sábado, 13 de setembro de 2025

Já Estamos em Guerra? O Mundo em Guerra de Múltiplas Camadas: Da Polônia à Ásia, o Conflito Global em Curso

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Na madrugada de 10 de setembro de 2025, a Polônia derrubou drones russos que cruzaram ilegalmente seu espaço aéreo, a poucos quilômetros da fronteira com a Ucrânia. Esse incidente, embora localizado, teve repercussões imediatas em toda a Europa e chamou atenção para uma dinâmica de conflito global complexa e multifacetada. Para nós, observadores críticos do cenário internacional, o episódio evidencia que a guerra contemporânea não se limita ao confronto militar convencional, mas se manifesta simultaneamente em múltiplas frentes: militar, econômica, tecnológica, informacional e diplomática. Cada ação isolada, seja um ataque aéreo, um bloqueio econômico ou uma declaração diplomática, faz parte de um quadro estratégico global interconectado.

O governo polonês, sob liderança de Donald Tusk, rapidamente interpretou o incidente como sinal de risco real e imediato. A Polônia, que historicamente mantém uma percepção de ameaça russa por sua localização geográfica e pela experiência histórica sob o domínio soviético, respondeu proativamente: mais de 20 mil civis se inscreveram em programas de treinamento militar voluntário até julho de 2025, combinando forças regulares e reservas escaláveis. Essa mobilização civil é uma demonstração clara de como a guerra contemporânea exige que os Estados considerem a prontidão da população, não apenas a força militar formal.

Além do aspecto humano, a Polônia aumentou seus gastos militares para 4,7% do PIB, superando todos os outros membros da OTAN em termos relativos. Investimentos estratégicos incluem carros de combate K2 da Coreia do Sul, sistemas avançados de defesa aérea e o desenvolvimento do Escudo Oriental, uma fortificação de 640 km ao longo da fronteira com Bielorrússia e o enclave de Kaliningrado, combinando barreiras antitanque, vigilância eletrônica e guerra eletrônica. Cada decisão estratégica reflete a necessidade de garantir capacidade de defesa imediata, ao mesmo tempo em que fortalece a posição geopolítica da Polônia dentro da aliança atlântica.

O conflito Rússia-Ucrânia, apoiado indiretamente pela OTAN, é apenas uma camada visível da guerra global em curso. A Rússia mantém uma força ativa de 1,5 milhão de militares, utilizando uma estratégia de pressão contínua que combina drones, guerra eletrônica, operações cibernéticas e alianças estratégicas, particularmente com a China. Moscou busca um equilíbrio entre demonstração de poder e controle da escalada, evitando confrontos diretos com grandes potências ocidentais, mas mantendo constante pressão sobre países europeus. Para nós, observadores, essa abordagem revela que a guerra moderna não é linear; ela depende tanto do uso do poder militar quanto da capacidade de manipular políticas, economias e percepções globais.

Enquanto a Europa enfrenta essa pressão, outros players globais aproveitam o cenário para expandir sua influência estratégica e econômica. A China, por exemplo, se beneficia do foco ocidental na Rússia e na Ucrânia, acelerando investimentos em infraestrutura, tecnologia 5G, inteligência artificial e cadeias de suprimento globais. Pequim também fortalece alianças econômicas e comerciais, consolidando sua posição em regiões-chave como África, Sudeste Asiático e América Latina. Cada movimento chinês é calculado para maximizar influência enquanto minimiza exposição militar direta, transformando a guerra global em um ambiente onde o poder econômico e tecnológico é tão decisivo quanto a força militar.

A Türkiye, com sua estratégia de autonomia e inserção geopolítica ativa, torna-se outro ator relevante. Ancara investe significativamente em drones de alta tecnologia, sistemas de guerra eletrônica e exportações militares, posicionando-se como fornecedor estratégico de equipamentos e inteligência para aliados regionais. Além disso, a Türkiye aproveita sua posição geográfica para negociar de maneira flexível tanto com a OTAN quanto com países do Oriente Médio e Norte da África, demonstrando como a guerra global cria oportunidades para países intermediários fortalecerem seu poder relativo.

Na Ásia, a Índia reforça sua capacidade militar, tecnológica e estratégica. Programas de modernização de tanques leves, caças multiuso e sistemas de defesa aérea, aliados à expansão da indústria de defesa doméstica, posicionam Nova Délhi como um player autônomo e preparado para atuar em múltiplos cenários globais. Ao mesmo tempo, a Índia mantém uma postura estratégica cautelosa, evitando confrontos diretos, mas garantindo influência em um sistema multipolar.

A Coreia do Sul também se destaca. Além de fortalecer sua defesa nacional, Seul se insere ativamente em redes de produção e exportação de sistemas militares de alta tecnologia, como os carros de combate K2 vendidos à Polônia. Esse reposicionamento demonstra que o conflito global não gera apenas instabilidade, mas também oportunidades econômicas e estratégicas para países com capacidade tecnológica e industrial avançada.

O impacto econômico do conflito é igualmente profundo. Sanções, restrições comerciais e manipulação de cadeias de suprimento transformam recursos e mercados em armas estratégicas. A Rússia utiliza energia e recursos críticos para exercer pressão sobre aliados da OTAN, enquanto a China aproveita o cenário para ampliar sua influência econômica global. O BRICS ampliado discute alternativas ao dólar, alterando o equilíbrio financeiro global. Esses movimentos mostram que a guerra contemporânea não é apenas militar, mas também uma disputa econômica e estratégica pelo controle de fluxos críticos de recursos e tecnologias.

No campo tecnológico, o conflito se manifesta por meio de drones, inteligência artificial, ciberataques e guerra eletrônica. Infraestruturas críticas, redes elétricas, sistemas bancários, telecomunicações, tornam-se vulneráveis a ataques digitais, demonstrando que o domínio tecnológico é agora tão decisivo quanto o poder militar convencional. Países como Türkiye, Coreia do Sul e China se tornam, assim, protagonistas estratégicos, influenciando o equilíbrio global sem a necessidade de presença física em teatros de guerra.

A informação emerge como outra camada central. Narrativas estratégicas, propaganda e desinformação moldam percepções, influenciam decisões políticas e geram impacto direto sobre alianças e mercados. A guerra contemporânea exige capacidade de analisar e reagir não apenas a ataques físicos, mas a movimentos invisíveis que afetam sociedades inteiras. A manipulação do consenso público tornou-se uma arma estratégica de longo alcance, utilizada tanto por Moscou quanto por Pequim, e monitorada pela OTAN e aliados.

A diplomacia, por sua vez, é parte integrante do conflito. Cada movimento, tratado ou declaração pública é uma extensão da guerra global, com efeitos diretos sobre segurança, economia e estabilidade regional. A OTAN reforça sua coesão e presença militar, enquanto Moscou e Pequim consolidam blocos alternativos. Türkiye, Índia e Coreia do Sul exploram a dispersão ocidental para aumentar sua autonomia estratégica e influência tecnológica. Cada decisão, portanto, deve ser entendida como simultaneamente militar, econômica e diplomática, refletindo a complexidade do sistema global.

O episódio polonês evidencia que qualquer ação militar, econômica ou digital tem potencial de escalada. A percepção de ameaça contínua força os países a adotar medidas preventivas, aumentar investimentos militares, fortalecer reservas civis e avançar em tecnologias críticas. Embora não haja ainda confronto direto entre grandes potências fora da Ucrânia, os efeitos são globais e persistentes, mostrando que a guerra já está presente em diversas frentes, simultaneamente.

Para nós, observadores, a conclusão é inequívoca: o mundo atual já vive uma guerra de múltiplas camadas, onde cada Estado, bloco econômico ou tecnológico é simultaneamente ator e alvo. O incidente polonês é apenas a ponta visível de um sistema global complexo, em que militar, econômico, tecnológico, informacional e diplomático se entrelaçam, moldando o presente e projetando o futuro da ordem internacional. Ignorar essa complexidade é subestimar riscos, vulnerabilidades e a necessidade de estratégias coordenadas para preservar segurança, estabilidade e soberania.


Por Angelo Nicolaci


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Kim Jong Un promete reforço simultâneo do poderio nuclear e militar da Coreia do Norte

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O líder norte-coreano, Kim Jong Un, afirmou que a Coreia do Norte apresentará uma nova política de desenvolvimento simultâneo de armas nucleares e do poderio militar convencional. A medida será formalizada durante o próximo congresso do Partido dos Trabalhadores da Coreia, segundo informou a agência estatal KCNA neste sábado (13).

Durante inspeções realizadas em centros de pesquisa de armamentos na última quinta e sexta-feira, Kim destacou que o 9º Congresso do Partido definirá como prioridade o fortalecimento das capacidades nucleares e convencionais, integrando ambas em uma estratégia única de defesa nacional.

Além da agenda militar, Kim supervisionou um exercício de tiro do exército e visitou um canteiro de obras de um hospital em Pyongyang, em uma demonstração de presença tanto no campo da defesa quanto em questões internas de infraestrutura.

A intensificação de atividades domésticas ocorre logo após a participação do líder norte-coreano em encontros de alto nível em Pequim, onde esteve ao lado do presidente chinês Xi Jinping e do presidente russo Vladimir Putin. A visita reforçou o perfil internacional de Kim e sinalizou maior articulação entre Pyongyang, Pequim e Moscou diante da crescente pressão ocidental.

Paralelamente, a KCNA publicou um comentário crítico sobre os exercícios militares conjuntos previstos entre Estados Unidos e Coreia do Sul para a próxima semana, classificando-os como “um exercício de guerra nuclear”. Segundo a agência, tais manobras justificam a decisão norte-coreana de reforçar sua postura nuclear.

A movimentação de Pyongyang reacende tensões na Península Coreana, em um cenário já marcado pela intensificação da rivalidade estratégica entre potências globais e pela escalada da corrida armamentista na região.


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com Reuters

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Polônia expande frota de Abrams e se consolida como pilar blindado da OTAN

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Em 11 de setembro, a Polônia recebeu uma nova remessa de veículos militares dos Estados Unidos, marcando mais um avanço em sua rápida modernização de forças terrestres. O lote inclui 38 carros de combate M1A2 SEPv3 Abrams, considerados entre os mais avançados do mundo, e 14 veículos de recuperação M88A2 HERCULES, totalizando 52 unidades.

O anúncio foi confirmado pelo Ministro da Defesa Nacional, Władysław Kosiniak-Kamysz, que destacou o impacto imediato dessa entrega: o 2º Batalhão de Carros de Combate da 1ª Brigada Blindada passa a ser o primeiro totalmente equipado com a versão moderna SEPv3, elevando significativamente a prontidão operacional polonesa.

Com esse lote, Varsóvia já contabiliza 201 carros de combate Abrams em serviço ativo, sendo 85 na versão SEPv3 e 116 na versão M1A1FEP. Ao final do programa, o Exército polonês deverá operar 366 unidades Abrams, além de veículos de apoio especializados, como o M1150 ABV (Assault Breacher Vehicle) e as pontes de assalto conjuntas M1110, ambos previstos para os próximos anos.

O fator estratégico da modernização

A incorporação em larga escala de carros de combate Abrams não é apenas uma atualização de inventário militar, trata-se de uma estratégia deliberada de dissuasão. Ao modernizar rapidamente suas brigadas blindadas, a Polônia envia uma mensagem clara a Moscou: o país está pronto para resistir a qualquer tentativa de agressão no flanco oriental da OTAN.

Esse fortalecimento altera o equilíbrio de forças na região, já que Varsóvia passará a contar com a maior frota de blindados modernos da Europa, posicionando-se como eixo central da defesa terrestre da Aliança Atlântica.

Cooperação industrial e autonomia logística

Outro ponto crucial do programa é a produção local de peças de reposição para os Abrams, já em andamento na indústria polonesa. Esse elemento, frequentemente negligenciado em programas de modernização, garante maior resiliência logística em caso de conflito prolongado e reduz a dependência exclusiva de fornecimento externo.

Além disso, insere a Polônia em uma posição estratégica dentro da cadeia de suprimentos da OTAN, ampliando sua relevância não apenas como usuária, mas também como fornecedora de componentes essenciais para a manutenção da frota aliada.

Implicações para a segurança europeia

Cada novo lote de Abrams consolida a imagem da Polônia como escudo da OTAN no Leste Europeu. Mais do que reforçar suas próprias forças armadas, Varsóvia assume uma responsabilidade regional, garantindo que a Aliança tenha no flanco oriental um parceiro com poder de combate real, pronto para responder a cenários de alta intensidade.

Esse posicionamento traz implicações políticas: a Polônia fortalece seu peso dentro da OTAN e da União Europeia, passando a ter maior influência nas decisões de segurança coletiva. Ao mesmo tempo, Moscou é obrigada a recalcular riscos, diante da crescente dificuldade de projetar poder militar contra um país que já possui meios blindados comparáveis aos das maiores potências militares globais.

A consolidação de uma potência terrestre

O programa Abrams na Polônia mostra uma rara combinação de visão estratégica, execução rápida e integração industrial. Varsóvia não apenas compra, mas também estrutura todo o ecossistema de suporte e operação dos blindados, reduzindo vulnerabilidades e garantindo que sua força de carros de combate permaneça operacional em longo prazo.

Seus vizinhos observam o movimento com atenção, mas o fato é que, ao final da década, a Polônia estará consolidada como a principal potência terrestre do flanco oriental da OTAN, com brigadas blindadas modernas, prontas e apoiadas por uma cadeia logística sólida.

Mais do que uma aquisição militar, trata-se de um reposicionamento estratégico que redefine o equilíbrio de poder na Europa e fortalece o papel da Polônia como um ator indispensável para a segurança continental.


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BAE Systems Hägglunds espera contrato recorde de até 600 veículos CV90

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Durante coletiva de imprensa realizada na feira Defence and Security Equipment International (DSEI 2025), em 12 de setembro, a BAE Systems Hägglunds anunciou a expectativa de fechar o maior contrato da história do programa CV90 (Combat Vehicle 90). A fabricante sueca, subsidiária da BAE Systems, projeta a assinatura de um acordo multinacional até junho de 2026, envolvendo um pedido conjunto de até 600 veículos de combate de infantaria.

O marco começou a ser desenhado em junho deste ano, quando Suécia, Finlândia, Noruega, Lituânia, Estônia e Holanda assinaram uma carta de intenções em Bruxelas, formalizando o interesse comum em adquirir a plataforma.

O maior contrato do programa CV90

Segundo Peter Nygren, Diretor de Desenvolvimento de Negócios da empresa, este seria o maior contrato já registrado para o CV90, que desde o início dos anos 1990 soma 1.300 unidades entregues em todo o mundo. Outros pedidos já estão em andamento, consolidando a família de blindados como uma das mais bem-sucedidas do mercado europeu.

Nygren destacou que, embora exista consenso sobre a adoção de um padrão comum entre os participantes, detalhes técnicos ainda estão em negociação. Ele também alertou que a adesão da Holanda e da Estônia não está 100% confirmada.

Ainda não há definição sobre qual versão do CV90 será escolhida. Os contratos mais recentes têm utilizado os chassis Mk IIIC e Mk IV, sendo que a configuração final impactará diretamente no custo unitário e, por consequência, no valor global da encomenda.

Expansão industrial para atender à demanda

Em preparação para o possível contrato, a BAE Systems Hägglunds já investiu cerca de US$ 300 milhões em expansão de sua capacidade de produção, dois terços desse valor já aplicados. A meta é alcançar uma cadência de 250 veículos por ano até 2026, cinco vezes maior do que a registrada em 2020.

A empresa também projeta inaugurar, até o fim de 2026, uma terceira linha de produção em sua planta de Örnsköldsvik, na Suécia. Além disso, novos subcontratados estão sendo buscados, principalmente entre países que optarem por integrar o programa multinacional.

Perspectivas globais e interesse brasileiro

Nygren reforçou que, por ora, a prioridade da BAE Systems Hägglunds é garantir o cumprimento dos contratos em vigor e avançar no acordo europeu. Entretanto, mencionou que outros países, como o Brasil, também demonstraram interesse no CV90, o que pode abrir espaço para futuras negociações fora da Europa.

Se concretizado, o acordo não apenas fortalecerá a cooperação entre países nórdicos e bálticos, como também consolidará o CV90 como um dos blindados de combate de infantaria mais influentes no cenário global.


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sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Atrasos do Gripen revelam miopia e desperdício estratégico de bilhões

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O Programa FX-2, responsável pela modernização da frota de caças da Força Aérea Brasileira com 36 unidades do F-39E/F Gripen, tornou-se um exemplo emblemático de falta de visão estratégica e de desperdício orçamentário no Brasil. Previsto inicialmente para concluir todas as entregas ainda em 2025, o programa não conseguiu sequer entregar metade das aeronaves previstas, e agora se projeta até 2032. Com 12 aditivos contratuais e um aumento de custo de 12%, valor suficiente para a aquisição de seis aeronaves adicionais, o FX-2 expõe a fragilidade do planejamento estratégico e a ausência de previsibilidade orçamentária, transformando recursos públicos em gastos ineficientes.

Durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN), o Tenente-Brigadeiro do Ar Walcyr Josué de Castilho Araújo, chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, foi categórico: a ausência de planejamento financeiro impede que os recursos sejam aplicados de forma racional, obrigando a sucessivos ajustes e reequilíbrios contratuais. Cada aditivo não representa apenas aumento de custo; é menos capacidade de defesa entregue por mais dinheiro gasto, um impacto direto na soberania nacional.

Os efeitos do atraso vão além das planilhas. Cada ano de demora compromete a prontidão operacional da FAB e deixa o espaço aéreo brasileiro mais vulnerável. Em um país continental, com fronteiras extensas e desafios geopolíticos complexos, a demora na entrega de aeronaves modernas representa riscos concretos à segurança nacional. A miopia fiscal e a falta de compromisso com o orçamento de defesa, transformam programas vitais em problemas crônicos, corroendo a eficiência militar e a autonomia tecnológica, aumentando os custos e muitas vezes inviabilizando que se cumpram cronogramas e quantidades previstas inicialmente.

O caso do Gripen evidencia uma falha sistêmica: a miopia orçamentária e a ausência de políticas de Estado para a defesa que aumentam custos, atrasam entregas e desperdiçam recursos públicos. O contingenciamento orçamentário, que tem sido prática recorrente, apenas agrava o problema, elevando ainda mais o custo do programa e impedindo que decisões planejadas possam ser implementadas de forma racional.

Em última análise, cada atraso e cada reajuste no FX-2 representam não apenas ineficiência e desperdício, mas uma oportunidade perdida de fortalecer a defesa do país com o que seria, na prática, seis caças a mais incorporados à frota. O atraso do Gripen é um alerta vermelho: sem planejamento, blindagem orçamentária e compromisso estratégico, o Brasil continuará a pagar caro, em dinheiro, em capacidade e em soberania, pela miopia de governos que tratam a Defesa com falta de prioridade, a colocando em segundo plano.


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Fujian Navega pelo Estreito de Taiwan, Reforçando a Capacidade e Poderio da China

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Em 11 de setembro de 2025, o porta-aviões chinês Fujian, o mais avançado da Marinha do Exército Popular de Libertação, completou uma travessia estratégica pelo Estreito de Taiwan em direção ao Mar da China Meridional. A viagem, segundo a própria Marinha chinesa, foi realizada para pesquisas científicas e missões de treinamento, configurando um exercício de rotina no processo de construção do navio, ainda não oficialmente comissionado.

O Fujian, lançado em 2022, é o terceiro porta-aviões da China e supera significativamente seus predecessores, o Liaoning e o Shandong, em tamanho, tecnologia e capacidade operacional. Com um convés plano e catapultas eletromagnéticas, ele poderá lançar uma gama mais ampla de aeronaves, incluindo aviões de alerta antecipado e, futuramente, caças stealth, ampliando sua capacidade de detecção e alcance tático. Analistas indicam que, quando em serviço, o Fujian permitirá à China manter três grupos de ataque de porta-aviões em posições estratégicas no Pacífico Ocidental, consolidando a projeção de poder da marinha chinesa em áreas sensíveis.

A travessia do Fujian ocorre simultaneamente a exercícios conjuntos de fuzileiros navais dos Estados Unidos e do Japão na ilha de Okinawa, com sistemas de mísseis Typhon e outras armas antinavio avançadas, evidenciando a crescente militarização e vigilância na região. O Ministério da Defesa de Taiwan monitorou de perto a movimentação do porta-aviões, reforçando a tensão sobre soberania e controle no Estreito de Taiwan, enquanto Pequim mantém que a região faz parte de suas águas territoriais, uma posição contestada por Taiwan e aliados internacionais, que a consideram hidrovia internacional.

O Fujian também estende sua presença estratégica ao Mar da China Meridional, uma área de disputas territoriais envolvendo Filipinas, Vietnã, Malásia e Brunei, reforçando a capacidade chinesa de projetar poder e controlar rotas marítimas críticas. O navio representa não apenas um avanço tecnológico, mas uma demonstração de força que combina inovação, autonomia operacional e flexibilidade tática, permitindo à China operar de forma coordenada com navios de escolta e submarinos.

Do ponto de vista geopolítico, a travessia do Fujian reflete uma mudança significativa na dinâmica de poder no Pacífico Ocidental, mostrando que a China busca consolidar seu domínio naval e reforçar sua influência sobre rotas estratégicas e territórios contestados. A movimentação indica um aumento da capacidade chinesa de desafiar a presença americana e de seus aliados, ao mesmo tempo em que pressiona Taiwan e sinaliza sua determinação em manter sua reivindicação sobre a ilha. O equilíbrio regional permanece delicado, e a evolução das forças navais chinesas, incluindo o Fujian, tende a ser um fator central na reconfiguração das estratégias de defesa e alianças no Indo-Pacífico.


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com Reuters


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Dinamarca Acelera Aquisição de Sistemas de Defesa em Resposta às Ameaças Russas

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A Dinamarca intensificou de forma decisiva seus esforços para reforçar sua capacidade militar diante do cenário de insegurança crescente na Europa. Em fevereiro, a primeira-ministra Mette Frederiksen ordenou que os militares “comprassem, comprassem, comprassem” equipamentos, preparando o país para uma possível futura agressão russa. A medida reflete uma preocupação estratégica compartilhada por diversos países europeus, especialmente após incidentes recentes envolvendo o espaço aéreo da Polônia.

Segundo o Ministro da Defesa dinamarquês, Troels Lund Poulsen, “não há dúvida de que a situação de segurança está desafiadora”. Ele ressaltou que a violação do espaço aéreo polonês por vários drones russos serve como um alerta contundente sobre a importância de fortalecer o poder de combate europeu. Na quarta-feira anterior, a Polônia abateu os supostos drones russos com o apoio de aeronaves de aliados da OTAN, marcando a primeira vez que um Estado membro da aliança disparou armas durante a guerra da Rússia contra a Ucrânia. O episódio reforça a urgência de sistemas de defesa mais eficazes e ágeis na região.

A estratégia dinamarquesa inclui a aquisição de oito sistemas de defesa distintos, combinando soluções de longo e médio alcance. Entre eles, destaca-se a plataforma SAMP/T, de longo alcance, produzida pelo consórcio Eurosam, que reúne MBDA França, MBDA Itália e Thales. Além disso, o país avalia sistemas de médio alcance fabricados na Noruega, Alemanha ou França, buscando equilibrar custo, velocidade de entrega e eficiência operacional.

Segundo Per Pugholm Olsen, chefe da organização dinamarquesa de aquisição de defesa e logística, os sistemas europeus oferecem vantagens importantes em relação à alternativa americana: podem ser entregues mais rapidamente e com custo inferior ao sistema de defesa antimísseis Patriot dos EUA. Essa decisão indica uma tendência crescente na Europa de priorizar soluções regionais integradas, que garantam autonomia logística e operacional em momentos de crise.

Com a taxa de câmbio aproximada de 1 dólar equivalendo a 6,37 coroas dinamarquesas, o investimento em defesa assume dimensões significativas, mas consideradas estratégicas diante do cenário de ameaça iminente. Para Frederiksen e sua equipe, a ação não é apenas preventiva: trata-se de uma resposta concreta à evolução da guerra moderna, marcada pelo uso de drones, ameaças híbridas e conflitos assimétricos que testam a prontidão das forças armadas europeias.

Em síntese, a Dinamarca demonstra uma postura de alerta proativo, buscando fortalecer seu poder de combate de maneira rápida, eficiente e economicamente viável, ao mesmo tempo em que reforça a integração com aliados da OTAN. O movimento reflete uma compreensão clara de que, no contexto atual, autonomia tecnológica, rapidez de aquisição e interoperabilidade são tão essenciais quanto o número de sistemas disponíveis no terreno.


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com Reuters



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Análise - Guerra de Drones: A OTAN Entre Tecnologias Caríssimas e Soluções Econômicas

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O recente episódio marcado pela invasão do espaço aéreo polonês, em que a OTAN derrubou vários drones russos Gerbera, foi apresentado como uma demonstração de poder tecnológico. Aeronaves F-35, sistemas Patriot e uma gama completa de armamentos sofisticados foram mobilizados para neutralizar a ameaça. À primeira vista, parecia um triunfo incontestável. Mas, ao olhar mais de perto, surge uma fragilidade estratégica que evidencia que a defesa europeia ainda não está adaptada às exigências da guerra contemporânea.

O contraste econômico é flagrante. Um míssil do sistema Patriot custa US$ 4 milhões, enquanto um drone Gerbera (versão russa do Shahed), produzido em massa com materiais baratos, pode ser adquirido por apenas US$ 10 mil. Um F-35, além de custar US$ 82,5 milhões, tem hora de voo estimada em US$ 25 mil. Derrubar um drone com mísseis de milhões de dólares, é na prática, como usar uma bazuca para matar baratas. A ação impressiona tecnicamente, mas se revela um desastre do ponto de vista estratégico e econômico, especialmente em conflitos prolongados, onde a lógica de custo se torna determinante.

A Ucrânia, forçada a lidar com recursos limitados, compreendeu essa disparidade rapidamente e adotou soluções práticas e econômicas. Em vez de tentar combater cada drone com sistemas caros, desenvolveu drones interceptadores de baixo custo, produzidos localmente por cerca de US$ 2 mil cada, sistemas antiaéreos móveis como o Gepard, e metralhadoras montadas em caminhões, capazes de responder com agilidade e em grande escala. Essa abordagem mostra que na guerra moderna, a eficácia não depende exclusivamente de sofisticação tecnológica, mas da capacidade de combinar custo, número e flexibilidade operacional, aliada a criatividade.

O confronto atual evidencia uma transformação essencial no conceito de guerra. Equipamentos sofisticados e caros, quando enfrentam volumes significativos de ameaças de baixo custo, perdem grande parte de sua vantagem estratégica. Para a Polônia e para a OTAN como um todo, a mensagem é clara, investir em defesas antiaéreas acessíveis e especializadas em drones não é apenas uma necessidade tática, mas uma exigência estratégica. Sem essa adaptação, um arsenal impressionante pode se tornar economicamente inviável e operacionalmente insuficiente diante de novas regras de combate.

O episódio também reforça uma lição mais ampla, a guerra contemporânea não se vence apenas pelo preço ou pela sofisticação do equipamento, mas pela capacidade de alinhar tecnologia, tática e economia de maneira inteligente e escalável. Enquanto a OTAN emprega seus sistemas milionários, quem se adapta, como a Ucrânia, consegue transformar simplicidade e criatividade em superioridade operacional. Cada vitória contra drones baratos com sistemas caros expõe a fragilidade de uma abordagem que ignora a lógica econômica do conflito.

Em última análise, a experiência polonesa é um alerta estratégico para todo o Ocidente. Na guerra de drones, a eficiência e a inovação econômica podem superar a sofisticação e o preço. A OTAN precisa urgentemente repensar sua estratégia de defesa aérea, integrando tecnologia de ponta com soluções acessíveis, produção em massa e tática adaptável, garantindo que seu arsenal impressionante seja também eficaz, sustentável e relevante no campo de batalha moderno.

Para o Brasil, a lição é ainda mais crítica. O país precisa investir de forma consistente e estratégica em pesquisa e desenvolvimento (P&D), tecnologia nacional e inovação em defesa, para criar soluções próprias que sejam eficazes, escaláveis e econômicas. O futuro da segurança nacional depende de capacidade tecnológica própria, de drones a sistemas de guerra eletrônica, de sensores a plataformas de comando e controle, que permitam ao Brasil proteger seu território e seus interesses estratégicos sem depender exclusivamente de importações caras. Investir em P&D não é apenas uma escolha tecnológica, mas uma questão de soberania, autonomia e preparação para as guerras do século XXI.


por Angelo Nicolaci


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MBDA apresenta AKERON MBT 120, inovação para blindados de próxima geração

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Durante a DSEI UK 2025, a MBDA apresentou ao mercado global o AKERON MBT 120, uma solução inovadora de armamento para Main Battle Tanks (MBTs) que promete transformar a forma como os carros de combate operam em cenários de alta intensidade.

O novo míssil da MBDA proporciona aos operadores capacidade fora da linha de visada (NLOS), permitindo engajar alvos complexos sem expor o tanque diretamente ao fogo inimigo. Trata-se de uma arma fire-and-forget, compatível com as munições padrão de 120mm da OTAN, o que garante que os MBTs possam utilizá-lo sem necessidade de adaptação de seus canhões ou alteração de compartimentos de munição.

“É gratificante ver nossas inovações internas se transformarem em uma oferta para o mercado global”, afirmou Eric Béranger, CEO da MBDA. “O AKERON MBT 120 oferece aos nossos clientes uma solução de rápido desenvolvimento, com evolução em espiral para aprimorar a eficiência de suas plataformas existentes. Isso demonstra a capacidade da MBDA de fazer diferente, de maneira eficaz em termos de custos e sem aumentar os encargos logísticos.”

O desenvolvimento do AKERON MBT 120 é impulsionado pelo lema do Grupo MBDA, ‘Do Different’, e pelo Prêmio de Inovação Interna, iniciativa que valoriza a expertise de seus colaboradores. O míssil utiliza componentes comerciais prontos para uso (COTS) e livres de ITAR, permitindo um desenvolvimento acelerado, enquanto seu software de direcionamento habilitado por inteligência artificial oferece precisão sem necessidade de designação por terceiros.

Segundo a MBDA, o AKERON MBT 120 aumenta a letalidade e a sobrevivência dos MBTs, reduzindo a dependência de apoio de artilharia e otimizando o emprego de blindados frente às novas realidades do combate de próxima geração. Seu alcance varia entre 1 e 5 km, utilizando um buscador passivo, um motor foguete de impulsão inicial com propelente de baixa fumaça e uma ogiva antiblindagem, posicionando-se entre as armas portáteis para infantaria e sistemas antitanque mais pesados, como o Surface Launched BRIMSTONE.

Com o AKERON MBT 120, a MBDA reforça seu compromisso em oferecer soluções que combinam inovação, eficiência logística e evolução tecnológica, permitindo que os blindados se mantenham relevantes e letais em conflitos modernos, onde a capacidade de agir além da linha de visada se torna cada vez mais crucial.

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com MBDA


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Corpo de Fuzileiros Navais emprega drone kamikaze pela primeira vez

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O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), tradicionalmente reconhecido como a força expedicionária de pronta resposta da Marinha do Brasil, voltou a assumir um papel de vanguarda ao empregar pela primeira vez um drone kamikaze em exercício militar. O marco histórico ocorreu nesta terça-feira (10), durante a Operação Atlas, um dos mais relevantes treinamentos militares voltados para a proteção da Amazônia, realizado no Campo de Instrução de Formosa (GO).

O sistema, desenvolvido por militares do Batalhão de Combate Aéreo, representa mais que um simples incremento tecnológico: simboliza a entrada do CFN no seleto grupo de forças anfíbias do mundo que dominam e integram em suas doutrinas o conceito de drone suicida, tendência cada vez mais decisiva em cenários contemporâneos de conflito.

CFN como força de vanguarda

A introdução desse tipo de armamento pelo CFN reforça seu papel estratégico como ponta de lança da Marinha do Brasil, sempre na linha de frente da incorporação de novas tecnologias e métodos de combate. A capacidade de lançar operações expedicionárias, combinando meios terrestres, navais e aéreos, exige dos Fuzileiros Navais um arsenal moderno, versátil e capaz de enfrentar tanto ameaças convencionais quanto assimétricas.

O drone kamikaze que mede 1,64 m de envergadura, 65 cm de fuselagem, com alcance de 5 km e autonomia de 25 minutos, amplia o leque de opções para missões de ataque de precisão. Capaz de inutilizar veículos e aeronaves inimigas, a nova arma potencializa a eficiência do CFN em cenários de guerra irregular, operações em selva e combate a ilícitos transnacionais.

Operação Atlas e a modernização do arsenal

A Operação Atlas também incluiu testes de outros sistemas modernos, como o míssil antiaéreo Mistral e metralhadoras .50, além do lançamento programado de nove mísseis anticarro MAX 1.2 AC. Este último, com alcance de até 2 km, velocidade de 240 m/s e capacidade de perfurar mais de 300 mm de blindagem, reforça a aptidão do CFN para atuar contra alvos blindados e fortificados.

Esses avanços não apenas demonstram a capacidade de combate dos Fuzileiros, mas também consolidam sua imagem como o braço moderno, flexível e letal da Marinha, preparado para missões de defesa da soberania e proteção de áreas estratégicas como a Amazônia.

Relevância geopolítica e projeção de poder

O uso de drones kamikaze tem se mostrado decisivo em conflitos recentes, como na guerra da Ucrânia, onde desempenham papel central em ataques de precisão e saturação. Ao adotar essa tecnologia, o CFN se alinha às tendências da guerra moderna e projeta o Brasil para um patamar de maior relevância no cenário geopolítico, demonstrando capacidade de absorver, adaptar e aplicar tecnologias críticas para a defesa.

Na Amazônia, região vital para o futuro do país por sua biodiversidade e riquezas estratégicas, o emprego de vetores como o drone kamikaze amplia a capacidade de vigilância e dissuasão frente a ameaças externas e ilícitos transnacionais.

Força de pronta resposta

A experiência confirma a vocação do CFN como força de pronta resposta e ponta de lança da projeção de poder do Brasil. Assim como em missões internacionais de paz, em operações anfíbias ou no apoio a desastres naturais, os Fuzileiros Navais mostram que a combinação de tradição, preparo e inovação tecnológica é o caminho para manter sua relevância em um cenário de rápidas transformações na arte da guerra.


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com Marinha do Brasil

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quinta-feira, 11 de setembro de 2025

11 de Setembro - "O dia que abalou o mundo": Como os Ataques Redefiniram a Geopolitica Global

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Em 11 de setembro de 2001, o mundo testemunhou uma tragédia que não apenas ceifou milhares de vidas, mas também alterou de forma permanente a maneira como os Estados Unidos e o sistema internacional lidam com segurança, defesa e economia. Quatro ataques coordenados pela Al-Qaeda atingiram o World Trade Center e o Pentágono, deixando cerca de 3.000 mortos e milhares de feridos, além de provocar uma destruição material e simbólica sem precedentes. Mais do que um atentado terrorista, o 11 de setembro revelou vulnerabilidades estratégicas e provocou transformações profundas nas estruturas de poder e na economia global.

A Al-Qaeda, liderada por Osama bin Laden, consolidou-se nos anos 1990 como uma rede terrorista transnacional, capaz de planejar ataques complexos contra os Estados Unidos. A escolha dos alvos, o World Trade Center, símbolo da supremacia financeira, e o Pentágono, núcleo do poder militar, evidenciou um cálculo estratégico: atingir simultaneamente a economia e a defesa americana, gerando impacto psicológico global. O quarto avião, o United 93, que caiu na Pensilvânia, simbolizou a resistência civil e a capacidade de cidadãos comuns de influenciar eventos estratégicos.

Os efeitos imediatos foram devastadores. A destruição das Torres Gêmeas gerou não apenas perdas humanas, mas também um colapso econômico momentâneo, afetando empresas, empregos e instituições financeiras localizadas no coração de Nova York. O Pentágono, epicentro da defesa americana, sofreu danos materiais que expuseram falhas na segurança de infraestruturas críticas. Esse cenário de vulnerabilidade forçou os Estados Unidos a reestruturar sua política de defesa e inteligência de forma ampla, criando o Departamento de Segurança Interna (DHS) e reformulando protocolos de vigilância e proteção de fronteiras. A aprovação do Patriot Act ampliou os poderes do governo em investigação e monitoramento, alterando de forma duradoura o equilíbrio entre segurança e liberdade civil.

O impacto sobre a geopolítica também foi profundo. Os ataques catalisaram a chamada Guerra ao Terror, inaugurando uma nova doutrina de intervenção preventiva. A invasão do Afeganistão em 2001 teve como objetivo destruir a Al-Qaeda e derrubar o regime Talibã que os apoiava, enquanto a subsequente invasão do Iraque em 2003, ainda que controversa, refletiu a determinação dos Estados Unidos de neutralizar ameaças percebidas antes que se materializassem em solo americano. Essas operações transformaram o Oriente Médio em um eixo central da estratégia de segurança americana, alterando alianças regionais e influenciando o equilíbrio global de poder. A presença militar prolongada em áreas estratégicas reforçou a importância de projeção de força, inteligência avançada e capacidade de resposta rápida a ameaças assimétricas, redefinindo o conceito de guerra no século XXI.

Economicamente, os impactos foram igualmente significativos. O fechamento temporário da Bolsa de Nova York e a queda abrupta de ações demonstraram a vulnerabilidade do sistema financeiro a ataques externos. Setores como turismo, transporte aéreo e seguros enfrentaram perdas massivas, enquanto a reconstrução do Lower Manhattan e o investimento em tecnologias de defesa e vigilância criaram novos setores econômicos centrados em segurança. Internacionalmente, o 11 de setembro evidenciou a interdependência dos mercados globais, mostrando que crises em um país podem gerar efeitos imediatos e profundos em cadeias produtivas e investimentos internacionais. Além disso, a tragédia acelerou o desenvolvimento de tecnologias de ciberdefesa, monitoramento e inteligência estratégica, ampliando o papel do setor privado na segurança nacional e global.

O impacto cultural e psicológico dos ataques também reforçou a necessidade de adaptação estratégica. A percepção de vulnerabilidade permanente influenciou políticas públicas, comportamento social e percepção coletiva de segurança. A vigilância tornou-se parte da rotina, enquanto governos e instituições internacionais reforçaram medidas de proteção em infraestruturas críticas, fronteiras e sistemas financeiros. Globalmente, os países alinharam suas políticas de segurança e defesa aos padrões norte-americanos, promovendo intercâmbio de informações, operações conjuntas e desenvolvimento de estratégias preventivas de combate ao terrorismo.

Mais de duas décadas depois, o legado do 11 de setembro permanece. A doutrina militar dos Estados Unidos continua enfatizando prevenção, vigilância e operações globais contra ameaças assimétricas. A economia de defesa e tecnologia se consolidou como setor estratégico, influenciando investimentos, políticas industriais e diplomacia. A projeção de poder americano, combinada com alianças estratégicas globais, mantém o país como ator central na segurança internacional, enquanto o 11 de setembro continua a servir como referência para planejamento de defesa, gestão de crises e avaliação de riscos em escala global.

O 11 de setembro mostrou que ameaças modernas não se limitam a ataques convencionais; grupos não estatais podem gerar impactos estratégicos profundos, desafiando estruturas de poder estabelecidas. Ao reconfigurar a defesa, a segurança e a economia, os atentados redefiniram paradigmas de poder, proteção e estabilidade internacional, lembrando que a segurança global depende de adaptação contínua, inteligência estratégica e integração entre políticas nacionais e globais.

Homenagem às vítimas

Entre números e análises estratégicas, é essencial lembrar que cada estatística do 11 de setembro representa uma vida perdida, famílias devastadas e histórias interrompidas. Bombeiros, policiais, socorristas e civis mostraram coragem extrema diante do caos, enquanto milhões de americanos e pessoas ao redor do mundo sentiram a dor da tragédia. Que a memória das vítimas inspire, sempre, a busca por segurança, paz e resiliência, lembrando-nos de que, mesmo diante da destruição, a humanidade pode se unir em solidariedade e compromisso com um futuro mais seguro.



por Angelo Nicolaci



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Brigada de Infantaria Aeromóvel realiza Operação Gorro Bege com foco em inteligência e reconhecimento

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Entre os dias 30 de agosto e 5 de setembro de 2025, a Brigada de Infantaria Aeromóvel (Bda Inf Amv) do Exército Brasileiro realizou a Operação Gorro Bege, um exercício de alto valor tático e doutrinário, concebido com o objetivo inédito de aprimorar o adestramento de seus sensores de Inteligência Militar.

A atividade reuniu cerca de 300 militares e se estendeu por quase 100 km de faixa de terreno, abrangendo a área entre a cidade de Piquete e a Fazenda da Onça, em Delfim Moreira (MG). O exercício teve como foco principal as ações de inteligência, reconhecimento, vigilância e aquisição de alvos (IRVA) no contexto das operações aeromóveis, envolvendo a 2ª Companhia de Precursores (2ª Cia Prec), pelotões de reconhecimento (Pel Rec) e equipes de caçadores (Eqp Cçd) dos batalhões de infantaria aeromóvel (BI Amv).

Adestramento e interoperabilidade

A Operação Gorro Bege não se restringiu ao adestramento individual de militares, mas buscou consolidar a interoperabilidade entre as frações participantes e reafirmar o papel essencial dessas unidades nas missões de assalto aeromóvel. Durante a semana, os pelotões de reconhecimento e a 2ª Cia Prec realizaram missões de vigilância e reconhecimento, aplicando técnicas avançadas de infiltração e exfiltração, procedimentos de contrainteligência e tiro de fração, com ênfase na técnica de ação imediata.

Um dos diferenciais do exercício foi o desdobramento, em campanha, da Célula de Inteligência da Bda Inf Amv. Em estreita coordenação com os sensores no terreno, a célula trabalhou as fases de obtenção, análise e difusão de informações, garantindo maior agilidade e eficácia ao processo decisório da brigada. Essa integração mostrou-se alinhada aos fundamentos dos manuais de Operações Aeromóveis e de Inteligência Militar, especialmente nas ações preparatórias que antecedem o assalto aeromóvel.

Participação de tropas convidadas e apoio aéreo

A Operação Gorro Bege contou com a presença de tropas convidadas, ampliando a complexidade e o realismo do exercício. Participaram um pelotão de exploradores da Brigada de Infantaria Paraquedista, um pelotão de reconhecimento da Brigada de Infantaria de Montanha e uma Equipe SAR (Busca e Salvamento) do 2º Batalhão de Aviação do Exército. O apoio aéreo foi fornecido por uma aeronave Pantera K2 do Comando de Aviação do Exército (CAvEx), enquanto o Pelotão de Suprimento Aeromóvel do 22º B Log Amv e o 1º Esquadrão de Cavalaria Aeromóvel garantiram a logística e a mobilidade da operação.

O encerramento do exercício ocorreu com uma ação de grande complexidade: a 2ª Cia Prec, em conjunto com a Equipe SAR, realizou um resgate simulado em área de combate (zona quente). A atividade testou a capacidade de emprego combinado das frações especializadas em cenários de risco elevado, simulando situações realistas de operação aeromóvel em território adversário.

Inovação doutrinária e excelência operacional

Concebida para se tornar referência em adestramento de inteligência, reconhecimento, vigilância e aquisição de alvos, a Operação Gorro Bege inovou na doutrina e na forma de preparo das frações de reconhecimento. O exercício visou maximizar a letalidade, mobilidade e consciência situacional da Força de Prontidão Aeromóvel, reforçando o comprometimento da Bda Inf Amv com a modernização doutrinária e a excelência operacional.

Mais do que um simples exercício, a Gorro Bege consolidou a Bda Inf Amv como uma das principais Forças de Emprego Estratégico do Exército Brasileiro, destacando sua capacidade de integrar inteligência, operações aeromóveis e emprego combinado de tropas especializadas em cenários complexos.


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com Exército Brasileiro



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Egito busca alternativas fora do eixo ocidental com adesão ao programa turco KAAN

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Em um movimento estratégico que desafia a tradicional dependência do Egito de fornecedores ocidentais, o Cairo decidiu aderir oficialmente ao programa de caças de quinta geração KAAN, desenvolvido pela Turkish Aerospace Industries (TAI). A decisão, ainda não confirmada formalmente pelas autoridades turcas, representa uma tentativa clara de superar as limitações impostas pelos Estados Unidos e países europeus sobre suas aeronaves, ao mesmo tempo em que diversifica sua aviação militar com tecnologias fora do eixo de poder tradicional.

Nos últimos meses, intensas negociações entre Cairo e Ancara abriram caminho para que o Egito participe do programa KAAN como coprodutor, com transferência de tecnologia, produção local de componentes e investimento direto em pesquisa e desenvolvimento. Estima-se que o programa, orçado em mais de US$ 10 bilhões, possa fornecer ao Egito acesso a capacidades stealth avançadas sem a vigilância e as restrições políticas que caracterizam contratos com fornecedores ocidentais.

O KAAN e o desejo de autonomia tecnológica

O KAAN é a primeira aeronave de quinta geração desenvolvida integralmente pela Türkiye, em resposta à exclusão de Ancara do programa F-35 Lightning II. Com tecnologia stealth, aviônica moderna e capacidade de integração local, o projeto representa para o Egito uma oportunidade de contornar limitações operacionais de suas atuais aeronaves ocidentais. Além disso, a cooperação com a Türkiye reforça a estratégia egípcia de desenvolver autonomia tecnológica e industrial em defesa, alinhada ao objetivo do presidente Abdel Fattah el-Sisi de reduzir a dependência de fornecedores externos.

Paralelamente, o Egito também realizou a aquisição dos caças chineses J-10C, tornando-se o segundo cliente internacional desse modelo, depois do Paquistão. Esta decisão reforça a tendência de diversificação da frota, buscando capacidades que não estejam sujeitas às restrições políticas ou logísticas impostas pelos EUA ou pela Europa.

Limitações da frota ocidental e motivação para diversificação

A Força Aérea Egípcia possui quase 200 caças F-16, oriundos dos Estados Unidos, que formam a espinha dorsal da frota. No entanto, essas aeronaves têm capacidades significativamente limitadas: só podem empregar armamentos ar-superfície de curto alcance, seu desempenho operacional é rigidamente controlado por Washington, e o fornecimento de peças de reposição depende de autorizações externas.

Além disso, os Rafale franceses adquiridos desde 2015 também enfrentam restrições críticas, como a ausência do míssil ar-ar Meteor, que limita seriamente sua capacidade de combate. Já os MiG-29 russos, adquiridos em 2015, estão sujeitos a sanções internacionais e restrições logísticas decorrentes da crise global em torno da Rússia após 2022. Essa combinação de limitações técnicas e políticas expõe a vulnerabilidade do Egito em cenários de conflito de alta intensidade e reforça a necessidade de alternativas estratégicas.

Busca por soluções fora do eixo de poder

Diante dessas restrições, a adesão ao programa KAAN e a compra do J-10C chineses refletem uma política clara: o Egito busca reduzir a dependência de potências ocidentais e garantir autonomia operacional. Por meio do KAAN, o país terá acesso a tecnologia de ponta sem condicionalidades políticas, podendo operar sua frota de quinta geração com maior liberdade tática. A aquisição do J-10C, por sua vez, oferece capacidades adicionais e diversificação de fornecedores, mitigando riscos geopolíticos e fortalecendo a resiliência da força aérea.

Essa estratégia demonstra que o Egito está alinhando sua política de defesa a uma abordagem multipolar, explorando parceiros que desafiam o monopólio tecnológico ocidental e permitindo que o país consolide um poder aéreo moderno e independente.

Implicações regionais

O novo eixo Cairo-Ancara, reforçado pela participação egípcia no programa KAAN, poderá equilibrar o poder regional em relação a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Israel, cuja supremacia aérea é baseada nos F-35I. Além disso, a diversificação fora do eixo ocidental abre espaço para maior autonomia estratégica, colocando o Egito em posição de protagonismo na reconfiguração multipolar da defesa aérea no Oriente Médio e Norte da África.

Até 2030, espera-se que o Egito conte com uma frota mista que combine F-16, Rafale, MiG-29, J-10C e futuramente KAAN, capaz de operar de maneira independente e maximizar sua capacidade de defesa em um cenário regional cada vez mais complexo.


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Incursão de drones russos na Polônia reacende debate sobre OTAN e segurança internacional

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Na madrugada de 10 de setembro de 2025, o Leste Europeu testemunhou um episódio que expôs vulnerabilidades, testou limites de dissuasão e reacendeu debates sobre a credibilidade da OTAN. Dezenas de drones atribuídos à Rússia atravessaram o espaço aéreo polonês, atingindo regiões próximas à fronteira e provocando resposta imediata das Forças Armadas polonesas e de aliados da aliança. O incidente levou Varsóvia a acionar o Artigo 4 do Tratado do Atlântico Norte, mecanismo que prevê consultas emergenciais quando a integridade territorial de um Estado-membro é considerada ameaçada.

Mais do que uma violação de soberania, o episódio funcionou como um teste estratégico: até onde a OTAN está disposta a agir diante de ameaças híbridas e incidentes que não se enquadram nas definições tradicionais de ataque armado? A resposta envolve uma combinação de capacidade militar, diplomacia e interpretação do direito internacional.

A dimensão militar da incursão

De acordo com informações oficiais do governo polonês e da OTAN, entre 19 e 23 drones russos cruzaram a fronteira a partir da Bielorrússia, aliado estratégico de Moscou. Os ataques ocorreram em ondas simultâneas, explorando lacunas na vigilância aérea da região oriental da Polônia.

Os drones, do tipo Orlan-10 e Forpost, são veículos aéreos não tripulados de médio alcance, capazes de transportar cargas de explosivos e operar em ambientes de guerra eletrônica. Segundo relatórios da OTAN e do Ministério da Defesa da Polônia, esses sistemas têm autonomia de voo entre 120 a 250 km e podem ser controlados remotamente para missões de reconhecimento ou ataque localizado, representando ameaça assimétrica de baixo custo e alto impacto estratégico.

A Força Aérea Polonesa reagiu rapidamente. Caças F-16 Fighting Falcon, com apoio de aeronaves AWACS E-3 Sentry da OTAN, interceptaram parte dos drones, derrubando três com confirmação e neutralizando um quarto de forma presumida. Mesmo assim, alguns drones atingiram áreas civis. Na vila de Wyryki-Wola, um aparelho colidiu com residência, causando danos materiais e ferimentos leves. O episódio também levou ao fechamento temporário dos aeroportos de Varsóvia, Rzeszów e Lublin, evidenciando a fragilidade operacional diante de ataques híbridos.

Artigo 4 da OTAN: política, diplomacia e limites da escalada

Diante do incidente, Varsóvia acionou o Artigo 4 do Tratado do Atlântico Norte, convocando consultas emergenciais entre os Estados-membros. Diferente do Artigo 5, que prevê defesa coletiva em caso de ataque armado, o Artigo 4 permite coordenação política e diplomática, sem escalar automaticamente para conflito militar.

O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, classificou a incursão como “uma violação inaceitável da soberania polonesa e, portanto, de toda a aliança”, reafirmando a união dos membros na proteção de cada centímetro do território da OTAN.


A decisão de usar o Artigo 4, em vez do 5, reflete a complexidade do cenário jurídico e militar: houve violação do espaço aéreo e danos materiais, mas não ataque armado em larga escala, caracterizando zona cinzenta típica da guerra híbrida moderna.

Capacidade militar polonesa e integração aliada

O incidente evidenciou a importância da modernização militar da Polônia, que mantém atualmente cerca de 48 caças F-16 Block 52+ e sistemas de defesa aérea Patriot PAC-3 fornecidos pelos EUA. Os sistemas de radar 3D e integração com comandos da OTAN permitiram interceptações rápidas, mas também mostraram limitações diante de ataques coordenados com múltiplos drones.

O episódio reforça a necessidade de defesa aérea integrada no flanco leste da OTAN, incluindo sistemas antimíssil e antidrone, interoperabilidade total e protocolos de resposta a ameaças assimétricas. Para especialistas militares consultados pela OTAN, a combinação de radares avançados, caças e sistemas de comando e controle precisa ser expandida e adaptada à realidade da guerra cinzenta.

Reações internacionais

Polônia: O primeiro-ministro Donald Tusk classificou o episódio como “ponto de inflexão” e anunciou aceleração de programas de modernização militar, priorizando defesa aérea, vigilância e sistemas antidrone.

União Europeia: Bruxelas condenou o episódio, discutindo a ampliação de sanções econômicas contra Moscou e a implementação de um sistema de defesa aérea continental integrado, capaz de reagir a ameaças transfronteiriças.

Estados Unidos: O presidente Joe Biden reafirmou compromisso com a defesa da Polônia, mas manteve postura cautelosa para evitar escalada direta.

ONU: A Polônia solicitou reunião emergencial do Conselho de Segurança, denunciando o incidente como “ato de agressão”. A iniciativa buscou mobilizar apoio diplomático e pressionar Moscou, mesmo diante do poder de veto russo.

Rússia: Negou intenção deliberada, alegando desvio de rota durante operações na Ucrânia. A narrativa busca minimizar o episódio, enquanto mantém pressão psicológica sobre a OTAN.

Geopolítica e implicações estratégicas

O episódio pode ser interpretado como teste russo à credibilidade da OTAN, sondando limites da dissuasão e provocando sem ultrapassar formalmente o limiar de ataque armado. Moscou demonstra capacidade de atingir aliados da Ucrânia, pressionando politicamente a aliança e explorando ambiguidades jurídicas do direito internacional.

Para os EUA, o episódio reforça dilemas estratégicos: equilibrar compromissos europeus enquanto concentra recursos para conter a China no Indo-Pacífico. Para a União Europeia, evidencia urgência em assumir maior responsabilidade pela própria defesa.

Cenários hipotéticos futuros

  1. Escalada gradual: novos episódios de drones podem pressionar a OTAN até que um ataque seja considerado armado.

  2. Modernização da OTAN: integração acelerada de defesas aéreas, radares antidrone e protocolos de resposta rápida.

  3. Negociação indireta: Moscou pode usar episódios como barganha diplomática em negociações sobre a Ucrânia.

  4. Erro de cálculo: drones que causem vítimas em larga escala poderiam acionar o Artigo 5, com consequências imprevisíveis.

Precedentes históricos

  • 2022: míssil russo atingiu território polonês, gerando consultas emergenciais.

  • 2023-2024: drones russos violaram espaços aéreos de Romênia e Lituânia.

  • Artigo 4 da OTAN: histórico mostra que consultas fortalecem coordenação sem escalada militar automática.

Esses casos ajudam a contextualizar a resposta de 2025: firme, coordenada e juridicamente prudente.

Leitura estratégica do fato

O episódio de 10 de setembro integra a lógica da pressão híbrida, em que a Rússia testa prontidão da OTAN, sondando respostas e vulnerabilidades sem provocar confronto direto.

Para Varsóvia, a defesa do território equivale à defesa da aliança inteira, reforçando a necessidade de solidariedade concreta. Para os EUA, evidencia o desafio de equilibrar promessas europeias com prioridades no Indo-Pacífico. Para a UE, reforça a necessidade de integração militar e aumento de gastos em defesa coletiva.

A incursão de drones russos sobre a Polônia não é apenas um incidente militar isolado. Testa a solidariedade da OTAN, a resiliência das instituições internacionais e a capacidade do Ocidente de responder a ameaças híbridas complexas.

Enquanto Moscou nega intenção deliberada, a incerteza persiste, mantendo alto risco de novos episódios. A forma como a OTAN e seus aliados reagirem definirá não apenas a segurança da Polônia, mas o futuro da arquitetura de defesa europeia.

O episódio evidencia que a fronteira entre guerra aberta e operações híbridas está cada vez mais tênue, exigindo adaptação tecnológica, doutrinas flexíveis e coordenação estratégica entre aliados. A guerra moderna não se limita a conflitos convencionais: a nova realidade exige respostas integradas, rápidas e inteligentes.


por Angelo Nicolaci


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