Possível compra de caças MiG-29 pela Nicarágua representa um passo para a aproximação entre os dois países. Porém, enquanto Moscou ajuda a garantir segurança de importante projeto estratégico– o canal interoceânico da Nicarágua –, outros países da região, como a Colômbia, discordam de planos do governo russo de criar centro de manutenção de aviões em território nicaraguense.
Em meados de fevereiro, foi divulgada a notícia de que a Rússia planejava fornecer oito caças MiG-29 à Nicarágua. O Ministério da Defesa da Nicarágua prontamente negou a informação e comentou que “o país não planejava compra de aviões desse tipo”.
Na época, os jornalistas sequer prestaram atenção ao fato de que o preço de um MiG-29 é de cerca de US$ 30 milhões, enquanto o PIB total da Nicarágua chega a US$ 11 bilhões.
No entanto, pouco tempo depois, o inspetor do Exército da Nicarágua, Adolfo Zepeda, anunciou que o país latino-americano havia iniciado as negociações sobre a compra de interceptores russos.
“A compra dos MiG-29 não vai passar despercebida na região e no mundo e causará preocupação para os vizinhos da Nicarágua e para os Estados Unidos”, disse à Gazeta Russa o professor da Academia de Ciências Militares da Rússia, Vadim Koziúlin.
A Colômbia foi a primeira a reagir às declarações da Nicarágua sobre a compra de interceptores russos.
De acordo com o portal militar brasileiro Poder Aéreo, os serviços de inteligência colombianos receberam informações sobre os planos do governo russo de criar um centro de manutenção de aviões russo em território nicaraguense.
Se os caças russos entrarem no Exército da Nicarágua, haverá um “desconforto diplomático” para a Rússia na região, relata o Poder Aéreo.
Cabe lembrar que a Nicarágua nunca comprou equipamento militar pesado russo. A União Soviética havia exportado ao país apenas aviões de transporte An-26, An-32 e helicópteros Mi-8 e Mi-24.
Canal seguro
Os especialistas entrevistados pela Gazeta Russa afirmam que a intensificação da cooperação militar entre a Rússia e a Nicarágua está relacionada à construção do chamado Grande Canal Interoceânico, uma alternativa ao Canal do Panamá que conta também com o apoio da China.
Os empresários chineses já investiram quase US$ 50 milhões nesse projeto, que, por ser estratégico, requer proteção adicional. No entanto, como a China não mantém relações diplomáticas com Manágua, o país não poderá fornecer equipamentos militares ao parceiro.
Em junho de 2014, o presidente russo Vladímir Pútin fez uma visita não programada a Manágua. Analistas políticos russos garantem que a visita foi realizada para discutir questões políticas, principalmente o papel da Rússia no projeto. O regime simplificado para a entrada de navios militares russos nos portos de Nicarágua revela uma possível cobertura militar do canal.
Fonte: Gazeta Russa
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