
O ministro japonês da Defesa, Toshimi Kitazawa, declarou em entrevista à agência de notícias France Presse que o novo governo de centro-esquerda que assumiu vai revisar o estatuto dos soldados americanos mobilizados no Japão, já que a atual situação é "humilhante" para a população.
O ministro disse que abordará esta questão durante a visita do secretário americano da Defesa, Robert Gates, na próxima semana a Tóquio.
Kitazawa, um dos novos ministros a assumir após a vitória histórica do Partido Democrata do Japão (PDJ) nas eleições legislativas, disse considerar difícil a proposta já apresentada de transferir a base americana de Futenma, situada na ilha de Okinawa, para outra parte do país.
Os dois países já haviam decidido levá-la para uma área menos habitada e transferir os 8.000 marines ali presentes para Guam.
O acordo bilateral que estabelece a presença americana no país foi estabelecido após a Segunda Guerra (1939-1945) e, segundo o ministro, precisa ser atualizado segundo "às exigências da época atual".
A eleição triunfal mês passado do premiê Yukio Hatoyama, presidente do Partido Democrata do Japão, encerrou mais de 50 anos de domínio dos conservadores --que criaram uma relação de grande dependência dos EUA.
Hatoyama declarou que deseja estabelecer uma relação de "igual para igual" com Washington durante a visita em novembro ao Japão do presidente americano, Barack Obama.
Kitazawa afirmou que quer ter uma conversa franca com Gates sobre a presença americana na ilha de Okinawa (sul) que acolhe mais da metade dos cerca de 47 mil soldados americanos baseados no Japão.
A base de Futenma situada atualmente em uma zona urbana populosa suscita a raiva dos moradores locais, cansados do barulho e dos incidentes recorrentes com soldados, sobretudo, depois do estupro coletivo de uma menina de 12 anos em 1995.
Segundo o Estatuto das Forças americanas no Japão, que data de 1960, os soldados que cometeram crimes estão sujeitos à jurisdição americana e não à japonesa. Somente os suspeitos de crimes graves são obrigados a prestar contas às autoridades japonesas, mas somente após um indiciamento.
"Os moradores de Okinawa ressentem desta situação, que veem como uma humilhação", explicou Kitazawa. "Vamos propor sua revisão durante a visita de Gates", disse.
A população local, contudo, se opõe à transferência de Futenma para uma baía do norte de Okinawa.
"Levar a base para fora de Okinawa, mas para colocá-la onde?", perguntou o ministro. "É muito difícil encontrar outro lugar", afirmou.
Gates deve discutir ainda com Kitazawa a missão da marinha japonesa no oceano Índico, em apoio às forças internacionais no Afeganistão. O ministro japonês confirmou que as autoridades americanas foram oficialmente informadas de seu fim em janeiro.
Segundo ele, o apoio mais realista que o Japão pode oferecer para o Afeganistão é civil, citando como exemplo o transporte pela força aérea japonesa da ajuda aos refugiados afegãos no Paquistão.
Fonte: France Presse

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