sexta-feira, 2 de abril de 2021

Malvinas - 39 anos da Operação Rosário, inicio da Guerra das Malvinas


Hoje a Argentina relembra a "aventura bélica" que completa 39 anos, estamos falando da "Guerra das Malvinas" ou "Falklands", o confronto entre as forças Argentina e o poderio britânico pela posse das Ilhas no sul do Atlântico que levou ao maior conflito bélico no atlântico após a Segunda Guerra Mundial.

As reivindicações pela soberania sobre as Ilhas Falklands, ou Malvinas, levou ao confronto sangrento que deixou 649 mortos e muitos feridos no lado Argentino e cerca de 255 britânicos mortos.

A disputa não é recente, são mais de 180 anos de reivindicações pelo domínio das ilhas, território que esta no poder dos britânicos desde 1833, mas na visão da Junta Militar que governava a Argentina nos anos 80, a retomada a força do território seria uma boa propaganda para o regime em declínio e garantiria alguma sobrevida, diante do cenário de crescente rejeição popular, com a oposição ganhando cada vez mais força, a ação militar foi encarada como uma saída vital para manutenir o poder.

Denominada "Operação Rosário", a ação consistia numa ação militar coordenada para recuperar o controle sobre as ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul que compõe o arquipélago, com uma operação rápida de tomada das ilhas, onde não se esperava uma reação de Londres, conforme se desencadeou.

No dia 2 de abril de 1982, há 39 anos atrás, foi lançada a "Operação Rosário", com as forças argentinas realizando desembarques anfíbios em Port Stanley, capital do arquipélago, iniciando o curto porém sangrento conflito do qual as forças argentinas jamais se recuperaram, a "Guerra das Malvinas".

O primeiro tiro

Logo pela primeiras horas da manhã, ás 5h45, o primeiro grupo das forças argentinas abre fogo contra uma posição dos Royal Marines, destacamento responsável pela defesa das ilhas, a ação não teve uma resposta imediata, e o segundo grupo de ataque avança contra a casa do governador Hunt, major Norman, que a essa altura já havia ouvido os disparos e se preparava para resistir ao ataque. 

selo em homenagem ao CC Pedro E. Giachino

O segundo grupo comandado por Pedro Giachino se dirigiu diretamente à residência do Governador, com intenção de atacá-la pela porta dos fundos. Porém, cometeram um erro e entram no anexo da área de serviço, onde três 
royal marines aguardavam o ataque argentino, e assim que se depararam com o avanço da força argentina abriram fogo. Giachino foi atingido pelos britânicos, e caiu gravemente ferido, enquanto teve inicio um intenso tiroteio entre seus homens e a guarnição britânica. Ali o ataque argentino registrava sua primeira baixa naquele conflito, o Capitão de Corveta Pedro Edgardo Giachino não resistiu aos ferimento, tornando-se assim a primeira baixa da Guerra das Malvinas.

O desembarque prossegue e às 6h20, a companhia E composta por veículos anfíbios LVTP-7 do 2º Batalhão de Fuzileiros Navais, chega em solo e ruma em direção do aeroporto, um dos pontos estratégicos da ilha. A companhia D desembarca pouco depois para tomar o farol.


Quando a companhia E chega às proximidades do antigo aeroporto, enfrenta a reação dos Royal Marines (fuzileiros navais britânicos). Um dos anfíbios LVTP-7 foi atingido por um míssil anti-carro Carl Gustav, apesar de avariado, a tripulação saiu ilesa. A resistência maior que se previa levou a algumas mudanças na operação de desembarque, com  1º Batalhão e uma companhia de lança-foguetes de 105 mm sendo transportados por helicópteros à costa afim de aumentar o poder de fogo e a resposta a resistência oferecida pelos britânicos.

Rendição e Resistência

Diante do cenário totalmente desfavorável, o governador Hunt que contava apenas com 68 Royal Marines e 11 marinheiros decide que a única saída é negociar a rendição frente aos invasores, onde convocou o argentino Héctor Gilobert, argentino residente nas ilhas que foi encarregado de negociar o cessar-fogo. Às 9h30, o governador Hunt se rende, sendo embarcado numa aeronave que o levou para Montevidéu no Uruguai, de onde regressaria à Londres.

Apesar do Governador Hunt ter entregue as Ilhas após um acordo com as forças Argentinas em Port Stanley, nas ilhas Geórgia do Sul, os britânicos mantiveram uma feroz resistência. Na manhã do dia 3, as forças argentinas avançaram para tomar Grytviken, mas enfrentaram a resistência dos 22 fuzileiros britânicos, durante o confronto aguerrido, um helicóptero "Puma" argentino foi abatido pelos Royal Marines, além dos danos causados pelo disparo de misseis anti-carro Carl Gustav contra corveta Guerrico que navegava bem próximo a costa em apoio as forças em terra. 



A feroz resistência da guarnição britânica consegue tirar a corveta de combate, avariando seriamente o navio, deixando inoperante sua arma de 105mm, com a Corveta mantendo fogo apenas com seu canhão de 40mm contra a posição britânica. Após a rendição britânica os argentinos contabilizaram mais três baixas com a morte do cabo Guanca e os soldados Mario Almonacid e Jorge Águila morreram e outros ficaram feridos. 

As forças empregadas pela Argentina:

Cerca de 50 operadores do “Grupo de comandos anfíbios”, aproximadamente 15 mergulhadores de combate dos “Buzos Tácticos” (“Grupo de Mergulhadores Táticos”): a bordo do submarino ARA Santa Fe (S-21), 500 homens do “Batalhão de Infantaria Marinha Nº 2 (BIM-2)”, Vinte veículos anfíbios LVTP-7 e cinco veículos anfíbios LARC-V e helicópteros SH-3 Sea King e Puma.

O passo seguinte

Após a rendição completa dos britânicos, os argentinos prosseguiram com plano, consolidando a ocupação com envio da “25ª Companhia de Regimento de Infantaria (Exército Argentino)”, transportados por aeronaves Lockheed C-130H Hercules da Fuerza Aerea Argentina (FAA).

O clima gerado pela vitória inicial sobre os britânicos passava uma falsa sensação de sucesso, não se esperava uma resposta militar de Londres, dada a grande distância e os desafios que envolveriam uma operação de retomada das ilhas. Assim, os argentinos trataram de renomear as capital, rebatizando Port Stanley como “Puerto Argentino”.

Mas o Reino Unido não demorou na resposta, e ainda no dia 3 de abril de 1982, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a Resolução 502, a qual exigia a retirada imediata de todas as forças argentinas das ilhas e exortando os governos da Argentina e do Reino Unido a procurar uma solução diplomática e pacífica para a situação. Mas ambos não estavam dispostos de ceder, e o pavio queimava rápido, com Reino Unido preparando uma resposta a altura. 

Como aconteceu no ano passado devido à pandemia do Covid-19, muitos argentinos penduraram a bandeira azul e branca nas varandas e janelas das casas como um símbolo de homenagem aos falecidos e a esperança na contínua reivindicação do arquipélago.



Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio, leste europeu e América Latina, especialista em assuntos de defesa e segurança.


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