O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje que, quando concluir seu mandato em janeiro, pretende trabalhar em um projeto que permita compartilhar os programas sociais bem-sucedidos de seu Governo com outros países da América Latina e da África.
"Quando deixar a Presidência, quero compartilhar as nossas conquistas em política social no Brasil, que são muitas, para que possamos trocar experiências com outros países, como os da América Central, a América do Sul, do Caribe e da África", disse Lula em seu programa semanal de rádio.
O governante, que em outras ocasiões desmentiu querer um posto em algum organismo multilateral, esclareceu que ainda não sabe como irá implementar seu projeto, mas insistiu em que sua ideia é compartilhar seus programas com outros países.
Esclareceu que o objetivo não é implantar esses programas em outros países, mas apenas mostrá-los para que possam ser usados como modelo e adaptados à realidade de cada um.
"Queremos que as pessoas conheçam nossos programas e possam adaptá-los às suas realidades", disse.
"Minha intenção não é impor minha cartilha a ninguém, mas apenas dizer: olhem, no Brasil fizemos desta forma e deu resultados", acrescentou.
Assegurou que o conjunto de experiências bem-sucedidas que terá quando concluir seu mandato não pode limitá-lo aos brasileiros.
"É necessário que o mundo saiba que é possível construir outro mundo", disse.
Lula também se referiu em seu programa de rádio à viagem que realizou na semana passada a Cabo Verde, Guiné Equatorial, Quênia, Zâmbia, Tanzânia e África do Sul, e disse que o Brasil tem de ajudar aos países africanos para pagar sua dívida com esse continente.
"Brasil tem compromissos históricos e políticos para ajudar ao continente africano a desenvolver-se; em segundo lugar, Brasil é o segundo país negro do mundo - só Nigéria tem uma população negra maior do que a brasileira -, e porque Brasil tem uma dívida histórica com os africanos", disse.
"E é uma dívida que não se paga com dinheiro, mas com solidariedade, com gestos políticos e com ajuda", afirmou.
O presidente mencionou a ajuda que o Brasil oferece aos países africanos há três anos mediante a transferência das tecnologias desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), considerado o principal centro de pesquisa em agricultura tropical do mundo.
Assegurou que a Embrapa montou escritórios na África para ajudar a estudar a agricultura nesse continente e a desenvolver tecnologias para o solo da savana africana com características muito parecidas às da savana brasileira.
Lula afirmou que a aproximação à África permitiu que o comércio entre Brasil e o continente saltasse de US$ 5 bilhões em 2002 até US$ 26 bilhões neste ano.
Acrescentou que suas viagens à África sempre esteve acompanhado de empresários brasileiros que podem investir naqueles países.
"Brasil pode investir muito no setor de serviços desses países, por exemplo construindo linhas de transmissão, hidroelétricas, ferrovias, estradas e pontes, ou explorando minas de ferro ou carvão, ou plantando cana-de-açúcar", disse.
"Quando (o Governo de) Brasil financia uma empresa brasileira que constrói uma hidroelétrica na África, está ajudando a exportar serviços e engenharia, obtendo dinheiro para o Brasil e ajudando à África a desenvolver-se", disse.
Fonte EFE
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