Em meio a um dos maiores e mais complexos exercícios navais da OTAN, o Baltops 2025, a Marinha Real Britânica protagonizou um episódio curioso e simbólico de cooperação aliada: o HMS Dasher foi acionado para realizar um reabastecimento de emergência inusitado para um submarino sueco no Mar Báltico. A carga? Café moído e biscoitos italianos.
O episódio ocorreu durante uma pausa nas operações de guerra de superfície simulada, quando a tripulação do submarino, após dias de missão, relatou a falta de suprimentos essenciais para acompanhar os doces matinais. O pedido de ajuda foi prontamente atendido pelo HMS Dasher, marcando o que se acredita ser a primeira vez em quase 40 anos de carreira operacional que um barco de patrulha da classe P2000 realiza um reabastecimento direto para um submarino.
Cooperação aliada em meio a uma crise de café
Devido ao tamanho reduzido e ao perfil operacional limitado dos patrulheiros P2000, a operação exigiu cuidados especiais. Com o submarino liberando gás pressurizado na superfície, o Dasher precisou manter uma distância mínima de cinco metros durante a aproximação. A comunicação entre as duas embarcações foi viabilizada por meio de um kit especial de comunicações da OTAN, instalado a bordo para o exercício.
O marinheiro Cody Prince foi o responsável por lançar a linha de amarração ao submarino, permitindo a transferência segura da carga embalada em uma bolsa à prova d'água. Segundo o Tenente Jack Mason, comandante do HMS Dasher, o episódio ilustra a capacidade de resposta rápida, comunicação eficiente e espírito de cooperação entre as forças da OTAN.
"Embora nesta ocasião tenha sido apenas café moído, demonstramos a cooperação aliada, a capacidade de comunicação entre um P2000 e um submarino sueco via OTAN e a capacidade de um P2000 entregar suprimentos críticos em curto prazo para ajudar os submarinos a manter sua prontidão operacional", destacou Mason.
Baltops 2025: um cenário realista de guerra naval moderna
O exercício Baltops, que acontece anualmente desde a década de 1970, chega em 2025 à sua 54ª edição. São cerca de 50 navios, submarinos e embarcações de apoio, mais de duas dúzias de aeronaves e aproximadamente 9 mil militares de 17 nações operando numa área de cerca de 40 mil milhas quadradas, cobrindo desde a Jutlândia até a Baía de Gdansk.
Seis patrulheiros P2000 da Royal Navy participam desta edição, com missões que vão desde o apoio a operações de guerra de minas, utilizando veículos subaquáticos não tripulados (UUVs), até ataques simulados com embarcações rápidas contra grandes navios de guerra aliados, para testar a capacidade de resposta.
Além da contribuição operacional, os navios britânicos também devem participar da Kiel Week, maior festival de vela do mundo, que acontece na Alemanha.
Tecnologia e novas táticas
Durante o Baltops 2025, os P2000 vêm servindo também como plataformas de lançamento para experimentos com drones aéreos e de superfície. As táticas desenvolvidas pelos quatro barcos envolvidos em ações de superfície mostraram que operar em grupos de dois ou mais aumenta significativamente a eficácia, tanto em ataques simulados quanto na construção de uma imagem tática mais completa do campo de batalha marítimo.
O episódio da "crise do café" reforça que, em operações multinacionais como o Baltops, a prontidão operacional vai muito além de mísseis e torpedos, envolve também a manutenção do moral e da capacidade de atuação das tripulações, mesmo nas situações mais inusitadas.
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