O Brasil chega a 203 anos de sua Independência e a pergunta que deveria ecoar em cada cidadão não é “o que comemoramos”, mas sim “o que realmente conquistamos?”. Somos a maior nação da América Latina, o quinto maior país do mundo, ricos em território, biodiversidade, água, energia, minérios e um povo criativo e resiliente. Mas, diante de tanto potencial, a realidade que se impõe é amarga: seguimos como um país dependente, instável e frágil.
Nossa independência foi proclamada em 1822, mas nunca foi conquistada de fato. Nascemos como nação endividados com a Inglaterra, submetidos a acordos que privilegiavam interesses externos. Hoje, dois séculos depois, permanecemos reféns de pressões internacionais, ideologias importadas e uma elite política que se alimenta da passividade do povo. O Brasil repete o mesmo roteiro de erros históricos: projetos nacionais interrompidos, indústrias estratégicas desmontadas, ciência e tecnologia negligenciadas e políticas de Estado sequestradas por disputas partidárias mesquinhas.
A corrupção é um câncer antigo e conhecido. Mas não é apenas ela o verdadeiro inimigo. O maior problema do Brasil é a ausência de patriotismo e de orgulho nacional. O povo brasileiro, em sua maioria, continua anestesiado: prefere o conforto do entretenimento à dureza do debate público, escolhe o silêncio diante da corrupção e ainda repete, sem perceber, a “síndrome do vira-lata”, sempre acreditando que o que vem de fora é melhor. Essa omissão coletiva alimenta a roda da dependência.
Enquanto países que nasceram com menos recursos que nós se transformaram em potências, investindo em educação, tecnologia, defesa e identidade nacional, o Brasil segue tropeçando em disputas ideológicas superficiais e se contentando em ser exportador de commodities. Temos ciência, indústria e tecnologia suficientes para sermos uma potência. O que nos falta não são condições, mas vontade política e sobretudo orgulho de ser brasileiros.
O mais grave é que essa falta de consciência nacional se reflete nas decisões mais estratégicas. Nossa indústria naval, que já ensaiou um renascimento, voltou a definhar sob o peso da corrupção e da incompetência. A Petrobras, orgulho nacional, foi dilacerada por escândalos e sabotagens políticas. O setor de defesa, mesmo com a Estratégia Nacional de Defesa, sofre cortes orçamentários e ataques ideológicos, quando deveria ser visto como eixo central para a soberania. O Brasil prefere sucatear suas próprias conquistas a defendê-las.
É hora de encarar a realidade: não somos independentes. Somos um país que ainda engatinha na construção de sua soberania. Celebramos o 7 de Setembro como um feriado, mas não como um compromisso. Enquanto a maioria se contentar em vestir verde e amarelo um dia por ano e depois voltar à apatia, nada mudará.
A verdadeira independência exige sacrifício, engajamento e, acima de tudo, patriotismo genuíno. O Brasil só será independente quando seu povo deixar de ser espectador e assumir o papel de protagonista. Não basta culpar políticos, juízes ou a mídia. A mudança depende do despertar de cada cidadão, da valorização do que é nosso, da defesa das nossas instituições estratégicas e do compromisso coletivo com a grandeza da pátria.
Se o Brasil quiser ser respeitado no mundo, precisa primeiro se respeitar. E esse respeito nasce do orgulho nacional, do sentimento de pertencimento e da consciência de que nossa riqueza só terá valor quando for usada em favor do povo brasileiro, e não como moeda de troca nas mãos de poucos.
Neste 7 de Setembro, não basta comemorar. É preciso refletir. Somos 203 anos mais velhos, mas ainda não somos independentes. E só seremos quando cada brasileiro carregar em si não a apatia, mas a chama do nacionalismo consciente — aquele que cobra, constrói e defende o futuro da nação.
Viva ao Brasil, viva o povo brasileiro. Que despertemos, finalmente, para a verdadeira independência.
Por Angelo Nicolaci – Jornalista, editor do GBN Defense, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do Oriente Médio e Leste Europeu, especialista em Geopolítica com ênfase em defesa e segurança.
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