
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, pediu hoje o adiamento das eleições do próximo dia 29 para "legitimá-las" como solução "legal" que permita o país a voltar ao Estado de direito.
"É urgente apresentar soluções legais para esta crise; adiar as eleições deve ser uma condição que permita legitimá-las, que nos devolva o Estado de direito, a ordem constitucional e a credibilidade internacional", ressaltou Zelaya em uma declaração distribuída à imprensa.
O presidente derrubado considera que a prorrogação das eleições poderia ser parte de um acordo político "ou irremediavelmente teriam que ser repetidas" quando "a vontade do soberano for restaurada".
Em sua nota, intitulada "Povo hondurenho, não estão te dizendo a verdade", Zelaya diz que Honduras vive "em um Estado de fato" no qual "não há Constituição nem poderes constituídos, porque foram destruídos pela força".
Zelaya foi derrubado e enviado à força para a Costa Rica por militares em 28 de junho passado. Desde 21 de setembro, quando retornou de forma surpreendente a Honduras, permanece na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, cercado pela Polícia e pelo Exército.
Em sua opinião, a realização de eleições nesta situação, sem a restauração da democracia e a instalação um Governo de unidade, como prevê o Acordo Tegucigalpa-San José assinado no último dia 30, representa "uma aberração jurídica, uma trapaça e uma mentira para o povo".
"As eleições de 29 de novembro não poderão resolver este problema fundamental porque seus resultados estarão à margem dos valores próprios da concepção mais elementar da formação do Estado de direito", expressou Zelaya.
Segundo o presidente deposto, o Acordo Tegucigalpa-San José, assinado por representantes seus e do presidente de fato, Roberto Micheletti, "foi o instrumento político proposto para restaurar legalmente a ordem constitucional e realizar eleições legítimas".
Porém, de acordo com o texto de Zelaya, o pacto "foi descumprido em seus prazos e em sua forma pelo regime de fato".
"Neste caso, reprogramar as eleições deve ser uma condição que permita legitimá-las", concluiu.
Horas antes, Zelaya tinha reiterado em outro comunicado sua intenção de impugnar as eleições e fez um chamado a seus compatriotas para "refletir e, de maneira consciente, denunciar" o que chamou de "fraude eleitoral".
Micheletti
O presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, afirmou nesta quinta-feira que pode se afastar temporariamente para permitir que os eleitores se concentrem nas próximas eleições presidenciais. Micheletti disse que consultará seus assessores e aqueles que apoiaram seu governo sobre se ele deveria se afastar antes das eleições de 29 de novembro e até pelo menos 2 de dezembro, quando o Congresso decidirá sobre a restituição do presidente deposto, Manuel Zelaya.
Micheletti não disse quem ficaria no comando do governo durante a semana em que ele estaria ausente. "Meu propósito com esta medida é que a atenção de todos os hondurenhos se concentre no processo eleitoral e não na crise política", declarou Micheletti, numa mensagem transmitida em rede nacional de TV.
Ele afirmou que voltaria imediatamente à presidência para evitar que surgissem ameaças à "ordem e à segurança". Micheletti foi nomeado presidente pelo Congresso depois que Zelaya foi tirado da cama por soldados e levado para a Costa Rica em 28 de junho.
Abrigado na embaixada do Brasil desde que voltou clandestinamente ao país, em 21 de setembro, Zelaya chamou o anúncio de Micheletti de "uma manobra fácil para iludir os tolos". O presidente deposto voltou a advertir que não voltará à presidência se o Congresso votar por sua restituição após a eleição. Para Zelaya, isso legitimaria o golpe. "É ilegal e viola os direitos dos eleitores porque tenta esconder um golpe de Estado", afirmou
Zelaya
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse nesta quinta-feira que, ao anunciar sua saída temporária do poder, o governante interino, Roberto Micheletti, admite que é "uma mancha" para a democracia. Para Zelaya, a saída é uma manobra para "enganar bobos".
Ontem, Micheletti, anunciou que vai se licenciar do cargo entre 25 novembro e 2 dezembro para permitir um período de "reflexão" aos hondurenhos para as eleições gerais no dia 29.
"Nesta última manobra, Micheletti confessa claramente que com sua posição ele é uma mancha para a democracia, por isso está querendo sair por uma semana, mas nós lhe pedimos que vá para sempre", disse Zelaya a rádio Globo.
Zelaya afirmou ainda que Micheletti confessou que "é uma mancha para esta democracia, para todo processo político". "Sua manobra de querer fingir que sai por uma semana é uma manobra falsa, isso é para enganar bobos", afirmou.
"Ele não vai a enganar a mim com isso, nem ao povo hondurenho, nem à comunidade internacional, talvez a seus partidários. Esta manobra significa mais ocultar a verdade sobre o que está acontecendo em Honduras e de querer enganar a toda a comunidade internacional e ao povo hondurenho", acrescentou.
Zelaya também pediu que as eleições de 29 de novembro fossem adiadas para legitimá-las, e reiterou que com a atitude de Micheletti, comprova-se que sua posição que impugnará as eleições.
Impasse
Zelaya está refugiado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa desde o dia 21 de setembro passado, quando retornou em segredo a Honduras, após ser deposto e expulso do país, em junho, devido à tentativa de realizar um referendo para mudar a Constituição e aprovar a reeleição presidencial. A Suprema Corte considerou ilegal a tentativa de mudança constitucional e validou a destituição, mas um virtual consenso da comunidade internacional classificou de golpe a sucessão.
Depois de patrocinar, no mês passado, o acordo que foi rejeitado por Zelaya quando a formação de um novo governo aconteceu antes da decisão sobre a restituição, os Estados Unidos defendem a realização da eleição presidencial do próximo dia 29.
"As eleições hondurenhas são uma parte importante da solução para avançar rumo ao futuro", disse, em Tegucigalpa, Craig Kelly, número dois do Departamento de Estado americano para a América Latina, antes de voltar aos EUA, nesta quarta-feira. "Ninguém tem o direito de tirar do povo hondurenho o direito de votar e de escolher os seus líderes", disse a jornalistas, embora tenha se negado a responder a perguntas.
Mas países como Brasil e Venezuela, além da OEA (Organização dos Estados Americanos), insistem que não reconhecerão o resultado de uma eleição presidencial disputada antes do retorno de Zelaya à Presidência.
Fonte: Agência Estado / EFE
Nota do Blog: Parece que a crise ainda não esta perto de acabar. E os EUA anunciaram que solucionaram a questão, não é bem o que me parece.
O Brasil não irá reconhecer uma eleição sem que Zelaya tenha a presidência devolvida pelos golpistas e um acordo realmente democrático seja assinado.
A crise em Honduras vai durar ainda um bom tempo, acho melhor o Itamaraty enviar logo a "Ceia de Natal" e o "Champagne" para o fim de ano de Zelaya em nossa embaixada.

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