Os Emirados Árabes Unidos estão em negociações avançadas com a França para estabelecer uma parceria industrial e operacional no desenvolvimento do Rafale F5 e do drone de combate furtivo que acompanhará a aeronave. O movimento reforça uma relação de quatro décadas entre ambos os países no campo do poder aéreo e marca um passo decisivo para que Abu Dhabi assuma um papel ativo em um dos programas de sistemas não tripulados mais ambiciosos da Europa.
Segundo análises recentes, os Emirados não buscam apenas adquirir futuras plataformas, mas passar a atuar como cofinanciadores e parceiros industriais do ecossistema Rafale F5. A iniciativa abre espaço para que o país influencie diretamente tecnologias emergentes e eleve sua capacidade de dissuasão em um ambiente regional cada vez mais complexo.
A cooperação segue uma trajetória consolidada. A Dassault Aviation e os Emirados Árabes Unidos trabalham lado a lado desde a era Mirage, culminando no acordo firmado em dezembro de 2021 para a compra de 80 Rafale F4, avaliados em cerca de 17 bilhões de euros, considerado o maior contrato de exportação da história do caça francês. O primeiro avião destinado à força aérea emiradense foi apresentado este ano pelo Ministério da Defesa do país, saudado como símbolo da parceria estratégica com Paris.
O desenvolvimento do Rafale F5 representa a próxima etapa dessa relação. A nova versão amplia significativamente as capacidades introduzidas no atual padrão F4.2, transformando o Rafale em um nó central de combate em rede, concebido para operar de forma colaborativa com enxames de drones. Documentos oficiais e informações da indústria apontam que a variante F5 incorporará o radar AESA RBE2 XG de nova geração, sistemas SPECTRA aprimorados, enlaces de dados de alta largura de banda e maior integração à futura nuvem de combate francesa.
Entre as mudanças estruturais previstas, estão tanques de combustível integrados na fuselagem superior, aumentando o alcance e liberando pontos externos para armamentos. A redução da assinatura radar também está no centro das melhorias, garantindo maior capacidade de sobrevivência em ambientes saturados por defesas antiaéreas modernas.
O elemento mais transformador do programa é o drone colaborativo. A aeronave não tripulada furtiva, inspirada no demonstrador nEUROn, contará com compartimento interno de armas, autonomia avançada e comunicação direta com o Rafale F5. A expectativa é que vários desses drones voem à frente do caça, atuando como plataforma de reconhecimento, ataque eletrônico e ofensiva, ampliando a consciência situacional e multiplicando o poder de combate. Nesse conceito, o piloto do F5 torna-se um comandante da missão, dirigindo um conjunto de vetores conectados.
Para os Emirados Árabes Unidos, o projeto atende a necessidades estratégicas específicas do Golfo. O avanço dos sistemas de defesa aérea iranianos, como a família Bavar-373, e o crescimento das capacidades de mísseis balísticos do país vizinho exigem que as forças locais operem a maiores distâncias e com soluções capazes de reduzir riscos às aeronaves tripuladas. A combinação Rafale F5 + drones colaborativos surge como resposta direta a esse cenário.
Embora Paris demonstre abertura para ampliar a participação industrial emiradense, existem limites bem definidos. Tecnologias sensíveis ligadas à dissuasão nuclear, códigos-fonte de radares e sistemas de guerra eletrônica, além de elementos-chave da arquitetura de sensores, permanecerão sob controle francês. Dessa forma, a participação dos Emirados deverá se concentrar em componentes estruturais, partes da aviônica, seções compostas da fuselagem e elementos da arquitetura de comunicação e controle.
A parceria, caso consolidada, promete redefinir a cooperação franco-emiradense em aviação de combate e ampliar o papel de Abu Dhabi como ator industrial e operacional no desenvolvimento de tecnologias estratégicas para as próximas décadas.
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