O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta sexta- feira que o Itamaraty é a primeira linha de defesa da soberania. O comentário foi uma resposta à percepção da diplomacia americana revelada em telegramas que vazaram pelo Wikileaks, aos quais a Folha teve acesso.
No episódio, o então embaixador dos EUA, Clifford Sobel, narra um encontro com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que reforçou a percepção que o Itamaraty tem uma visão anti-americana. Jobim teria dito que o então secretário-geral do Ministério de Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, odeia os EUA.
Segundo Amorim, o episódio foi resolvido com a nota divulgada por Jobim em que desmente o episódio.
"Entre a palavra do ministro Jobim e a palavra do agente diplomático americano, fico com a palavra do ministro Jobim", disse.
Segundo Amorim, é uma prática comum em qualquer diplomacia tentar negociar diretamente com outros segmentos ou ministérios. A iniciativa ocorre, segundo o ministro, porque a chancelaria tem uma visão de conjunto e observa quais os possíveis prejuízos decorrentes de uma decisão.
Para Amorim, embora o Wikileaks tenha "muita bobagem", não é possível deter a tecnologia.
"A gente tem de se convencer que a gente tem de agir de tal maneira que não tenha nada a esconder", disse. Ele fez a ressalva que nem sempre é possível divulgar todas as informações, como no caso das negociações comerciais. "Agora, métodos de ação... Acho que o público ter uma ideia, talvez não no detalhe, não é de todo mal", disse.
Fonte: Folha
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