Japão critica ida de presidente da Rússia a ilhas disputadas entre Tóquio e Moscou

O presidente russo, Dmitri Medvedev, visitou nesta segunda-feira uma ilha disputada pela Rússia e o Japão, o que causou um atrito diplomático entre os dois governos.

O local visitado é uma das quatro ilhas conhecidas na Rússia como Kurilas do Sul, e no Japão como Territórios do Norte. Recentemente, o governo japonês teve um atrito com a China por causa de outro conjunto de ilhas.

"A posição do Japão é que essas quatro ilhas setentrionais são parte do território do nosso país, então a visita do presidente é muito lamentável", disse o primeiro-ministro Naoto Kan a uma comissão parlamentar.

Horas depois, o chanceler russo, Serguei Lavrov, declarou que a reação japonesa era inaceitável.

"A reação do lado japonês à visita do presidente Medvedev às Kurilas foi inaceitável. É nossa terra e o presidente russo visitou nossa terra", disse Lavrov, em entrevista coletiva à imprensa.

Lavrov afirmou que o embaixador japonês em Moscou seria chamado para ouvir a posição russa.

Foi a primeira vez que um líder russo esteve nessa ilha do arquipélago das Kurilas, chamada de Kunashir pelos russos, e Kunashiri pelos japoneses.

O chanceler japonês, Seiji Maehara, havia alertado no mês passado que uma visita de Medvedev às ilhas abalaria as relações bilaterais. Depois da visita, ele declarou ao Parlamento que o presidente russo havia "ferido os sentimentos do povo japonês" e enviou um protesto formal à diplomacia russa.

As ilhas Kurilas se estendem da ponta nordeste de Hokkaido, a principal ilha do norte do Japão, até o extremo sul da península de Kamchatka, no extremo oriente russo. A ilha que Medvedev visitou fica a cerca de 16 quilômetros de Hokkaido.

Mas, ao contrário do que ocorre na disputa com a China pelas ilhas no mar do Leste da China - envolvendo uma área potencialmente rica em gás e petróleo -, a questão das Kurilas tem mais a ver com um legado da Segunda Guerra Mundial.

A União Soviética ocupou as quatro ilhas ao final daquele conflito, e a disputa territorial marca as relações entre os dois países desde então, impedindo a formalização de um tratado de paz.

Fonte: Reuters