quarta-feira, 3 de junho de 2015

Cosmódromo de Baikonur completa 60 anos nesta terça-feira

Baikonur é o primeiro e até hoje maior cosmódromo do mundo. De lá foram lançados os foguetes com os cães Belka e Strelka, bem como dali partiu Iúri Gagárin, o primeiro ser humano a viajar para o espaço. Após o colapso da União Soviética, Baikonur acabou, contudo, localizado no território de outro Estado, o Cazaquistão. Desde então, a Rússia o utiliza como arrendatária.

Em 2004, os presidentes dos dois países assinaram um acordo que prorroga o contrato de aluguel do espaço até o ano de 2050. Três anos depois, porém, a Rússia decidiu construir seu próprio cosmódromo: Vostotchini, no extremo oriente do país, que promete ser a nova plataforma para a realização de planos ambiciosos da agência espacial russa Roscosmos.

Terra do futuro

Antes de voar para Baikonur, resolvemos visitar Vostotchini. Voamos à noite de Moscou rumo a Blagoveschensk. Como não consegui dormir, fiquei o tempo todo – sete horas de viagem – contemplando a paisagem através da janela. 

Ao chegar a Blagoveschensk, seguimos de carro por mais quatro horas em uma estrada esburacada até Uglegorsk. De vez em quando alguns esquilos negros e lebres cinzentas cruzavam o nosso caminho. Paramos para relaxar às margens do rio Zeia – uma vista de tirar o fôlego.

No dia seguinte, fomos direto para a área de construção do Cosmódromo de Vostotchini. Ao avistarmos as instalações, pude perceber que não eram inferiores em magnitude à natureza local. Os trabalhadores, acostumados com as inspeções, sequer prestavam atenção em nós.

“O que vocês vieram ver?”, perguntou de forma humorada um funcionário próximo às instalações. “Cercas, areia e cachorros?”, continuou o operário.  No entanto, em meio ao areial já se pode ver os contornos da plataforma de lançamentos e os primeiros prédios do futuro vilarejo de Tsiolkovski.

É o início de um novo capítulo na história espacial – o cosmódromo de Vostotchini proporcionará acesso independente da Rússia ao espaço. Com o tempo, deverá se tornar o principal centro científico de pesquisas espaciais, criando novas oportunidades de desenvolvimento para o Extremo Oriente do país e para a indústria espacial russa.

Oásis no meio do deserto

Até o dia do emocionante voo a Baikonur, me ocupei de escrever diversas cartas e requerimentos a um número sem fim de autoridades. Por pouco minha viagem acabou em um “não”. Foram tantas autorizações de acesso para cada etapa que nem meu celular estava mais suportando a carga de dados. 

Voamos por cerca de três horas. A paisagem da última hora de voo não se alterou – pousamos no meio da estepe. No aeroporto de Kraini fomos recebidos por Tatiana, funcionária do serviço de segurança do cosmódromo. Passamos por vários postos de controle. Por fim, desabafei: “Tatiana, entendo que na década de 1960 era necessário verificar tudo...mas  há casos de espionagem aqui hoje em dia? Não aguento mais mostrar meus documentos!”. E ela respondeu: “Não pense assim, aqui ocorre de tudo”.

Finalmente chegamos à entrada na cidade. A vila conservou muitos aspectos da União Soviética – no mercado, nos letreiros, na ausência de bares e restaurantes 24 horas. Mas o que mais me impressionou foi ver metade da cidade vestindo os mesmos macacões, afinal, grande parte dos locais trabalham no próprio cosmódromo.

Em Baikonur todas as pessoas têm alguma história para contar, seja sobre os primeiros foguetes russos ou os lendários construtores e cosmonautas. Além disso, diversos funcionarios que trabalharam com o brilhante construtor Serguêi Korolev e participaram dos primeiros lançamentos ainda estão vivos.

Mais da metade de todos os lançamentos de foguetes mundiais partiram de Baikonur. De lá foram lançados o primeiro satélite artificial da Terra, as cápsulas tripuladas Vostok, Voskhod e Soyuz, as estações orbitais Salyut e Mir, bem como os lançadores reutilizáveis Energia – Buran, sondas interplanetárias, científicas e aparatos militares.

Sobre Baikonur, o céu é incomum – negro, negro. E sob ele trabalham pessoas extraordinárias que acenderam e hoje continuam a iluminar as estrelas da história espacial da Rússia.

Fonte: Gazeta Russa
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