domingo, 26 de novembro de 2023

Redefinindo Alianças: O Impactante Discurso do Almirante Turco sobre o Mar Negro e as Relações com a OTAN

 


O Comandante das Forças Navais Turcas, Ercüment Tatlıoğlu, proferiu um discurso impactante durante a cerimônia realizada em 17 de novembro em Yalova, por ocasião do 133º aniversário das Escolas de Oficiais Navais. No entanto, a atenção internacional foi desviada das declarações do almirante por conta dos olhares atentos ao conflito na Faixa de Gaza, o que fez com que as declarações com respeito a posição da Türkiye no Mar Negro, não tenha conquistado os holofotes da mídia internacional.

“A OTAN está tentando tomar algumas medidas no Mar Negro. No entanto, afirmamos que nós tomaremos estas medidas no Mar Negro e declaramos que não queremos a OTAN ou a América no Mar Negro”, disse o Comandante da Marinha da Türkiye, que complementou ressaltando a responsabilidade turca garantida pela Convenção de Montreux firmada em 1936, que confere à Türkiye o controle dos estreitos do Bósforo e do Dardanelos e que regula a atividade militar na região. 

O Almirante Tatlıoğlu enfatizou o papel da Türkiye na garantia da segurança no Mar Negro, ressaltando a necessidade de evitar sua transformação em uma extensão do Oriente Médio. Ele declarou explicitamente a oposição à presença de outros países, incluindo a OTAN, na região, destacando a importância econômica do Mar Negro após a descoberta de reservas de gás natural.

Apesar de ausente em seu discurso qualquer menção aos Estados Unidos, indicando a crença de Ancara de que a presença americana no Mar Negro pode desencadear conflitos semelhantes aos do Oriente Médio, ameaçando a segurança da região e interferindo nas atividades de exploração de recursos naturais da Türkiye .

Embora compreensível a rejeição turca à presença americana, a referência à OTAN no discurso provocou surpresa e críticas. O ex-embaixador da Türkiye em Washington, Namik Tan, expressou sua reprovação, questionando a falta de conhecimento do almirante sobre a afiliação da Türkiye à OTAN.

Entretanto, uma análise mais aprofundada revela que as declarações de Tatlıoğlu indicam uma redefinição nas relações entre Ancara e a aliança. Ao longo dos anos, a Türkiye foi percebida como uma peça estratégica nas mãos da OTAN, especialmente após sua adesão em 1952. No entanto, as palavras do comandante ressaltam que a participação turca na aliança não implica subordinação, mas sim a busca por uma parceria ativa na tomada de decisões para salvaguardar seus interesses e segurança.

O posicionamento de Ancara em relação à adesão da Suécia à OTAN é um exemplo concreto dessa redefinição. O adiamento indefinido da discussão do protocolo de adesão, apesar das pressões dos EUA e de outros membros da OTAN, reflete a determinação turca em assegurar que suas opiniões e preocupações sejam respeitadas e consideradas.

A recente declaração do Presidente Recep Tayyip Erdogan em Berlim reforça essa postura, destacando a importância da Türkiye na OTAN e rejeitando a submissão cega. Em última análise, o discurso do comandante Tatlıoğlu não apenas reflete a complexidade das dinâmicas geopolíticas na região do Mar Negro, mas também sinaliza uma mudança significativa na abordagem da Türkiye em relação à sua posição na OTAN.

A Türkiye vem crescendo em ritmo acelerado, e emerge não apenas como uma potência regional, mas como um player internacional que começa a ganhar projeção no tabuleiro geopolítico global. Trata-se de uma nação com fortes tradições nacionalistas, que vem nas últimas três décadas conquistando um alto índice de independência econômica e tecnológica, dona de uma cultura milenar, que demonstra claramente estar disposta a mudar sua posição no que diz respeito ao protagonismo regional e mesmo dentro da OTAN.


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com agências de notícias

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