terça-feira, 2 de novembro de 2010
França e Reino Unido anunciam cooperação inédita em defesa
França e Reino Unido devem assinar nesta terça-feira acordos de cooperação em matéria de Defesa de uma abrangência sem precedentes, que preveem a criação de uma força militar conjunta e o uso compartilhado de porta-aviões e laboratórios nucleares.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, firmarão dois tratados durante uma reunião em Londres, anunciou a Presidência francesa.
O acordo permitirá a simulação do funcionamento do arsenal nuclear dos dois países, a partir de 2014, em uma instalação conjunta na região da Borgonha.
O novo centro de simulação será construído em uma instalação já existente da Comissão de Energia Atômica (CEA), em Valduc (Côte-d'Or), 45 km a noroeste de Dijon, no centro da França. O centro começará a funcionar em 2014, mas com obras previstas até 2022, informou a Presidência francesa.
A unidade permitirá que cientistas franceses e britânicos "projetem os resultados das ogivas e materiais nucleares" a disposição dos dois Exércitos com o objetivo de garantir "a viabilidade, a segurança e a proteção a longo prazo de nossos arsenais nucleares".
O novo laboratório de Valduc será complementado com um centro de pesquisas franco-britânico na localidade de Aldermaston, no Reino Unido.
COOPERAÇÃO
Esta "cooperação sem precedentes" se fará "respeitando totalmente a independência das forças de cada país", destacou Paris.
França e Reino Unido poderão seguir como atores militares de dimensão internacional, mas adaptados a uma era de rigor orçamentário. Londres e Paris "conservarão o direito de deslocar suas forças armadas de forma independente", destacou um responsável britânico, que pediu para não ser identificado.
Os tratados incluirão a criação de "uma força expedicionária conjunta", com entre 3.500 e 5.000 homens, que deverá iniciar seu treinamento no próximo ano. Esta nova força não será permanente e ficará encarregada de operações específicas, sob comando único.
"Anunciaremos o que chamamos de força expedicionária conjunta, e não uma força militar permanente. É uma conjunção de forças armadas dos dois países que treinam e atuam juntas", disse o funcionário britânico.
Os dois países compartilharão ainda seus porta-aviões, a partir de 2020. A manutenção do novo avião de transporte A400M também será dividida.
Ao comunicar nesta segunda-feira os acordos aos deputados, David Cameron tratou de tranquilizar os "eurocéticos" de seu partido conservador, que temem um abandono de prerrogativas em benefício da União Europeia (UE). O premiê garantiu que o acordo com a França é fruto dos mesmos princípios adotados nas discussões sobre o orçamento e as reformas institucionais da UE.
"O princípio é o mesmo. Associação sim, mas sem perder a soberania".
No domingo, o ministro da Defesa, Liam Fox, justificou a aproximação com a necessidade de se fazer uma "economia importante" em época de austeridade orçamentária, mas garantiu que trata-se de algo puramente bilateral, descartando o início de um "exército europeu que não queremos".
Fonte: France Presse
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