terça-feira, 13 de abril de 2010

China diz se opor a armas, mas defende direito a programa nuclear


O presidente da China, Hu Jintao, afirmou nesta terça-feira em discurso na Cúpula de Segurança Nuclear, que seu país se opõe "firmemente" à proliferação de armas nucleares e apoia os esforços internacionais para reforçar a segurança nesse terreno. O presidenre ressaltou, contudo, que defende da mesma forma o direito a um program nuclear pacífico --discurso que deve ser entendido como um recado às potências sobre o Irã.

O discurso vem um dia depois do encontro bilateral entre Hu e o presidente americano, Barack Obama, no qual a China disse concordar em trabalhar pelas novas sanções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) contra o programa nuclear iraniano, acusado de ter como fim a produção de armas.

"A China se opõe firmemente à proliferação de armas nucleares e apoia energicamente os esforços que visam a reforçar a segurança nuclear, assim como o direito de cada país a um uso pacífico da energia nuclear", declarou Hu, diante de outros 46 dirigentes mundiais, incluindo o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que deve defender os mesmos argumentos no evento.

Obama obteve na véspera o acordo de Hu para trabalhar em uma resolução da ONU reforçando as sanções internacionais contra o Irã. Depois do encontro, a Casa Branca disse que os dois líderes orientaram seus diplomatas a trabalhar em uma possível nova rodada de sanções.

Os chineses, porém, foram menos enfáticos. Reiteraram a defesa do diálogo como forma de solucionar a questão nuclear iraniana, mas disseram que os Estados Unidos e a China compartilham o mesmo objetivo.

A dúvida ficou maior quando o Ministério do Relações Exteriores chinês voltou a afirmar que a disputa nuclear envolvendo o Irã não pode ser resolvida através de sanções, horas após o encontro entre os presidentes.

Durante o rotineiro encontro com a imprensa, em Pequim, o porta-voz do ministério, Jiang Yu, disse que a o país "acredita que o diálogo e as negociações são a melhor maneira de resolver de forma apropriada o tema nuclear iraniano".

O Irã aproveitou a brecha para dizer que não vê nenhuma mudança de postura na China.
"Interpretamos de maneira diferente os comentários feitos após a reunião entre autoridades americanas e chinesas", declarou o porta-voz da diplomacia iraniana, Ramin Mehmanparast.

"Não consideramos que os comentários demonstrem um acordo com as autoridades americanas para alguma nova medida injusta", disse o porta-voz, em referência a uma possível quarta rodada de sanções.

O Ocidente acusa Irã de esconder fins militares de seu programa nuclear, acusação que Teerã nega. Os Estados Unidos e outros países pressionam a China há meses para que apoie as novas sanções, já que ela tem poder de veto como membro permanente do Conselho.


Lula

O presidente Lula deve fazer uma apresentação com o mesmo tom na questão do programa nuclear iraniano.

Segundo texto do discurso antecipado pelo Ministério de Relações Exteriores, Lula vai ressaltar que o combate ao terrorismo nuclear não pode impedir o direito de um programa nuclear pacífico --um discurso que já enfureceu os EUA ao ser usado para defender justamente o programa nuclear iraniano.

"É importante, por outro lado, evitar que a preocupação legítima com o terrorismo nuclear prejudique o direito de acesso, uso e desenvolvimento da energia nuclear para fins pacíficos", dirá, segundo a íntegra. "O modo mais eficaz de se reduzir os riscos de que agentes não-estatais utilizem explosivos nucleares é a eliminação total e irreversível de todos os arsenais nucleares".


Cúpula

O presidente Obama abriu mais cedo a primeira de duas sessões plenárias da Cúpula sobre Segurança Nuclear, em Washington, que abordará as medidas individuais a serem adotadas pelos países sobre o tema.

O encontro, que começou na noite de ontem com um jantar de Estado, reúne representantes de 47 países na capital americana, 38 deles chefes de Estado ou de Governo.

A previsão é de que a primeira das duas sessões plenárias, que começou às 9h30 locais (10h30 no horário de Brasília), dure duas horas.

A Casa Branca espera que, durante a sessão, alguns países anunciem o que estão fazendo para eliminar ou proteger melhor os materiais nucleares em seu território e para minimizar seu uso no setor civil, ao converter os reatores que usam urânio altamente enriquecido para outros que utilizem material com um nível mais baixo de enriquecimento.

A primeira sessão plenária será seguida por um almoço de trabalho, em que será avaliado o papel da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) na área de segurança nuclear.

Em seguida, os chefes das delegações iniciarão a segunda sessão plenária, que começará às 14h locais (15h no horário de Brasília) e que também durará duas horas.

Os países concentrarão na reunião da tarde as medidas que podem adotar no âmbito multilateral e como reforçar o sistema internacional para uma melhor segurança nuclear.

Obama divulgará as conclusões do evento em uma entrevista coletiva prevista para as 16h30 locais (17h30 no horário de Brasília).

Os líderes presentes emitirão, além disso, um comunicado conjunto no qual expressarão seu compromisso coletivo contra o tráfico ilícito de materiais nucleares.

Fonte: France Presse
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