quarta-feira, 9 de julho de 2025

Ataque com laser: Alemanha convoca embaixador da China após incidente militar

As tensões diplomáticas entre Alemanha e China se intensificaram nesta semana após Berlim acusar militares chineses de terem disparado um laser contra uma aeronave alemã que participava da operação da União Europeia no Mar Vermelho. Como resposta ao incidente, o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha convocou o embaixador chinês para prestar esclarecimentos.

De acordo com o governo alemão, o incidente ocorreu no início de julho durante uma missão de rotina no âmbito da "Operação Aspides", uma iniciativa da UE voltada à proteção de rotas marítimas internacionais naquela região estratégica. Segundo o Ministério da Defesa alemão, um navio de guerra chinês, que já havia sido identificado diversas vezes na área, disparou um feixe de laser contra a aeronave sem qualquer comunicação prévia ou justificativa aparente.

O ministério afirmou que o disparo colocou em risco a segurança da tripulação e da aeronave, levando ao encerramento antecipado do voo por precaução. A aeronave pousou em segurança em uma base em Djibuti, posteriormente a missão foi retomada. O equipamento atingido era uma Plataforma Multissensor (MSP), considerada o “olho voador” da operação, e operada por um serviço comercial civil em colaboração com militares alemães.

O governo alemão classificou o episódio como “totalmente inaceitável”. Em publicação na rede social X, o Ministério das Relações Exteriores de Berlim afirmou: “Colocar pessoal alemão em risco e interromper a operação é completamente inaceitável”.

Por outro lado, a China negou a acusação. Questionada durante uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (9), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, declarou que as informações divulgadas pela Alemanha “são totalmente inconsistentes com os fatos conhecidos pelo lado chinês”.

Mao destacou que a Marinha Chinesa atua na região cumprindo missões de escolta no Golfo de Áden e nas águas próximas à Somália, contribuindo para a segurança das rotas marítimas internacionais. Ela ainda defendeu que os dois países mantenham diálogo baseado em fatos para “evitar mal-entendidos e julgamentos equivocados”.

Incidentes anteriores e cenário geopolítico

Apesar de a China já ter negado, no passado, o uso de lasers contra aeronaves americanas, casos envolvendo países europeus da OTAN são menos frequentes. Em 2020, os EUA acusaram um navio chinês de ter disparado um laser contra uma aeronave de patrulha americana no Pacífico, o que também foi negado por Pequim.

O incidente recente ocorre em um momento de crescente preocupação dentro da União Europeia sobre a influência chinesa em setores estratégicos, incluindo tecnologias críticas e infraestrutura de segurança.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a UE acompanha de perto o caso e está em diálogo com os Estados Unidos sobre as medidas a serem adotadas diante do ocorrido.

O que é a Operação ASPIDES?

A Operação ASPIDES é uma missão militar conduzida pela União Europeia com o objetivo de proteger navios civis e comerciais que transitam pelo Mar Vermelho, Golfo de Áden e Estreito de Bab el-Mandeb, uma das rotas marítimas mais importantes do mundo.

Criada em fevereiro de 2024, a operação foi uma resposta direta ao aumento dos ataques contra navios na região, especialmente por grupos armados, como os Houthis, no contexto do conflito no Iêmen. Além de proteger o comércio internacional, a missão também busca garantir a segurança dos fluxos marítimos essenciais para diversos países.

Entre as principais atividades da ASPIDES estão a escolta de embarcações, o monitoramento aéreo e naval, com o uso de aeronaves, drones e sensores, e a reação a ameaças como pirataria, terrorismo e ataques militares.

Participam da operação diversos países da União Europeia, como Alemanha, França, Itália e outros parceiros do bloco, que contribuem com navios, aeronaves e pessoal especializado.

O nome "ASPIDES" tem origem no grego antigo e significa “escudos”, representando o papel central da missão: proteger e garantir a segurança no mar.


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com Reuters


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