quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Nacionalistas e antissemitas fazem manifestação na Rússia


Vários grupos russos de extrema-direita e movimentos pró-Kremlin mobilizaram nesta quinta-feira milhares de pessoas em duas manifestações em Moscou para celebrar o dia da União do Povo, uma festa pouco conhecida do grande público.

Os jovens pró-poder Nachi informaram ter reunido 15 mil pessoas durante a "Marcha russa" ao longo do rio Moskva, no centro da capital, para marcar esse dia que lembra a libertação de Moscou em 1612, ocupada na época pelo exército polonês.

No extremo sudeste da cidade, os movimentos nacionalistas e antissemitas, de bandeiras ultraortodoxas e contra a imigração, reuniram, por sua vez, entre 5 mil e 7 mil militantes, segundo jornalistas da AFP no local, para uma passeata denunciando o poder russo, culpado, na opinião deles, de deixar a Rússia nas mãos dos não russos.

"Desde 1612, no Kremlin, não há nem poloneses, nem suecos. Só judeus. Isto é ainda mais assustador, horrível e doloroso para a nação russa", destacou o coronel Vladimir Kvatchkov, que dirige a Milícia Popular.

Os manifestantes, em maioria jovens homens com os rostos escondidos por capuzes ou máscaras cirúrgicas, lançavam slogans como "Europa para os brancos e a Rússia para os russos" ou ainda "Menos imigrantes, mais dinheiro".

Os crimes racistas na Rússia começaram a aumentar depois da queda da URSS e quando, paralelamente, milhares de cidadãos de ex-repúblicas soviéticas, em particular da Ásia Central, vieram trabalhar nas grandes cidades russas.

"Em Moscou, temos agora medo de andar nas ruas. 70% dos estupros são cometidos por cidadãos da Ásia Central", afirmou Alexandre Belov do Movimento contra a Imigração Clandestina.

Um jovem com rosto encoberto por uma echarpe azul e que se apresentou como Stavropol afirmou que o Kremlin está sob o controle de um complô "judeu-maçônico, sobretudo judaico", denunciando depois também a imigração.

"Não precisamos deles (...) eles que fiquem em seus territórios, trabalhando e construindo mesquitas", insistiu.

O chefe do Serviço Federal russo de Migração, Konstantin Romanovski, se preocupa com o aumento dos movimentos racistas em número e com a disseminação de suas ideias.

"É necessário garantir a liberdade de expressão, mas eu não acredito que neste caso possamos tirar algum benefício", declarou, segundo a agência Interfax.

Na segunda maior cidade da Rússia, a mobilização era menor, com cerca de 300 militantes de extrem- direita manifestando-se em São Petersburgo. "As autoridades destroem a Rússia e os russos, e pensam apenas em encher os bolsos", disse Serguei, 21 anos.

O dia da União do Povo foi instaurado em 2005 pelo atual primeiro-ministro Vladimir Putin (presidente de 2000 a 2008) com o objetivo de fortalecer a identidade nacional na Rússia que ainda não se enraizou desde a queda da União Soviética.

Mas esta celebração continua desconhecida para os russos, segundo uma pesquisa do Instituto Vtsiom realizada com 1.600 pessoas. Apenas 1% dos entrevistados classificaram a festa como uma das mais importantes na Rússia e só 10% conheciam o nome correto e suas origens históricas.

Fonte: AFP
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