quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Simbologia do RAFALE e o FX-2 para o Brasil


hoje vivemos num mundo globalizado, no qual a produção extrapolou os limites territoriais e as fronteiras do Estado Nacional.

A Ford, por exemplo, também não produz mais carros com componentes totalmente dos EUA e nem mesmo a Boeing, se pensarmos em "stricto sensu". Os fornecedores estão espalhados pelo mundo. Foi-se o tempo da "indústria nacional" fechada em um único país.

No Brasil também é assim....na Embraer também é assim.

Neste sentido, e apenas neste sentido, é que podemos entender os componentes importados do Rafale.

Só que, uma coisa é vc importar peças, outra coisa é deter o conhecimento tecnológico completo sobre o caça. E isso a Rafale Internacional domina completamente e está sob o comando da França.

No outro blog fizeram uma confusão dos diabos com isso. E uma coisa não tem nada a ver com a outra. São coisas diferentes e bem diferentes.

Mas no caso do Rafale existe ainda um dado que nenhum outro concorrente pode garantir: ele permite o Brasil sair da esfera de poder (ao menos neste ponto, dos caças) dos EUA. O Rafale tem essa dimensão também, geopolítica, estratégica, que os outros não tem e nem podem ter (no caso do Super Hornet, é justamente o oposto disso mesmo no caso da Suécia, que ainda é um país com pouco peso político no mundo).

É por isso que Chile e Argentina (entre outros países da AL) esperam muito dessa parceria do Brasil com a França, pois ela pode indicar novos rumos para a AL, dada a liderança do Brasil na região. Para onde o Brasil vai, a América do Sul (e Latina) vai também.

Há toda uma discussão nos blogs sobre custos, qual caça voa mais alto, qual é o preferido de não sei quem etc.

nada disso está em jogo no FX2.

O que está em jogo é a permanência do Brasil, ou não, na esfera de influência dos EUA. E está mais do que claro que o caminho tomado é a parceria com a França (isso não tem mais volta).

O Obama é um cara simpático e legal, mas ele não ficará eternamente no poder. Portanto, o Brasil está tratando a questão como se deve: ou seja, pensando em seus interesses e não nos interesses dos EUA.

Pode escrever: ganha o Rafale no FX2 (na verdade, já ganhou faz tempo).

A discussão que se faz agora é outra. É a seguinte: como podemos viabilizar outras parcerias paralelas, seja com os Suécos e até mesmo com os EUA, tendo em vista que o FX2 não é concurso de miss...não acaba com o anùncio do escolhido.

Acho que a SAAB fará parceria industrial com a Embraer.

E acho que o Brasil poderá propor, aproveitando a boa vontade do governo do Obama, outras parcerias.

No caso da parceria com a França, ela foi pensada desde o início como um meio de, ao mesmo tempo, sair da esfera de influência direta dos EUA, mas se manter no campo dos EUA...com independência. Não existe afrontamento.

É uma política madura e estrategicamente bem feita.

abração

Autoria de nosso colaborador Hornet

Só complementando o raciocínio: Todo desenvolvimento industrial hoje é de uma forma ou de outra dependente de parceiros externos. Como o amigo disse no texto acima, a Embraer é um exemplo, pois a sua familia de jatos comerciais é uma verdadeira sopa de nacionalidades, o que não desmeresse em nada nosso potêncial de engenharia, pelo contrário dá maior capacidade de desenvolvimento de laços comerciais e torna os produtos cada vez mais competitivos.
O que esta em jogo no FX-2, conforme bem salientado pelo nosso amigo Hornet, são os caminhos que estamos buscando, não só para adiquirir tecnologia, mas sim para ter independência e maior autonômia, garantindo a nossa consolidação como líderes na América Latina e como um contra-peso aos EUA, o que não significa demonizar os EUA. Mas sim ter um amadurecimento real em nossa política externa e ter capacidade de atuar no novo contexto geopolítico global que se desenvolve, onde estamos saindo do poder unipolar amparado pelos EUA e partindo para uma nova visão multipolar, onde vários Estados estão comprometidos com as questões mundiais.

Angelo D. Nicolaci
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1 comentários:

  1. Angelo,

    perfeito seu comentário na nota.

    A propósito, em muitos blogs brasileiros de defesa também ocorre um outro equívoco. Este é mais proveninete de falta de cultura e de reflexão histórica das pessoas. Confundem afastamento da esfera de inflência dos EUA com "anti-americanismo" (o que seria anti-americanismo? coisa sem sentido nenhum...). Uma coisa não tem nada que ver com a outra também.

    Em tempo: a expressão "anti-americano" surgiu, foi criada, nos anos da guerra-fria e tem um sentido religioso: ou se estava contra, ou se estava a favor dos EUA (pensamento canhestro típico dos anos da guerra fria).

    E este pensamento religioso (tipo: flaXflu, bemXmal etc.) vem permeando a discussão em outros fóruns. Pra não falar em coisas ainda mais bizarras.

    Por sorte, não são os foristas deste tipo que norteam o pensamento geopolítico do Brasil hoje em dia, senão estávamos perdidos...kkkkkkkkkk

    abração

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