quarta-feira, 2 de junho de 2010

Exército chinês lança ofensiva midiática internacional


O exército chinês, acusado de dubiedade pelas grandes potências estrangeiras, lançou uma grande ofensiva midiática para reduzir os temores que sua crescente potência suscita entre os países ocidentais e seus vizinhos.

Os ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, e alguns países vizinhos como o Japão, pedem regularmente à China que faça um esforço de transparência no campo militar.

Seu orçamento de Defesa para 2010 é de 532,1 bilhões de iuanes (57 bilhões de euros ou 70 bilhões de dólares). Mas o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI) acaba de calcular que a China destinou 100 bilhões de dólares para seus gastos militares em 2009.

O Exército Popular de Libertação, criado em 1927 como força de insurreição comunista, com camponeses descalços, investiu fortemente em equipamentos e armamentos nos últimos anos.

Mas a ausência de dados concretos despertam dúvidas sobre as ambições e os objetivos de Pequim, não só em terra, mar e ar - com uma aparente vontade de dotar-se de uma força de projeção para proteger, por exemplo, seus interesses econômicos - mas também no espaço e no ciberespaço.

Para tentar convencer sobre sua boa fé e intenções unicamente defensivas, o exército, acostumado a derramar propaganda sobre a população chinesa, faz cerimônia perante os estrangeiros.

"Há certa preocupação no âmbito da direção do Partido (comunista) e do Ministério das Relações Exteriores sobre o fato de que a criação, por parte do exército, de uma força mobilizável no mundo seja acolhida com suspeita e medo", avaliou Richard Fisher, especialista do exército chinês no centro de pesquisa americano International Assessment and Strategy Center.

Em abril, o exército convocou adidos militares e jornalistas estrangeiros à apresentação de seu avião caça mais avançado, o J-10, na base da 24ª divisão aérea, em Tiajin, perto de Pequim.

No mês passado, pela primeira vez organizou uma "visita jornalística" com a mídia francesa. Os britânicos serão os próximos convidados.

O programa inclui um encontro com os responsáveis do departamento de relações exteriores do Ministério da Defesa, uma apresentação por parte da missão da Marinha chinesa mobilizada na costa somali para lutar contra os piratas, visita de certas unidades, entre elas a sexta divisão blindada do distrito militar de Pequim.

No entanto, durante a visita à sexta divisão blindada, não foi possível ver nenhum soldado além das dezenas de acompanhantes.

Seu comandante, o coronel superior (equivalente a general de brigada) Chen Xuewu, negou as necessidades de equipamento: "trata-se de conjecturas, nunca respondo a conjecturas".

Para os analistas, a operação de sedução não é suficiente e está longe da transparência pedida pelos países ocidentais.

Para Fisher, a China deveria responder certas perguntas sobre os projetos até 2020 no que diz respeito a porta-aviões, navios anfíbios de projeção, de aviões militares C-17 e também de ogivas nucleares.

Para Valérie Niquet, encarregada do pólo Ásia no âmbito da Fundação para a Pesquisa Estratégica, baseada em Paris, "a eficácia desta estratégia de comunicação de Pequim está muito limitada pela contradição que existe entre este discurso, que se mostra conciliador e responsável, e um modo de ação muito mais agressivo".

Fonte: AFP
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