segunda-feira, 7 de junho de 2010

Exército israelense nomeia grupo interno para investigar ataque a navios


O Exército israelense anunciou nesta segunda-feira a criação de um grupo interno de especialistas para investigar a operação da segunda-feira passada (31), que deixou nove mortos no ataque a um comboio de navios que levava ajuda humanitária à faixa de Gaza.

O grupo, dirigido pelo general de reserva Giora Eiland, terá como missão "examinar o desenvolvimento da operação e tirar conclusões", informou o Exército de Israel em comunicado.

A equipe de investigação deve considerar depoimentos internos da Marinha já recolhidos durante a semana, informou o jornal israelense "Haaretz". O relatório final deve ser entregue até 4 de julho.

Além de Eiland, o grupo será composto por dois outros generais da reserva, um coronel da reserva da Marinha e uma alta personalidade do Ministério de Defesa, segundo uma fonte anônima.

Além disso, tentar atender à pressão dos países e da ONU (Organização das Nações Unidas) por uma investigação internacional independente, o governo do premiê Binyamin Netanyahu deveria criar uma "comissão de verificação" interna, da qual poderiam participar membros estrangeiros, escolhidos por Israel, segundo a imprensa local.

Na segunda-feira passada (31), o Exército de Israel atacou um comboio de sete navios que transportava mais de 750 pessoas e 10 mil toneladas de ajuda humanitária para a faixa de Gaza, deixando ao menos nove mortos. Hoje, outra operação matou quatro militantes palestinos com roupas de mergulho, que navegavam num bote rumo ao norte da costa de Gaza. De acordo com o Exército israelense, os quatro eram terroristas e visavam um ataque ao país.

Investigação paralela

Israel informou nesta segunda-feira que irá conduzir sua própria investigação sobre o ataque a um comboio de navios que deixou nove mortos na segunda-feira passada (31) e também para avaliar a legalidade do bloqueio à faixa de Gaza, após recusar uma proposta da ONU (Organização das Nações Unidas) para uma investigação internacional.

Falando no Parlamento em resposta a uma moção contra o governo proposta pelos partidos opositores após o ataque que despertou críticas no mundo todo, o ministro da Defesa, Ehud Barak, disse hoje que Israel vai avaliar formas de minimizar os atritos ao por em prática o bloqueio à faixa de Gaza.

Segundo o jornal israelense "Haaretz", citando uma alta fonte em Jerusalém, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu deve anunciar nesta segunda ou terça-feira a criação de um painel de investigação do governo para avaliar o ataque, com a participação de profissionais de justiça do alto escalão e com experiência em lei marinha e internacional.

Ainda segundo o jornal, dois juízes internacionais --ao menos um americano-- seriam convidados para participar com observadores. O grupo iria investigar não apenas as circunstâncias envolvendo o ataque ao comboio, mas também a legalidade do bloqueio a Gaza.

O grupo de sete ministros de Netanyahu decidiu criar a investigação nesta segunda-feira, após dias de discussão, e o anúncio oficial apenas aguarda aprovação do promotor geral, informa o "Haaretz". O grupo dos sete teria decidido que o painel não deve interrogar soldados ou funcionários que participaram da operação do dia 31 de maio.

"Pretendemos fazer uma investigação dos fatos", disse Barak, sem dar detalhes sobre o formato da investigação.

Ele disse que seria adicional à uma investigação militar separada, e que buscaria estabelecer se os quatro anos de bloqueio a Gaza e o ataque "seguem os padrões das leis internacionais".

"Desde o acontecimento, ouvimos e lemos montanhas de comentários e questões e, sem dúvida, nos próximos meses vamos discutir lições... talvez formas extras de alcançar os mesmos objetivos do bloqueio, reduzindo ao máximo o potencial de atrito", disse.

Proposta da ONU

Ainda no domingo (6) o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, não aceitou a proposta do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, de criar uma comissão internacional que investigue o ataque à frota que levava ajuda internacional à Faixa de Gaza e que resultou na morte de nove ativistas.

"Disse ao secretário-geral da ONU que a investigação dos fatos deve ser conduzida de forma responsável e objetiva e que estamos buscando outras alternativas", explicou Netanyahu aos ministros do governo de coalizão que militam em seu partido, o Likud.

O primeiro-ministro respondeu assim às informações divulgadas pela imprensa de que tinha dado seu consentimento à ONU para que investigasse os fatos por meio de uma comissão presidida pelo ex-primeiro-ministro da Nova Zelândia Geoffrey Palmer, especialista em Direito Marítimo, que também contaria com especialistas americanos, um representante turco e outro israelense.

O Escritório do premiê comunicou que Netanyahu havia falado com o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden; o presidente francês, Nicolas Sarkozy; o enviado do Quarteto para o Oriente Médio, Tony Blair, e os primeiros-ministros do Canadá, Geórgia, Bulgária e Grécia em uma rodada telefônica para explicar a postura de Israel sobre o bloqueio a Gaza.

"Israel atuou no caso como teria feito qualquer governo cujo país é atacado por milhares de foguetes e mísseis e se reserva o direito à legítima defesa", disse.

Outro ataque

Nesta segunda-feira, em outra operação, Israel matou quatro militantes palestinos com roupas de mergulho, que navegavam num bote rumo ao norte da costa de Gaza. De acordo com o Exército israelense, os quatro eram terroristas e visavam um ataque ao país.

De acordo com o jornal israelense "Haaretz", às 4h30 desta segunda-feira (7) no horário local, tropas da Marinha atacaram um bote que levava cinco militantes palestinos que rumavam em direção ao norte, partindo da região do campo de refugiados de Nuseirat, no centro da faixa de Gaza.

As informações que confirmavam a morte de quatro integrantes do grupo foram dadas por fontes palestinas, que retiraram os corpos do mar.

Mais cedo, agências de notícias e a rede britânica BBC Brasil chegaram a relatar que cinco palestinos haviam sido mortos. De acordo com o "Haaretz", fontes de Gaza chegaram a relatar que havia dois sobreviventes.

De acordo com um comunicado do Exército de Israel, as tropas "frustraram um ataque terrorista" ao país. Mais cedo, fontes militares disseram que os soldados agiram contra "um esquadrão de terroristas"

Em nota oficial, o Exército justificou as mortes dos palestinos afirmando que os tripulantes do bote planejavam um ataque a Israel. "Esta manhã cedo uma força da Marinha israelense na região de Nuseirat identificou um esquadrão de terroristas que vestiam roupas de mergulho e se dirigiam para executar um ataque terrorista. A força disparou e atingiu os terroristas", indica a nota.

União palestina

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, decidiu enviar nesta segunda-feira (7) uma delegação à faixa de Gaza para buscar uma reconciliação com o movimento Hamas, que passou a controlar o território em 2007. A união entre todos os palestinos é a "melhor resposta contra Israel", disse o líder à emissora turca "NTV".

Abbas visa a coesão dos movimentos palestinos como defesa a Israel. "A melhor resposta (ao ataque à frota) é que todos os grupos palestinos se reconciliem e resistam a Israel de forma comum. Criamos uma delegação para ir a Gaza e persuadir o Hamas para a reconciliação", afirmou.

Os dois principais grupos palestinos -- o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e o nacionalista Fatah, que governa na Cisjordânia -- romperam relações em meados de 2007.

"Acredito e espero que dessa vez tenhamos êxito em nos unir. Desejo que o Hamas dê as boas-vindas à delegação que irá a Gaza por solidariedade nacional", acrescentou Abbas, líder do Fatah.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) indicou que a única condição é que o Hamas aceite a proposta de reconciliação apresentada pelo Egito, assinada pelo Fatah em outubro passado e rejeitada pelo grupo islâmico por considerar que incluía pontos que não haviam sido discutidos.

Por outro lado, Abbas expressou satisfação com as iniciativas civis para romper o bloqueio marítimo a Gaza. Segundo ele, "deve-se tentar todos os métodos para acabar com o embargo e as pressões impostas ao povo palestino".

Abbas, no entanto, descartou uma revolta civil contra Israel. "Uma nova Intifada não é possível. Todos sabemos as consequências perigosas que levaria uma Intifada. Em vez de uma resistência armada, devemos buscar uma resistência pacífica".

Fonte: France Presse
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