terça-feira, 18 de novembro de 2025

Operação Furnas 2025 - Participação inédita de tropas estrangeiras reúne contingentes francês e italiano no "Mar de Minas"

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Entre os dias 21 e 30 de outubro, o Corpo de Fuzileiros Navais conduziu a "Operação Furnas 2025", o maior exercício da Marinha do Brasil realizado em Minas Gerais. A edição deste ano assumiu caráter histórico ao contar, pela primeira vez, com a participação de tropas estrangeiras, contingentes da França e da Itália se integraram plenamente às atividades conduzidas pelos Fuzileiros Navais brasileiros.

Realizada no emblemático cenário de Furnas, conhecido como “Mar de Minas”, a Operação Furnas 2025 reuniu toda a estrutura do CFN, desde meios anfíbios e ribeirinhos até unidades de engenharia, logística e forças especiais, consolidando-se como um dos maiores e mais completos adestramentos dos Fuzileiros Navais. O GBN Defense acompanhou as atividades in loco, registrando a dinâmica multinacional e o impacto positivo da presença europeia no nível de interoperabilidade do treinamento.

Ao longo do exercício, os militares franceses se integraram às frações brasileiras em atividades de combate fluvial, participando de patrulhas, navegação tática e ações de controle de margens, vivenciando de perto a dinâmica das operações ribeirinhas conduzidas pelo Corpo de Fuzileiros Navais. No “Mar de Minas”, também se incorporaram às operações de desembarque anfíbio, utilizando diversos meios, incluindo o CLAnf (Carro Lagarta Anfíbio), onde puderam reforçar técnicas de projeção de poder e aprimorar procedimentos conjuntos em áreas ribeirinhas.

A tropa ainda enfrentou o exigente percurso de natação utilitária, avançando em deslocamentos aquáticos que simulavam infiltrações discretas e a transposição de rios e cursos d’água, exigindo elevado nível de resistência, coordenação e preparo físico. Em paralelo, executaram tiro embarcado, aplicando técnicas de engajamento a partir de embarcações e promovendo uma intensa troca de conhecimentos doutrinários.

Por fim, concluíram atividades de topografia, envolvendo navegação terrestre e orientação em terreno irregular, momento em que brasileiros, franceses e italianos compartilharam métodos, técnicas e experiências, enriquecendo o domínio operacional das forças participantes em ambiente ribeirinho.

A avaliação dos militares franceses foi extremamente positiva. Para o contingente europeu, a Operação Furnas 2025 representou “uma verdadeira missão de colaboração”, marcando um intercâmbio efetivo de doutrinas, técnicas e abordagens de preparo ao combate. A convivência entre forças de três países distintos ampliou a compreensão mútua e fortaleceu a interoperabilidade, um dos principais objetivos desta edição.

A presença inédita de contingentes estrangeiros reforça o papel do Brasil como polo regional de adestramento e demonstra a maturidade doutrinária do Corpo de Fuzileiros Navais. A Operação Furnas 2025 não apenas ampliou a integração entre forças amigas, mas também reafirmou o valor estratégico do “Mar de Minas” como ambiente privilegiado para desenvolver capacidades anfíbias, ribeirinhas e lacustres em um cenário desafiador e realista.


por Angelo Nicolaci

Imagens Welter Mesquita


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Mac Jee assume MAR-1 e MAA-1B e confirma retomada dos projetos antecipada pelo GBN Defense

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A Mac Jee deu um passo histórico em sua evolução tecnológica e consolidou um avanço decisivo rumo à soberania brasileira no campo de mísseis. Com a aquisição da propriedade intelectual dos mísseis MAR-1 e MAA-1B, a empresa confirma as movimentações antecipadas pelo GBN Defense em 8 de novembro, quando publicamos a reportagem exclusiva intitulada: “EXCLUSIVO: Movimentações indicam possível retomada de projetos da antiga Mectron”.

Esse marco coloca o Brasil novamente entre o seleto grupo de países com domínio sobre tecnologias críticas de propulsão, guiamento e produção em massa de mísseis, uma capacidade estratégica cada vez mais valorizada no cenário geopolítico contemporâneo e essencial para qualquer nação que busca autonomia em defesa e dissuasão efetiva.

Um salto construído ao longo de anos

A consolidação desse movimento é resultado de anos de investimentos da Mac Jee em pesquisa e desenvolvimento, especialmente nas áreas de propulsão, orientação, ogivas e eletrônica embarcada. Além disso, a empresa inaugurou a maior planta industrial do Hemisfério Sul dedicada à produção de munições pesadas e sistemas de armas, com capacidade para fabricar bombas da série MK-80 e outras soluções.

O avanço foi acompanhado da formação de uma equipe de engenharia robusta e multidisciplinar, reunindo especialistas de alto nível em propulsão, eletrônica, computação, software, orientação, aerodinâmica, química e integração de sistemas. Paralelamente, a empresa firmou parceria com a Força Aérea Brasileira no desenvolvimento de um acelerador para foguetes hipersônicos, posicionando o país no radar de tecnologias emergentes de alta velocidade.

Retomada de dois projetos estratégicos

Com a aquisição da propriedade intelectual dos mísseis MAR-1 e MAA-1B, a Mac Jee assume totalmente o legado da antiga Mectron, que havia conduzido o desenvolvimento original de ambos os sistemas.

O MAR-1, míssil antirradição projetado para neutralizar radares inimigos, é uma das capacidades mais sensíveis e raras da indústria de defesa no Hemisfério Sul. Já o MAA-1B representa a evolução nacional no segmento de mísseis ar-ar de curto alcance, voltado para o combate aproximado e capaz de equipar aeronaves de alto desempenho como o F-39E Gripen.

Ambos haviam atingido estágios avançados de maturidade antes da interrupção dos programas, e agora retornam sob gestão de uma empresa com condições industriais, tecnológicas e financeiras de concluir seu desenvolvimento e iniciar produção.

Novos programas e arquitetura comum de mísseis

A Mac Jee também prepara o anúncio de outros dois programas inéditos, que estão em fase final de desenvolvimento interno. Embora detalhes permaneçam sob sigilo, as informações obtidas indicam que a empresa está estruturando uma base comum de mísseis estratégicos, compartilhando módulos, componentes e processos industriais.

Esse conceito permite reduzir custos, aumentar a escala produtiva e acelerar o desenvolvimento de novas famílias de armamentos, criando uma linha de produtos adaptável às necessidades da Força Aérea, do Exército, da Marinha e de parceiros internacionais.

Impacto para a Base Industrial de Defesa e para o Brasil

O movimento representa uma aceleração significativa de novos programas, fortalece a Base Industrial de Defesa e recoloca o Brasil como líder regional no desenvolvimento de mísseis. Em um momento em que a produção em massa de armamentos guiados se torna fator crítico, como evidenciado em conflitos recentes, incluindo a guerra na Ucrânia, o Brasil passa a contar com uma empresa capaz de integrar capacidade industrial, domínio tecnológico e independência em propriedade intelectual.

A retomada dos projetos MAR-1 e MAA-1B, confirmada agora oficialmente pela Mac Jee, representa não apenas um resgate de décadas de investimento nacional, mas também um salto estratégico para o futuro da defesa brasileira.


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segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Türkiye avança em acordo com o Catar para transferência de caças Eurofighter Tranche 3A

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A diplomacia turca confirmou um passo decisivo para reforçar a capacidade de combate de sua força aérea. O Ministro das Relações Exteriores da Türkiye, Hakan Fidan, afirmou que Ancara e Doha chegaram a um entendimento político para a transferência de caças Eurofighter Tranche 3A pertencentes à Força Aérea do Catar. O anúncio foi feito em entrevista ao canal AHaber, onde Fidan detalhou que a visita recente do presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, ao país consolidou a parte política do acordo, deixando agora às forças aéreas dos dois países a condução das tratativas técnicas.

A medida é estratégica para a Türkiye, que há décadas opera o F-16 como seu único caça de linha, enquanto a frota de F-4E permanece dedicada principalmente a missões de ataque. A introdução de Eurofighters representará um salto qualitativo para a Força Aérea Turca, especialmente em operações de superioridade aérea e combate além do alcance visual.

Caso a transferência seja efetivada, a frota turca de Eurofighters praticamente dobrará, somando-se às 20 aeronaves novas cuja aquisição já foi pactuada com o Reino Unido. Embora usados, os caças cedidos pelo Catar têm menos de cinco anos de operação, preservando alto valor tecnológico e vida útil extensa.

Equipamentos e capacidades

A variante Tranche 3A se destaca pela possibilidade de substituir o radar mecânico Captor-M pelo avançado radar AESA da série Captor-E, equipado com tecnologia de varredura ativa e capacidade de pivotamento, ampliando significativamente a área de rastreamento e a consciência situacional em combate.

Os novos Eurofighters que serão fabricados para a Türkiye deverão empregar o Captor-E, provavelmente na versão ECRS Mk2, já escolhida pelo Reino Unido e Itália para suas frotas. Esse radar oferece capacidades aprimoradas de guerra eletrônica, superando amplamente o ECRS Mk0 básico. Países como Espanha e Alemanha seguem um caminho diferente, adotando o ECRS Mk1 em seus programas.

Outro diferencial relevante é a compatibilidade dos Eurofighters do Catar com sistemas de armas avançados, como o míssil ar-ar de longo alcance Meteor, dotado de motor ramjet, e o míssil ar-superfície Brimstone, reconhecido por sua precisão em alvos móveis.

Ampliação de capacidades estratégicas

Para Ancara, a introdução do Eurofighter representa mais do que fortalecer a frota, simboliza a diversificação de fornecedores e uma menor dependência tecnológica dos Estados Unidos, especialmente em um momento em que negociações relacionadas ao F-16 Block 70 encontram obstáculos políticos.

Ao mesmo tempo, o acordo reforça a aproximação entre Türkiye e Catar em matéria de defesa, consolidada por uma série de entendimentos estratégicos construídos nos últimos anos.

Se concluída, a transferência não apenas permitirá que a Türkiye se familiarize rapidamente com a plataforma, como também garantirá uma transição mais suave para os futuros lotes produzidos sob encomenda.


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Beowulf - Canadá avança em mobilidade no Ártico com parceria entre BAE Systems e GDLS

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A BAE Systems e a General Dynamics Land Systems formalizaram uma parceria estratégica para oferecer o veículo todo-terreno BvS10 Beowulf ao projeto de Aprimoramento da Mobilidade no Ártico Canadense (DAME), do Exército do Canadá. O acordo combina a expertise da BAE Systems Hägglunds no desenvolvimento de plataformas de alta mobilidade e a capacidade da GDLS de fornecer suporte em serviço de longo prazo em território canadense.

“A capacidade de operar no Ártico é crucial para o Canadá, e o Beowulf impulsionará os objetivos estratégicos atuais e futuros devido à sua capacidade de operar em temperaturas extremas e terrenos inóspitos”, afirmou Tommy-Gustafsson-Rask, diretor-geral da BAE Systems Hägglunds. Ele destacou ainda que a linha de produção consolidada e a cadeia de suprimentos integrada garantem disponibilidade de peças e sustentação contínua.

O Beowulf é um veículo de carroceria dupla com elevada mobilidade fora de estrada, projetado para superar lama, areia, turfeiras, neve, gelo e águas profundas graças às suas capacidades anfíbias. Baseado na família BvS10, já operada por oito nações, incluindo seis membros da OTAN, o sistema oferece maturidade tecnológica e reduzido risco operacional para missões em ambientes extremos.

Para a GDLS, o projeto reforça décadas de parceria com as Forças Armadas Canadenses. “Estamos orgulhosos de trazer o Beowulf para atender aos requisitos do DAME”, afirmou Dave Haggerty, vice-presidente e gerente-geral da GDLS-Canadá. Segundo ele, a expertise acumulada pela empresa permitirá fornecer componentes produzidos no Canadá e adaptados às necessidades nacionais, garantindo relevância operacional e logística ao longo de todo o ciclo de vida do veículo.

BAE Systems Hägglunds e GDLS destacaram que a proposta oferece ao Canadá uma capacidade robusta e comprovada, apta a permitir presença sustentada no Ártico e resposta eficaz a ameaças emergentes em coordenação com aliados.

Solução para o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil?

Embora concebido para o ambiente ártico, o BvS10 Beowulf apresenta características que dialogam diretamente com necessidades atuais e futuras do Corpo de Fuzileiros Navais, sobretudo com a futura incorporação do ex-HMS Bulwark, agora NDM Oiapoque, que ampliará o alcance expedicionário da Força.

Com sua carroceria dupla, baixa pressão sobre o solo e elevada mobilidade em terrenos saturados ou destruídos, o Beowulf pode oferecer ganhos significativos em operações anfíbias, ribeirinhas, litorâneas e em áreas afetadas por desastres naturais. Essa versatilidade interessa especialmente diante dos recentes cenários de atuação do CFN em apoio à população nas enchentes do Rio Grande do Sul e nos deslizamentos no litoral paulista, quando equipes enfrentaram vias colapsadas, áreas totalmente alagadas e regiões isoladas onde a mobilidade terrestre convencional se tornou inviável.

Plataformas como o Beowulf reduziriam esses gargalos, permitindo alcançar rapidamente zonas isoladas, transportar suprimentos, retirar desabrigados e dar apoio logístico em cenários extremos. Sua modularidade também permite configurar versões para transporte de tropas, evacuações médicas, comunicações e apoio humanitário, capacidades essenciais para missões de Defesa Civil e operações interagências.

Em um momento em que o CFN revisita seu portfólio de meios e avalia soluções de alta mobilidade leve, o Beowulf surge como uma opção tecnicamente coerente para complementar as capacidades que o NDM Oiapoque trará à Marinha do Brasil, reforçando a prontidão expedicionária e a capacidade de resposta em ambientes desafiadores.


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Seis países europeus avançam em cooperação para possível aquisição conjunta do veículo de combate CV90

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Seis países europeus deram um novo passo rumo a uma potencial aquisição multinacional do veículo de combate de infantaria CV90 ao assinarem, em 12 de novembro de 2025, um documento de entendimento que reforça a coordenação técnica e operacional entre as nações. Finlândia, Suécia, Noruega, Lituânia, Estônia e Holanda confirmaram que o acordo servirá como base para avaliações conjuntas e para o alinhamento no desenvolvimento futuro da plataforma.

A assinatura foi anunciada pela Administração Sueca de Material de Defesa (FMV), que classificou o acordo como um marco importante na cooperação de defesa nórdico-báltica. O órgão destacou que o CV90, conhecido na Suécia como Stridsfordon 90, ocupa papel central nos esforços regionais de modernização de capacidades terrestres. O documento decorre de uma Declaração de Intenções firmada pelos ministros da Defesa no início do ano, voltada à preparação de uma possível aquisição coletiva.

Segundo a FMV, as frotas de CV90 operadas pelos países envolvidos formarão, em conjunto, uma capacidade expressiva no âmbito da OTAN, ampliando a dissuasão e o nível de prontidão militar em todo o flanco norte da aliança. O órgão também ressaltou que a cooperação permitirá reduzir custos, otimizar prazos de entrega e elevar a eficiência logística e de manutenção do sistema.

A diretora interina de Material de Defesa da Suécia, Eva Hagwall, afirmou que a iniciativa representa um avanço concreto em direção à expansão conjunta da frota de CV90. Para ela, o compartilhamento de um mesmo sistema de veículos facilita a interoperabilidade entre as forças armadas dos países, especialmente nos campos de manutenção, apoio e desenvolvimento tecnológico. Hagwall destacou ainda que a colaboração em aquisições de grande porte é essencial para fortalecer a capacidade de defesa coletiva entre aliados.

A Finlândia também destacou a relevância estratégica da iniciativa, afirmando que a aquisição de novos veículos de combate está alinhada às diretrizes do Relatório de Defesa nacional. O ministro da Defesa, Antti Häkkänen, afirmou que o projeto está diretamente relacionado ao aumento do poder de fogo e da mobilidade das tropas, à substituição de blindados em processo de desativação e à necessidade de ampliar o número de veículos disponíveis diante do atual cenário de ameaças. Segundo ele, as compras conjuntas buscam ganhos de escala, maior compatibilidade, interoperabilidade e segurança de fornecimento, além de benefícios logísticos de longo prazo.

Hoje, o CV90 está presente nas frotas de dez países europeus. A variante avaliada pelo grupo deverá manter compatibilidade com a selecionada por três dos parceiros e conservar características essenciais com modelos empregados por outros cinco, reforçando a interoperabilidade entre os participantes. Essa convergência técnica é vista pelos países como uma forma de garantir coesão operacional e sustentabilidade ao longo de todo o ciclo de vida do sistema.

Embora não seja juridicamente vinculativo, o documento firmado cria as bases para uma cooperação mais profunda entre os seis países e fortalece o esforço coletivo de desenvolvimento do CV90. Ele dá continuidade ao compromisso firmado em 5 de junho de 2025, quando os parceiros decidiram avançar nas análises e preparativos para uma potencial aquisição conjunta da plataforma.

CV90-120 no radar brasileiro

A variante CV90-120, armada com canhão de 120 mm e classificada como carro de combate leve, aparece entre as opções avaliadas de forma preliminar para futuros programas do Exército Brasileiro e do Corpo de Fuzileiros Navais. O modelo disputa espaço com o Tulpar, desenvolvido na Türkiye, ambos oferecendo alto poder de fogo, mobilidade e modularidade para operações mecanizadas.

O interesse brasileiro decorre da necessidade de renovar meios de combate e adotar plataformas mais ágeis e versáteis, capazes de atuar em diferentes ambientes e integradas a novos sistemas de comando e controle. Ainda sem definições oficiais, o cenário indica que veículos como o CV90-120 tendem a figurar entre os principais concorrentes.


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com Defence Industry Europe

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Elbit Systems apresenta sistema HR-MWS PAWS-2 com alta resolução e capacidade ampliada de detecção de mísseis

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A Elbit Systems divulgou novos detalhes sobre o PAWS-2(HR), a versão de alta resolução de seu sistema infravermelho de alerta de mísseis, projetado para ampliar a proteção de aeronaves de combate, transporte e helicópteros em cenários operacionais cada vez mais complexos. Com ameaças modernas baseadas em sensores infravermelhos passivos e sistemas eletro-ópticos se tornando predominantes no campo de batalha, a detecção precoce deixou de ser apenas uma vantagem e se tornou um requisito vital para a sobrevivência da plataforma e da tripulação.

O PAWS-2(HR) foi desenvolvido para responder a esse desafio. O sistema utiliza um sensor MWIR refrigerado de nova geração, derivado da família Common-MAWS, que opera com resolução superior a 5 megapixels. Essa combinação permite identificar lançamentos de mísseis a longas distâncias com grande precisão, garantindo tempo adicional para a ativação de contramedidas. Projetado para operar em ambientes densos, saturados por múltiplas ameaças e interferências, o sistema mantém baixos índices de alarmes falsos graças a algoritmos avançados de processamento de imagem e à discriminação eficiente entre objetos estáticos e dinâmicos.

Segundo a empresa, o PAWS-2(HR) é capaz de detectar uma ampla variedade de ameaças, incluindo mísseis terra-ar, ar-ar e MANPADS, independentemente do tipo de buscador empregado. O sistema também amplia a consciência situacional da tripulação ao identificar com precisão o ponto de lançamento e ao geolocalizar vetores inimigos, permitindo que as aeronaves adotem manobras evasivas e acionem contramedidas de forma automática, quando configuradas dessa maneira.

Além da detecção antecipada de mísseis guiados, o HR-MWS incorpora a capacidade de identificar disparos de armas leves, lançamentos de RPG e até mísseis anticarro nas proximidades da aeronave, aumentando o nível de alerta em operações de baixa altitude ou em zonas urbanas. A taxa de amostragem elevada do sensor contribui para essa versatilidade, fornecendo dados contínuos para o sistema de autoproteção da aeronave.

Com maior separação angular entre ameaças próximas e precisão superior no cálculo de tempo de impacto, o PAWS-2(HR) facilita o gerenciamento de múltiplos engajamentos simultâneos, situação comum em guerras modernas. Essa capacidade é especialmente relevante em teatros onde aeronaves enfrentam camadas sobrepostas de defesa inimiga, combinando sistemas de radar, sensores infravermelhos e armamentos guiados.

O sistema foi projetado para integração em plataformas de diferentes portes e finalidades, reforçando a tendência global de ampliar a proteção passiva e ativa das aeronaves diante da proliferação de mísseis de curto alcance e de baixo custo.

A Elbit Systems destaca que o PAWS-2(HR) já se encontra em estágio maduro, sendo um sistema testado e comprovado, pronto para atender demandas de forças aéreas que buscam ampliar a capacidade de sobrevivência de suas aeronaves em cenários onde a ameaça de mísseis é constante.


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com Elbit Systems



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Operação Membeca 2025 mobiliza 1.800 militares no maior exercício do CML

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O Comando Militar do Leste, por meio da 1ª Divisão de Exército, mobilizou mais de 1.800 militares durante a Operação Membeca 2025, realizada entre 3 e 13 de novembro, no Campo de Instrução da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende. O exercício, o maior conduzido pelo CML no ano, reforçou o papel da preparação contínua e realista na manutenção da capacidade operacional do Exército Brasileiro, reunindo tropas de diferentes especialidades em cenários complexos e de alta intensidade.

Realizada anualmente, a Operação Membeca é um dos principais exercícios de adestramento avançado das tropas do Comando Militar do Leste. A atividade simula operações de guerra envolvendo o emprego combinado de viaturas blindadas, aeronaves, sistemas de defesa cibernética, estruturas modernas de comando e controle, além de amplo apoio logístico e tecnologias de simulação de combate. O objetivo é garantir que as unidades possam atuar com eficiência em ambientes dinâmicos, onde a coordenação entre diferentes meios é decisiva para o êxito das operações.

Ao longo desta edição, os militares executaram uma série de ações que refletem os desafios contemporâneos do campo de batalha. Entre elas, operações de proteção de civis em áreas de combate, tiro real de artilharia com observação embarcada, exercícios de Posto de Observação para Oficiais e Quadros, atividades logísticas diversas, procedimentos de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN) e a condução de um ataque coordenado com emprego de meios mecanizados e dispositivos de simulação de engajamento tático, encerrando com uma ação de junção envolvendo múltiplas frações.

O Centro de Coordenação de Operações do CML estruturou o exercício em fases sucessivas, começando pela emissão das ordens iniciais, realizada pelo Comandante Militar do Leste, General de Exército Kleber Nunes de Vasconcellos. A partir daí, foram planejados o deslocamento, a concentração estratégica e a integração de todos os meios envolvidos, reforçando a capacidade de pronta resposta das tropas subordinadas ao Comando.

Entre os equipamentos empregados na Operação, destacaram-se as viaturas blindadas Guarani, Cascavel e Lince, além dos helicópteros HM-4 Jaguar e HM-1 Pantera, do Comando de Aviação do Exército. Todas as funções de combate da Doutrina Militar Terrestre foram integradas, com emprego de modernos sistemas de Comando e Controle, Comunicações e Informática (C3I), bem como de Inteligência, Reconhecimento, Vigilância e Aquisição de Alvos (IRVA). Plataformas de tiro direto e indireto, incluindo metralhadoras, canhões, obuses e morteiros, foram empregadas com munições dos calibres 5,56 mm, 7,62 mm, 90 mm, 105 mm e 155 mm.

A integração com instituições civis também marcou a Operação. Discentes da Escola Superior de Guerra, do Instituto Meira Mattos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e alunos da Universidade Estácio de Sá acompanharam demonstrações táticas, como ataques coordenados e ações de proteção a civis, observando de perto a complexidade das operações e o grau de coordenação entre os diversos meios empregados.

A Operação Membeca 2025 foi encerrada no dia 13 de novembro, em uma formatura alusiva à data natalícia do Marechal João Baptista Mascarenhas de Moraes, comandante da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial. A cerimônia sintetizou o espírito de preparo, prontidão e profissionalismo que guiou todo o exercício e marcou o encerramento das instruções do ano para as tropas do Comando Militar do Leste.


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com Exército Brasileiro 

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Forças israelenses disparam contra tropas da ONU no Líbano, conheça o cenário

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Forças militares de Israel abriram fogo, de forma não intencional, contra soldados da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil) neste domingo (16), no sul do país. O episódio, que não deixou feridos, foi classificado pela missão de paz como uma violação grave da Resolução 1701, que rege as condições de segurança na região fronteiriça.

Segundo os militares israelenses, os disparos ocorreram durante uma ação contra dois indivíduos considerados suspeitos na área de El Hamames, próxima à fronteira. As tropas afirmaram que, devido às más condições climáticas, os soldados da ONU foram identificados erroneamente, levando à abertura de fogo. O incidente está sob investigação.

A Unifil relatou que os tiros partiram de um carro de combate Merkava posicionado dentro do território libanês. Os disparos de metralhadora pesada atingiram o solo a poucos metros dos mantenedores da paz, que se deslocavam a pé e precisaram buscar abrigo imediato. A situação só foi normalizada após contato direto da missão da ONU com as forças israelenses pelos canais oficiais, o que levou à retirada do veículo blindado.

Em comunicado, a Unifil destacou que o episódio representa uma violação direta da Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que determina que nenhuma força armada, além das forças de paz e dos militares libaneses, pode operar no sul do Líbano. O dispositivo também estabelece medidas para evitar escaladas e preservar a estabilidade na linha de demarcação entre Líbano e Israel.

O Exército libanês reagiu afirmando que ações desse tipo reforçam a instabilidade na região e dificultam a atuação das próprias forças libanesas no sul do país. O governo também acusa Israel de manter posições militares e realizar operações aéreas no território libanês, contrariando o acordo firmado no último cessar-fogo.

Embora Israel e o Hezbollah tenham estabelecido um cessar-fogo no ano passado, as tensões persistem. Tel Aviv acusa o grupo libanês, apoiado pelo Irã, de tentar restabelecer e ampliar seu arsenal no sul. Já o governo do Líbano e a Unifil reiteram que Israel não cumpriu integralmente sua parte no acordo, ao manter presença militar em território libanês e continuar realizando ataques aéreos.

O episódio deste domingo soma-se a uma série de incidentes que demonstram a fragilidade da trégua e o risco de escalada na fronteira, onde qualquer erro de identificação, como o ocorrido, pode rapidamente se transformar em crise diplomática ou militar.

Incidentes recentes envolvendo Israel, Líbano e a Unifil

A presença da Unifil no sul do Líbano há quase cinco décadas tem sido marcada por episódios de tensão frequentes entre as forças israelenses, grupos armados libaneses e tropas de manutenção da paz. A seguir, alguns dos principais acontecimentos dos últimos anos que ajudam a contextualizar o incidente mais recente:

• Confrontos esporádicos ao longo da Linha Azul

Trocas de tiros entre posições israelenses e áreas controladas pelo Hezbollah ocorrem periodicamente, muitas vezes sem vítimas, mas suficientes para elevar o alerta na região. A Unifil costuma intervir rapidamente para evitar escaladas.

• Aumento das operações aéreas israelenses

Nos últimos anos, Israel intensificou sobrevoos e ataques aéreos contra alvos atribuídos ao Hezbollah no sul do Líbano e no interior do país. Beirute denuncia essas ações como violações da soberania e da Resolução 1701.

• Danos a equipamentos e veículos da ONU

Patrulhas da Unifil já relataram situações em que tiros de advertência ou disparos de origem desconhecida atingiram veículos e equipamentos da missão. Em alguns casos, drones de monitoramento foram derrubados.

• Restrições de acesso impostas por grupos locais

A Unifil enfrenta obstáculos ocasionais para circular livremente em áreas rurais controladas por milícias. Moradores, em alguns casos incentivados por grupos armados, bloqueiam estradas ou cercam veículos da missão.

• Ocupação de posições avançadas por Israel

Israel mantém postos militares avançados dentro do território libanês, o que o governo de Beirute considera uma violação continuada da 1701. Esses postos costumam ser pontos de atrito, com relatos de hostilidade entre patrulhas.

• Tensões durante períodos de negociação política

Sempre que há negociações envolvendo fronteiras, exploração de gás no Mediterrâneo ou cessar-fogos parciais, os incidentes tendem a aumentar, já que cada movimentação militar é interpretada como tentativa de influenciar acordos.

A repetição desses episódios mostra que, apesar do trabalho de mediação e vigilância da Unifil, o sul do Líbano continua sendo uma das áreas mais sensíveis do Oriente Médio. Situações de erro de identificação, como a registrada no domingo, reforçam o risco permanente de escaladas não intencionais.

O que é a Resolução 1701 da ONU e por que ela é central para a segurança no sul do Líbano

A Resolução 1701 foi aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em agosto de 2006, ao final da guerra entre Israel e o Hezbollah. O texto estabeleceu um conjunto de medidas destinadas a reduzir tensões na região e criar condições mínimas de estabilidade na fronteira.

Os principais pontos da resolução incluem:

• cessar imediato das hostilidades entre Israel e Hezbollah

• retirada das forças israelenses do território libanês

• proibição de qualquer grupo armado operando ao sul do rio Litani, exceto o Exército libanês e a Unifil

• reforço do mandato da Unifil, que passou a atuar com efetivo ampliado e maior liberdade de monitoramento

• apoio internacional à consolidação da presença das forças oficiais libanesas na região

Na prática, a 1701 funciona como o arcabouço jurídico que limita movimentos militares de ambos os lados e cria um perímetro de segurança. Qualquer violação, como entrada de tropas não autorizadas, disparos transfronteiriços ou ataques aéreos, é considerada uma ruptura direta das obrigações impostas pela comunidade internacional.

Apesar de ter reduzido a intensidade dos confrontos ao longo dos anos, a resolução é frequentemente descumprida, seja por operações israelenses em território libanês, seja por tentativas do Hezbollah de manter sua infraestrutura no sul. Esse cenário de violações recorrentes mantém a região em constante tensão.

Como funciona o patrulhamento da Unifil no sul do Líbano

A Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil) é composta por militares de dezenas de países, com efetivo superior a 10 mil integrantes entre tropas terrestres, unidades navais e equipes de observação. O patrulhamento é o eixo central de sua missão e segue protocolos rígidos para reduzir tensões e monitorar eventuais violações na região.

O patrulhamento é realizado de três formas principais:

• patrulhas terrestres - São feitas diariamente em veículos blindados leves, caminhonetes e, em áreas mais sensíveis, também a pé. As rotas cobrem estradas principais, vilas e áreas rurais próximas à Linha Azul, a fronteira demarcada pela ONU. Durante as rondas, os militares verificam movimentações suspeitas, presença de infraestrutura militar irregular e eventuais danos provocados por ataques.

• postos de observação fixos - A Unifil mantém dezenas de bases e torres de vigilância ao longo da região. Nesses pontos, militares monitoram continuamente a movimentação no terreno e registram qualquer atividade que possa violar a Resolução 1701, seja de forças israelenses, do Hezbollah ou de outras milícias.

• apoio aéreo e naval - Helicópteros de reconhecimento realizam voos periódicos sobre a zona de responsabilidade da Unifil, auxiliando na identificação de obras, movimentações de tropas e incidentes em áreas de difícil acesso. No mar, a Força-Tarefa Marítima da missão patrulha a costa libanesa e atua no controle do tráfego naval, garantindo que embarcações não transportem armas ilegalmente.

A Marinha do Brasil por anos atuou com navios na Unifil 

O trabalho da Unifil é pautado por regras de engajamento estritas, que limitam o uso da força a situações de autodefesa. A missão também mantém diálogo permanente com o Exército libanês e com representantes israelenses por meio da chamada “tripartite”, uma mesa de coordenação dedicada a resolver incidentes e prevenir escaladas.

Apesar da estrutura ampla, o patrulhamento enfrenta desafios frequentes, como restrições de acesso em áreas controladas por milícias, condições climáticas adversas e a constante tensão militar ao longo da fronteira.

Carro de combate Merkava: características e papel na doutrina militar israelense

O Merkava é o principal carro de combate de Israel e um dos blindados mais conhecidos do mundo pela combinação entre poder de fogo, proteção blindada e foco no aumento da sobrevivência da tripulação. Desenvolvido por Israel após o embargo britânico na década de 1970, o projeto tornou-se um símbolo da autonomia industrial e militar israelense.

O Merkava possui um conjunto de características projetadas de acordo com a experiência operacional do país:

• motor posicionado na parte frontal do chassi, criando uma barreira adicional de proteção para a tripulação

• compartimento traseiro multifuncional, capaz de transportar munição extra, evacuar feridos ou embarcar pequenos grupos de soldados

• canhão principal de 120 mm nas versões mais recentes, com capacidade para empregar munições modernas e de longo alcance

• sistema avançado de controle de tiro, permitindo engajar alvos em movimento e operar em condições climáticas adversas

• blindagem modular e sistemas ativos de proteção, como o Trophy, capaz de interceptar foguetes e projéteis anticarro antes do impacto

Embora desenvolvido para combates de alta intensidade, o Merkava também é utilizado em funções de vigilância e controle de áreas fronteiriças, principalmente em terrenos onde Israel busca manter vantagem de observação e proteção.

No incidente com a Unifil, a presença de um Merkava dentro do território libanês foi considerada uma violação significativa, dada a sensibilidade da fronteira e o histórico de tensões regulado pela Resolução 1701.


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Ucrânia firma acordo para adquirir até 100 caças Rafale da França

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o presidente francês, Emmanuel Macron, assinaram nesta segunda-feira (17) um acordo ambicioso de cooperação militar em Paris, que prevê a futura compra de até 100 aeronaves de combate Dassault Rafale, sistemas avançados de defesa aérea e drones. A assinatura ocorreu na base aérea de Villacoublay, ao sudoeste da capital francesa, durante uma cerimônia marcada por simbolismo político e militar.

Segundo o Palácio do Eliseu, o documento constitui uma declaração de intenções válida por cerca de dez anos, que abre caminho para contratos futuros envolvendo caças Rafale, o novo sistema de defesa aérea SAMP-T de última geração, ainda em desenvolvimento, além de radares de alta capacidade. O pacote também contempla bombas AASM Hammer e diversos modelos de drones.

Em publicação na rede X, Zelensky classificou o acordo como “verdadeiramente histórico para ambas as nações”, ressaltando que o reforço militar representa um passo essencial para a segurança da Ucrânia diante da continuidade dos combates e da pressão crescente nas frentes de batalha.

"Será a melhor defesa aérea, uma das melhores do mundo", afirmou o presidente ucraniano, ao lado de Macron, tendo ao fundo um caça Rafale e as bandeiras dos dois países.

Projetos conjuntos entre as indústrias de defesa ucraniana e francesa devem começar ainda este ano. Entre as iniciativas previstas estão a coprodução de drones interceptores, além do desenvolvimento de tecnologias e componentes críticos a serem integrados em sistemas aéreos não tripulados de origem ucraniana.

O presidente ucraniano já havia assinado, no mês anterior, uma carta de intenções para adquirir entre 100 e 150 caças Gripen, de fabricação sueca, ampliando a estratégia de diversificação e modernização da Força Aérea ucraniana.

A visita a Villacoublay ocorreu em um momento sensível, no qual a França busca reafirmar seu compromisso com Kiev enquanto a Ucrânia enfrenta dificuldades simultâneas na linha de frente e uma crise política interna marcada por denúncias de corrupção.

Durante a cerimônia, após a execução dos hinos nacionais e a inspeção das tropas, Macron apresentou ao presidente ucraniano diversos sistemas militares franceses de última geração, incluindo o Rafale, mísseis SAMP/T NG e Aster 30 B NT, radares GF 300 e novos modelos de drones.

Depois da passagem pela base aérea, os dois líderes seguiram para uma reunião com integrantes da coligação de voluntários, grupo formado por 35 países que trabalha na elaboração de garantias de segurança para a Ucrânia caso um eventual acordo de cessar-fogo com a Rússia avance.

Zelensky continuará sua agenda internacional nesta terça-feira, com viagem oficial programada para a Espanha.

Comparativo entre os caças Rafale e Gripen

A possível aquisição pela Ucrânia de dois modelos distintos de aeronaves de combate de última geração, o francês Dassault Rafale e o sueco Saab Gripen, evidencia a busca ucraniana por diversificação, resiliência operacional e interoperabilidade com diferentes parceiros internacionais. Embora ambos sejam considerados plataformas avançadas, apresentam diferenças significativas em custo, filosofia de projeto, capacidades e exigências logísticas.


Origem, conceito e papel estratégico

O Rafale foi desenvolvido pela França como um caça multifunção pesado, capaz de executar uma ampla gama de missões, incluindo ataque profundo, interdição marítima, supressão de defesas aéreas, superioridade aérea e operações embarcadas em porta-aviões. Já o Gripen segue a linha nórdica de um caça leve, altamente eficiente, de operação simplificada e com custos mais baixos, ideal para países que buscam elevada disponibilidade e manutenção descomplicada, mesmo em bases dispersas.

Desempenho e capacidades

O Rafale se destaca pelo alcance maior, maior carga útil de armas e sensores mais robustos, incluindo o radar AESA RBE2-AA, sistemas de guerra eletrônica SPECTRA e a capacidade de empregar mísseis de longo alcance como o Meteor e o Scalp/Storm Shadow. Sua arquitetura permitem operações de alto risco e cenários de guerra intensiva, sendo amplamente utilizado pela França em operações reais no Oriente Médio e África.

O Gripen, especialmente nas versões mais recentes como o Gripen E, possui radar AESA Raven, suíte de guerra eletrônica de última geração e capacidade de empregar armas modernas como Meteor e IRIS-T. Seu diferencial está na eficiência: pode operar em pistas curtas, ou mesmo a partir de rodovias, exige equipes menores de apoio e tem elevado índice de prontidão.

Logística e custos operacionais

O Rafale é mais caro tanto na aquisição quanto no ciclo de vida, exigindo maior estrutura de apoio, maior consumo de combustível e manutenção mais complexa, características naturais de um caça bimotor com maior capacidade de combate.

O Gripen, por sua vez, foi projetado para ser barato de operar e de fácil manutenção, demandando menos horas-homem entre missões e oferecendo custos de operação significativamente mais baixos.

Considerações estratégicas para a Ucrânia

A opção por adquirir ambos os modelos poderia proporcionar vantagens complementares: o Rafale assumiria missões de maior intensidade, incluindo ataques estratégicos e defesa aérea de longo alcance, enquanto o Gripen poderia oferecer elevada disponibilidade, tempo de resposta rápido e melhor adequação a bases dispersas, crucial em um conflito no qual infraestrutura fixa é alvo recorrente.


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domingo, 16 de novembro de 2025

A Inteligência Artificial na Defesa: riscos, oportunidades e o novo desafio estratégico do século XXI

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A Inteligência Artificial entrou definitivamente no campo da Defesa não como uma simples ferramenta, mas como um novo eixo estruturante. Estados que antes disputavam supremacia por alcance, blindagem ou tonelagem agora competem por arquitetura cognitiva, capacidade de processamento e integração de sensores. A guerra deixou de ser apenas confronto de forças e passou a ser também confronto de inteligências. É uma transformação que reorganiza o modo de operar, o tempo da decisão e a forma como o poder militar se projeta.

A mudança, entretanto, não ocorre de maneira homogênea. Ela atravessa múltiplos níveis: estratégico, operacional, tático e logístico. Ela redefine o papel do humano, introduz dilemas éticos, cria vulnerabilidades inéditas e obriga governos a pensar em uma doutrina que garanta controle, legitimidade e responsabilidade no emprego da IA.

Neste relatório, mergulhamos de forma profunda e contextualizada nos principais vetores dessa revolução, analisando riscos, desafios, oportunidades e implicações para as nações que desejam manter relevância no cenário global.

A evolução silenciosa que reconfigura a Defesa

A IA ingressou nas Forças Armadas pela via discreta da automatização de tarefas, mas rapidamente expandiu seu alcance. Primeiro auxiliou na gestão logística, depois ajudou a interpretar imagens de satélite, e hoje participa de processos decisórios complexos que antes eram exclusivos do ser humano. A velocidade dessa evolução, impulsionada por modelos mais poderosos e bancos de dados cada vez mais amplos, tornou inevitável sua adoção em ambientes de alto risco e alta pressão.

Os Estados que compreenderam cedo o potencial dessa tecnologia começaram a estruturar programas de modernização voltados não apenas à aquisição de equipamentos, mas à criação de ecossistemas inteligentes. A IA deixou de ser um acessório tecnológico e tornou-se o centro nervoso das operações multidomínio. Plataformas de superfície, aeronaves, veículos terrestres, radares, redes de comunicação e armas passaram a operar sob orientação cognitiva. O campo de batalha tornou-se um ambiente onde a capacidade de perceber primeiro, decidir primeiro e agir primeiro vale mais do que qualquer blindagem.

A IA marca o início de uma era em que a supremacia depende mais da qualidade da informação do que da massa de equipamentos.

Arquitetura da Defesa orientada por dados: a IA como novo centro de gravidade estratégico

A transformação em curso não é fruto de um único sistema, mas de uma lógica que reorganiza toda a arquitetura da Defesa. O ponto de partida é o ambiente informacional, hoje formado por uma enorme diversidade de sensores: satélites ópticos e SAR, radares de varredura eletrônica, sistemas de inteligência de sinais, câmeras térmicas, UAVs, UGVs, UUVs, meios navais e terrestres equipados com sensores distribuídos, além de redes civis que produzem dados valiosos. Esse universo, impossível de ser interpretado integralmente por analistas humanos, é assumido pela IA como matéria-prima.

A inteligência artificial absorve esse volume colossal de dados e gera consciência situacional ampliada, revelando padrões e correlações invisíveis em análises convencionais. A detecção de movimentos de tropas, mudanças de assinatura eletromagnética, alteração no comportamento térmico de veículos, variações no tráfego de comunicações ou anomalias em rotas marítimas deixam de ser meros eventos dispersos e passam a compor um quadro analítico integrado.

Esse núcleo cognitivo se conecta a plataformas cada vez mais autônomas. Drones deixam de ser apenas extensões do operador e se tornam capazes de navegar, reconhecer, escolher rotas e reagir a mudanças ambientais. Veículos terrestres robóticos atuam como sensores avançados de tropas mecanizadas. Sistemas navais autônomos varrem áreas inteiras sem supervisão direta. A autonomia não substitui o operador humano, mas o multiplica — um militar passa a controlar diversos meios simultaneamente.

O salto decisivo, contudo, ocorre na dinâmica da decisão. Defesa é essencialmente tomada de decisão sob incerteza. A IA reduz o ciclo sensor-decisor-engajamento de minutos para segundos. Ao analisar múltiplas variáveis simultaneamente, ela propõe cursos de ação, calcula riscos e antecipa movimentos inimigos. A supremacia passa, então, a depender de velocidade cognitiva. Na prática, vence quem processa mais dados com maior eficiência.

Os centros de Comando e Controle se adaptam a essa nova realidade. De estruturas rígidas e hierarquizadas, evoluem para redes dinâmicas onde sistemas inteligentes filtram informações irrelevantes, priorizam ameaças e fornecem aos comandantes uma imagem viva do teatro de operações. A IA generativa sintetiza relatórios, avalia hipóteses, explica cenários e cria projeções que antes exigiam equipes inteiras trabalhando por horas.

A logística passa por uma revolução igualmente profunda. Cadeias de suprimento se tornam inteligentes, capazes de prever falhas, ajustar rotas, reorganizar estoques e prever gargalos. A manutenção deixa de ser corretiva ou programada e passa a ser preditiva, reduzindo custos e aumentando disponibilidade. A IA observa desgaste, consumo, temperatura, vibração, histórico e condições ambientais, elaborando modelos que antecipam necessidades.

A guerra eletrônica e o ciberespaço tornam-se domínios onde a IA opera com liberdade e precisão. No espectro, algoritmos identificam assinaturas mínimas, distinguem alvos reais de falsas emissões, adaptam jammers em tempo real e desvendam padrões de operação de radares inimigos. No ciberespaço, a IA conduz ataques e defesas em microssegundos, identificando vulnerabilidades e adaptando contramedidas de forma contínua.

O que emerge desse conjunto é uma nova espinha dorsal da Defesa: uma malha cognitiva que conecta satélites, sensores, plataformas, centros de comando e operadores em um único ecossistema inteligente. O poder militar passa a ser definido pela integração e pelo domínio da informação.

Riscos estratégicos e vulnerabilidades emergentes

A expansão da IA na Defesa cria oportunidades extraordinárias, mas também riscos que precisam ser enfrentados com seriedade. O primeiro deles é a erosão do controle humano em ciclos decisórios cada vez mais automatizados. Sistemas que operam em microssegundos podem, em determinadas situações, tomar decisões sem supervisão adequada. É fundamental estabelecer limites claros de uso, doutrina consistente e camadas redundantes de controle humano.

A vulnerabilidade cibernética cresce proporcionalmente. Quanto mais conectado e inteligente o sistema, maior será o impacto de uma falha ou invasão. Adversários podem explorar vulnerabilidades, manipular dados, corromper algoritmos ou interferir em redes de comando. A segurança passa a depender de resiliência, criptografia, isolamento e monitoramento contínuo.

O campo da desinformação também ganha força. A IA pode ser usada para gerar comunicações falsas, simular mensagens legítimas, manipular dados ou criar narrativas artificiais capazes de influenciar decisões políticas e militares. Forças de Defesa precisam desenvolver mecanismos de autenticação, verificação e auditoria para impedir que operações sejam influenciadas por informações fabricadas.

A escalada inadvertida é outro risco. Sistemas autônomos operando em ambientes tensos, saturados e imprevisíveis podem interpretar sinais de forma errada, produzindo respostas desproporcionais. Por isso, a interoperabilidade, os padrões éticos e os protocolos de engajamento precisam ser cuidadosamente planejados.

Por fim, existe a disputa pelo monopólio tecnológico. Nações que dominarem a IA de Defesa definirão padrões globais, terão vantagens estratégicas significativas e poderão impor dependências tecnológicas a países menos desenvolvidos. Isso exige que nações emergentes invistam em soberania tecnológica e na integração de suas Bases Industriais de Defesa.

Oportunidades estratégicas e o fortalecimento da autonomia

Apesar dos riscos, a IA abre caminhos extraordinários. Ela permite que Estados com recursos limitados ampliem seu poder de dissuasão, reduzam custos operacionais e aumentem a eficiência de suas forças. Abre espaço para novas indústrias, cria demanda por especialistas e estimula o desenvolvimento científico. Além disso, aumenta a capacidade de monitoramento de fronteiras, combate a ilícitos, operações de busca e salvamento e apoio a desastres naturais.

A IA ajuda a preservar vidas ao assumir tarefas de alto risco. Permite que pequenas unidades operem com maior eficiência. Viabiliza o conceito de enxames de drones. Reforça a defesa aérea, naval, terrestre e cibernética. Abre caminho para a modernização de arsenais e para a criação de novas doutrinas. No longo prazo, a IA pode ser decisiva para garantir autonomia estratégica e reduzir dependências externas.

A próxima década definirá quem terá relevância

A Inteligência Artificial é, acima de tudo, uma disputa por soberania. Estados que investirem em pesquisa, doutrina, segurança cibernética, infraestrutura de dados e integração industrial terão vantagem significativa. Aqueles que hesitarem se tornarão dependentes de soluções estrangeiras, com impacto direto na capacidade de defesa e na autonomia política.

A IA não substitui o humano, amplifica sua capacidade. Ela reorganiza a lógica da Defesa, aumenta a precisão, reduz riscos, fortalece a dissuasão e cria um novo paradigma estratégico. A questão não é se a IA será adotada, mas como, quando e com qual grau de soberania.

Estamos diante de uma transformação profunda, e o país que compreender isso antes dos demais estará melhor preparado para enfrentar um mundo cada vez mais complexo, veloz e imprevisível.


Por:  Sophya


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Quando a Pepsi virou potência naval: o episódio esquecido que expôs o colapso soviético

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Em 1989, no crepúsculo da Guerra Fria, um episódio quase surreal expôs o grau de deterioração econômica da União Soviética e colocou a PepsiCo, uma gigante do setor alimentício, no centro de uma transação digna de um thriller geopolítico. Por alguns meses, a empresa americana tornou-se proprietária de uma frota de submarinos, navios-tanque, cargueiros e até de navio de superfície soviéticos, uma situação tão extraordinária que, à época, gerou piadas no Pentágono e perplexidade em analistas de defesa. Mais do que curiosidade histórica, o episódio revelou o colapso de um império e o papel silencioso que empresas ocidentais desempenharam na transição caótica que antecedeu o fim da URSS.

A história começa nos anos 1970, quando Moscou buscava desesperadamente ampliar laços comerciais com o Ocidente para compensar sua crônica falta de moeda forte. A PepsiCo se tornou uma das poucas empresas americanas autorizadas a operar na URSS, mas o país enfrentava um obstáculo estrutural: não possuía dólares para pagar pela importação do refrigerante. A solução foi um acordo de troca direta, no qual o governo soviético fornecia vodka Stolichnaya e a Pepsi vendia a bebida no mercado ocidental. Com isso, a empresa obtinha dólares suficientes para manter o fornecimento de refrigerante na União Soviética. Era uma manobra típica de economias planificadas, em que criatividade e improviso substituíam instrumentos financeiros adequados.

O arranjo funcionou por quase duas décadas, até que a crise estrutural soviética explodiu com força nos anos 1980. Mesmo a vodka perdeu relevância comercial internacional, levando a um impasse no acordo. Para renovar o contrato de exclusividade da Pepsi, Moscou apresentou uma proposta que refletia a decadência progressiva do complexo industrial-militar soviético: oferecer parte de sua frota naval desativada como forma de pagamento. Eram submarinos e navios obsoletos, fora de serviço, sem valor militar real, mas com valor considerável para sucateamento.

Não existe precisão histórica absoluta sobre a lista completa dessas embarcações. Registros apontam que muitos, ou a maioria, eram submarinos diesel-elétricos antigos das classes Foxtrot e Whiskey, ambos já obsoletos àquela altura. Essas classes eram amplamente utilizadas nas décadas de 1950 e 1960, mas já estavam sendo descartadas no final da Guerra Fria. A frota entregue à Pepsi incluía 17 submarinos desativados, além de navios-tanque e pelo menos dois grandes navios de superfície.

Quando o acordo foi assinado, a PepsiCo tornou-se, tecnicamente, dona temporária da sexta maior força submarina do mundo. O episódio provocou comentários irônicos dentro do governo americano, e o próprio CEO da Pepsi, Donald Kendall, imortalizou uma das frases mais famosas do período: “Estamos desarmando a União Soviética mais rápido do que o governo dos Estados Unidos.” A piada, dita com humor, resumia de forma perfeita a dramaticidade histórica daquele momento, em que até empresas privadas do Ocidente participavam da desmontagem material do poder militar soviético.

Naturalmente, a Pepsi não pretendia operar esses navios. As embarcações foram imediatamente transferidas para empresas europeias especializadas em sucata naval, que desmontaram a frota e transformaram seu aço em lucro. O objetivo era essencialmente financeiro: garantir a continuidade do acordo comercial com Moscou e expandir a presença da marca no mercado soviético. Contudo, o simbolismo era inescapável. Pela primeira vez, uma corporação privada americana detinha parte da frota de um rival nuclear que, até poucos anos antes, representava o cerne da ameaça estratégica ao Ocidente.

Dois anos depois, em 1991, a União Soviética colapsou. O sistema de trocas diretas acabou junto com ela e a economia russa abriu suas portas ao capitalismo ocidental, permitindo a entrada agressiva da Coca-Cola e encerrando o quase monopólio da Pepsi no mercado soviético. O episódio dos submarinos logo se tornou uma nota de rodapé, curiosa, mas altamente reveladora de um período marcado por declínio econômico, desorganização estatal e perda de capacidade militar.

Revisitar essa história hoje é compreender como crises econômicas podem corroer estruturas militares consideradas sólidas. A frota entregue à Pepsi não era apenas um conjunto de cascos enferrujados, mas um retrato fiel da dissolução de um sistema que já não conseguia sustentar o próprio peso. Em um mundo em que empresas transnacionais influenciam estratégias de Estado e decisões políticas, o episódio em que uma companhia de refrigerantes se tornou proprietária de submarinos soviéticos permanece como um dos símbolos mais marcantes e menos conhecidos do fim da Guerra Fria.


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