sábado, 7 de novembro de 2009

A campanha da Boeing


Com a expectativa, para breve, do anúncio da companhia vencedora da concorrência para fornecer os novos caças da Força Aérea Brasileira, é frenética a movimentação dos lobbies concorrentes para conseguir qualquer vantagem nos últimos dias. Como as últimas versões das propostas foram entregues em setembro e está vedado o acesso das empresas à qualquer oficial da FAB, a disputa passou a ser pela opinião pública.

As empresas sabem que uma escolha como essa não é apenas pelo melhor avião, com o melhor preço, talvez não seja mais nem mesmo definida pela possibilidade de transferência de tecnologia, o item que mais tem despertado polêmica quanto às propostas da americana Boeing, da francesa Dassault e da suíça SAAB. Qualquer que seja a decisão, levará em conta um forte componente geopolítico. Afinal, não estamos falando apenas de um dos melhores contratos em disputa hoje no mundo, de até 8 bilhões de dólares a serem pagos por 36 aeronaves.

Estão em jogo a segurança nacional, os interesses do Brasil e da América do Sul e até mesmo a imagem internacional do presidente Lula. Esse aspecto do jogo tornou-se especialmente importante quando Lula, depois de receber a visita do colega francês Nicolas Sarkozy, declarou que o Brasil escolheria os franceses. Até então, a Boeing mantinha uma postura discreta, pelo menos em público. No último mês, a companhia parece ter acordado para o fato de que estava comendo poeira em sua estratégia de relações públicas, e acionou sua metralhadora giratória contra a concorrência.

Uma ofensiva de entrevistas (como a que Michael Coggins, da Boeing, deu hoje para a Folha) em que os americanos dizem, sem meias palavras, que os concorrentes mentem, foi desencadeada, assim como um lobby massivo em Brasília junto a deputados, senadores e oficiais. Nas últimas semanas, foram distribuídos em Brasília 171 pacotes com informações sobre o Super Hornet, da Boeing, a generais da Força Aérea, deputados e senadores.

Mais de 20 jornalistas foram convidados para conversas (eu entre elas) com os executivos da Boeing. Outros tantos políticos receberam visitas da companhia, e todas as possíveis fornecedoras brasileiras de componentes foram acionadas para falar em favor da proposta americana. Acompanhando o discurso a respeito das qualidades do avião da Boeing, sempre há uma lista das tais mentiras que os franceses estão contando para levar o contrato com o Brasil.

Entre elas estaria o fato de a transferência tecnológica prometida pelos franceses não ser tão ampla como parece, e o fato de que o avião da Dassault ter muito mais componentes feitos fora da França (e em locais como os EUA e a Suíça, por exemplo) do que os franceses gostam de admitir.

A nova postura chama a atenção porque, oficialmente, a política da Boeing é nunca falar mal do concorrente abertamente, e sempre destacar suas próprias qualidades. "Tivemos que abandonar essa postura para poder reagir aos franceses.

Afinal, é como se estivéssemos em meio à campanha política. É preciso responder aos ataques", diz Michael Coggins. Se acabar não dando certo, a nova estratégia, no mínimo, terá levantado o moral da tropa na reta final da disputa. Os executivos da Boeing agora já vêem alguma chance de vencer a proposta francesa. Daqui para frente, pelo menos um diretor da Boeing estará permanentemente no Brasil para não deixar a campanha da empresa perder fôlego.

Fonte: Defesa@Net
Share this article :

1 comentários:

  1. A Boeing é uma grande empresa, respeitada no mundo todo, assim como os EUA são um grande país, respeitado no mundo todo (amado por uns, adiado por outros, mas isso faz parte da posição que eles ocupam no mundo).

    No entanto, no caso do FX2 a Boeing sabe que não tem chances nenhuma. Devido ao histórico dos EUA em boicotar o desenvolvimento tecnológico na área de Defesa do Brasil (e de várias maneiras).

    Hoje mesmo, em uma matéria publicada no DefesaBrasil, o Jobim voltou a afirmar o que vem falando a séculos: o problema dos EUA é seu passado, seu histórico nada favorável.

    Poderiam perguntar: então porque o SH está na Short List, está na final do FX2?

    A Short List foi feita levando-se em conta apenas dados técnicos, e o SH é um belo avião.

    Mas quando a decisão técnica se junta com a decisão política (que é o que acontece agora, na fase final), o SH perde feio dos outros concorrentes, devido ao histórico dos EUA comentado acima.

    Isso não deve ser visto como um problema nas relações Brasil-EUA, porque de fato não será. Ao contrário, é bom deixar bem claro nossas posições agora, para melhorar essa relação (no caso de assuntos de Defesa apenas, pois de resto a relação entre os dois países são as melhores possíveis) no futuro (que será feita aos poucos, pois ainda precisamos criar confiança nos EUA...o que não se faz de uma hora para a outra).

    abraços a todos

    ResponderExcluir

 

GBN Defense - A informação começa aqui Copyright © 2012 Template Designed by BTDesigner · Powered by Blogger