quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Paquistão se opõe a acusações dos EUA e corteja a China



O Paquistão advertiu os Estados Unidos nesta terça-feira para que parem de acusar o país de fazer jogo duplo com os militantes islâmicos e, em meio a uma crise de relacionamento com seu aliado, elogiou a China como "amiga para todas as horas".

O primeiro-ministro paquistanês, Yusuf Raza Gilani, disse que qualquer ação militar unilateral dos EUA para caçar militantes da rede Haqqani dentro do Paquistão será uma violação da soberania de seu país. Entretanto, ele minimizou questões da relação com os EUA e não deu indicações de qualquer medida para aplacar a fúria em Washington.

O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, o almirante americano Mike Mullen, que está prestes a deixar o cargo, descreveu na semana passada a rede Haqqani como uma "verdadeira arma" da agência de espionagem paquistanesa ISI e acusou Islamabad de dar apoio ao ataque de 13 de setembro do grupo contra a embaixada dos EUA em Cabul.

Atualmente, a rede Haqqani é a facção mais violenta de militantes do Taleban no Afeganistão.

"O envio de mensagens negativas, naturalmente, está incomodando meu povo", disse Gilani na entrevista, falando de seu gabinete em Islamabad. "Se há mensagens que não são apropriadas à nossa amizade, então naturalmente é extremamente difícil convencer meu público. Portanto, eles deveriam enviar mensagens positivas."

Depois dos comentários de Mullen, o Paquistão lançou um contra-ataque diplomático e tentou obter o apoio de seu aliado mais forte na região: a China.

Autoridades paquistanesas têm aumentado os elogios à China depois que seu ministro da Segurança Pública chegou ao país na segunda-feira para conversações no alto escalão.

"Somos amigos verdadeiros e contamos um com o outro", disse Gilani em diferentes comentários exibidos em redes de televisão depois da reunião com Meng Jianzhu.

As Forças Armadas, a instituição mais poderosa do Paquistão, também disseram que apreciam o apoio do vizinho gigante asiático. O chefe do Exército, o general Ashfaq Kayani, agradeceu a Meng pelo "apoio resoluto" da China.

Inteligência crível
A acusação contra o Paquistão foi feita na quinta-feira pelo chefe do Estado-Maior Conjunto americano, almirante Mike Mullen. "A rede Haqqani atua como um genuíno braço da Agência de Inteligência do Paquistão (ISI, na sigla em inglês)", disse a autoridade militar mais graduada dos EUA perante a Comissão de Serviços Armados do Senado.

Os ataques de 20 horas contra a embaixada americana, a sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte e prédios da polícia deixou ao menos 27 mortos na capital afegã em 13 de setembro. O número de mortos inclui 11 civis, entre os quais crianças, além de quatro policiais e dez militantes.

"Com o apoio do ISI, membros do Haqqani planejaram e conduziram um caminhão-bomba, assim como o assalto à nossa embaixada", disse Mullen, que deixa neste mês o cargo no Estado-Maior Conjunto. "Temos informações críveis de inteligência de que estiveram por trás do ataque de 28 de junho contra o Hotel Intercontinental em Cabul e de outras operações menores, mas efetivas."

A rede Haqqani, que é estreitamente aliada à milícia islâmica do Taleban e cuja base supostamente fica no Paquistão, tem sido acusada de vários grandes ataques contra alvos ocidentais, indianos e governamentais no Afeganistão.

Ela é frequentemente descrita por autoridades paquistanesas como um grupo predominantemente afegão, mas correspondentes dizem que suas raízes alcançam o território do Paquistão, com a especulação sobre seus vínculos com o aparato de segurança do país se recusando a morrer.

As declarações de Mullen são mais uma mostra da deterioração das relações entre EUA e Paquistão, que ficou aparente durante a morte do líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, em território paquistanês em maio. Na época, autoridades americanas acusaram Islamabad de dar apoio aos militantes islâmicos.

Ação no Paquistão

No início deste mês, autoridades em Washington deixaram claro que podem atacar alvos da Haqqani em solo paquistanês se Islamabad não combater os militantes. Na entrevista à BBC, o ministro do Interior paquistanês disse que seu país tem tomado "ações estritas" contra o grupo.

Segundo Malik, os esforços do governo muitas vezes são frustrados porque nem o Paquistão nem o Afeganistão têm o controle pleno de suas fronteiras.

Fonte: GeoPolítica Brasil com agências de notícias
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