Gorbatchov pede fim das armas nucleares em mensagem aos Nobel da Paz

O ex-dirigente da União Soviética Mikhail Gorbatchov enviou uma mensagem aos Prêmios Nobel da Paz reunidos nesta sexta-feira na cidade de Hiroshima, no Japão.

"O objetivo a médio prazo deve ser envolver todas as potências nucleares no processo de desarmamento para reduzir seus arsenais ao mínimo", declarou Gorbatchov, acrescentando que "essa decisão deve ser só um passo provisório rumo à liquidação total das armas nucleares".

"Devemos apoiar a proposta do secretário-geral (da ONU, Ban Ki-moon) de começar a trabalhar sobre uma convenção ou um tratado para proibir o uso, o desenvolvimento, a produção, o armazenamento e a transferência de armas nucleares, tecnologias e componentes", defendeu o ex-dirigente soviético, que cancelou sua viagem ao Japão devido a uma indisposição de saúde.

Gorbatchov, que iniciou o processo de desarmamento nuclear após assumir a direção do país comunista em 1985, afirmou que "as ambições de um país ou um grupo de países de domínio militar na esfera das armas não nucleares também são incompatíveis com a ideia de um mundo livre de armas atômicas".

O ex-chefe de Estado disse ainda que "é importante falar sobre a desmilitarização das políticas e das mentalidades globais e da necessidade de reduzir os orçamentos militares".

"Os principais desafios que a humanidade enfrenta hoje incluem as catástrofes climáticas, a degradação ambiental, a pobreza que gera extremismo e fluxos migratórios, a incompetência dos governos, as doenças e surtos, os crimes organizados, o tráfico de drogas e violações dos direitos humanos", resumiu Gorbatchov.

Vários vencedores do Prêmio Nobel da Paz, entre eles o Dalai Lama e o ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) Mohamed ElBaradei, se reuniram nesta sexta-feira em Hiroshima, a primeira cidade atacada com uma bomba atômica, para pedir a erradicação das armas nucleares.

As personalidades cuja ausência será mais sentida no encontro de três dias são o presidente americano, Barack Obama, que participa da cúpula do Grupo dos Vinte (G20, formado pelos países ricos e os principais emergentes) em Seul, e Gorbatchov.

Fonte: Folha