sexta-feira, 2 de julho de 2010

Afeganistão deve retomar controle de Províncias a partir de novembro, diz Otan


No mesmo dia em que o novo chefe da guerra no Afeganistão chegou à Cabul e que militantes talebans atacaram as instalações de uma companhia americana, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, declarou que a aliança pretende começar a devolver o controle do país aos afegãos em novembro.

A transferência do controle das Províncias afegãs às autoridades locais deve ter no início dentro de três meses, declarou Rasmussen.

A Otan (Organização para o Tratado do Atlântico Norte) lidera uma força internacional de 120.000 homens no Afeganistão, e planeja treinar e gradualmente entregar o controle de certas regiões ao Exército e forças policiais afegãs.

Otimista, o anúncio de Rasmussen chega num dos piores períodos da guerra no país. Com o aumento da violência, junho foi o mês mais letal para as tropas internacionais desde o início das operações militares na região.

"Ficaremos no Afeganistão o tempo necessário para terminarmos nosso trabalho, mas obviamente isto não pode ser para sempre", disse o secretário-geral da aliança militar durante uma visita à Lisboa, em Portugal, onde a Otan deve realizar uma reunião de cúpula nos dias 19 e 20 de novembro.

"Espero que possamos fazer anunciar durante a reunião de cúpula de Lisboa que o processo de transição já poderá começar em algumas Províncias", declarou.

O chefe da aliança que mantém tropas de 46 países no Afeganistão disse ainda que a missão só terminará quando a nação afegã puder se auto-governar.

"Nossão missão terminará quando os afegãos forem capazes de governar e manter a segurança de seu próprio país por eles mesmos. Obviamente o Afeganistão continuará sendo nossa operação mais importante por algum tempo", afirmou Rasmussen.

Julho de 2011

Para o presidente americano, Barack Obama, o prazo para o início da retirada das tropas dos Estados Unidos no Afeganistão é julho de 2011.

Em sabatina no Congresso americano, o novo comandante da guerra que as forças dos EUA e da Otan travam no Afeganistão, o general David Petraeus confirmou este prazo, mas alertou que ainda há "duros combates pela frente".

Obama já indicou que as tropas devem começar a deixar o país daqui a cerca de um ano, mas que o ritmo e o tamanho da retirada dependerão dos desdobramentos dos conflitos.

Petraeus reiterou que a data representa apenas o início de uma "fase de transição na qual o governo afegão assumirá cada vez mais a responsabilidade sobre sua própria segurança", o que pode levar anos.

Antes de aprovar sua nomeação, em substituição ao general Stanley McChrystal -- afastado após criticar publicamente Obama --, parlamentares americanos questionaram a possibilidade de cumprir este prazo.

A senadora Lindsey Graham foi enfática ao exigir mais transparência sobre a guerra. "Alguém precisa esclarecer de uma vez por todas que diabos vamos fazer no Afeganistão", disse.

Atentados

O recém-nomeado comandante das tropas dos Estados Unidos e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), general David Petraeus, chegou ao Afeganistão nesta sexta-feira e no mesmo dia, militantes do grupo invadiram e atacaram um prédio de uma empresa americana em Kunduz, matando ao menos dois afegãos e dois estrangeiros.

O ressurgimento da insurreição dirigida pelos talebans levou a recordes anuais de baixas para as tropas estrangeiras, mobilizadas no Afeganistão desde 2001. Junho deste ano foi o mês mais letal dos nove anos de guerra, com cem militares mortos. O recorde anterior, de agosto de 2009, era de 77 mortes.

Petraeus chegou um dia depois que sua nomeação foi confirmada pelo Senado norte-americano e apenas horas depois de a Câmara dos Deputados aprovar US$ 33 bilhões para financiar um aumento de tropas que ele espera irá mudar o rumo da guerra.

Uma emenda exigindo um cronograma para a retirada do Afeganistão não foi aprovada, mas obteve 162 votos -- a maior votação antiguerra já conseguida na Câmara num projeto sobre o Afeganistão.

O aumento nas tropas vai elevar para 150 mil o número de soldados estrangeiros no Afeganistão, enquanto a nova estratégia é colocada em prática. A estratégia envolve o ataque ao Taleban em suas bases, ao mesmo tempo que depende do governo para melhorar simultaneamente a governança e o desenvolvimento.

Ousadia

O Taleban demonstrou nesta sexta-feira como é capaz de operar fora de suas bases tradicionais, lançando uma operação ousada contra uma empresa norte-americana que fornece apoio logístico à ajuda governamental dos EUA na cidade relativamente tranquila de Kunduz, no norte do país.

O ataque começou às 3h30 no horário local, quando um carro-bomba foi detonado na entrada do prédio. Um guarda foi morto na explosão, segundo o general Abdul Razaq Yaqoubi, chefe de polícia da Província de Kunduz.

Três deles detonaram explosivos que carregavam no corpo, afirmou Mohammed Omar, governador da província de Kunduz. Os outros dois terroristas suicidas foram mortos antes de conseguir se explodir.

Em Berlim, na Alemanha, um porta-voz da Chancelaria confirmou que um cidadão do país está entre as vítimas do ataque, mas não deu mais detalhes.
Pouco depois das explosões, o Taleban reivindicou a autoria do ataque.

Em 22 de maio, os militantes atacaram a base de Kandahar, a mais importante do país, disparando cinco foguetes e ferindo vários militares da Otan e civis que trabalhavam no local. Dias antes, de 30 a 40 talebans haviam atacado Bagram, a segunda base do país. Dezesseis insurgentes e um civil americano morreram. Nove soldados americanos também ficaram feridos.

Desde 2005 e do ressurgimento da insurreição dirigida pelos talebans, todos os anos se registra um novo recorde de baixas para as tropas estrangeiras, mobilizadas no Afeganistão desde 2001. Junho deste ano foi o mês mais letal dos nove anos de guerra, com cem militares mortos. O recorde anterior, de agosto de 2009, era de 77 mortes.

Fonte: Folha
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