sábado, 5 de fevereiro de 2011

Definição no Egito é vital para Israel


Na complexa teia de relacionamento entre os países do Oriente Médio e do norte da África, Israel é um dos mais interessados no futuro político do Egito. Segundo o pesquisador Samuel Feldberg, membro do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional (Gacint) da Universidade de São Paulo, cada cenário possível caso o governo do presidente egípcio Hosni Mubarak caia, implica em mudanças vitais para Israel. "O Egito é o principal país do ponto de vista estratégico israelense", afirma.

A importância da relação entre os dois países vêm do fato do Egito ser, além da Jordânia, o único país árabe que reconhece o Estado de Israel. Além disso, há tempos que a nação do norte da África exerce considerável influência sobre as demais do mundo árabe. Portanto, Israel tem muito a perder se as alterações no Egito mudarem a base da estrutura atual do governo.

Segundo Feldberg, o Egito tem conseguido manter boas relações com quem quer que esteja no controle da Faixa de Gaza, região de especial interesse israelense. Outra área que evidencia a dependência de Israel do rumo a ser tomado pelo Egito é a energética. "A matriz de energia de Israel depende muito do Egito. Apesar de ter campos de gás natural em seu território na costa do Mediterrâneo, os israelenses ainda importam muito dos egípcios", explica.

O pesquisador acredita que o melhor cenário para garantir a estabilidade nas relações entre o país árabe e Israel seja uma transição com um mínimo de continuidade. Ele defende a participação no governo de militares que deem respaldo ao tratado de paz entre as duas nações. "É isto que os israelenses esperam, e não uma reviravolta, como seria se a Irmandade Muçulmana tomasse o poder."

Relações Públicas

Enquanto o governo de Mubarak não cai, o principal grupo de oposição, a Irmandade Muçulmana, segue pleiteando um espaço no poder se houver uma transição. Embora a possibilidade seja pequena, o sucesso do grupo representaria um grande risco para os israelenses.

"Se você analisa os discursos da irmandade, vê que não houve modernização alguma. Eles apenas reconheceram que não é produtivo propagar suas ideias como faziam antigamente. Mas se você analisa os discursos que eles dirigem a seu público, permanece tudo igual. Houve um bom trabalho de relações públicas, é verdade. Mas é o mesmo que aconteceu com outros grupos radicais, como o Hamas, o Hezbollah, e a liderança no Irã. Apesar da aparente mudança, se a Irmandade chegar ao governo, ainda é o pior cenário para o Egito."

Fonte: Exame.com
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