quarta-feira, 29 de outubro de 2025

EDITORIAL - "Rio à mercê do narcoterrorismo": até quando o governo federal vai assistir?

As operações recentes nos complexos da Penha e do Alemão lembram, em muitos aspectos, táticas empregadas por grupos terroristas internacionais como o Hamas. Facções criminosas no Rio demonstraram coordenação impressionante, utilizando drones armados para atacar policiais, comunicação via aplicativos para organizar bloqueios de ruas e mobilização de civis como auxiliares estratégicos. Cada movimento foi planejado com precisão operacional, enquanto parte da cobertura midiática insiste em inverter a narrativa, culpando as forças do Estado e minimizando a sofisticação e o impacto do narcoterrorismo.

Ao lado dessas técnicas de combate, surgem práticas que chamam atenção pelo caráter sistemático e pela intenção evidente de manipular a percepção pública. Relatos, imagens de campo e testemunhos coletados no pós‑confronto apontam para ações coordenadas de limpeza do cenário: moradores e apoiadores teriam removido armas, equipamentos militares, coletes e uniformes dos combatentes caídos; teriam reorganizado corpos e deslocado elementos do local; teriam recolhido e ocultado armamento. Há indícios de que essas ações visaram produzir imagens e narrativas que apresentassem as vítimas como civis desarmados, favorecendo alegações de massacre e ofuscando que se tratava de combatentes fortemente armados e preparados para o conflito. Tais procedimentos, se confirmados, configuram não apenas manipulação de cena, mas uma operação de guerra psicológica pensada para influenciar a opinião pública e contaminar o debate sobre a legitimidade da ação estatal.

Enquanto isso, o Estado do Rio de Janeiro demonstra coragem e profissionalismo numa guerra urbana cada vez mais híbrida e tecnológica. Policiais do CORE, BOPE e demais unidades especiais atuaram sob ataques diretos, drones lançando explosivos e táticas de guerra psicológica coordenadas, mantendo disciplina e foco operacional em condições extremas. Sem essa ação enérgica, as facções consolidariam ainda mais territórios, impondo lei própria, medo e um poder paralelo que transforma bairros em zonas de facto controladas por criminosos.

A omissão e a resposta insuficiente do governo federal tornam esse quadro ainda mais grave. Deixar o Rio sozinho diante de estruturas criminosas que operam com logística de guerra, financiamento transnacional e rotas de armamento é abdicar de uma função constitucional básica: coordenar e apoiar estados frente a ameaças que ultrapassam fronteiras administrativas. A falta de políticas nacionais continuadas, de financiamento estável e de integração entre forças federais e estaduais empurra o peso do confronto para os ombros do Rio, expondo agentes e civis a riscos evitáveis.

A modernização do aparato de segurança é, portanto, imperativa. Investimento estratégico em drones de patrulha, radares urbanos, sistemas C‑UAS e integração tecnológica, preferencialmente com soluções nacionais, é condição para reduzir a vulnerabilidade do espaço aéreo e mitigar ataques que hoje chegam do céu. Não se trata de militarizar por militarizar, mas de equipar o Estado com ferramentas compatíveis com a ameaça que enfrenta: um inimigo que pensa e age como organização paramilitar e que emprega tecnologia para atacar e manipular.

Não podemos omitir a dimensão humana dessa batalha. Homenageamos os policiais que tombaram no cumprimento do dever, prestamos solidariedade aos feridos que lutam pela recuperação e reconhecemos o sacrifício dos que continuam em campo. São homens e mulheres que arriscam a vida pela manutenção da ordem e da segurança pública; são heróis que merecem respeito, memorial e apoio do Estado e da sociedade.

O Rio de Janeiro mostra que não recua diante do narcoterrorismo. Mas a eficácia dessa resistência depende de visão estratégica, continuidade de políticas públicas e investimento real em tecnologia, inteligência e programas de estabilidade pós‑operação. Até quando o governo federal vai assistir, enquanto o Estado assume sozinho a responsabilidade de proteger vidas, recuperar territórios e enfrentar uma ameaça que não aceita meios‑tons?


por Angelo Nicolaci


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