terça-feira, 3 de junho de 2025

Reino Unido anuncia construção de até 12 novos submarinos de ataque como parte do programa AUKUS

0 comentários

O Reino Unido anunciou na última segunda-feira (2) que construirá até 12 novos submarinos de ataque de propulsão nuclear, como parte do programa AUKUS, em resposta às crescentes ameaças globais e com o objetivo de garantir a segurança do país nas próximas décadas.

O anúncio foi feito em conjunto pelo Primeiro-Ministro Sir Keir Starmer e pelo Secretário de Defesa John Healey. A medida faz parte da nova Revisão Estratégica de Defesa, oficialmente apresentada nesta semana.

Atualmente, a Marinha Real opera sete submarinos da Classe Astute. A nova Classe AUKUS, será mais numerosa e tecnologicamente avançada, com a previsão inicial para o final da década de 2030, substituindo os submarinos da Classe Astute.

Transformação Industrial e Geração de Empregos

O programa SSN-AUKUS representa uma transformação significativa na indústria naval do Reino Unido. A construção dos submarinos acontecerá principalmente nos polos industriais de Barrow-in-Furness e Raynesway, Derby, com expectativa de entregar um novo submarino a cada 18 meses.

O projeto faz parte do Plano para a Mudança, estratégia do governo que busca impulsionar a economia e fortalecer a segurança nacional. Além dos submarinos, o governo investirá £15 bilhões no programa de ogivas nucleares, garantindo a continuidade da dissuasão nuclear britânica.

Esses investimentos irão gerar e sustentar aproximadamente 30.000 empregos altamente qualificados no setor de defesa, além de dobrar o número de vagas para aprendizes e graduados, totalizando 30.000 vagas de aprendizagem e 14.000 vagas para graduados nos próximos dez anos.


Principais medidas da Revisão Estratégica de Defesa

A nova estratégia traz 62 recomendações que serão adotadas integralmente, visando preparar as Forças Armadas do Reino Unido para um ambiente de segurança global mais hostil. Entre as principais medidas estão:

  • Aumento da prontidão para combate, fortalecendo a dissuasão contra ameaças, especialmente na região Euro-Atlântica.

  • Expansão dos estoques de munições e equipamentos, com capacidade de rápida escalabilidade em caso de crises ou guerra.

  • Aquisição de até 7.000 armas de longo alcance produzidas no Reino Unido, fortalecendo as capacidades militares e sustentando 800 empregos no setor.

  • Criação do novo Comando CyberEM, que colocará o Reino Unido na vanguarda das operações cibernéticas, acompanhado de um investimento de £1 bilhão em capacidades digitais.

  • Melhoria da qualidade de vida dos militares e suas famílias, com um investimento de £1,5 bilhão na modernização de moradias das Forças Armadas.

Fortalecimento da dissuasão nuclear

Além dos submarinos de ataque da Classe AUKUS, o Reino Unido reafirmou seu compromisso com a Dissuasão Nuclear Contínua no Mar, assegurando investimentos robustos na nova frota de submarinos Classe Dreadnought e no programa de ogivas nucleares.

O programa prevê uma modernização completa das instalações da Atomic Weapons Establishment (AWE) em Aldermaston, gerando mais de 9.000 empregos diretos em Berkshire e milhares de empregos indiretos em toda a cadeia de suprimentos, do sul da Inglaterra à Escócia.

O Primeiro-Ministro Sir Keir Starmer afirmou: “A segurança nacional é a base do nosso Plano para a Mudança. Este plano garantirá que a Grã-Bretanha esteja segura em casa e forte no exterior, ao mesmo tempo em que gera empregos bem remunerados em todo o país. Esta Revisão Estratégica de Defesa garantirá que o Reino Unido esteja à altura dos desafios, modernizando nossas Forças Armadas e nossa indústria.”

O Secretário de Defesa John Healey completou: “Nossos submarinistas patrulham 24 horas por dia, 7 dias por semana, protegendo nosso país e nossos aliados. As ameaças estão crescendo, especialmente com a agressão russa, e precisamos agir decisivamente. Com novos submarinos de última geração e nosso próprio programa de ogivas nucleares, estamos tornando a Grã-Bretanha mais segura em casa e mais forte no exterior.”

O governo britânico já gera mais de 400.000 empregos no setor de defesa e reforça seu compromisso de elevar os investimentos em defesa para 2,5% do PIB até 2027, com a ambição de alcançar 3% na próxima legislatura, dependendo das condições econômicas.

Defesa Nacional: Uma Urgência que o Brasil Não Pode Ignorar

Em um cenário internacional cada vez mais instável, a defesa deixou de ser uma escolha e se tornou uma necessidade vital para qualquer nação que pretenda preservar sua soberania, seus recursos e seu desenvolvimento. O recente anúncio do Reino Unido sobre a construção de até 12 novos submarinos de propulsão nuclear, como parte do programa AUKUS, é um alerta claro e contundente. Nações sérias estão se preparando de forma robusta e contínua para enfrentar os desafios do século XXI, entendendo que segurança não se improvisa, se constrói com planejamento, investimento e compromisso de Estado.

O Brasil, com mais de 7.400 km de litoral, uma das maiores zonas econômicas exclusivas do mundo e imensas riquezas no mar, incluindo petróleo, biodiversidade e recursos estratégicos, simplesmente não pode se dar ao luxo de negligenciar sua capacidade de dissuasão. A atual Estratégia Nacional de Defesa (END) está desatualizada, desconectada das ameaças emergentes e das novas dinâmicas geopolíticas. É urgente revisá-la e, mais do que isso, vinculá-la a uma previsão orçamentária estável, capaz de assegurar a execução dos programas estratégicos das Forças Armadas, hoje cronicamente subfinanciados e frequentemente sujeitos às flutuações políticas e econômicas.

O PROSUB, que representa a espinha dorsal da capacidade dissuasória do Brasil no mar, precisa deixar de ser tratado como promessa de futuro e se transformar em política de Estado, com fluxo financeiro garantido, previsível e contínuo. Uma frota de submarinos de propulsão nuclear não é apenas um símbolo de poder, é um instrumento real de proteção dos nossos interesses marítimos, de dissuasão contra qualquer aventura externa e de projeção de soberania. O atraso ou a paralisia desse programa coloca em risco nossa capacidade de defender a Amazônia Azul, nossos portos, nossas rotas comerciais e até mesmo nossa capacidade de influenciar o equilíbrio de forças na América do Sul e no Atlântico Sul.

Enquanto potências globais e regionais se rearmam, fortalecem seus setores de defesa, criam comandos cibernéticos e ampliam capacidades espaciais, o Brasil corre o risco de assistir passivamente à erosão de sua soberania, à mercê de pressões externas, interesses econômicos e conflitos futuros. Uma nação que não se prepara para se defender se condena à irrelevância estratégica e à dependência. O momento de agir é agora. Revisar a END, estabelecer uma previsão orçamentária obrigatória para a defesa, injetar mais recursos no PROSUB e consolidar uma cultura de defesa continuada não são apenas medidas desejáveis, são decisões existenciais para o Brasil do presente e do futuro.

O investimento em defesa não é um gasto improdutivo, como muitas vezes se tenta propagar, mas sim um poderoso vetor de desenvolvimento econômico, tecnológico e social. A indústria de defesa é uma das que mais gera empregos altamente qualificados, impulsiona cadeias produtivas complexas e promove inovação com efeitos diretos na economia civil. O exemplo britânico é emblemático: a construção de submarinos nucleares, além de fortalecer a segurança nacional, está gerando dezenas de milhares de empregos, desenvolvendo novas tecnologias e dinamizando polos industriais inteiros. No Brasil, programas como o PROSUB, o Gripen e as Fragatas Classe Tamandaré, dentre outros programas que já demonstram esse potencial, com transferência de tecnologia, formação de mão de obra especializada, fortalecimento da engenharia nacional e estímulo à indústria de base e aos setores aeroespacial, naval, automotivo, eletrônico e cibernético. Cada real investido em defesa retorna à sociedade em forma de empregos, crescimento econômico, inovação e soberania tecnológica, criando um ciclo virtuoso que fortalece o país em todas as dimensões.

Diante desse cenário, é urgente que o Brasil abandone, de uma vez por todas, a mentalidade equivocada de que defesa é um luxo ou um custo supérfluo. A realidade global não permite mais espaços para negligência. Enquanto potências como o Reino Unido, Estados Unidos, França e até países em desenvolvimento, como Índia e Türkiye, fortalecem suas capacidades de dissuasão com investimentos robustos e contínuos, o Brasil segue preso a ciclos de descontinuidade, falta de planejamento de longo prazo e cortes orçamentários que colocam em risco nossa soberania e nossos interesses estratégicos. É imperativo rever imediatamente a Estratégia Nacional de Defesa (END), definir uma previsão orçamentária sólida, vinculada ao PIB, e garantir os recursos necessários para a execução dos programas estratégicos. A negligência, nesse campo, não é apenas uma escolha administrativa, é uma ameaça silenciosa à nossa própria existência como nação soberana e relevante no cenário internacional. Ignorar isso é, na prática, abrir mão do nosso futuro.


Por Angelo Nicolaci



GBN Defense - A informação começa aqui

com Ministério da Defesa do Reino Unido

Continue Lendo...

Kaplan MT: Uma Solução Moderna para as Necessidades do Corpo de Fuzileiros Navais?

0 comentários

No contexto da guerra moderna, a busca por veículos blindados que combinem poder de fogo, mobilidade e proteção tornou-se fundamental para as forças armadas. Nesse cenário, os carros de combate médios surgem como uma solução equilibrada, oferecendo às tropas uma plataforma robusta, ágil e letal, capaz de enfrentar tanto ameaças convencionais quanto assimétricas.

Entre os modelos que se destacam nesse segmento está o Kaplan MT, desenvolvido pela empresa turca FNSS, em parceria com a indonésia PT Pindad. Trata-se de um blindado projetado para atender às demandas operacionais contemporâneas, combinando alta mobilidade, consciência situacional aprimorada e elevada capacidade de sobrevivência no campo de batalha.

Com uma silhueta baixa e excelente relação peso-potência, o Kaplan MT foi concebido para operar em terrenos desafiadores, como solos arenosos, alagadiços e acidentados, exatamente os cenários típicos das operações anfíbias, ribeirinhas e costeiras que compõem a doutrina do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) da Marinha do Brasil.

Entre seus principais diferenciais estão a torre de última geração equipada com canhão de 105 mm da John Cockerill Defense, sistemas de mira de terceira geração com capacidade Hunter-Killer e Autotracker, além de um avançado sistema de gerenciamento do campo de batalha (BMS – Battle Management System). O blindado também permite a integração de sistemas de proteção ativa e passiva, atendendo aos mais rigorosos padrões de segurança balística e contra ameaças explosivas.

Durante a LAAD Defence & Security 2025, realizada no Rio de Janeiro, a FNSS apresentou um exemplar do Kaplan MT, oportunidade na qual nosso editor, Angelo Nicolaci, pôde conhecer de perto a viatura, suas características técnicas e operacionais. Na ocasião, conversou diretamente com representantes da FNSS e da John Cockerill Defense, responsável pela torre do blindado, obtendo informações detalhadas sobre os sistemas de armas, sensores e soluções de integração aplicadas ao projeto.

O Interesse do Corpo de Fuzileiros Navais

Buscando modernizar sua frota de blindados, o Comando do Material de Fuzileiros Navais (CMatFN) deu início, recentemente, a um processo de consulta ao mercado internacional, visando encontrar um substituto para os atuais SK-105 A2S Kürassier, adquiridos no início dos anos 2000 e hoje empregados pelo Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav).

Em visita realizada no dia 27 de maio às instalações do CMatFN, no Rio de Janeiro, nosso editor confirmou, junto aos oficiais responsáveis, que os estudos para a substituição do SK-105 estão oficialmente em andamento. O processo já inclui o envio de cartas de consulta (RFQ) a diversos fornecedores, contendo os requisitos técnicos e operacionais necessários para o novo blindado.


Entre os principais requisitos estão:

  • Peso máximo de 45 toneladas;

  • Autonomia mínima de 450 km;

  • Relação peso-potência superior a 20 hp/tonelada;

  • Proteção balística equivalente ao nível 4 do STANAG 4569, capaz de resistir a impactos de projéteis de até 14,5 mm e explosões de até 10 kg sob o casco;

  • Canhão de 105 mm ou 120 mm, com alcance efetivo mínimo de 3 km;

  • Cadência de tiro de, no mínimo, 10 disparos por minuto;

  • Sistemas de controle de tiro de última geração.


Kaplan MT: Uma Solução Alinhada às Necessidades do CFN?

Diante desses requisitos, o Kaplan MT se apresenta como uma solução altamente aderente às demandas operacionais do CFN. Seu design foi otimizado para oferecer baixa pressão sobre o solo, fator crítico para operações em ambientes como praias, manguezais, áreas alagadas e terrenos instáveis, muito comuns no litoral brasileiro e na região amazônica.

O veículo não apenas atende aos critérios de proteção, mobilidade e letalidade, como também possui histórico operacional comprovado, estando em uso nas Forças Armadas da Indonésia. Além disso, há a perspectiva concreta de transferência de tecnologia, suporte logístico e treinamento, alinhando-se diretamente aos objetivos do programa PROADSUMUS, que busca fortalecer a capacidade expedicionária e de pronta resposta do CFN.

A doutrina dos Fuzileiros Navais brasileiros exige meios capazes de operar em qualquer ambiente, especialmente em cenários de:

  • Operações anfíbias;

  • Operações ribeirinhas;

  • Operações costeiras;

  • Missões de paz;

  • Intervenções rápidas em ambientes de baixa e média intensidade de conflito.


Portanto, o CFN necessita de um blindado que:

  • Seja leve o suficiente para transporte por meios navais, como o NDM Bahia e o NDCC Almirante Saboia;

  • Possua baixa pressão sobre o solo, permitindo operar em terrenos desafiadores;

  • Ofereça elevada mobilidade tática, acompanhando a tropa nos movimentos pós-desembarque;

  • Tenha poder de fogo capaz de enfrentar blindados leves, fortificações e oferecer suporte contra infantaria e posições defensivas.

O Kaplan MT se encaixa naturalmente nesses parâmetros, reforçando os pilares da doutrina PROADSUMUS.


Comparativo Técnico – Kaplan MT vs. SK-105 Kürassier

Característica SK-105 Kürassier Kaplan MT
Peso 18 toneladas 32 toneladas
Canhão 105 mm 105 mm (Cockerill)
Proteção STANAG Nível 1-2 STANAG Nível 4
Motor 320 hp 711 hp
Relação peso/potência ~17 hp/ton ~22,2 hp/ton
Velocidade máxima 70 km/h 70 km/h
Autonomia 500 km 450 km
Sistema de tiro Óptico analógico Digital (Hunter-Killer + Autotracker)
Proteção contra minas Limitada Até 10 kg (STANAG 4569 N4a)
Pressão sobre o solo ~0,78 kg/cm² ~0,88 kg/cm²


Principais ganhos na comparação:

  • Proteção balística superior, resistente a projéteis de até 14,5 mm e explosões de 10 kg sob o casco;

  • Canhão de alta pressão, capaz de neutralizar blindados modernos;

  • Eletrônica embarcada de última geração, incluindo BMS, sensores optrônicos, câmeras 360°, sistema de alerta laser e previsão para proteção ativa;

  • Maior mobilidade, com excelente relação peso/potência, mantendo capacidade em terrenos desafiadores.

Aderência aos Requisitos Operacionais do CFN

Requisito do CFN Kaplan MT Status
Peso ≤ 45 toneladas 32 t ✅ Atende
Autonomia mínima de 450 km 450 km ✅ Atende
Relação peso/potência >20 hp/ton 22,2 hp/t ✅ Atende
Proteção STANAG Nível 4 Nível 4 ✅ Atende
Resistência a minas (10 kg) Cumpre ✅ Atende
Canhão 105 mm ou 120 mm 105 mm ✅ Atende
Alcance efetivo até 3 km 3,5 km ✅ Atende
Fogo mínimo de 10 disparos por minuto 12/min ✅ Atende
Sistema de tiro de última geração Hunter-Killer + BMS ✅ Atende

Comparativo Internacional

Blindado Peso Canhão Proteção Potência Observações
SK-105 Kürassier 18 t 105 mm STANAG 1-2 320 hp Defasado, baixa proteção
Kaplan MT 32 t 105 mm STANAG 4 711 hp Alta proteção e mobilidade
M10 Booker (EUA) 42 t 105 mm STANAG 5 1.000 hp Maior proteção, mais pesado, foco em brigadas mecanizadas
CV90 Mk IV (Suécia) 37 t 105/120 mm STANAG 4-5 1.000 hp Modular, excelente proteção e mobilidade

Aspectos Tecnológicos Relevantes

  • Sistemas de mira de terceira geração com Hunter-Killer e Autotracker;

  • Sistema de gerenciamento de batalha (BMS) integrado;

  • Sensores de alerta laser, câmeras 360° e optrônicos de alta performance;

  • Capacidade para operação com sistemas de proteção ativa (APS);

  • Capacidade de operar em ambientes com negação GNSS, utilizando navegação inercial e sensores redundantes.


Mobilidade Estratégica – Um Diferencial para o CFN

O Kaplan MT é perfeitamente compatível com a logística da Marinha do Brasil, podendo ser transportado por navios da Esquadra e via transporte terrestre. Sua baixa pressão sobre o solo permite operar em ambientes costeiros, brejos e terrenos arenosos, mantendo plena mobilidade após o desembarque.

O Kaplan MT não é apenas um possível substituto natural para o SK-105 Kürassier, ele representa um salto qualitativo e doutrinário para o Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais. Seu equilíbrio entre potência de fogo, proteção e mobilidade o torna ideal para as missões expedicionárias, anfíbias e ribeirinhas do CFN, garantindo capacidade operacional alinhada às demandas das próximas décadas.

Adicionalmente, não se pode descartar a possibilidade de uma aquisição conjunta com o Exército Brasileiro, que conduz um programa semelhante para sua nova família de blindados. Uma decisão nesse sentido traria ganhos logísticos, econômicos e operacionais, ampliando a eficiência e a sustentabilidade do projeto.

O Kaplan MT se consolida, portanto, como um dos principais candidatos a integrar a próxima geração de blindados do Corpo de Fuzileiros Navais, sendo uma solução moderna, robusta e plenamente aderente às exigências operacionais da Marinha do Brasil.



GBN Defense - A informação começa aqui

Continue Lendo...

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Brasil e Türkiye avançam em acordo de cooperação na indústria de defesa

0 comentários

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado aprovou, nesta quinta-feira (22), o Projeto de Decreto Legislativo (PDL 262/2024), que ratifica o acordo de cooperação entre Brasil e Turquia no setor de defesa, firmado em 2022. O texto agora segue para votação no Plenário do Senado e, se aprovado, abrirá caminho para uma nova etapa na relação estratégica entre os dois países.

O GBN Defense, que acompanha de perto, há alguns anos, o crescente estreitamento dos laços entre Brasil e Türkiye, tem mantido um canal aberto com a indústria de defesa turca e com a representação diplomática do país no Brasil. Nosso editor, Angelo Nicolaci, tem acompanhamento esse processo, e vê como promissor os avanços na cooperação bilateral.

Cooperação robusta e estratégica

O acordo visa fortalecer as capacidades das indústrias de defesa de ambos os países por meio da cooperação em desenvolvimento, produção, aquisição, manutenção de bens e serviços de defesa, além de suporte técnico e logístico.

Entre os principais pontos do acordo estão:

  • Pesquisa e desenvolvimento conjunto de tecnologias de defesa

  • Produção e modernização de equipamentos, sistemas e materiais de defesa

  • Implementação de projetos colaborativos nos territórios dos dois países

  • Intercâmbio de informações técnicas e científicas

  • Fabricação e venda conjunta de armamentos a terceiros, dentro dos marcos internacionais

  • Troca ou comercialização de excedentes militares

  • Parcerias entre instituições militares, empresas e centros de manutenção

Também estão previstas ações de intercâmbio de pessoal, visitas técnicas e participação mútua em feiras e simpósios especializados.

Transferência de tecnologia e proteção de propriedade intelectual

Um dos pilares do acordo é a transferência de tecnologia, que será tratada caso a caso em acordos específicos, abrangendo temas sensíveis como propriedade intelectual, licenciamento, preservação de patentes e direitos de produção.

Os dois países assumem o compromisso de proteger esses direitos de acordo com suas legislações nacionais e normas internacionais, o que garante segurança jurídica e previsibilidade para os projetos futuros.

O acordo terá validade inicial de cinco anos, podendo ser renovado automaticamente por períodos sucessivos de um ano, desde que não haja manifestação contrária de nenhuma das partes.

Opinião: Uma relação estratégica que se consolida

O GBN Defense tem acompanhado, nos últimos anos, o avanço da relação estratégica entre Brasil e Türkiye no setor de defesa. Segundo nosso editor Ângelo Nicolaci, essa aproximação é fruto de interesses convergentes na busca por autonomia tecnológica, fortalecimento industrial e diversificação de parcerias internacionais.

"O diálogo constante com representantes da indústria turca e com a diplomacia turca no Brasil nos permite afirmar que há um forte interesse de ambos os lados em transformar essa parceria em uma relação de longo prazo, que vá além da simples compra e venda, promovendo efetivamente o desenvolvimento conjunto e a geração de empregos e capacidades tecnológicas para os dois países", destaca Nicolaci.

Ele ressalta ainda que essa aproximação representa uma oportunidade estratégica para o Brasil, que precisa urgentemente diversificar suas parcerias no campo da defesa, saindo da dependência dos tradicionais polos EUA-Europa, e evitando o polo China-Rússia. "Buscar parceiros fora desse eixo geopolítico tradicional é fundamental para ampliar nossa autonomia tecnológica e industrial. A Türkiye tem demonstrado ser um exemplo claro de como é possível, com investimentos estratégicos e visão de longo prazo, construir uma indústria de defesa robusta, moderna, independente e competitiva no cenário global."

Segundo Nicolaci, "para o Brasil, essa parceria é uma chance concreta de absorver tecnologias, acessar novos mercados e fortalecer nossa base industrial de defesa, ao mesmo tempo em que se cria um caminho de mão dupla, onde também podemos oferecer nossas competências e produtos. Esse modelo de cooperação é muito mais saudável e sustentável do que a simples aquisição de prateleira, pois fomenta empregos, gera conhecimento e reduz a dependência externa."

Ele conclui afirmando que "a construção de um ambiente multipolar na indústria de defesa é essencial não só para o Brasil, mas também para a estabilidade e a soberania de países que buscam autonomia estratégica. E a Türkiye se mostra um parceiro disposto a trilhar esse caminho junto conosco."

O avanço do acordo no Senado representa mais um passo concreto nesse caminho, que promete trazer impactos positivos para a base industrial de defesa nacional e para a projeção internacional do Brasil no setor.


GBN Defense - A informação.começa aqui

Continue Lendo...
 

GBN Defense - A informação começa aqui Copyright © 2012 Template Designed by BTDesigner · Powered by Blogger