sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Tragédia no Rio já provocou 446 mortes em 4 municípios


A medida que as equipes de resgate avançam por áreas devastadas pelas chuvas a tragédia na região serrana do Rio ganha contornos ainda mais dramáticos. As prefeituras contabilizam 446 mortos em quatro municípios, Teresópolis, Nova Friburgo, Sumidouro e Itaipava (distrito de Petrópolis). São 8320 desalojados (retirados de suas casas) e 6270 desabrigados (que perderam suas casas). Estes números ainda podem crescer drasticamente nos próximos dias. Em Teresópolis, a prefeitura não conseguiu chegar a três bairros muito castigados pelas chuvas.

Há cidades completamente isoladas. São José do Vale do Rio Preto, próximo a Teresópolis, está ilhada. Telefones não funcionam e a estrada de acesso está interrompida por quedas de barreira. Pelo menos 60 casas foram arrastadas pelas águas do rio Preto que corta a cidade. Ainda não há nem estimativas do número de mortos na cidade que ficou conhecida graças a uma música de Tom Jobim. Foi lá, às margens do rio Preto, onde passava longas temporadas, que Tom compôs "Águas de março". A casa do filho de Tom, Paulo Jobim, foi atingida pela enxurrada, mas não havia ninguém lá na hora da tragédia. Outras cidades atingidas, onde há milhares de desalojados, foram Bom Jardim, Areal e Sapucaia.

A presidente Dilma Rousseff visitou Nova Friburgo hoje acompanhada de seis ministros e do governador Sérgio Cabral. Dilma anunciou "ações firmes". "É de fato um momento muito dramático, as cenas são muito fortes, é visível o sofrimento das pessoas e o risco é muito grande", disse, completando que será necessário um esforço muito grande em breve para a reconstrução das áreas atingidas.

As Forças Armadas também mandaram reforços. Mais de 20 caminhões com tropas do Exército e da Marinha chegaram hoje a Nova Friburgo para ajudar na reconstrução. Até hoje, a cidade continuava sem luz e sem água. Há uma crise de desabastecimento na cidade. Levas de moradores começaram a deixar suas casas. Hoje, as equipes de resgate encontraram os corpos de dois bombeiros que foram soterrados quando tentavam retirar vítimas dos escombros.

Com a chuva que voltou a cair forte no final da tarde, Roberto Robadey, coordenador da defesa civil de Nova Friburgo, recomendou a paralisação das buscas diante da ameaça de novos deslizamentos. A previsão do tempo não é boa para cidade. "Recebi um aviso de que deve chover mais de 180 milímetros até a meia-noite de amanhã", disse Robadey. Na noite da tragédia, as chuvas chegaram a 240 mm.

A reconstrução das áreas atingidas será longa e exigirá recursos milionários. Só em Teresópolis, o prefeito José Mário Sedlacek calcula que serão necessários pelo menos R$ 560 milhões. (Felipe Werneck, Marcelo Auler, Márcia Vieira, Pedro Dantas, Bruno Boghossian, Kelly Lima, Roberta Pennafort, Bruno Lousada)


Estudo mostra que medidas básicas de prevenção poderiam salvar muitas vidas

"Uma vergonha nacional." Assim o professor Luiz Pinguelli Rosa, diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/RJ), define a catástrofe que abalou a região serrana do Estado, destruindo o centro de Nova Friburgo e bairros de Petrópolis e Teresópolis. "São recorrentes esses desastres", diz, resgatando da memória em alguns segundos pelo menos quatro grandes tragédias parecidas nos últimos 40 anos.

Para ficar só nos episódios mais recentes, Pinguelli lembrou dos temporais seguidos de deslizamentos de terra que causaram morte e destruição em Santa Catarina, em 2008. Atendendo o pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Coppe fez sugestões para prevenir e mitigar os efeitos das chuvas naquele Estado. Em meados de janeiro de 2010, pouco depois de calamidade parecida em Angra dos Reis, e novamente atendendo a pedidos, dessa vez do Estado do Rio de Janeiro, a Coppe entregou um documento com propostas semelhantes.

Basicamente foi sugerido: mapeamento das áreas de risco em encostas e planícies sujeitas a deslizamentos e enchentes; criação de núcleos de profissionais em geologia; aquisição de radares meteorológicos; implantação de um programa permanente de educação ambiental e gestão de risco de enchentes e deslizamentos; definição de critérios técnicos para adaptação da legislação para uso e ocupação do solo; criação de um grupo de trabalho com especialistas para apoiar tecnicamente a implementação das medidas.

A adoção dessas medidas depende tanto do governo do Estado - a quem foi entregue o estudo - quanto dos municípios, aos quais estão atribuídas, por lei, algumas tarefas, como a definição dos critérios para uso e ocupação do solo. Segundo Pinguelli Rosa e o professor de Geotecnia do Coppe, Willy Alvarenga Lacerda, Angra dos Reis fez rapidamente a remoção de 500 casas e construção de um muro de contenção.

A avaliação de ambos é que a maior parte das medidas que dependiam do município foram tomadas, exceto as mais de fundo, que são a educação ambiental e adaptação da legislação de ocupação do solo. O risco de uma nova tragédia foi eliminado? "Não", responde Lacerda. "Mas pelo menos as medidas estão sendo tomadas."

Pinguelli critica a falta de medidas básicas, que não custam nada comparadas à quantidade de vidas que podem ser salvas em casos de temporais com enxurradas e deslizamentos de terra. Primeiro, a contratação de radares meteorológicos. Esse equipamento, que custa apenas R$ 2,5 milhões a unidade (com instalação), é capaz de prever e informar a aproximação de tempestades e outros fenômenos climáticos de grande intensidade com antecedência. No entanto, o Brasil tem apenas 11 deles, a maioria pertencente à Força Aérea, utilizados exclusivamente no controle do tráfego aéreo.

A recomendação do Coppe ao governo fluminense foi atendida em dezembro, quando a Fundação Instituto de Geotécnica do Município (Geo-Rio) começou a operar um radar no morro do Sumaré, no Parque Nacional da Tijuca. Há um radar da Aeronáutica no Pico do Couto, em Petrópolis, mas mesmo que estivesse a serviço da sociedade civil, não teria ajudado muito desta vez, porque ele quebrou na segunda-feira, uma noite antes da tragédia, disse Pinguelli.

De forma geral, diz o diretor do Coppe, não falta só prevenção, organização e política habitacional. "Aqui (no Brasil) não tem nem sequer um alerta", diz o diretor do Coppe, comparando com os Estados Unidos e Europa, em que sirenes, rotas de fuga e abrigos estão sempre à disposição da população que vive em áreas sujeitas a catástrofes naturais, e não apenas quando elas acontecem. "Os governos estaduais e municipais mantêm sistemas de alerta (climático), inclusive partilhado com as empresas, mas nada chega a população. Toda a sociedade deveria ser alertada, tem que haver uma organização social e política. Pelo menos teria que haver um alerta sonoro."

Fonte: Estadão / Valor Econômico


Nota Importante aos leitores:

COMO FAZER A DOAÇÃO: Postos rodoviários, supermercados, os batalhões da PM, postos da Policia Rodoviária Federal nas estradas, ONGs, sites e contas em banco, além de abrigos montados nas cidades envolvidas estão recebendo donativos para ajudar as vítimas da chuva na Região Serrana do Rio.

O QUE DOAR: preferencialmente água mineral, produtos de higiene pessoal (escova e pasta de dente, absorvente, fralda…) e de limpeza (rodo, vassoura, desinfetante, detergente, sabão em pó…) roupas de cama, mesa e banho e colchonetes, além de alimentos não perecíveis (arroz, café, feijão, óleo, sal…).

ATENCÃO: Doação de sangue tambem é MUITO importante!
Abaixo segue uma lista de como fazer as doações, por região.

EM TODO O BRASIL

- A prefeitura de Teresópolis abriu uma conta bancária, para deposito de qualquer quantia, no Banco do Brasil com o nome “SOS Teresópolis – Donativos”, ela está disponível na agência 0741-2, com o número 110000-9. – O Viva Rio disponibilizou sua conta corrente do Banco do Brasil: 411396-9, agência: 1769-8; Qualquer quantia aceita! – No site Mega Abelha (http://www.megabelha.com.br), de compra coletiva, você poderá doar qualquer valor acima de R$5,00, que será repassado aos orgãos municipais, para ajudar às vitimas.
- Conta bancária da Cruz Vermelha: BANCO REAL – Ag: 0201 – C/C: 1793928-5

EM TODO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

- A partir desta quinta-feira, todos os batalhões da Polícia Militar do Estado irão receber doações para as vítimas das chuvas.
- Polícia Rodoviária Federal – a PRF disponibilizou diversos postos de arrecadação: BR-116: KM 133 (Doações 24 horas) / BR-101: KM 269 (Doações 24 horas) / BR-040: KM 109 (Doações das 8h às 17h) / BR-116: KM 227 (Doações das 8h às 17h)
- O grupo Pão de Açúcar montou postos de coletas de donativos nas 100 lojas da rede no Rio de Janeiro. As doações podem ser feitas nos supermercados Pão de Açúcar, ABC Compre Bem, Sendas, Extra Supermercados e Assaí. De acordo com a assessoria do grupo, o material será recolhido até o dia 26 de janeiro.
- A concessionaria da Rodovia Washigton Luis (BR0-40) está recolhendo doações em suas praças de pedagio.
- A Cruz Vermelha de Nova Iguaçu, também recebe doações, na rua Coronel Bernardino de Melo, 2085, e na rua Alberto Cocoza, 86, no centro.

PETRÓPOLIS

- A Universidade Estácio de Sá (Campus Petrópolis I), situada à Rua Bingen, 50 – Bingen, você poderá levar suas doações, no horário das 8h às 20h, basta procurar a Administração.
- Sede da Secretaria de Trabalho, Ação Social e Cidadania na Rua Aureliano Coutinho, número 81.
- Na região de Itaipava: Centro de Cidadania de Itaipava, na estrada União da Indústria; na Igreja Wesleyana, no Vale do Cuiabá e na Igreja de Santa Luzia, na Estrada das Arcas.
- O Museu Imperial tambem recebe doações. Procure a Administração.

TERESÓPOLIS

- Foi montado um posto central de atendimento no Ginásio Esportivo Pedro Jahara, na rua Tenente Luiz Meirelles, número 211, no centro da cidade.

RIO DE JANEIRO

- A Rodoviária Novo Rio recebe doações para a Cruz Vermelha. Os donativos serão recebidos no piso de embarque inferior, das 9h às 17h.
- O Circo Voador, na Lapa, tambem está recebendo doações.
- A sede do Viva Rio na Rua do Russel, 76, Glória.
- Cruz Vermelha, na Praça Cruz Vermelha, 1012, centro.
- O Shopping Downtown está recolhendo donativos no SAC (bl 12C subsolo) ou no Espaço Cliente (bl 17).

DOAÇÃO DE SANGUE

O Instituto Estadual de Hematologia do Rio de Janeiro (HemoRio) solicita que a população doe sangue para atender as vítimas das chuvas. A doação pode ser feita na sede do instituto, na rua Frei Caneca, 8, na região central da cidade do Rio de Janeiro.
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4 comentários:

  1. bom dia querido!
    achei muito importante sua atitude e tomei a liberdade de tb postar em um dos meus blog!

    Abraços tudo de bom!

    fatti___

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  2. Obrigado Fatti,

    Nestes momentos toda a solidariedade é importante, como no momento não disponho de meios físicos de estar lá presente como voluntário, eu faço aqui a minha parte. Pois somos no fim todos iguais e precisamos uns dos outros, independente de qualquer coisa.

    Afinal Cristo sempre ensinou que devemos ajudar ao próximo como a nós mesmo e eu procuro seguir este exemplo.

    Abraços e muito obrigado pela sua atitude. Isso é o que marca a diferença entre nós brasileiros, somos um povo unido, de garra que não foge a luta.

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  3. Mandei por e-mail para meus amigos, citando esta pagina como fonte. Parabéns pelo trabalho.

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  4. Angelo, eu estou na região serrana como voluntário, é muito bom ver seu blog com essa iniciativa de divulgar os meios de cada um ajudar os esforços de socorro as vítimas de várias formas, além de postar noticias de pessoas que estão aqui ajudando no resgate. Olha é de pessoas de iniciativa e bom coração como você que o Brasil precisa cada vez mais.

    Quero aproveitar e agradecer a todos voluntários que vem de vários lugares ajudar no resgate e as pessoas que não podem vir mas ajudam com suas doações.

    A população daqui de nova friburgo agradece.

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