segunda-feira, 3 de junho de 2024

Apoio Militar Ocidental à Ucrânia: Tabus Rompidos e Novas Estratégias

Nos últimos dias, as discussões sobre a participação ocidental no conflito ucraniano ganharam novos contornos. À medida que os bombardeios russos se intensificam, cresce o questionamento no Ocidente sobre as chamadas "linhas vermelhas". Propostas que antes eram impensáveis, como ataques em território russo, envio de instrutores militares e a criação de uma zona de exclusão aérea, agora estão sendo seriamente consideradas.

Durante uma visita oficial à Alemanha em 28 de maio, o presidente francês, Emmanuel Macron, surpreendeu ao sugerir que a Ucrânia pudesse usar armas ocidentais para atacar alvos militares em território russo para sua defesa. O chanceler alemão, Olaf Scholz, não contestou a proposta, afirmando que a decisão estaria em conformidade com o direito internacional. Este movimento foi precedido por declarações semelhantes do secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, e de representantes do governo britânico, polonês e dos países bálticos. A oposição inicial dos Estados Unidos e da Alemanha, temendo uma escalada no conflito, parece estar diminuindo.

No início de junho, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, intensificou sua campanha para que esse tabu fosse derrubado. A situação militar da Ucrânia está se deteriorando, especialmente com a falta de novos armamentos dos Estados Unidos. No nordeste do país, perto da fronteira russa, a cidade de Kharkiv está sob constantes ataques de bombas e mísseis russos, com o exército inimigo conquistando territórios e preparando uma possível ofensiva maior.

Até agora, a Ucrânia tem utilizado apenas suas próprias armas para atacar alvos em território russo. No entanto, a utilização de armas ocidentais é permitida nos territórios ocupados pela Rússia, como a Crimeia e o leste da Ucrânia. Segundo o tenente-coronel da Força Aérea americana, Jahara Matisek, se a Ucrânia não puder usar armas ocidentais contra posições russas, será impossível defender cidades próximas à fronteira, como Kharkiv. Matisek destaca que permitir à Rússia um "porto seguro em seu próprio território" é uma estratégia militar falha.

A possibilidade de enviar instrutores militares ocidentais à Ucrânia também está sendo considerada. Oleksandr Syrskyi, comandante das Forças Armadas ucranianas, revelou que assinou documentos relativos à presença de instrutores militares franceses no país. Macron anunciou que apresentará um plano para o envio desses instrutores em breve, com locais como Lviv ou Kiev sendo possíveis destinos. Polônia e os países bálticos também não descartam enviar pessoal para prestar treinamento.

Especialistas sugerem que esta forma de ajuda permitirá à Ucrânia treinar e enviar mais rapidamente soldados recém-mobilizados para o front. No entanto, a restrição é que os aliados não se envolvam diretamente em combates com a Rússia. Críticos acusam Macron e seus apoiadores de expor as linhas demarcatórias europeias. Matisek sugere que a presença de alguns milhares de soldados ocidentais em Lviv, como parte de uma missão de treinamento, seria benéfica. Isso enviaria um sinal claro a Putin de que o Ocidente não tolerará mais conquistas territoriais na Ucrânia.

Na Alemanha, alguns políticos defendem que países da OTAN na região abatam drones e mísseis russos a partir de seus próprios territórios, criando uma zona de exclusão aérea no oeste ucraniano. No entanto, o chefe de governo Scholz continua sustentando uma posição contra qualquer participação militar direta da OTAN no conflito. Ele defende o fornecimento de mais sistemas de defesa aérea à Ucrânia, como os sistemas Patriot e Iris-T recentemente enviados pela Alemanha.

Moscou, por sua vez, alega que a possibilidade de aliados ocidentais enviarem militares à Ucrânia e permitirem contraofensivas com suas armas em território russo justifica seus exercícios com armas nucleares táticas. A Rússia ameaça que soldados ocidentais na Ucrânia se tornarão alvos de suas ofensivas.

O debate continua intenso, com muitos observadores ocidentais céticos sobre a viabilidade de uma zona de exclusão aérea restrita. Até o momento, nenhum líder da OTAN abraçou totalmente a ideia. As decisões que serão tomadas nos próximos dias e semanas poderão redefinir significativamente os rumos do conflito na Ucrânia, o que pode levar a uma escalada sem precedentes no conflito diante de uma possível reação de Moscou.


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com DW

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