terça-feira, 7 de setembro de 2010

EUA perdem espaço e Brasil ganha peso na América Latina, diz IISS


A América Latina, liderada pelo Brasil, está tendo um peso maior internacionalmente e redefinindo suas alianças, em alguns casos causando a inquietação dos Estados Unidos, potência hegemônica que perdeu influência na região, afirmou nesta terça-feira o IISS.

"Em 2010, vários países latino-americanos se viam como potências crescentes no cenário mundial e esperavam ser tratadas como tais", afirmou o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, da sigla em inglês) em seu balanço estratégico anual.

O centro de estudos londrino destaca a influência crescente de Brasil, México e inclusive da Bolívia em um âmbito crucial como a luta contra as mudanças climáticas, assim como dos blocos de poder que proliferam na região, como a União das Nações Sul-americanas (Unasul) ou a Aliança Bolivariana para as Américas (Alba).

Mas é o país presidido por Luiz Inácio Lula da Silva - que recebeu vários reconhecimentos internacionais em seu último ano no poder - o que melhor ilustra a "enérgica agenda política com interesses e aspirações mundiais" que defendem os países latino-americanos, informa o IISS.

Apesar de no momento não ter conseguido grandes avanços, ninguém poderia imaginar há apenas alguns anos que um presidente brasileiro pudesse desempenhar um papel nas tentativas de resolver o conflito no Oriente Médio ou a disputa mantida pelo Irã com os países ocidentais em relação a seu programa nuclear.

As novas ambições da região, que ocorreram ao mesmo tempo que a "perda de influência" dos Estados Unidos, permitiram aos diferentes países buscar novas alianças com potências fora da região com interesses tão diversos como China, Rússia e inclusive Irã.

No caso particular do Irã, o fortalecimento das relações com a Venezuela, mas especialmente com o Brasil, "causaram novas tensões nas relações" com os Estados Unidos, estimou o IISS.

A crise de Honduras e o acordo que permitia aos Estados Unidos operar sete bases militares na Colômbia terminaram por complicar a relação com a administração do presidente Barack Obama, na qual a região tinha depositado inicialmente grandes expectativas.

A vontade de se distanciar do que fora durante muito tempo a potência hegemônica da região ficou latente também com a exclusão dos Estados Unidos de uma nova organização regional que os países latino-americanos e do Caribe concordaram em criar no início deste ano.

No contexto atual, a IISS considera que "a meta" para Washington será "fazer esforços diplomáticos intensivos com os governos mais amigos e os parceiros dispostos na região a progredir em uma agenda comum", que inclui, dependendo dos países, temas como comércio, energia, evitando outros temas mais problemáticos como Cuba ou a luta contra o narcotráfico.

O Brasil, que em outubro realiza eleições para escolher o sucessor de Lula e que continuará sob os holofotes nos próximos anos com a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, deverá evitar repetir os erros dos Estados Unidos no passado, se quiser manter seu atual papel, afirma o IISS.

"Em um mundo complicado e multipolar, o Brasil ascendente deverá ter cuidado para evitar os impulsos imperialistas que, como ocorreu com os Estados Unidos, criaram problemas para um poder hemisférico".

Fonte: AFP
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