domingo, 4 de julho de 2010
Grandes potências dizem a Irã que porta da negociação segue aberta
O grupo de grandes potências formadas pelo G5+1 (EUA, Rússia, França, Grã-Bretanha, China, Alemanha e União Europeia) renovaram sua oferta de diálogo ao Irã, apesar das sanções unilaterais impostas nesta semana pelos Estados Unidos, informou departamento de Estado americano.
"Eles repetiram sua oferta de se reunir com o Irã para discutir sobre o assunto nuclear e enfatizaram que a porta segue aberta", disse Mark Toner, porta-voz do departamento de Estado.
William Burns, subsecretário do mesmo departamento, manteve uma série de reuniões com seus parceiros do G5+1 e com a chefe de diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton.
O objetivo destas reuniões, disse Toner, foi "revisar a situação a respeito do programa nuclear iraniano".
Segundo o porta-voz, todos os países e a União Europeia reafirmaram seu apoio à resolução 1929, tomada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas no mês passado, que estabelece um novo e mais duro regime de sanções a Teerã até que seu programa nuclear seja esclarecido perante a comunidade internacional.
No entanto, também reiteraram que o objetivo do grupo é encontrar uma solução dialogada com o Irã para colocar fim as décadas de hostilidade entre o regime iraniano e o ocidente.
Toner destacou que Ashton comunicou esta intenção ao Irã em carta enviada ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, na qual reiteraram que a porta do diálogo "segue aberta".
Sanções unilaterais
O presidente dos EUA, Barack Obama, assinou na quinta-feira (1º) o que classificou como "as sanções mais duras contra o Irã já aprovadas pelo Congresso dos EUA". O objetivo é pressionar as importações de combustível ao país persa e penalizar os bancos estrangeiros que fizerem negócio com a República Islâmica.
Os EUA querem pressionar Teerã a suspender seu programa nuclear. Washington suspeita que o programa tenha como objetivo a fabricação de uma bomba atômica, mas o Irã insiste que tem fins meramente pacíficos.
O Senado e a Câmara dos Representantes aprovaram já tinham aprovado o projeto de novas sanções, que precisava apenas ser assinado por Obama.
"Em resumo, com essas sanções -- junto com as demais -- estamos atingindo o cerne da capacidade do governo iraniano de financiar e desenvolver seus programas nucleares. Estamos mostrando ao governo iraniano que suas ações têm consequências. E se eles persistirem, a pressão vai continuar a crescer, e seu isolamento vai continuar a se intensificar. Não deve haver dúvidas -- os EUA e a comunidade internacional estão determinados a evitar que o Irã obtenha armas nucleares", disse Obama.
Às medidas da ONU somaram-se nesta semana sanções extras aplicadas pelos EUA, pelo Canadá e pela União Europeia.
No dia 16, o Tesouro dos EUA impôs sanções adicionais ao Irã por seu programa nuclear, pondo na "lista negra" mais empresas e pessoas suspeitas de ligações com o programa nuclear ou de mísseis do Irã.
As medidas proíbem transações de americanos com as entidades listadas, e buscam congelar quaisquer bens que elas tenham sob jurisdição americana. A União Europeia anunciou medidas adicionais semelhantes no dia 17.
Alerta do Irã
O Irã alertou os Estados da União Europeia sobre "consequências desastrosas" por sua decisão de impor sanções adicionais a Teerã por seu programa nuclear.
"Sem dúvidas, tal atitude de confronto pode trazer consequências desastrosas para as relações entre a República Islâmica do Irã e a União Europeia", disse Manouchehr Mottaki, chanceler iraniano, em carta aos chanceleres da UE.
A decisão da UE "vai definitivamente causar perdas muito maiores para a própria União Europeia do que para a República Islâmica do Irã como já foi amplamente demonstrado em estatísticas prévias", diz a carta, que foi recebida na terça-feira.
A carta de Mottaki também afirma que o bloco de 27 nações "vai praticamente negar a si mesmo a cooperação potencialmente estratégica de um parceiro poderoso e influente na delicada região do Oriente Médio e do Golfo Pérsico".
"Vamos esperar que a União Europeia não sucumba às pressões dos EUA para marchar no caminho errado, que só vai produzir vergonha perpétua diante das nações do mundo", disse Mottaki.
Fonte: Folha
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