
Israel vai submeter às Nações Unidas nos próximos dias um plano de demarcação de sua fronteira marítima com o Líbano, anunciaram as autoridades israelenses no domingo, em meio a uma disputa entre os dois países quanto a uma área do Mar Mediterrâneo potencialmente rica em recursos de energia.
O gabinete israelense aprovou um mapa da divisão proposta por Israel, no domingo. "A fronteira delineará a área em que o Estado desfruta de direitos econômicos exclusivos, entre os quais o de explorar os recursos naturais marítimos", disse o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ao seu gabinete. "Nosso objetivo", acrescentou, "é o de determinar a posição de Israel com relação à sua fronteira marítima, respeitando os princípios das leis marítimas internacionais".
A linha proposta por Israel reserva mais área ao país do que a definida pela proposta libanesa, apresentada à ONU meses atrás. Netanyahu disse que a fronteira proposta pelos libaneses conflitava com a linha acordada entre Israel e Chipre, e, mais importante, com a linha acordada entre o Líbano e Chipre em 2007.
Já que Israel recentemente confirmou a existência de um grande campo de gás natural ao largo de sua costa norte, definir a fronteira marítima com o Líbano se tornou questão de certa urgência.
As autoridades israelenses afirmaram que a descoberta de gás natural faria de Israel um exportador de energia, uma reversão surpreendente de papéis para um país que sempre dependeu de fontes externas de energia, em uma região no geral hostil.
A Noble Energy, uma companhia sediada em Houston que está colaborando com diversas empresas israelenses, afirmou que o campo, chamado Leviathan, no momento dispõe de reservas de 453 bilhões de metros cúbicos, com valor de mercado potencial da ordem de dezenas de bilhões de dólares. No ano passado o Serviço de Levantamento Geológico dos Estados Unidos (USGS) estimou que existem reservas de gás natural exploráveis da ordem de mais de 3,4 trilhões de metros cúbicos sob as águas do leste do Mediterrâneo, e que a maior parte delas fica em águas israelenses.
Mas a descoberta inesperada levou o Líbano a leiloar direitos de exploração submarina de energia e a definir suas fronteiras marítimas, o que agrava as tensões entre os dois países, que não mantêm relações diplomáticas. Os dois alertaram contra interferência em operações de prospecção em território que definem como seu. Alguns israelenses acreditam que os motivos libaneses sejam essencialmente econômicos, enquanto outros temem que o governo do Líbano possa estar buscando novas justificativas territoriais para manter seu conflito com Israel. Há preocupação especial quanto à possibilidade de que o Hizbollah, influente grupo extremista xiita do Líbano, explore a disputa marítima para lançar ataques com foguetes contra os campos de gás israelenses.
Continua a não existir fronteira terrestre definida de comum acordo entre Israel e o Líbano, ainda que os dois lados respeitem um cessar-fogo ao longo da chamada Linha Azul, um limite técnico de demarcação estabelecido pela ONU depois que Israel retirou suas forças militares do sul do Líbano em 2000. A ausência de uma fronteira terrestre estabelecida dificulta o estabelecimento de limites marítimos.
Há rumores de que os libaneses começaram a prospecção da área disputada no Mediterrâneo. Funcionários do governo israelense afirmaram que as leis internacionais permitem esse tipo de prospecção, mas não a exploração de recursos das áreas disputadas.
Fonte: New York Times
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