários à garantia dos interesses brasileiros no mar e na vasta rede fluvial.

Meus Comandados!

A nossa Data Magna, que estamos comemorando, nos remete a incontáveis reflexões que, seguramente, irão nos ajudar a entender o passado, analisar o presente e planejar o futuro. Homens corajosos, como os que participaram da Batalha Naval do Riachuelo, nos deixaram suas heranças de bravura, combatividade, idealismo e, principalmente, valor.

Assim sendo, exorto a todos a manterem vivos, dentro de si, os ideais que guiaram aqueles heróis de 1865. A eles devemos a gratidão por terem ajudado a construir uma Nação soberana e unida, da qual muito nos orgulhamos!

JULIO SOARES DE MOURA NETO
Almirante-de-Esquadra
Comandante da Marinha

Fonte: Marinha do Brasil
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