segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Tensão no Pacífico: Japão protesta contra manobras perigosas de caças chineses próximo a Okinawa

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Um novo episódio de tensão no Leste Asiático elevou o nível de alerta entre Japão e China após a realização de manobras consideradas perigosas por Tóquio envolvendo aeronaves embarcadas no porta-aviões chinês Liaoning. O governo japonês convocou, no domingo, o embaixador chinês, Wu Jianghao, para apresentar um protesto formal contra o que classificou como um “comportamento perigoso e extremamente lamentável” por parte das forças aéreas navais chinesas.

De acordo com o Ministério da Defesa do Japão, aeronaves militares da China realizaram duas aproximações consideradas arriscadas nas proximidades da ilha de Okinawa, no sul do arquipélago japonês. As aeronaves chinesas haviam sido lançadas a partir do porta-aviões Liaoning, que conduzia atividades operacionais intensas ao leste das Ilhas Okinawa, já em pleno Oceano Pacífico.

Segundo dados divulgados pelas Forças de Autodefesa do Japão, o Liaoning executou cerca de 100 decolagens e pousos ao longo do fim de semana, em meio a um exercício que envolvia também três destróieres equipados com mísseis guiados, formando um grupo-tarefa completo. As atividades foram monitoradas por aeronaves interceptadoras japonesas, o que deu origem ao incidente.

O ponto mais sensível do episódio ocorreu quando caças J-15, operando a partir do convés do Liaoning, direcionaram seus radares de controle de tiro contra caças F-15 japoneses em múltiplas ocasiões. A prática, conhecida como “iluminação por radar”, é considerada uma das ações mais provocativas em ambientes militares, pois indica que a aeronave que emite o feixe está buscando uma solução de disparo para potencial engajamento.

Em termos técnicos, quando um radar de controle de tiro é ativado, a aeronave deixa de realizar uma simples varredura do espaço aéreo e passa a rastrear um alvo específico. Caças modernos são capazes de detectar esse tipo de travamento com clareza, o que normalmente leva os pilotos da aeronave alvo a adotarem manobras evasivas ou acionarem protocolos de defesa.

O ministro da Defesa do Japão, Shinjiro Koizumi, classificou o incidente como “perigoso e extremamente lamentável”. Na sequência, o vice-ministro das Relações Exteriores, Takehiro Funakoshi, convocou o embaixador chinês para apresentar o protesto formal do governo japonês e exigir que manobras semelhantes não voltem a se repetir.

Pequim, no entanto, refutou as acusações. Em comunicado oficial, a embaixada chinesa em Tóquio afirmou que foram as aeronaves japonesas que colocaram em risco a segurança do voo ao se aproximarem indevidamente do grupo naval chinês. Segundo a nota, o Liaoning estava em missão de escolta de três destróieres de mísseis guiados, dentro do que a China considera legítimo exercício em águas internacionais.

“A China exige solenemente que o Japão cesse as calúnias e difamações, limite estritamente suas ações na linha de frente e impeça a recorrência de incidentes semelhantes”, afirmou a embaixada.

A própria Marinha do Exército de Libertação Popular também reagiu, classificando as denúncias de Tóquio como “completamente infundadas”.

O incidente ocorre em um momento de crescente deterioração nas relações bilaterais. A tensão se intensificou após declarações do novo primeiro-ministro japonês, Sanae Takaichi, que em novembro indicou a possibilidade de uma intervenção militar do Japão em caso de um ataque chinês contra Taiwan – território autônomo e democrático cuja soberania é reivindicada por Pequim.

O episódio envolvendo o Liaoning evidencia não apenas o aumento na frequência e na complexidade das operações navais chinesas no Pacífico Ocidental, mas também a fragilidade do atual equilíbrio regional. Em um ambiente saturado por interesses estratégicos, o risco de erro de cálculo ou escalada involuntária permanece real.

Mais do que um simples incidente aéreo, a “iluminação” de aeronaves inimigas por radar reforça o clima de desconfiança mútua e indica que o teatro do Indo-Pacífico segue como um dos principais focos de fricção geopolítica do planeta.


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Ajustes na regulamentação podem ampliar o uso de drones pela segurança pública

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O emprego de drones em áreas urbanas deixou de ser uma tendência para se tornar uma ferramenta essencial nas operações de segurança pública, defesa civil, resposta a desastres e gestão de crises. Em um cenário cada vez mais complexo, dinâmico e de alto risco, a tecnologia de aeronaves remotamente pilotadas (RPA) representa um avanço não apenas operacional, mas sobretudo na preservação de vidas humanas.

Entretanto, apesar dos avanços tecnológicos e do amadurecimento doutrinário, um ponto sensível da atual regulamentação brasileira ainda impõe entraves práticos às instituições de segurança pública: a ausência de uma redação explícita sobre o emprego de drones BVLOS sobre áreas urbanas por órgãos de Estado. 

A regulamentação vigente, em especial no âmbito da ANAC (RBAC 94-E e outros), estabelece restrições para a operação dessas aeronaves sobre áreas densamente povoadas, onde seriam mais necessárias e minimizariam os riscos de morte dos membros dos órgãos de Segurança Pública. Contudo, apesar do texto deixar claro que tais limitações não se aplicam às operações realizadas por órgãos de segurança pública, defesa civil e Forças Armadas, como ocorre em marcos regulatórios internacionais consolidados, na prática não é o que se observa nos Certificados de Autorização de Projeto (CAER) emitidos por aquele órgão e públicos em seu site.

Essa ausência de coerência gera uma situação paradoxal. Não existe uma proibição direta, mas também não há uma autorização objetiva e inequívoca. Na prática, isso produz insegurança jurídica e acaba inviabilizando operações que seriam plenamente justificáveis sob o ponto de vista técnico, operacional e humanitário.

Enquanto isso, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), cumprindo corretamente seu papel na preservação da segurança do tráfego aéreo, adota uma postura naturalmente conservadora diante da ambiguidade normativa. O resultado é um freio involuntário, ou não,  à inovação operacional no âmbito da segurança pública.

Quando a dependência de meios tripulados amplia o risco

A dependência quase exclusiva de helicópteros em operações urbanas de alto risco impõe às tripulações uma exposição que, em muitos cenários, poderia ser substancialmente reduzida com o uso de drones avançados.

Casos emblemáticos evidenciam essa vulnerabilidade:

2009 – Rio de Janeiro: helicóptero da PMERJ abatido no Morro dos Macacos, com três mortos e três feridos.

2025 – Rio de Janeiro: duas ocorrências críticas envolvendo aeronaves alvejadas em área urbana, com risco iminente de colisão com cabos e um policial gravemente ferido.

Drones de alta performance, como o Harpia, desenvolvido pela ADTECH SD, são capazes de executar missões de reconhecimento, vigilância, monitoramento e apoio tático com eficiência e precisão, sem expor tripulações ao risco direto. A tecnologia, nesse contexto, deixa de ser apenas uma ferramenta e passa a ser um fator determinante de proteção à vida.

Evidência prática: operação segura em ambiente urbano em Montevidéu

Em uma operação oficial realizada em Montevidéu, durante um evento com a presença do presidente Yamandú Orsi, o drone Harpia operou em pleno ambiente urbano, integrado ao tráfego aéreo convencional e atuando simultaneamente com helicópteros em voo.

Os resultados foram objetivos:

– Zero incidentes

– Total coordenação com a autoridade aeronáutica local

– Superioridade no monitoramento operacional

– Eficiência e segurança comprovadas

Esse caso demonstra que, quando há protocolos claros, tecnologia adequada e integração com o controle do espaço aéreo, as operações urbanas com drones BVLOS são não apenas possíveis, mas altamente seguras.

O próprio arcabouço existente já aponta o caminho:

O MCA 56-5 trata as operações realizadas por órgãos de segurança pública e Forças Armadas como Operações Aéreas Especiais, admitindo a flexibilização de requisitos, desde que sejam cumpridas medidas internas de segurança, procedimentos operacionais padronizados e haja coordenação com o controle do espaço aéreo. 

O documento estabelece ainda que, para operações BVLOS em áreas povoadas, não é exigido o CAER nem a publicação de NOTAM com 12 dias de antecedência, desde que exista um Acordo Operacional previamente estabelecido.

Ou seja: a base legal já existe. O que falta é a explicitação inequívoca, de forma harmonizada entre ANAC e DECEA, de que as operações urbanas com drones BVLOS por órgãos de Estado são permitidas mediante Acordo Operacional, avaliação de risco e integração ao SISCEAB.

Por que essa atualização é urgente

Com uma simples evolução no texto e na interpretação normativa, o Brasil poderia: 

– Autorizar de forma clara e segura operações urbanas com drones BVLOS pelos órgãos de segurança pública

– Reduzir drasticamente a exposição de tripulações em helicópteros

– Aumentar a velocidade e precisão nas respostas a crises e emergências

– Modernizar suas doutrinas operacionais em áreas densamente povoadas

– Fortalecer a indústria nacional de defesa e tecnologia crítica

Enquanto persistir a ambiguidade e a falta de coerência, o país seguirá dependente de meios mais caros, mais arriscados e, muitas vezes, menos eficientes.

O Brasil já possui a tecnologia. Já possui a necessidade. Já possui o embasamento normativo disperso em seus próprios regulamentos. O passo que falta é a convergência clara, objetiva e explícita entre os órgãos reguladores, garantindo segurança jurídica, previsibilidade operacional e, acima de tudo, a proteção de vidas.


Sobre a ADTECH

A Advanced Technologies Security & Defense (ADTECH) é uma empresa brasileira reconhecida pelo Ministério da Defesa como Empresa de Defesa, especializada em soluções tecnológicas de alta performance voltadas à segurança pública, defesa territorial e monitoramento estratégico. Com foco em inovação, confiabilidade e conformidade regulatória, a ADTECH consolida-se como uma referência nacional no desenvolvimento e na operação de aeronaves não tripuladas de última geração.


Fonte ADTECH-SD 

(assessoria GBN Media & Solutions)

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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Marinha do Brasil realiza evacuação aeromédica de emergência a bordo do MSC Sinfonia com Super Lynx

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A prontidão e a capacidade de resposta da Marinha do Brasil voltaram a se destacar em uma operação real de busca, salvamento e evacuação aeromédica no litoral do Estado do Rio de Janeiro. Na última quarta-feira (03), uma passageira de 49 anos do navio de cruzeiro MSC “Sinfonia” sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) enquanto a embarcação navegava nas proximidades de Araruama (RJ), exigindo uma ação imediata e coordenada das forças navais.

O pedido de socorro foi recebido pelo SALVAMAR SUESTE, estrutura orgânica responsável pelas Operações de Busca e Salvamento (SAR) na área de responsabilidade do Comando do 1º Distrito Naval. Diante da gravidade do quadro clínico da passageira, o SALVAMAR SUESTE acionou o Comando em Chefe da Esquadra e o Comando da 1ª Divisão da Esquadra, que designaram a Fragata “Independência” que regressava da Operação “Atlas Anfíbia 2025” e se encontrava na área marítima próxima para conduzir a Evacuação Aeromédica (EVAM).

Em uma primeira fase, uma embarcação do próprio MSC “Sinfonia” transportou a paciente até a Fragata “Independência”. Já a bordo do navio da Marinha, a mulher recebeu os primeiros atendimentos médicos, garantindo a estabilização inicial do quadro e a preparação para a próxima etapa do resgate.

Na sequência, foi acionada a Aeronave de Serviço da Esquadra (ANSE) AH-11B “Super Lynx”, pertencente ao 1º Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque (HA-1 "Lince"). A aeronave realizou o embarque da paciente e iniciou imediatamente o voo de evacuação aeromédica em direção ao Rio de Janeiro, demonstrando alto nível de prontidão operacional, coordenação interagências e eficiência logística.

Cerca de três horas após a solicitação inicial do resgate, já na madrugada desta quinta-feira (04), o helicóptero pousou no Aeroporto Internacional do Galeão (RJ). No local, a paciente foi rapidamente recebida pela equipe do Centro de Emergência do aeroporto e, em seguida, encaminhada ao Hospital Evandro Freire, na Ilha do Governador, onde permanece internada sob cuidados médicos especializados.

Segundo relato do marido da vítima, a atuação da Marinha do Brasil foi decisiva para o desfecho positivo da ocorrência.

Quero agradecer imensamente o trabalho da Marinha, que com muita eficiência, lucidez e calma, agiram com rapidez para transportar a minha esposa para o hospital e agora ela está bem, fazendo o tratamento médico”, afirmou.

A operação evidencia, mais uma vez, a importância dos meios navais e aeronavais da Marinha do Brasil na salvaguarda da vida humana no mar, bem como o papel estratégico de estruturas como o SALVAMAR SUESTE e das unidades de superfície e aviação naval, que permanecem permanentemente em estado de prontidão para agir em situações de emergência, tanto em cenários militares quanto humanitários.

Em missões como esta, a integração entre navios de guerra, aeronaves e estruturas de comando e controle mostra-se vital para vencer o tempo, fator determinante em casos de emergência médica, como o Acidente Vascular Cerebral e garantir que vidas sejam salvas mesmo em ambientes marítimos distantes da costa.


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com Marinha do Brasil


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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Sistemas antiaéreos do Irã despertam interesse, mas ainda enfrentam dúvidas quanto à eficácia real em combate.

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A indústria de defesa iraniana vem ampliando, de forma consistente, seu portfólio de sistemas de mísseis terra-ar e, mais recentemente, passou a promover essas soluções para o mercado internacional. A análise do especialista Christopher F. Foss, publicada pelo site especializado Shephard Media, revela que embora o portfólio seja tecnicamente amplo, persistem dúvidas relevantes sobre sua real eficácia operacional e competitividade frente a concorrentes ocidentais, russos e chineses.

Segundo Foss, o Irã já possui longa experiência na fabricação e exportação de mísseis antitanque e foguetes de longo alcance, principalmente para países do Oriente Médio. Nos últimos anos, no entanto, essa capacidade foi direcionada também para o desenvolvimento de sistemas móveis de defesa antiaérea, em diferentes camadas de alcance, do curto ao longo raio de ação.

O modelo de menor alcance apresentado pelo país é o AD-08, montado sobre uma plataforma 4x4 de origem italiana. O sistema é composto por um lançador do tipo pedestal com dois mísseis do tipo “dispare e esqueça” em cada lado e um módulo eletro-óptico central capaz de detectar e acompanhar até quatro alvos simultaneamente. De acordo com as informações disponíveis, o conjunto atinge alvos a até 8 km de distância e altitudes de até 5.000 metros, operando com orientação infravermelha passiva. Antes do disparo, estabilizadores hidráulicos são acionados para garantir a precisão do lançamento, e unidades auxiliares de energia permitem o funcionamento com o motor principal desligado.

Um patamar intermediário é ocupado pelo sistema AD-40, transportado em viaturas 6x6 e apoiado por dois veículos dedicados ao controle de tiro e à vigilância radar. Este sistema utiliza radares bastante semelhantes aos do antigo MIM-23 HAWK de origem norte-americana, fornecidos ao Irã antes da Revolução Islâmica de 1979, que segundo Foss pode ter sido reproduzido por meio de engenharia reversa, possivelmente com algum grau de assistência externa. O AD-40 é capaz de engajar alvos a até 40 km de distância, com teto operacional de 18.000 metros, utilizando guiamento por radar.

Acima dessa faixa estão os sistemas AD-75 e sua versão evoluída, o AD-75S. Estes já empregam radares de varredura eletrônica e lançadores sobre plataformas 6x6 e 8x8, com alcance máximo declarado de até 75 km e capacidade de engajar múltiplos alvos simultaneamente. O sistema conta com estação de comando e controle integrada, além de veículos de reabastecimento e recarga, configurando um conjunto completo de defesa de média a longa distância.

Em um nível ainda mais avançado surge o AD-120, que compartilha parte da arquitetura radar do AD-40, mas com mísseis de maior alcance e guiamento mais sofisticado, combinando sistemas inerciais, enlace de dados e orientação radar ativa ou semiativa. Este modelo pode formar baterias com até três lançadores, cada um transportando quatro mísseis.

No topo da hierarquia encontra-se o AD-200, classificado como um sistema de defesa aérea de longo alcance. Segundo os dados levantados por Christopher F. Foss, esse conjunto inclui um radar de vigilância com alcance de até 320 km, um radar de rastreamento com alcance de 260 km e lançadores montados sobre viaturas 10x10, capazes de disparar mísseis de até 2 toneladas. Um sistema completo pode operar com até seis lançadores, todos integrados a um posto central de controle de combate. A promessa é de cobertura de grandes áreas e capacidade de engajar alvos a até 200 km de distância.

Apesar do volume de sistemas anunciados, a análise técnica ressalta um ponto crítico: esses mísseis não operam de forma isolada, mas sim como parte de uma rede de defesa aérea em camadas, que inclui canhões antiaéreos e mísseis portáteis. Ainda assim, sua real eficiência foi colocada em xeque após ataques aéreos realizados contra alvos em território iraniano em meados de 2025, conduzidos por Israel e pelos Estados Unidos. Segundo relatos, a rede de defesa não apresentou o desempenho esperado, levantando dúvidas sobre a maturidade tecnológica e a capacidade de resposta em um cenário de guerra moderna de alta intensidade.

Um dos sistemas mais conhecidos, mas que ainda não foi oficialmente ofertado ao mercado externo, é o Sevom Khordad. Visualmente comparado ao sistema russo Buk-M2, este modelo teria sido responsável anos atrás pelo abate de um drone norte-americano RQ-4 Global Hawk. Mesmo assim, o Irã não confirmou sua disponibilidade para exportação, possivelmente tratando-o como ativo estratégico sensível.

Antes da Revolução Islâmica, o Irã dependia fortemente de sistemas britânicos e norte-americanos, como o Rapier e o HAWK. Após 1979, Teerã passou a buscar equipamentos da China e da Rússia, ao mesmo tempo em que investiu pesadamente em desenvolvimento próprio e engenharia reversa. O resultado é um portfólio complexo, heterogêneo e em parte inspirado em plataformas estrangeiras.

A análise de Foss conclui que embora os sistemas iranianos apresentem características técnicas competitivas no papel, o mercado internacional ainda observa com cautela. Fatores como desempenho real em combate, confiabilidade dos sensores, integração em redes modernas e suporte logístico de longo prazo serão decisivos para determinar se essas soluções poderão, de fato, ocupar espaço em um cenário dominado por grandes potências e empresas consolidadas.

Se conseguir comprovar eficiência, robustez e custo-benefício, o Irã poderá se tornar um fornecedor alternativo para países com acesso limitado a tecnologias ocidentais. No entanto, até que isso se confirme, os sistemas AD continuam sendo vistos mais como uma demonstração de capacidade industrial e resiliência tecnológica do que como uma ameaça concreta ao domínio dos grandes fabricantes globais de defesa antiaérea.


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Embraer e Polska Grupa Zbrojeniowa iniciam cooperação estratégica envolvendo o KC-390

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A Embraer e a Polska Grupa Zbrojeniowa (PGZ) deram na última terça-feira (2) um passo concreto e estruturante rumo a uma cooperação de longo prazo no setor de defesa e aeroespacial. A assinatura de cinco Memorandos de Entendimento com o conglomerado estatal polonês e suas subsidiárias WZL-1, WZL-2, WSK “PZL-Kalisz” e WBCKT marca o início de uma parceria robusta, com potencial de transformar a Polônia em um dos principais polos de apoio, manutenção, produção e desenvolvimento ligados às plataformas da Embraer na Europa.

Mais do que acordos formais, os MoU's estabelecem uma arquitetura industrial abrangente, que inclui suporte operacional, manutenção, reparo e revisão (MRO), fabricação de componentes, integração à cadeia de suprimentos, engenharia, testes e desenvolvimento de soluções aeroespaciais. O escopo também contempla de forma prospectiva, atividades relacionadas a sistemas C4ISR, ampliando o nível de integração tecnológica entre as partes e abrindo espaço para projetos de alta complexidade no futuro.

No campo industrial, a cooperação com a WZL-1 concentra-se na produção de componentes metálicos e em materiais compósitos, transferência de tecnologia, certificação e garantia da qualidade, além da exploração de tecnologias emergentes. Já com a WZL-2, o foco recai sobre a possibilidade de transformar a unidade em um hub de manutenção do KC-390 Millennium e de outras aeronaves, incluindo serviços especializados de pintura aeronáutica, um elemento fundamental para a autonomia logística e a sustentabilidade das frotas em operação no continente europeu.

Os memorandos firmados com a WSK e a WBCKT expandem o alcance dessa parceria. Com a WSK, estão previstas atividades voltadas à produção e ao suporte de componentes aeronáuticos, processos mecânicos, tratamentos térmicos, além de programas de capacitação e consultoria técnica. Com a WBCKT, a atenção se volta ao desenvolvimento conjunto de equipamentos de apoio em solo (GSE) para o KC-390, ampliando as capacidades locais de suporte à aeronave.

Durante a cerimônia, a Embraer apresentou oficialmente o KC-390 Millennium em uma nova pintura, reforçando o protagonismo da aeronave dentro dessa estratégia de cooperação. Também foram destacadas as capacidades do A-29 Super Tucano, especialmente em cenários de combate a sistemas aéreos não tripulados, missão cada vez mais relevante nos conflitos contemporâneos.

A assinatura dos memorandos ocorre no momento em que o KC-390 consolida sua trajetória internacional. Em operação desde 2019 com a Força Aérea Brasileira, desde 2023 na Força Aérea Portuguesa, e mais recentemente, desde 2024 na Força Aérea Húngara, a aeronave vem registrando índices expressivos de desempenho, com taxa de disponibilidade em missão de 93% e índice de conclusão superior a 99%, números que reforçam sua credibilidade como plataforma de transporte multimissão de nova geração.

Com capacidade de transportar até 26 toneladas, velocidade de cruzeiro de 470 nós e grande alcance, o KC-390 se destaca em missões de transporte de tropas e cargas, lançamento aéreo, evacuação aeromédica, busca e salvamento, combate a incêndios e operações humanitárias. Na versão KC, equipada para reabastecimento em voo, já comprovou sua eficiência tanto como avião-tanque quanto como receptor, ampliando sua versatilidade operacional.

Na prática, os acordos com a PGZ e suas subsidiárias vão além da simples expansão comercial. Representam um movimento estratégico de construção de soberania industrial, transferência de conhecimento e fortalecimento da base tecnológica local, ao mesmo tempo em que inserem a indústria polonesa em um ecossistema global liderado pela Embraer.

Para a Polônia, trata-se de uma oportunidade de ampliar competências em áreas críticas da defesa moderna, gerar empregos de alta qualificação e integrar-se a uma cadeia de valor de alcance internacional. Para a Embraer, é a consolidação de sua presença na Europa Oriental, com uma abordagem baseada em parceria, cooperação tecnológica e desenvolvimento industrial sustentável.

Esse movimento reforça uma tendência cada vez mais evidente no setor: a de que os programas de defesa do futuro não se constroem apenas com aquisição de plataformas, mas com alianças industriais sólidas, transferência de tecnologia e integração entre nações com interesses estratégicos convergentes.


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Safran consolida presença na Colômbia com primeira venda do sistema Argonyx para os OPV

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A Safran Electronics & Defense deu mais um passo importante em sua atuação na América Latina ao concretizar, nesta semana, a primeira venda do sistema de navegação inercial Argonyx para a frota de Navios de Patrulha Oceânica (OPV) da Colômbia. A formalização da parceria com o estaleiro colombiano COTECMAR ocorreu no mês de março, no âmbito do programa INS ARGONYX, e ganhou destaque durante a ExpoDefensa, encerrada ontem, quarta-feira (3), em Bogotá.

Parceira de longa data das Forças Armadas colombianas, a Safran reforça, com esse contrato, seu papel no fortalecimento das capacidades marítimas do país. O Argonyx será instalado nos OPV da Marinha da Colômbia, aumentando a precisão de navegação, a confiabilidade dos sistemas de bordo e o nível de prontidão operacional. A entrega do equipamento está prevista para o final deste ano.

Durante a ExpoDefensa, realizada até 3 de dezembro, o Argonyx e outros sistemas da Safran estiveram em exposição, demonstrando soluções voltadas para operações em ambientes complexos e de alta exigência. Para a empresa, o programa simboliza não apenas um avanço tecnológico, mas também uma aposta concreta em inovação local e cooperação industrial.

Segundo Fernando Rocha, gerente de negócios para a América Latina da Safran Electronics & Defense, a iniciativa reafirma o compromisso da companhia em apoiar a autonomia estratégica e a soberania tecnológica da Colômbia, ao mesmo tempo em que promove uma cooperação industrial sustentável na região.

O fortalecimento da presença na Colômbia faz parte de uma estratégia mais ampla na América Latina. No Brasil, a Safran atua no programa do caça F-39 Gripen, fornecendo sistemas avançados, além de apoiar a modernização de soluções de navegação terrestre do Exército Brasileiro. Já no Peru e no Chile, a empresa mantém colaborações relevantes em programas de submarinos e eletrônica de defesa, contribuindo para o desenvolvimento de capacidades locais e transferência de tecnologia.

Com esse conjunto de iniciativas, a Safran Electronics & Defense consolida sua posição como um dos principais fornecedores de soluções críticas para a defesa na região, aliando inovação, desempenho operacional e fortalecimento da base industrial de seus parceiros latino-americanos.

A Safran é um grupo internacional de alta tecnologia que atua nos mercados de aviação, defesa e espaço. Sua missão é contribuir para um mundo mais seguro e sustentável, promovendo soluções mais eficientes, seguras e tecnologicamente avançadas. A empresa conta com cerca de 100 mil funcionários em todo o mundo e registrou vendas de 27,3 bilhões de euros em 2024, ocupando posições de liderança em seus principais mercados. Está listada na Euronext Paris e integra os índices CAC 40 e Euro Stoxx 50.

A Safran Electronics & Defense, divisão especializada em eletrônica embarcada, oferece sistemas capazes de auxiliar na compreensão do ambiente operacional, reduzir a carga cognitiva dos operadores e garantir navegação segura em cenários críticos, nos domínios terrestre, marítimo, aéreo e espacial, apoiada pela experiência de aproximadamente 19 mil colaboradores.


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terça-feira, 2 de dezembro de 2025

IDV ampliará frota de caminhões de logística tática do Exército Italiano com novo contrato

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A Iveco Defence Vehicles (IDV) confirmou a ampliação do contrato firmado com o Ministério da Defesa da Itália para o fornecimento de caminhões de logística tática ao Exército Italiano. O novo aditivo acrescenta 658 viaturas ao acordo assinado em 2024, que passa a contemplar 1.453 veículos no total, elevando a frota planejada para 2.111 caminhões. As entregas estão previstas de forma escalonada até 2039.

Os veículos adicionais integrarão a nova família padronizada de caminhões militares da IDV, projetada para atender a um amplo espectro de missões logísticas. Estão previstas diversas variantes operacionais, incluindo transporte geral de cargas, caminhões-tanque para água e combustível, plataformas porta-contêineres, viaturas de recuperação e sistemas de reboque, ampliando a flexibilidade e a capacidade de resposta das unidades apoiadas.

Além do fornecimento das viaturas, a IDV será responsável pela manutenção e pela assistência técnica de toda a frota, assegurando altos índices de disponibilidade operacional ao longo do ciclo de vida dos veículos. Esse aspecto é considerado estratégico pelo Exército Italiano, pois impacta diretamente na prontidão das tropas e na sustentabilidade das operações em território nacional e em missões no exterior.

Segundo a empresa, a ampliação do contrato representa mais um marco em seu compromisso com o fortalecimento das capacidades terrestres da Itália. O acordo original, firmado com a Direzione Armamenti Terrestri, órgão do Ministério da Defesa, já previa entregas entre 2025 e 2038 e faz parte de um processo mais amplo de renovação e modernização da frota de viaturas logísticas, substituindo plataformas obsoletas por meios mais modernos, eficientes e adaptados às exigências do campo de batalha contemporâneo.

Com esse investimento de longo prazo, a Itália dá continuidade à sua estratégia de modernização das forças terrestres, priorizando a mobilidade, a padronização de meios, a redução de custos operacionais e o aumento da capacidade de sustentação logística em cenários de alta intensidade, apoio a operações multinacionais e missões de resposta a emergências e ajuda humanitária.


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Dom Pedro II, 200 anos: PARTE IV – E se o projeto de Dom Pedro II não tivesse sido interrompido? O Brasil que poderíamos ter sido

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A queda do Império, em 1889, não representou apenas uma mudança de regime. Ela significou a interrupção de uma linha de continuidade histórica e estratégica que vinha sendo construída havia quase sete décadas. Ao nos perguntarmos onde o Brasil estaria hoje caso o projeto de Dom Pedro II tivesse sido preservado, não entramos no campo da fantasia, mas da análise comparativa com países que, naquele mesmo período, seguiram caminhos semelhante, e que hoje figuram entre as maiores potências do planeta.

Enquanto o Brasil derrubava seu imperador, o Japão iniciava a Restauração Meiji. A Alemanha, sob Otto von Bismarck, consolidava sua unificação. Os Estados Unidos, recém-saídos da Guerra Civil, apostavam fortemente em indústria, ferrovias, ciência e educação. Em todos esses casos, o que existia era uma visão de Estado, continuidade administrativa, investimento pesado em formação técnica, indústria de base, infraestrutura e capacidade militar.

O Brasil, sob Dom Pedro II, estava na mesma rota.

Tínhamos território, recursos naturais incomparáveis, população em crescimento, estabilidade política, instituições funcionando e, sobretudo, um líder comprometido integralmente com educação, ciência, tecnologia e soberania. Caso essa linha tivesse sido mantida, é razoável projetar que o Brasil teria entrado no século XX não como país periférico ou dependente, mas como uma das principais potências industriais emergentes do mundo.

Do ponto de vista econômico, o país teria consolidado uma base industrial própria já nas primeiras décadas do século XX, com parques siderúrgicos, metalúrgicos e navais mais robustos, reduzindo drasticamente a dependência de capitais e tecnologias estrangeiras. A exploração de riquezas minerais, a produção energética e a industrialização teriam sido conduzidas sob um projeto nacional, e não entregues, em grande parte, a interesses externos ou ciclos de desmonte interno.

O Brasil poderia ter se tornado, ainda no início do século passado, uma referência tecnológica no hemisfério sul, com universidades de excelência consolidadas, centros avançados de pesquisa e desenvolvimento e produção científica contínua, sustentada pelo próprio Estado, como desejava o imperador. A fuga de cérebros que marcaria a história republicana talvez sequer existisse, e ao contrário, o país teria atraído mentes do mundo inteiro.

No campo militar, os efeitos seriam ainda mais evidentes. A Marinha Imperial já era uma das mais respeitadas do mundo no século XIX. Com continuidade de investimentos, doutrina própria e desenvolvimento tecnológico nacional, o Brasil teria ingressado no século XX como potência naval de primeira linha. Poderia ter desempenhado papel decisivo nas duas Guerras Mundiais, não apenas como aliado secundário, mas como potência relevante no equilíbrio estratégico global, sobretudo no Atlântico Sul.

Essa condição teria alterado profundamente nossa posição geopolítica. O Brasil não seria visto apenas como fornecedor de matérias-primas, mas como um dos pilares de estabilidade e poder no hemisfério ocidental, ao lado dos Estados Unidos, e não à sua sombra. Teríamos exercido maior influência sobre a América do Sul, a África e o mundo lusófono, construindo uma zona de cooperação sob liderança brasileira, sem submissão e sem isolamento.

Talvez fôssemos, desde meados do século XX, um país com protagonismo nas decisões multilaterais globais, com assento permanente em mecanismos centrais de governança internacional, capacidade própria de dissuasão estratégica, programa nuclear completo sob controle soberano, indústria aeronáutica muito mais avançada e um complexo militar-industrial comparável ao de nações como França, Reino Unido ou Alemanha.

Mais importante que isso: teríamos preservado uma cultura de Estado, e não de governo. Uma mentalidade de planejamento em décadas, e não em mandatos. Um compromisso contínuo com educação, ciência, indústria, defesa e identidade nacional. Teríamos desenvolvido uma sociedade mais instruída, mais disciplinada institucionalmente e mais consciente de seu papel no mundo.

Essa comparação não serve para alimentar nostalgia vazia, mas para resgatar uma pergunta fundamental: em que momento o Brasil deixou de pensar como projeto de civilização para se contentar em sobreviver a crises cíclicas?

A figura de Dom Pedro II cresce justamente neste contraste. Não como símbolo de saudosismo monárquico, mas como representação de uma mentalidade estratégica que segue em falta no Brasil contemporâneo. Em um mundo que volta a ser multipolar, competitivo, tecnológico e duro, sua visão de soberania pelo conhecimento, pela educação e pela força institucional se revela mais atual do que nunca.

O Brasil que ele imaginou ainda não existiu plenamente. Mas ele continua sendo, paradoxalmente, uma possibilidade histórica em aberto.

Resgatar o pensamento de Dom Pedro II não é retornar ao século XIX. É, talvez, a única forma de finalmente entrar no século XXI como nação protagonista.


por Angelo Nicolaci


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Dom Pedro II, 200 anos: PARTE III – O IMPÉRIO COMO PROJETO DE ESTADO: EDUCAÇÃO, CIÊNCIA, DEFESA E SOBERANIA

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Mais do que um monarca culto, Dom Pedro II foi o grande arquiteto de uma ideia de Estado. Seu governo não se limitou à administração do presente: ele operava com uma rara consciência do futuro. Em um século marcado por transições violentas entre absolutismos decadentes e repúblicas instáveis, o Brasil consolidava, sob sua liderança, uma notável continuidade institucional, jurídica, territorial e estratégica.

Foi esse senso de permanência e visão de longo prazo que diferenciou profundamente o Brasil imperial das demais nações da América Latina. Enquanto antigas colônias espanholas mergulhavam em ciclos quase permanentes de guerras civis, caudilhismo, fragmentação territorial e rupturas institucionais, o Brasil manteve-se uno, estável, funcional e progressivamente mais estruturado.

México, Argentina, Bolívia, Colômbia, Peru e Venezuela atravessaram sucessivas guerras internas, golpes de Estado, mudanças bruscas de regime e crises de legitimidade. O Brasil, ao contrário, preservou sua unidade física e política ao longo de quase meio século de Segundo Reinado. Isso não foi consequência do acaso ou de simples sorte histórica: foi o resultado direto de uma construção institucional cuidadosamente sustentada em quatro pilares fundamentais: ordem constitucional, profissionalização do Estado, educação como instrumento de poder e soberania territorial inegociável.

A Constituição de 1824, preservada durante todo o Segundo Reinado, foi uma das mais duradouras do século XIX. Diferentemente da instabilidade normativa que caracterizaria o período republicano, Dom Pedro II governou dentro dos limites constitucionais, respeitou o Parlamento e compreendeu o Poder Moderador como mecanismo de equilíbrio entre forças políticas — não como instrumento de tirania. Esse arranjo, frequentemente mal interpretado ao longo do tempo, garantiu estabilidade institucional, evitou rupturas e impediu que o país oscilasse entre autoritarismo e anarquia.

Paralelamente, o Estado imperial se profissionalizava. Foram criadas, fortalecidas e consolidadas instituições técnicas, científicas e culturais que projetaram o Brasil como referência regional: o Observatório Nacional, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a Escola Politécnica, a Academia Imperial de Belas Artes, além do fortalecimento do ensino técnico-militar e das escolas de engenharia e medicina. Dom Pedro II compreendia algo que apenas no século XX se tornaria consenso entre as grandes potências: conhecimento não é luxo, é poder estratégico.

Ele financiava pesquisadores, mantinha contato direto com cientistas do mais alto nível, como Louis Pasteur, Charles Darwin, Victor Hugo, Graham Bell e outros grandes nomes do pensamento universal. Mais do que um mecenas, era um participante ativo do debate intelectual, acompanhava descobertas, estimulava pesquisas e ajudava a inserir o Brasil em uma rede internacional de ciência e inovação.

Sob seu comando, o Brasil foi uma das primeiras nações a adotar e expandir o telégrafo, a fotografia, a navegação a vapor em larga escala, a malha ferroviária e os primeiros experimentos com eletricidade. Essas iniciativas não eram decisões meramente técnicas ou administrativas: eram escolhas claramente geopolíticas. Dom Pedro II compreendia que quem domina a tecnologia, domina o próprio destino.

No campo militar, essa mentalidade se materializou em um dos processos mais consistentes de fortalecimento do poder nacional já vistos na história brasileira. A Marinha Imperial tornou-se a mais poderosa do hemisfério sul e uma das mais relevantes do mundo naquele contexto, especialmente em capacidade fluvial, logística e de projeção regional. O Arsenal de Marinha, os estaleiros, as fundições e estruturas de manutenção tornaram o Brasil progressivamente menos dependente do exterior.

Durante a Guerra do Paraguai, o Império demonstrou não apenas força militar, mas capacidade logística, industrial, organizacional e estratégica em uma escala incompatível com a condição de “país periférico” que tantas vezes tentaram atribuir-lhe. O conflito, apesar de trágico, revelou ao mundo a existência de uma potência regional sólida, coordenada e funcional.

Mais importante ainda: sob o Império, as Forças Armadas estavam subordinadas ao Estado, e não à política partidária ou a interesses individuais. A hierarquia, a disciplina e a noção de serviço à Nação eram princípios estruturantes. Esse vínculo institucional – e não ideológico – foi fundamental para a estabilidade do país e para a preservação de sua soberania. Foi exatamente esse equilíbrio que começou a ruir após a Proclamação da República.

Com a queda do Império em 1889, o Brasil não perdeu apenas seu imperador. Perdeu seu projeto de longo prazo.

A República nasceu de um golpe militar sem participação popular efetiva, rompeu a continuidade institucional e inaugurou um ciclo de improviso político, disputas personalistas, instabilidade jurídica e rupturas sucessivas da ordem constitucional. Em poucas décadas, o país conheceria revoltas, insurreições, estados de sítio, intervenções militares, ditaduras e uma crônica incapacidade de planejar o futuro de forma contínua.

O que antes era política de Estado transformou-se em política de governo: curta, volátil, condicionada a ciclos eleitorais e interesses imediatos. A máquina pública, que no Império buscava a meritocracia técnica e a estabilidade funcional, passou a ser dominada pelo clientelismo, pelo fisiologismo e pela lógica da troca de favores. Projetos estruturantes foram interrompidos, a indústria nacional perdeu impulso estratégico e a noção de soberania de longo prazo foi progressivamente diluída ao longo do século XX.

Ao analisar esse processo com frieza histórica, a conclusão é inevitável: o Brasil não perdeu o rumo por falta de território, recursos naturais ou população. Perdeu o rumo porque rompeu, de forma abrupta, com a própria linha de continuidade histórica e desarticulou o modelo de Estado concebido e construído durante o reinado de Dom Pedro II.

O imperador pensava em décadas. A República passou a pensar em mandatos.

Dom Pedro II governava com visão de civilização. Muitos de seus sucessores governaram sob pressões eleitorais, interesses conjunturais, influências externas e crises constantes.

É exatamente nesse contraste que sua figura cresce, em pleno século XXI, como referência estratégica. Em um mundo marcado pela multipolaridade, por disputas tecnológicas, guerra híbrida, soberania digital e corrida por recursos, a mentalidade de Estado de Dom Pedro II não soa como passado, mas como horizonte.

O Brasil que ele imaginou era educado, soberano, tecnológico, respeitado e capaz de influenciar o cenário global sem submissão e sem isolamento. Um país sustentado não apenas por riquezas naturais, mas por conhecimento, planejamento, indústria, ciência e visão estratégica.

Essa ideia de Brasil não morreu com ele. Apenas foi interrompida.

E talvez esteja, ainda hoje, à nossa frente.

Na próxima e última parte desta série, analisaremos a pergunta que inevitavelmente surge diante desses fatos:

E se o projeto de D. Pedro II não tivesse sido interrompido? Onde o Brasil estaria hoje econômica, tecnológica, militar e geopoliticamente?


por Angelo Nicolaci


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Dinamarca conclui incorporação do ATMOS e confirma poder de fogo de longo alcance do sistema

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A Dinamarca concluiu oficialmente a incorporação do sistema de artilharia ATMOS às suas forças terrestres com a chegada das últimas unidades adquiridas, completando um total de 19 veículos. O novo meio de apoio de fogo foi recentemente submetido a exercícios de tiro real conduzidos pelo 1º Batalhão de Artilharia na área de treinamento de Borris, em condições típicas do rigoroso inverno escandinavo, com baixa luminosidade, temperaturas reduzidas e visibilidade limitada.

Mesmo em um cenário de penumbra quase constante, em que se torna difícil distinguir se são três da manhã ou cinco da tarde, as equipes de artilharia testaram o alcance e a precisão dos obuseiros de 155 mm montados sobre a plataforma ATMOS. Capaz de atingir alvos a até 40 quilômetros de distância, aproximadamente o trajeto entre as cidades de Horsens e Aarhus, o sistema demonstrou elevada eficiência, precisão e rapidez na aquisição e engajamento de alvos, consolidando sua prontidão operacional.

O ATMOS é um sistema de artilharia autopropulsado sobre rodas que combina um caminhão de alta mobilidade com um obus de 155 mm montado em sua parte traseira. Cada viatura é operada por uma tripulação de cinco militares e foi projetado para oferecer uma combinação de poder de fogo, mobilidade estratégica e rapidez de emprego. Atualmente, os sistemas são operados diariamente a partir do Quartel de Oksbøl, sede do Regimento de Artilharia Dinamarquês. O 1º Batalhão de Artilharia integra a 1ª Brigada e tem como principal missão fornecer apoio de fogo pesado e de longo alcance às forças de manobra.

Segundo o tenente-coronel Kenneth Riishøj, comandante do batalhão, uma das principais vantagens do ATMOS em relação ao sistema CAESAR, anteriormente empregado pela Dinamarca e posteriormente doado à Ucrânia, é a flexibilidade operacional. De acordo com ele, o ATMOS conta com diversos modos de operação, inclusive manual, o que permite que o sistema continue em funcionamento mesmo em caso de falhas em componentes automatizados. Isso aumenta significativamente o tempo de disponibilidade em combate, reduzindo a necessidade de manutenção imediata e ampliando sua presença efetiva no campo de batalha.

Outro ponto de destaque é a mobilidade do sistema. Por estar montado sobre um chassi sobre rodas, o ATMOS deixa menos marcas no terreno quando comparado a viaturas sobre lagartas, o que reduz sua assinatura visual e facilita a dispersão após os disparos. Essa característica favorece a chamada tática “atirar e deslocar”, essencial no atual cenário de guerra altamente monitorado por sensores e drones. A capacidade de mudar rapidamente de posição após a execução de uma missão de fogo aumenta consideravelmente a sobrevivência do sistema frente à ameaça de contra-bateria e vigilância aérea inimiga.

Devido ao seu alcance estendido, a Dinamarca enfrenta limitações geográficas para a realização de alguns tipos de treinamento. Como alternativa, os disparos foram efetuados a partir de terrenos civis em direção à área militar de Borris, um método não convencional, mas que já é empregado há décadas por unidades de artilharia nas proximidades das regiões de Borris e Oksbøl. Esse tipo de adaptação demonstra a flexibilidade doutrinária dos dinamarqueses e a importância atribuída à manutenção de uma capacidade real de tiro, mesmo em um território relativamente pequeno.

A introdução do ATMOS no serviço dinamarquês ocorre em um contexto de mudanças profundas no ambiente de segurança europeu. Após a doação de seus sistemas CAESAR à Ucrânia, a Dinamarca acelerou a busca por uma solução capaz de recompor, e ao mesmo tempo modernizar, sua artilharia de campanha. A escolha do ATMOS reflete uma tendência crescente entre países da OTAN por sistemas mais ágeis, móveis e capazes de operar de forma distribuída, em harmonia com as novas doutrinas de combate de alta intensidade.

Antes de sua chegada definitiva ao país, o ATMOS já havia sido testado tanto pelo fabricante quanto por outros operadores internacionais. Além disso, a própria Defesa Dinamarquesa realizou uma série de testes adicionais, incluindo exercícios de tiro no ano passado. A experiência prévia das equipes de Oksbøl com outros sistemas de artilharia facilitou significativamente a transição. Conforme destacou o tenente-coronel Riishøj, o retraining se concentrou principalmente nas particularidades estruturais e operacionais do novo sistema, uma vez que os conceitos doutrinários de emprego da artilharia permaneceram basicamente os mesmos.

A partir do próximo ano, recrutas também passarão a operar o sistema ATMOS, o que indica sua plena integração ao ciclo regular de formação do Exército dinamarquês. Atualmente, os 19 sistemas ainda pertencem formalmente à Organização de Aquisição e Logística do Ministério da Defesa, mas a expectativa é que sejam transferidos ao controle direto do Exército na próxima primavera.

A consolidação do ATMOS como principal sistema de artilharia autopropulsada da Dinamarca representa não apenas um avanço tecnológico e operacional, mas também um sinal claro do empenho do país em fortalecer suas capacidades de disuasão e defesa em um contexto marcado por crescentes tensões na Europa. Mais do que uma simples substituição de equipamentos, trata-se de uma modernização estratégica, alinhada às exigências do campo de batalha contemporâneo.

O caso brasileiro e o custo da decisão sem critério técnico

Enquanto a Dinamarca avança na modernização de sua artilharia de campanha, incorporando o sistema ATMOS de 155 mm como vetor estratégico de apoio de fogo de artilharia de longo alcance, o Brasil seguiu na direção oposta ao cancelar sua intenção de aquisição do mesmo sistema para o Exército Brasileiro, sem apresentar até o momento uma justificativa técnica clara, transparente ou baseada em critérios operacionais.

A decisão brasileira causou perplexidade em círculos militares e estratégicos, especialmente porque o ATMOS havia sido selecionado após análises técnicas e avaliações operacionais conduzidas pelo próprio Exército. Trata-se de um sistema que atende plenamente às necessidades doutrinárias da Força Terrestre, oferecendo mobilidade, alcance, precisão, elevada cadência de tiro e capacidade de sobrevivência no campo de batalha moderno.

O cancelamento ocorreu em um cenário de tensões diplomáticas entre o governo brasileiro e Israel, país de origem do sistema, com a decisão motivada por alinhamentos ideológicos e posicionamentos políticos externos, e não por critérios técnicos, logísticos ou estratégicos. Essa decisão é especialmente sensível quando se considera que a defesa nacional deve ser uma política de Estado e não de governo, orientada por interesses permanentes, e não por conjunturas diplomáticas transitórias.

O impacto dessa escolha vai além de uma simples troca de fornecedores. A interrupção do processo afetou diretamente o planejamento de reaparelhamento da artilharia brasileira, atrasou a modernização de capacidades críticas e ampliou a defasagem tecnológica. Em um cenário internacional cada vez mais instável, marcado pela volta de conflitos de alta intensidade e pelo protagonismo da artilharia no campo de batalha, abrir mão de um sistema já selecionado tecnicamente representa um retrocesso significativo.

Também chama atenção o contraste com aliados e parceiros estratégicos. Além da Dinamarca, outros países optaram por fortalecer suas forças de artilharia com soluções modernas, reconhecendo o papel decisivo do fogo de longo alcance em conflitos contemporâneos, como visto na Ucrânia. O Brasil, por sua vez, segue adiando decisões estruturantes, mantendo sistemas envelhecidos e postergando investimentos que impactam diretamente sua capacidade de dissuasão.

Ao subordinar decisões estratégicas de defesa a disputas ideológicas ou a agendas de curto prazo, o país compromete não apenas a eficiência operacional de suas Forças Armadas, mas também a sua credibilidade como nação soberana. A história demonstra que nações que negligenciam suas capacidades de defesa acabam reduzindo seu próprio poder de negociação no cenário internacional.

Mais do que uma simples compra cancelada, o episódio do ATMOS simboliza um problema maior: a ausência de continuidade em programas estratégicos de defesa e a dificuldade do Brasil em tratar segurança nacional como prioridade de Estado. Em um mundo onde poder militar ainda é um dos pilares do poder nacional, decisões como essa cobram um preço alto, que não aparece no presente imediato, mas se manifesta inevitavelmente no futuro.


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FMV investe US$ 159 milhões em novos blindados Patria 300B para o Exército Sueco

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A Suécia amplia sua capacidade de combate e mobilidade protegida com um novo e significativo investimento em veículos blindados todo-terreno. A Administração de Material de Defesa (FMV) encomendou mais 94 unidades do Veículo Blindado Terrestre 300B (Pansarterrängbil 300B), produzido pela finlandesa Patria Land Oy, em um contrato adicional avaliado em aproximadamente 1,5 bilhão de coroas suecas, cerca de US$ 159 milhões.

Com esse novo pedido, o total de viaturas da família 300B destinadas às Forças Armadas Suecas chega a 415 unidades, que serão entregues gradualmente entre 2025 e 2030. As novas viaturas contemplam diferentes variantes, incluindo transporte de tropas, posto de comando e evacuação médica, reforçando a capacidade de resposta em múltiplos cenários operacionais, desde o combate convencional até missões de apoio e logística em ambientes extremos.

O reforço ocorre após um período de intensa avaliação operacional. Durante cerca de um ano e meio, militares suecos treinaram e testaram o sistema em diversas condições, incluindo exercícios em ambiente ártico, o que foi fundamental para a decisão de ampliar a encomenda. Segundo Håkan Larsson, gerente de projeto da FMV, o desempenho do sistema foi plenamente satisfatório, especialmente após a integração de componentes operacionais essenciais, como a estação de armas remotamente controlada e o sistema lançador de fumaça. Ele afirma que a frota está agora em processo de atingir sua capacidade total de emprego.

Até o momento, 14 viaturas de produção em série já foram entregues às Forças Armadas Suecas, além de uma pré-série de 20 veículos que vêm sendo utilizados operacionalmente há aproximadamente um ano e meio. Esses meios têm permitido às tropas se familiarizarem com a plataforma, ajustarem doutrinas de emprego e testarem sua eficácia em operações no terreno.

O 300B integra a iniciativa internacional Common Armoured Vehicle System (CAVS), uma colaboração multinacional da qual a Suécia participa ao lado de Finlândia, Letônia, Dinamarca, Noruega, Alemanha e Reino Unido. O programa tem como objetivo padronizar plataformas, aumentar a interoperabilidade entre forças aliadas e reduzir custos de aquisição, manutenção e suporte logístico ao longo do ciclo de vida dos veículos.

Desenvolvido para oferecer elevada mobilidade em terrenos difíceis, alto nível de proteção balística e contra minas, além de modularidade para diversas configurações, o modelo da Patria se consolida como uma das principais soluções blindadas de transporte de tropas da atualidade no ambiente europeu. Sua adoção crescente por países do norte e do leste da Europa também reflete a mudança no panorama de segurança regional e a necessidade de forças mais ágeis, protegidas e interoperáveis.

O novo pedido da Suécia sinaliza não apenas o fortalecimento de suas capacidades militares, mas também o aprofundamento de uma política de defesa baseada em cooperação internacional, prontidão operacional e investimentos contínuos em tecnologia de ponta para garantir a soberania e a segurança nacional em um contexto geopolítico cada vez mais complexo.


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Viking Flame: Suécia e Reino Unido testam novas capacidades de autoproteção aérea com o Gripen em ambiente de alta ameaça

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Entre os dias 10 e 14 de novembro, as forças armadas da Suécia e do Reino Unido realizaram uma série de testes conjuntos com foco em autoproteção de aeronaves de combate no Campo de Testes de Armas Aéreas de Donna Nook, em Lincolnshire, na Inglaterra. A atividade, batizada de Viking Flame, teve como objetivo reforçar a capacidade de sobrevivência das plataformas aéreas da OTAN diante de ameaças emergentes em cenários operacionais cada vez mais complexos.

Os ensaios integraram o projeto Easyrider, uma iniciativa voltada ao desenvolvimento e validação de soluções avançadas de proteção de plataformas aéreas, liderada pelo Centro de Guerra Aérea e Espacial da Força Aérea Real (RAF Air and Space Warfare Centre – ASWC) em parceria com o Laboratório de Ciência e Tecnologia de Defesa do Reino Unido (Dstl). A cooperação também contou com o apoio direto da FMV (Administração de Material de Defesa da Suécia), do Instituto Sueco de Pesquisa de Defesa e da Força Aérea Sueca.

No centro da operação estiveram duas aeronaves Saab JAS 39 Gripen, pertencentes à unidade de Teste e Avaliação da FMV. A partir da base aérea da RAF Coningsby, esses caças foram empregados como plataformas de teste para a integração e validação de contramedidas de última geração, desenvolvidas para enfrentar um espectro crescente de ameaças, incluindo mísseis guiados e sistemas de defesa aérea modernos.

A escolha do Gripen não foi casual. Sua arquitetura aberta e sua comprovada flexibilidade para integração de novos sensores, softwares e sistemas de autoproteção o tornaram a plataforma ideal para esse tipo de avaliação. Segundo Martin Palmér Bouvin, gestor de campanha da FMV T&E Luft, o Gripen é único em sua capacidade de incorporar rapidamente novas funções e sistemas, permitindo ciclos de testes mais ágeis e eficientes em comparação com outras plataformas de combate.

Mesmo diante de condições climáticas adversas, seis voos de teste foram concluídos durante a janela operacional. As missões geraram um volume significativo de dados de alta qualidade, que agora serão analisados para orientar futuras decisões sobre a integração de contramedidas avançadas nas plataformas de combate aéreo de próxima geração empregadas pela OTAN.

Mais do que uma atividade técnica isolada, o Viking Flame simboliza o aprofundamento da cooperação militar e tecnológica entre a Suécia e o Reino Unido em um momento em que a superioridade aérea depende cada vez mais da capacidade de sobrevivência em ambientes contestados. A interoperabilidade entre os aliados, aliada ao compartilhamento de conhecimentos, infraestrutura e expertise científica, aparece como um fator decisivo para acelerar o desenvolvimento de soluções eficazes de proteção aérea.

O êxito dos testes reforça a importância de programas colaborativos dentro da aliança, voltados não apenas à capacidade de ataque, mas sobretudo à sobrevivência e continuidade da missão. Em um cenário internacional marcado pelo avanço de sistemas antiaéreos, guerra eletrônica sofisticada e mísseis cada vez mais letais, a capacidade de detectar, enganar e neutralizar ameaças se torna tão estratégica quanto o poder de fogo.

Ao combinar tecnologia de ponta, doutrina integrada e cooperação bilateral de alto nível, Suécia e Reino Unido deram um passo relevante para fortalecer o escudo aéreo da OTAN, evidenciando que a dissuasão moderna não se constrói apenas com armas, mas com inteligência, integração e inovação contínua.


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Economia do crime organizado e o desmantelamento das facções criminosas foram temas debatidos no COP Internacional

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Durante o Congresso de Operações Policiais – "COP Internacional", que reuniu representantes da sociedade civil, forças de segurança, política e justiça do Brasil em São Paulo (SP), o debate sobre a economia do crime e o desmantelamento das facções criminosas foi um dos pontos fortes.

O debate reuniu personalidades como Ronaldo Sayeg, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), o juiz Alexandre Abraão, da 3ª Vara Especializada em Crime Organizado do TJRJ, Dr. Carlos Bruno Gaya da Costa, Promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), Dr. Artur Dian, Delegado-Geral da Polícia Civil de São Paulo e do promotor de justiça Luciano Lara. 

O Dr Artur Dian abriu os trabalhos dizendo que minar a economia do crime é um tema contemporâneo e global e questionando o promotor Luciano Lara sobre como o atual sistema penal brasileiro alimenta a economia do crime organizado. O promotor afirmou que a forma como o sistema está hoje ele só garante que as lideranças criminosas continuem atuando e mantendo suas posições mesmo estando dentro do sistema prisional. “O enfrentamento do crime organizado precisa passar por mudanças no sistema prisional”, afirma Lara.

Segundo ele, não há vagas no sistema prisional brasileiro. O CNJ estabelece estarem presos hoje no Brasil mais de 490 mil pessoas, segundo o Banco Nacional de Mandados de Prisão do Conselho Nacional de Justiça, sendo que não há 500 mil vagas em presídios hoje. Além das superlotações e de tudo que ela resulta, isso também é motivo para que a lei penal tenha mecanismos de progressão, que acaba por devolver o criminoso à sociedade para reincidir. “Isso é custo para o estado, sem falar na sensação de imunidade para a sociedade”, afirma Luciano Lara.

Ainda segundo o promotor, nos Estado Unidos, 95% dos crimes são resolvidos em negociações e não vão à júri, o que reduz os gastos públicos. “No Brasil, estima-se que 4,2% do PIB anual seja perdido em torno das questões dos delitos no país”, disse.

Para contribuir com o debate, Ronaldo Sayeg, diretor do DEIC, apresentou o case do ouro em São Paulo, onde o grama vale R$ 714 e estabeleceu-se um forte esquema de roubo e modificação de joias. “O sucesso da operação se deu pela união das forças de inteligência em apoio às operações do DEIC, assim como pela contribuição da Agência Nacional de Mineração”, contou Sayeg.

O juiz Alexandre Abraão, da 3ª Vara Especializada em Crime Organizado do TJRJ, disse que 27% do território nacional hoje já é do crime organizado. “Essa situação aqui, como em todo o mundo, exige uma união. Veja como o advento do 11 de setembro uniu as forças e órgãos de segurança nos Estado Unidos. Essa união das inteligências e das forças é que vai nos dar caminhos esvaziar a economia do crime organizado e avançar no enfrentamento”, afirmou.

O Dr. Carlos Bruno Gaya da Costa, do GAECO, enalteceu exatamente o que chamou de “atuação interagências” no combate ao crime organizado. “A disponibilidade do cruzamento de dados da Fazenda, CADE, Receita Federal, Banco Central, entre outros, é que nos dá ferramentas para identificar os delitos e atuar no desmantelamento das organizações, cortando seus suprimentos e fiscalizando constantemente as movimentações”, afirmou. Ele também enalteceu a atuação do COAF, que vem se reorganizando depois de um sucateamento, para fortalecer a inteligência das operações.


Sobre o COP Internacional:

A 5ª edição do Congresso de Operações Policiais – COP Internacional se encerrou no dia 25 de outubro, já consolidada como a maior edição do evento. Foram oferecidas mais de 44 horas de programação com 88 palestrantes. Além disso, 84 marcas expositoras, nacionais e internacionais, apresentaram as soluções mais modernas voltadas para o mundo da segurança pública.

O evento reuniu, ainda, 15 delegações e participantes de mais de 10 diferentes países (Türkiye, Suécia, Israel, Áustria, Estônia, Estados Unidos, França, Alemanha, China e Brasil). Foram mais de 18 mil visitantes credenciados no evento.


Fonte: IZYCOM Comunicação 360º

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