sábado, 10 de outubro de 2009

Israelenses e palestinos repetem estratégias da Guerra do Vietnã



Falou-se muito do novo modelo de guerras do século XXI, cibernética, tecnológica. Porém, a guerra mais significativa do novo século tem tudo das guerras do século passado: a guerra da Palestina – que é o seu verdadeiro nome.

A guerra da Palestina tem tudo das guerras clássicas do século XX. Ela é, em primeiro lugar, uma guerra colonial. Israel atua como uma potência colonial típica, de ocupação nos territórios palestinos. Essa ocupação busca impedir que os palestinos possam ter seu Estado, da mesma forma que Israel tem o seu. E tenta fazê-lo com uma ocupação militar. O cenário principal da guerra são os territórios palestinos invadidos por tropas israelenses.

Tem também o imperialismo, neste caso o imperialismo norte-americano, de que Israel se tornou ponta de lança no Oriente Médio. Sem a ação norte-americana – no fornecimento de armamento sofisticado em massa para Israel, no financiamento do Estado israelense, na ação de veto nas Nações Unidas, na intermediação que favorece Israel, na neutralização de alternativas de paz –, Israel não sobreviveria.

Tem massacres diários e resistência heróica de palestinos, tem monopólio da mídia a favor de Israel e dos EUA, tem inércia da ONU. Tudo como, por exemplo, na guerra do Vietnã, com a qual a guerra na Palestina se parece cada vez mais.

Tem intelectuais aderidos ao poderio imperial, tentando justificar o injustificável, enquanto aqueles que mantêm o espírito crítico e a independência buscam mobilizar a opinião pública pelo apelo à sua capacidade de indignação. Há racismo dos ocupantes e de seus aliados imperiais, há tentativas de opor a “civilização ocidental” contra a oriental. Há prepotência de quem acha que pode se impor pela superioridade militar.

Há a tentativa de chamar de “terroristas” aos que resistem, com as armas da rebelião nas mãos, enquanto tolera o “terrorismo de Estado” dos ocupantes coloniais. Há a solidariedade internacional popular ampla com os palestinos. Há uma divisão entre o campo dos que lutam pela sua libertação e os que apoiam a ocupação colonial.

Em suma, como o século XXI tem sido o século da continuidade da hegemonia do imperialismo norte-americano, apesar de decadente, não seria estranho que as guerras do novo século se assemelhassem às do século anterior. Um século novo em que os palestinos ocupam o lugar dos vietnamitas.

A guerra da Palestina é a primeira guerra significativa do século XXI, herdada do século XX, da mesma forma que herdamos o imperialismo, o colonialismo e o racismo. O novo século se anuncia, como o anterior, um século de mudanças e, portanto, um século de guerras.

Fonte: Agência Carta Maior
Share this article :

0 comentários:

Postar um comentário

 

GBN Defense - A informação começa aqui Copyright © 2012 Template Designed by BTDesigner · Powered by Blogger