quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Capitalização da Petrobras: valor do barril é de US$ 8,51


Depois de intensas negociações nas últimas semanas, o governo federal e a Petrobras chegaram nesta quarta-feira à noite ao acordo que definiu em US$ 8,51 (R$ 14,96) o valor do barril de petróleo a ser usado no processo de capitalização da estatal. O cronograma da oferta de ações foi mantido para o dia 30 de setembro.

Segundo fontes, a empresa e investidores do mercado de ações queriam pagar algo em torno de US$ 6, e o governo teria pressionado por US$ 10 a US$ 12. Acabou prevalecendo um valor intermediário pelos 5 bilhões de barris de petróleo a serem transferidos pelo governo federal à estatal no processo de cessão onerosa.

Com isso, o aporte que o governo fará na Petrobras será de US$ 42,3 bilhões, o equivalente a R$ 74,8 bilhões. Isso representa quase metade do valor máximo de R$ 150 bilhões aprovado pelo conselho de administração da estatal para todo o processo de capitalização da Petrobras.

É provável que os acionistas minoritários não acompanhem a subscrição das ações, tendo sua participação na estatal diluída. Mas as regras sobre a oferta serão conhecidas apenas na sexta-feira.

Com os recursos da capitalização, a Petrobras poderá ampliar sua capacidade de investimento para exploração do petróleo da camada do pré-sal. A empresa prevê investir US$ 224 bilhões até 2014. Segundo o balanço do primeiro semestre deste ano, a empresa teve lucro de R$ 16 bilhões, com aumento de 11% sobre igual período de 2009. A dívida total somou R$ 118,4 bilhões – muito próximo do limite de endividamento da companhia que é de 35%.

A estatal escolheu seis campos que serão incluídos na operação: Tupi Sul, Florim, Tupi Nordeste, Guara (entorno), Franco e Iara (entorno), enquanto o de reserva é o de Peroba. Cada um dos campos teve um preço diferente. O mais caro foi o de Franco, também com mais reservas a serem cedidas, num total de 3,058 bilhões de barris, ao valor de US$ 9,04. O mais barato foi o de Iara, com o barril US$ 5,82 e reservas de 599,56 milhões de barris.

No mercado de ações, analistas comentavam que um valor em torno de US$ 10 seria prejudicial aos minoritários, que teriam mais chances de diluição. Na operação, a entrada da União num primeiro momento ocorrerá com a troca dos barris, e não com ingresso de dinheiro.

Se o preço ficasse em US$ 10 e a Petrobras decidisse comprar todos os 5 bilhões de barris do governo, a parte de troca entre governo e empresa, que seria em teoria correspondente aos 33% de participação, fica em US$ 50 bilhões. Os dois terços restantes corresponderiam a uma oferta de mais US$ 100 bilhões.

Com o valor maior, os minoritários precisariam colocar mais dinheiro para manter sua participação. Para os especialistas, uma oferta cada vez maior diminuiria a disposição dos investidores menores de acompanhar a operação, e eles acabariam ficando com uma participação reduzida.

Trava de ações

A esperada bilionária capitalização da Petrobras travou as cotações da empresa em Bolsa e beneficiou, indiretamente, os papéis da mineradora Vale, já que ambas as ações são as mais líquidas do mercado. Segundo analistas, a expectativa dos investidores com relação ao mega aporte de capital da estatal de petróleo contribuiu para deixar a empresa em desvantagem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Pesquisa feita com base em números da Economática mostra que as ações mais líquidas da Petrobras (PN) caem 24,6% este ano, cotadas a R$ 27,03. O Ibovespa, por sua vez, recua apenas 2,2%. Já Vale tem alta de 3,4%, para R$ 43,40. Essa queda acontece porque os acionistas vendem seus papéis para forçar o preço para baixo e recomprá-los mais em conta na oferta de ações.

Pré-sal

A primeira descoberta de petróleo, no poço Tupi, foi anunciada pela empresa em 11 de julho de 2006. Segundo estimativas da estatal, a capacidade de produção do pré-sal é de 5 bilhões a 8 bilhões de barris. O bloco pré-sal fica a 230 quilômetros do litoral do Rio de Janeiro.

Fonte: BBC Brasil
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