sexta-feira, 4 de novembro de 2011

UE quer participação do Brasil na reconstrução da Líbia



O recém-criado serviço diplomático da União Europeia quer negociar projetos de cooperação com o Brasil em temas tão distintos quanto políticas de crescimento contra a crise econômica e a reconstrução da Líbia, disse ao Valor o secretário-geral do novo "Ministério de Relações Exteriores" europeu, Pierre Vimont.

Ex-embaixador francês em Bruxelas e nos Estados Unidos, Vimont esteve com autoridades brasileiras esta semana, com quem defendeu ações com vistas a "novos modos de garantir o crescimento econômico". A vinda do diplomata faz parte de uma série de visitas programadas de autoridades europeias, que inclui a vinda, em fevereiro, da representante da União Europeia para política externa, Catherine Ashton.

Segundo Vimont, que recebeu a incumbência difícil de consolidar uma política externa comum para os países da União Europeia, os europeus têm interesse na cooperação com o Brasil para a reconstrução institucional da Líbia após a queda do ex-ditador Muamar Gadafi.

Os líbios pediram tempo aos demais países para estruturar o novo governo, mas já informaram que querem apoio internacional para aspectos como legislação, serviços administrativos, Justiça, polícia, controle de fronteiras, segurança. "Vamos ver se trabalhamos juntos, para levar expertise à Líbia", comentou.

Apesar das diferenças de opinião entre Europa e Brasil sobre sanções a países árabes e do Norte da África acusados de desrespeito aos direitos humanos, Vimont afirma que o curso das mudanças no Oriente Médio desejado pela "Europa como tal" não está muito distante do defendido pelo Brasil, de atuar em contato estreito com a Liga Árabe, a Confederação das Organizações Islâmicas e a União Africana.

Na própria União Europeia, há divergências, como o voto da Alemanha contrário à ação armada na Líbia. "Mas, muito rapidamente, todos os países europeus passaram a adotar o mesmo caminho; trabalhamos juntos apesar das diferenças", argumentou. Com o Brasil, os responsáveis pela diplomacia europeia comunitária pretendem explorar projetos conjuntos em terceiros países em temas como promoção de direitos humanos em nações como Guiné e Guiné Bissau, e programas de educação para crianças em situação de conflito, no Haiti.

Educação e inovação científica tendem a assumir um papel de destaque nas relações e projetos de cooperação entre Brasil e União Europeia, com ação conjunta em iniciativas como o programa Ciência sem Fronteiras, uma das predileções da presidente Dilma Rousseff. No campo econômico, as iniciativas não têm sido tão bem-sucedidas, apesar das declarações otimistas de lado a lado. Vimont e o ministro das Relações Exteriores Antônio Patriota chegaram a conversar sobre a necessidade de apoio no Congresso brasileiro para concretizar o acordo de céus abertos negociado entre a União Europeia e o Brasil em março, mas ainda não oficializado. Decidiram esperar pela discussão do acordo no Legislativo brasileiro.

Vimont minimizou, porém, as dificuldades na negociação do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, hoje concentrada em aspectos menos polêmicos e paralisada nas questões de acesso a mercados. As recentes eleições na Argentina e as próximas eleições na França não asseguram clima político para uma discussão desse tipo, admitiu ele. "A ideia é seguir com o trabalho de preparação do acordo, para termos tudo pronto quando houver possibilidade de avançar", argumentou. Com o debate sobre os riscos de aprofundamento da recessão mundial, a liberalização comercial entre os dois blocos pode surgir como opção para ultrapassar a crise, defende.

Fonte: Valor Econômico
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1 comentários:

  1. Sacanagem, derrubaram um ditador e estão assumindo o mesmo papel pois eles que ditarão a legislação, serviços administrativos, Justiça, polícia, controle de fronteiras e segurança como diz o texto.

    Quem deveria ajudar é a liga arabe...é a mesma coisa que os EUA invadirem a Venezuela e pedir á China que "ajude" na implementação de um governo!

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