sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O Americano que decolou com P-51 e pousou com FW-190


O piloto da USAAF, Capitão Bruce W. Carr, 20 anos, foi o único piloto conhecido a ir para uma missão voando um P-51 Mustang e retornar no outro dia voando um Fw190!
No dia 2 de novembro de 1944, ele estava em uma missão sobre a Tchecoslováquia, quando o fogo anti-aéreo atingiu seu Mustang, Angel’s Playmate.

Densos vapores do líquido refrigerador do motor saíram pelos buracos e Carr teve que saltar de pára-quedas antes que seu caça pegasse fogo. Depois de caminhar pelos campos, o faminto Carr tomou a direção de uma aeródromo alemão que ele havia avistado enquanto estava voando.

Ele decidiu ficar do lado de fora do aeródromo, escondido em uma floresta até a manhã seguinte, quando iria até a entrada da base para se render. Enquanto esperava escondido entre as árvores ele avistou um grupo de mecânicos alemães trabalhando em um Fw 190A-6 que estava bem próximo.

Carr percebeu que o caça alemão estava pronto para vôo, quando os mecânicos colocaram de volta a carenagem do motor, abasteceram seus tanques, deixando o Focke-Wulf sozinho. Mais tarde ele admitiria que sua atitude fora mais como um impulso de uma pessoa faminta do que uma brilhante idéia.

Carr cuidadosamente esgueirou-se até chegar ao Fw 190 e passou o resto da noite no cockpit do caça alemão. Um pouco antes do amanhecer já havia luz suficiente para Carr estudar os instrumentos e os switches.

Olhando para o painel do caça, teve que aprender e adivinhar algumas coisas durante meia hora ou mais, encontrou uma certa dificuldade com os procedimentos de partida, que incluíam a alavanca de partida que tinha que ser empurrada ao invés de puxada.

Finalmente o BMW radial ganhou vida e Carr decolou entre dois hangares, ao invés de se arriscar taxiando até a pista. O Fw 190 de Carr voou rugindo sobre as cabeças dos atônitos alemães e fugiu com velocidade máxima até sua base em Orconte na França, distante 329,1 km.

Chegando lá, ele não sabia como baixar o trem de pouso, então simplesmente pousou de barriga em um campo, antes que a anti-aérea da USAAF tivesse chance de abatê-lo. Anos depois, Carr costumava contar essa história para os seus netos quando estes perguntavam o que ele teria feito na guerra.

Bruce Carr, voava Piper Cubs como piloto privado desde 1938 quando se alistou em 1942. Ele solou um treinador Stearman com somente três horas de vôo. Em Tipton na Georgia, a USAAF passou Carr para o P-40 e eles lhe disseram: “ Vá voar!”. Carr explica:

“Eu tinha dezenove anos e pensava que sabia tudo. Eu não sabia o suficiente para ter medo. E eles não nos disseram o que fazer, disseram somente ‘Vá voar!’, então eu voava sobre a fazendas a baixa altura, zunindo sobre as vacas. Dezenove anos de idade e 1100 hps: o que eles esperavam? Mais tarde fomos para a Europa.”

Carr tinha 160 horas totais de vôo, incluindo 40 horas no P-40, quando ele foi para o P-51B. Quando começou a voar esse “hot fighter”, Carr apelidou seu P-51 de Angel’s Playmate porque dizia que os anjos estavam a 30 mil pés! Sua primeira vítima foi no dia 8 de março de 1944:

Depois que o seu líder de esquadrão alijou os tanques externos e tomou o rumo de volta, Carr permaneceu para lutar contra os Messerschmitts. Ele entrou em um combate em círculos com um tenaz piloto de BF 109G, nenhum conseguia acertar um tiro no outro, então foram descendo em uma espiral terminando o combate no topo das árvores.

Enquanto fazia curvas apertadas a poucos metros do chão o piloto alemão teve que subir para livrar algumas árvores e então Carr começou a atirar, sua empolgação era tanta que esqueceu de liberar a pressão sobre o gatilho, os canos de suas metralhadoras começaram a queimar. Ele relatou que um dos projéteis – uma bala traçante – saiu dando cambalhotas e fez um enorme arco, seus tiros acabaram atingindo a asa esquerda do BF 109. O piloto inimigo cabrou e alijou o canopy. Ele saltou, mas estava muito baixo para seu pára-quedas abrir e o caça espatifou-se no chão, causando uma grande parede de chamas no ar, por onde passou o Mustang de Carr.

Carr disse que essa sua primeira vitória não foi realmente um abate mas sim, quase que um suicídio!

O “Bad-boy” Carr teve alguns problemas no seu primeiro esquadrão, o 380th FS, por ser “muito agressivo”, mas encontrou um lar no 354th FG, no qual tinha pilotos parecidos com ele. Glenn Eagleston ( 18 vitórias ), do Grupo 353rd FS, era um dos agressivos oficiais comandantes que valorizavam sua atitude.

Bruce Carr teve 14 vitórias contra os alemães, nas suas 172 missões. No dia 2 de abril de 1945, Carr foi o último piloto de caça no Teatro Europeu a abater cinco aeronaves inimigas em um único dia.

Ele abateu três Fw190A pela manhã e dois BF 109G à tarde, próximo de Kronach Bayruth. Como resultado de fogo anti-aéreo, ele teve que saltar de pára-quedas três vezes. Surpreendentemente, Carr permaneceu na Força Aérea, apesar de seu comportamento no início da carreira e voou 51 missões no F-86 Sabre na Guerra da Coréia e mais 28 missões sobre o Vietnam, voando o F100 Super Sabre, porém, nessas guerras não abateu nenhum inimigo.

Carr saiu da Força Aérea como coronel em 1970 e seu Angel’s Playmate foi exposto em um museu francês em Paris, depois da Segunda Guerra Mundial. Seu Fw190A-6 “emprestado”, ficou no aeródromo em Orconte por um tempo e finalmente foi sucateado.

Colaboração: João C. Ferreira - Museologo e membro da AMAERO
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