segunda-feira, 7 de junho de 2010

Otan lança operação mais ousada no Afeganistão em quase nove anos


As forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) iniciaram em Kandahar, base dos talibãs no sul do Afeganistão, a operação mais ousada em quase nove anos de guerra, o que promete ser um teste crucial para sua estratégia contra a insurgência.

Grande parte dos 30 mil soldados americanos de reforço enviados ao Afeganistão pelo presidente Barack Obama começaram a convergir para Kandahar, berço talibã deixado de lado por longo tempo pelas forças da coalizão, e onde os insurgentes islâmicos, expulsos do poder em 2001, ganharam terreno.

O objetivo é ajudar as forças armadas afegãs a reestabelecer a autoridade do governo nessa ampla província, cuja capital de 800 mil habitantes está infiltrada pelos talibãs e por grupos de criminosos.

A operação das próximas semanas se dividirá em três zonas: os distritos em torno de Kandahar e que servem de base para os insurgentes, particularmente Zhari, a oeste, e Arghandab, ao norte; a periferia imediata de Kandahar para controlar seu acesso, e o interior da capital do sul, onde as tropas estrangeiras duplicarão os esforços para formar uma polícia afegã mais confiável.

No entanto, as tropas pretendem evitar o possível uso da força no interior de Kandahar, para não incitar a população para se unir aos insurgentes.

Mas essa "batalha de percepção" se anuncia complexa, admitem militares e especialistas.

Com a retomada dos combates nas últimas semanas, os talibãs assassinaram uma dezena de personalidades locais na cidade onde seu movimento nasceu, e lançaram diversos ataques com foguetes contra a base militar de Kandahar.

No domingo, dois civis e um policial morreram e onze civis ficaram feridos na explosão de uma mina artificial.

Na sexta-feira, a Otan anunciou ter matado o comandante dos insurgentes de Kandahar, o mulá Zergay.

Mas o aspecto militar não é mais que uma das faces da operação que se perfila. Em Kandahar, a Otan também tem que resolver o delicado problema da corrupção dos poderes locais.

No nível político, a estratégia da aliança não está clara. O chefe do conselho da província, Ahmed Wali Karzai, meio-irmão do presidente afegão e sobre o qual pesam suspeitas de envolvimento com o narcotráfico local, provoca mal-estar na coalizão, que estima que o problema deve ser resolvido pelo governo.

No entanto, "a política da Kandahar alimenta a insurreição, aliena a população, e priva a Otan de parlamentares dignos de confiança", afirmou Carl Forsberg, especialista de um instituto de estudos da guerra.

Obter sucesso nessa província chave é urgente, já que a Otan não conseguiu acabar com a ameaça dos talibãs na província vizinha de Helmand, onde a coalizão lançou uma ampla ofensiva em fevereiro passado.

Para o comandante das forças internacionais no Afeganisão, o general Stanley McChrystal, o tempo corre: a administração Obama conta fazer um balanço no final de 2010 sobre a campanha afegã, para poder confirmar um começo de retirada das tropas americanas em julho de 2011.

Para alguns, a sorte já foi lançada.

"Na minha opinião, o curso da guerra ficará estabelecido antes do Ramadã", no mês de agosto, considerou um oficial americano mobilizado na província.

Fonte: Portal G1
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