A Secretaria Naval de Segurança Nuclear e Qualidade (SecNSNQ) participou, entre os dias 13 e 17 de outubro, do Workshop Inter-regional sobre Critérios de Segurança para Usinas Nucleares Transportáveis, realizado em Pequim, na China. O evento, promovido pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em parceria com a China Nuclear Power Engineering (CNPE), reuniu representantes de 22 países para debater os desafios técnicos e regulatórios relacionados à segurança de usinas nucleares flutuantes e transportáveis.
A delegação brasileira contou com integrantes da SecNSNQ, da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). Durante o encontro, o Superintendente de Segurança Nuclear Naval e Qualidade da SecNSNQ, Contra-Almirante (Engenheiro Naval da Reserva) Ivan Taveira, apresentou a palestra “Construindo uma estrutura regulatória nuclear naval brasileira”, destacando o avanço do Brasil na consolidação de um arcabouço regulatório específico para o licenciamento de meios navais com plantas nucleares embarcadas. O oficial ressaltou que o modelo adotado no país se apoia em princípios de responsabilidade institucional, precedência técnica e aderência às normas internacionais reconhecidas pela AIEA, reforçando o compromisso brasileiro com as melhores práticas em segurança nuclear naval.
O workshop também tratou dos critérios técnicos que podem ser incorporados às normas de segurança da AIEA aplicáveis a usinas nucleares flutuantes (FNPPs). O tema tem ganhado destaque no cenário global devido ao avanço das pesquisas em Pequenos Reatores Modulares (SMRs) e Micro-Reatores Modulares (MMRs), tecnologias consideradas promissoras para fornecimento de energia em regiões remotas, territórios insulares e aplicações industriais que demandam fontes seguras e contínuas de eletricidade.
Esses novos conceitos de geração nuclear foram debatidos à luz dos esforços internacionais pela descarbonização das matrizes energéticas. Por oferecerem geração estável e de baixa emissão de carbono, os reatores modulares são vistos como complementares às fontes renováveis, como solar e eólica, cuja intermitência ainda representa um desafio. Nesse contexto, a energia nuclear desponta como um vetor estratégico para a transição energética, exigindo um arcabouço regulatório robusto e harmonizado, capaz de garantir segurança e sustentabilidade em sua adoção global.
A participação brasileira no evento também incluiu a presença da Dra. Nelbia da Silva Lapa, chefe da Divisão de Avaliação de Segurança e Proteção Radiológica da ANSN; da Dra. Anna Souza, também da ANSN; e do Dr. Antonio Teixeira, pesquisador do IPEN. A delegação participou de painéis e discussões sobre projetos, licenciamento e avaliação de segurança de usinas nucleares transportáveis, abordando ainda as interfaces entre segurança operacional, proteção física e salvaguardas internacionais.
Os representantes brasileiros destacaram a importância da presença conjunta das instituições nacionais no fórum da AIEA como demonstração de integração técnica e regulatória do setor nuclear brasileiro. A cooperação entre a SecNSNQ, a ANSN e o IPEN foi apontada como essencial para fortalecer a harmonização entre normas civis e navais, consolidando a posição do Brasil como um dos países que mais contribuem para o debate internacional sobre o uso seguro de novas tecnologias nucleares.
A participação da SecNSNQ no workshop reforça o compromisso da Marinha do Brasil com a segurança nuclear naval, a transparência e o alinhamento às práticas internacionais estabelecidas pela AIEA. O envolvimento ativo do Brasil em fóruns dessa natureza demonstra a maturidade institucional e o protagonismo técnico do país na construção de um modelo regulatório sólido, capaz de garantir o desenvolvimento seguro e responsável de tecnologias nucleares inovadoras, com impacto direto na segurança energética e na sustentabilidade global.
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com Marinha do Brasil
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