Um dos pilotos de caça mais célebres da Ucrânia e dois outros aviadores morreram em acidente aéreo. Andrii Pilshchykov ganhou fama participando de combates aéreos por Kiev durante a fase inicial da invasão russa.
Os militares ucranianos classificaram as mortes dos aviadores como perdas "dolorosas e irreparáveis" e prestaram homenagem a Pilshchykov como um piloto com "grande conhecimento e grande talento".
O acidente envolveu dois aviões de treinamento L-39 sobrevoando o norte da Ucrânia. Está em andamento uma investigação para saber se as regras de preparação de voo não foram seguidas corretamente, resultando no acidente de sexta-feira (25) no Oblast de Zhytomyr. A região fica a oeste da capital, Kiev, e a centenas de quilômetros da linha de frente.
O presidente Volodymyr Zelensky confirmou as mortes no seu discurso noturno em vídeo, dizendo que o seu país "nunca esqueceria ninguém que defendesse os céus livres da Ucrânia".
No outono passado, enquanto a Rússia lançava centenas de mísseis de cruzeiro e drones contra a Ucrânia, Pilshchykov que voava sob o indicativo “Juice”, falou à BBC sobre a pressão que sentiu como piloto de caça MiG-29 encarregado de tentar interceptar essas armas mortais antes de atacarem.
"Interceptando os mísseis de cruzeiro, sua missão é salvar as vidas no solo, salvar a cidade. Se você não conseguir, é uma sensação terrível de que alguém vai morrer. Alguém vai morrer em minutos e você não evitou isso, " ele disse.
Ele também falou do “sonho” de sua vida de ingressar na Força Aérea Ucraniana, que considerava sua “missão”.
Melaniya Podolyak, amiga de Pilshchykov, também confirmou sua morte, postando uma imagem de seu distintivo da Força Aérea nas redes sociais.
O acidente e as mortes são uma grande surpresa para a Ucrânia, que se prepara para receber cerca de 61 caças F-16 dos seus aliados, numa tentativa de intensificar a sua contra-ofensiva.
Na quinta-feira (24), o Pentágono confirmou que o treinamento em inglês para ucranianos na operação de F-16 começaria no Texas em setembro, com o treinamento de voo previsto para começar em outubro no Arizona. Entretanto, outros aliados ocidentais preparam-se para começar a treinar ucranianos ainda este mês. O treinamento para pilotar os F-16 deverá durar cerca de cinco meses.
A decisão americana no início deste ano de fornecer jatos F-16 representou uma reviravolta. Isto acontece porque os EUA e os seus aliados da NATO - que anteriormente tinham descartado a medida - temiam que isso levasse a uma nova escalada com a Rússia, que possui armas nucleares.
Um porta-voz da Força Aérea da Ucrânia, Yurii Ihnat, prestou homenagem a Pilshchykov num comunicado publicado na sua página no Facebook.
“Há um ano, nos EUA, Andrii se reuniu com funcionários do governo americano, abordou as necessidades urgentes da Força Aérea, esteve em contato constante com pilotos californianos e foi o principal impulsionador de um grupo de defesa que promoveu muitas decisões sobre os F-16.", disse Ihnat.
“Durante a guerra, ele deu dezenas de entrevistas à mídia ocidental porque conhecia bem o inglês, e o mais importante foi o tema da conversa: o que pode e deve ser falado para a Ucrânia!
"Você nem imagina como ele queria voar um F-16... mas agora que os aviões americanos estão realmente no horizonte, ele não os pilotará.
"Andrii Pilshchykov não era apenas um piloto, era um jovem oficial com grande conhecimento e grande talento.
“Ele foi um excelente comunicador, impulsionador de reformas nas aeronaves da Aeronáutica, participante de muitos projetos. Muitas vezes apoiei suas ideias malucas, que deram resultados incríveis!”
Fonte BBC
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