segunda-feira, 2 de maio de 2016

Sistemas russos de guerra eletrônica

O armamento utilizado no campo de batalha da guerra moderna faz muita diferença. Mas não toda. Se no passado a vitória era garantida por rifles de fogo rápido ou canhões, agora os exércitos estão equipados com sistemas que podem incapacitar até a mais poderosa das armas, impedindo o inimigo de utilizá-la.
Os sistemas de guerra eletrônica não são, de maneira nenhuma, inferiores às armas de impacto direto em termos de eficiência. Mas, diferentemente de canhões e mísseis, eles destroem não a mão de obra e o equipamento, e sim seu "sistema nervoso", ou seja, os sistemas de controle, de direção e de vigilância. 
Um impacto desses pode, de uma só vez, privá-lo de todas as chances de lutar: desabilitando a eletrônica, desligando cabos elétricos, cegando radares e imobilizando aeronaves de combate e navios de guerra. Como resultado, os conflitos armados modernos têm uma nova característica: eles se desenrolam não apenas na terra, no ar e na água, mas também no plano das ondas de rádio.
Hoje, a Rússia é um dos líderes mundiais no desenvolvimento e aplicação desses sistemas, apesar de, apenas 20 anos atrás, estar bastante atrás de outros países no setor. Os sistemas russos instalados em equipamentos aéreos são, na atualidade, equiparáveis aos norte-americanos, enquanto as estações terrestres russas estão em terceiro lugar no ranking mundial.
Khibini e Krasukha
As aeronaves militares russas têm instalado um sistema de medidas contradefensivas chamado Khibini. Visualmente, ele é composto por diversos contêineres com equipamento eletrônico que são anexados às asas. Mas esses contêineres transformam imediatamente a aeronave em uma unidade de combate excelente. 
Khibiny system is installed on all Russian military aircraft. Source: RIA NovostiSistema Khibini está instalado em aeronaves militares russas. Foto: RIA Nôvosti
O Khibini rebate um sinal interrogatório direcionado à aeronave por radar vindo da terra ou de outra aeronave e o distorce completamente. As consequências dessa operação podem podem ser mais sérias para a fonte de radiação, e variam da distorção do sinal até o bloqueio completo de seu funcionamento.
As estações de guerra eletrônica são representadas por diversos modelos. O mais interessante deles é o sistema Krasuha-4 EW, que entrou em funcionamento pela primeira vez em 2012. O sistema permite bloquear quase todo sinal de rádio em um raio de 320 km.
Ele pode suprimir a atividade de aeronaves AWACS (da sigla em inglês, Sistema Aéreo de Alerta e Controle), veículos aéreos não tripulados e até satélites espiões, assim como obstruir quase qualquer sistema de guerra eletrônica inimigo. O sistema está localizado, desde outubro de 2015, na base aérea russa de Khmeimim, na Síria.
Um século de funcionamento
A primeira vez que as tropas russas usaram a guerra eletrônica foi, provavelmente, no início do século 20. Em 1904, operadores de rádio russos começaram a obstruir estações japonesas que estavam direcionando fogo de artilharia ao Port Arthur, na Machúria, durante a Guerra Russo-Japonesa.
Mas as bases dos sistemas de guerra eletrônica russos foram traçadas durante a Segunda Guerra Mundial. Foi quando tomou-se a decisão de se criar uma unidade especial responsável por obstruir as estações de rádio alemãs. O equipamento necessário estava localizado a cerca de 20 quilômetros da linha de frente e era usado ativamente para bloquear a recepção do inimigo.
Depois da guerra, as unidades empenhadas na guerra de rádio se dispersaram, mas foram recriadas apenas cinco anos depois: a Guerra da Coreia mostrou claramente que elas eram de importância vital à guerra moderna. No Vietnã, as forças aéreas foram enfrentadas não apenas pelas forças locais comunistas, mas também por radares soviéticos, que impediram fortemente sua ação.
A transformação dos sistemas russo de guerra eletrônica em um tipo independente de arma e a organização de sua base de fabricação ficaram parados até o período pós-soviético. Inicialmente, foram desenvolvidas por empresas que produziam sistemas de defesa aérea, como a Almaz-Antei.   
A ground-based, unified electronic warfare system at the MAKS-2015 International Aerospace Salon in Zhukovsky near Moscow. Source: Mikhail Voskresenskiy / RIA NovostiSistema de guerra eletrônica terrestre em exibição no salão Maks-2015. Foto: Mikhail Voskresenski / RIA Nôvosti
Desde 2009, a infraestrutura industrial dos sistemas de guerra eletrônica estão concentrados na estrutura de Empresa deTecnologias Rádio-Eletrônicas (KRET, na sigla em russo). Sua equipe tem agora a tarefa de realizar uma revisão completa das forças de guerra eletrônica russas até o ano de 2020.

Fonte: Gazeta Russa
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