A icônica silhueta do Black Hawk acaba de entrar em uma nova fase. A Sikorsky, subsidiária da Lockheed Martin, apresentou o S-70 UHawk, um helicóptero totalmente autônomo desenvolvido a partir da estrutura do tradicional UH-60L, transformando uma das plataformas mais reconhecidas do mundo em um sistema aéreo não tripulado (UAS) de grande porte.
O anúncio foi feito durante a AUSA 2025, e marca um ponto de virada na aviação militar: um Black Hawk sem piloto, projetado para realizar missões logísticas, de assalto aéreo e apoio tático em ambientes contestados, onde o risco humano é elevado e a agilidade é essencial.
“Basicamente, pegamos um Black Hawk e, com nosso sistema de autonomia MATRIX, o transformamos em um UAS”, explicou Erskine “Ramsey” Bentley, diretor de estratégia e desenvolvimento da Sikorsky Advanced Programs.
De lenda tripulada a vetor autônomo
O UHawk é fruto de uma colaboração entre executivos da Sikorsky e lideranças do Exército norte-americano, concebido durante a AUSA do ano passado. Em apenas um ano, a empresa desenvolveu um protótipo funcional do Grupo 5, utilizando recursos próprios, um movimento ousado que demonstra confiança na maturidade tecnológica e na relevância operacional do conceito.
A aeronave foi construída a partir de um UH-60L adquirido de volta do Exército, que atualmente substitui gradualmente essa versão como parte do seu plano de modernização da frota. Diferentemente de experimentos anteriores com helicópteros não tripulados, como o programa ALIAS da DARPA, o S-70 foi redesenhado estruturalmente para o voo remoto.
Os engenheiros da Sikorsky reformularam completamente a seção frontal do Black Hawk, instalando portas tipo concha e uma rampa traseira, liberando toda a cabine para operações logísticas ou de suporte de missão. Essa configuração permite, por exemplo, o embarque de veículos terrestres não tripulados (UGVs) pela frente, enquanto módulos de munições e “efeitos lançáveis” podem ser transportados na parte traseira, um conceito que redefine o papel da aeronave em operações combinadas.
Capacidades que impressionam
Projetado para operar sem piloto, o S-70 UHawk pode transportar até três contêineres modulares JMIC internamente, levando 3.177 kg de carga e, ao mesmo tempo, 4.177 kg adicionais em seu gancho de carga externo. A aeronave também pode ser configurada para transportar um pod HIMARS no compartimento central, ampliando seu leque de missões.
Nas simulações apresentadas pela Sikorsky, o UHawk pode voar à frente de tropas em assaltos aéreos, lançar drones menores ou munições inteligentes de seus compartimentos laterais e, ao pousar, desembarcar veículos autônomos terrestres, retornando ao voo em seguida, tudo isso antes que o primeiro soldado toque o solo.
A operação do S-70 é simples: um operador com treinamento mínimo pode controlá-lo por meio de um tablet, ajustando o nível de autonomia conforme a missão. O sistema MATRIX é capaz de navegar em espaço aéreo civil ou militar de forma autônoma, adaptando sua conduta às regras e condições de cada ambiente.
Um novo paradigma na aviação militar
Com os testes de voo programados para o próximo ano, a Sikorsky mira o Exército dos EUA como principal cliente, mas já vislumbra aplicações mais amplas, de missões logísticas contestadas a operações humanitárias e combate a incêndios florestais.
“Vemos esta aeronave sendo usada em todo o Exército, mas também em missões civis, como alívio em desastres”, afirmou Bentley.
O S-70 UHawk simboliza a transição definitiva para uma nova era da aviação militar, onde a autonomia e a conectividade assumem papéis centrais. Mais do que um simples “Black Hawk sem piloto”, ele representa o início de uma revolução operacional, em que a máquina se torna uma extensão inteligente da decisão humana, e não apenas sua substituta.
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