quinta-feira, 10 de julho de 2025

Irã abandona sistemas russos e aposta na China para reconstruir suas defesas aéreas após ataques israelenses

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O Irã, tradicional aliado militar da Rússia no Oriente Médio, deu um passo inédito ao escolher sistemas de defesa aérea chineses HQ-9B para reconstruir sua rede antiaérea, amplamente destruída pelos ataques israelenses. A decisão evidencia a insatisfação iraniana com a performance dos sistemas russos S-300, levantando dúvidas sobre o futuro de outras parcerias no âmbito de defesa  entre Teerã e Moscou, como a aquisição de caças Su-35, que também está em xeque.

A aquisição iraniana dos HQ-9B foi revelada pelo site Middle East Eye, que citou autoridades regionais com acesso direto ao acordo. As entregas começaram logo após o término do cessar-fogo informal entre Irã e Israel, no dia 24 de junho. Segundo as informações, o Irã pagará as baterias com petróleo, moeda de troca que lembra acordos da Guerra Fria, consolidando ainda mais a dependência iraniana da China, seu principal parceiro comercial.

A derrocada dos S-300 no Irã

Durante anos, o Irã apresentou os S-300 PMU-2 como um símbolo de sua capacidade defensiva. Comprados da Rússia em 2007 por US$ 1 bilhão, os sistemas demoraram quase uma década para serem entregues, chegando apenas em 2016, em meio a uma série de embargos internacionais.

S300PMU-2 se mostraram ineficientes no Irã

Porém, a realidade dos combates recentes expôs a fragilidade desses sistemas frente à guerra moderna. Nos ataques israelenses de abril e outubro de 2024, os S-300 foram amplamente neutralizados por mísseis de cruzeiro e drones, mesmo com o Irã alegando que suas defesas haviam derrubado várias aeronaves inimigas.

No mais recente conflito de 12 dias entre Irã e Israel, encerrado em junho, as Forças de Defesa de Israel (IDF) provavelmente eliminaram o que restava dos S-300 iranianos. Segundo fontes israelenses, as baterias russas falharam repetidamente em detectar ou interceptar aeronaves furtivas F-35 e mísseis israelenses. Ainda que a mídia estatal iraniana tenha alegado o abate de quatro F-35, três deles supostamente derrubados pelo sistema de defesa aérea iraniano Bavar 373, nenhuma prova concreta foi apresentada. Especialistas apontaram que as imagens divulgadas pelo governo iraniano eram visivelmente manipuladas.

Bavar 373

Diante da destruição praticamente total de suas defesas de médio e longo alcance, Teerã foi forçado a buscar uma alternativa, e a resposta veio da China.

O HQ-9B: uma nova aposta para o Irã

O sistema HQ-9B, fabricado pela China, emprega mísseis superfície-ar de longo alcance baseado em tecnologia russa, mas com significativas melhorias em eletrônica e capacidade de travamento de alvo. Seu alcance pode chegar a 260 km, superior aos cerca de 195 km dos S-300 PMU-2.

O HQ-9B também emprega radares do tipo AESA (Active Electronically Scanned Array) e sensores infravermelhos passivos, o que teoricamente o torna mais eficiente contra aeronaves furtivas como o F-35. Além disso, possui maior resistência a bloqueios e interferências eletrônicas, uma vulnerabilidade notória dos sistemas russos, agravada pela guerra eletrônica cada vez mais presente nos conflitos modernos.

A China é hoje o destino de quase 90% das exportações de petróleo bruto iraniano, uma dependência econômica que também se reflete no campo de defesa. Ainda não foi revelado oficialmente quantos lançadores HQ-9B o Irã recebeu.

O futuro incerto dos caças Su-35 no Irã

Além dos sistemas antiaéreos, o Irã também repensa suas aquisições aéreas. Os caças russos Su-35, cuja venda ao Irã foi amplamente noticiada, ainda não foram entregues. A performance abaixo do esperado do Su-35 na guerra da Ucrânia, onde enfrentou dificuldades contra drones, mísseis ocidentais e caças de nova geração, reforçou as dúvidas em Teerã.

A imprensa iraniana e chinesa sugere que o Irã já analisa seriamente a compra do aeronaves chinesas J-10C. O Defa Press, veículo alinhado às Forças Armadas iranianas, publicou um artigo pedindo oficialmente a aquisição do J-10C como alternativa mais eficiente. De acordo com reportagens de 2021, o Irã teria interesse em até 36 exemplares da aeronave, também em troca de petróleo e gás natural.

O J-10C é uma aeronave de quarta geração, equipada com radar AESA e mísseis PL-15E de longo alcance, capaz de rivalizar com muitos caças ocidentais. A China tem promovido agressivamente essa aeronave como alternativa de baixo custo para países sancionados ou com restrições ao mercado ocidental.

Segundo fontes, durante uma visita recente à China, o ministro da Defesa iraniano, Aziz Nasir Zadeh, teria formalizado o interesse na compra dos J-10C.

Uma ruptura estratégica com Moscou

O que antes era uma sólida parceria militar entre Rússia e Irã agora se desfaz diante dos olhos da comunidade internacional. A guerra na Ucrânia, que escancarou limitações graves nos equipamentos russos, e o fracasso dos S-300 no Oriente Médio geraram um forte desgaste da imagem de Moscou como fornecedor de armas confiáveis.

Países como Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, por exemplo, recusaram-se a adquirir os S-300 e S-400, preferindo sistemas ocidentais, ou no máximo o Pantsir-S1 russo para defesa de ponto. A perda do Irã, seu maior cliente militar na região, representa um duro golpe para a indústria de defesa russa.

Já a China, discreta e pragmática, se fortalece como a nova provedora estratégica de armamentos no Oriente Médio, ampliando sua influência em uma das regiões mais voláteis do planeta.

Análise do GBN sobre o novo cenário

O caso do Irã escancara as transformações no teatro moderno de operações:

  • Fim da supremacia russa: A defesa aérea russa, antes símbolo de invencibilidade, tornou-se ineficiente diante de caças furtivos, mísseis de cruzeiro e guerra eletrônica. A destruição dos S-300 no Irã não é um fato isolado, mas o reflexo direto da inadequação desses sistemas à guerra moderna, como também visto na Ucrânia.

  • Ascensão chinesa na guerra tecnológica: A China, além de prover armamentos mais baratos, oferece soluções que integram eletrônica avançada, sensores redundantes e robustez contra bloqueios eletrônicos, características hoje essenciais para sobrevivência no campo de batalha. O HQ-9B é, essencialmente, um “S-300 aperfeiçoado” para o século XXI.

  • Dependência e pragmatismo iraniano: A escolha iraniana é pragmática. Ao invés de insistir na parceria com Moscou, o Irã busca o que há de mais eficaz dentro das restrições que enfrenta, mesmo que isso aprofunde sua dependência da China. Em meio a constantes ameaças de Israel e dos EUA, a prioridade de Teerã é garantir capacidade real de dissuasão, e não apenas propaganda.

Comparativo Técnico: S-300 PMU-2 vs HQ-9B

Característica S-300/PMU-2 (Rússia) HQ-9B (China)
Alcance Máximo  195 km Até 260 km
Teto 
Até 27 km Até 50 km
Radar Principal Radar phased array (30N6E, não AESA) Radar AESA + sensor infravermelho passivo
Missil Até Mach 4 Mach 4,2 a 4,7
Capacidade Contra Stealth Limitada Otimizada para aeronaves furtivas e mísseis
Resistência EW Moderada, vulnerável a interferências Alta resistência, com rastreamento redundante
Histórico Operacional Fraco no Oriente Médio e na Ucrânia Sem combate real, mas robusto em testes e simulações
Status no Irã Virtualmente destruído Entrando em operação (primeiras baterias entregues)


O Irã, diante da realidade do campo de batalha moderno, rompe com a dependência da Rússia e inaugura uma nova era de alinhamento com a China no setor de defesa. Os fracassos operacionais do S-300 e a falta de entrega dos Su-35 selaram o "divórcio" entre Moscou e Teerã.

O HQ-9B não é apenas uma substituição técnica, ele representa uma mudança de eixo geopolítico no Oriente Médio, com a China ampliando sua influência regional em detrimento da Rússia. Em meio a um cenário de drones, mísseis furtivos e guerra eletrônica, Teerã escolheu um caminho pragmático: sobreviver ao custo da autonomia.



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Macedônia do Norte: A Pequena Nação que Redesenha o Papel dos Exércitos na OTAN

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Enquanto os debates sobre o fornecimento de armamentos à Ucrânia ainda paralisam algumas das maiores potências militares da OTAN, uma pequena nação dos Balcãs tomou uma decisão ousada, que atraiu olhares atentos de analistas militares de todo o mundo. A Macedônia do Norte, membro da Aliança Atlântica desde 2020, transferiu para o front ucraniano toda a sua frota de carros de combate T-72, abrindo mão de seu principal ativo blindado. Contudo, o que, à primeira vista, poderia parecer um ato de sacrifício ou de solidariedade, na verdade, foi uma jogada estratégica cuidadosamente planejada.

Em vez de buscar substituir seus carros de combate por modelos equivalentes ou mais modernos, o país iniciou uma profunda reformulação de suas forças armadas, voltada à mobilidade, à tecnologia e à adaptação às exigências do campo de batalha moderno. A decisão de Skopje não representa apenas uma doação simbólica, mas sim a aposta em um modelo de defesa inteiramente novo, um que pode inclusive inspirar outras nações de pequeno porte dentro da OTAN.

O cerne dessa mudança está na substituição de plataformas blindadas pesadas por veículos leves e altamente móveis. A Macedônia do Norte baseará suas operações nos veículos táticos 4x4 JLTV (Joint Light Tactical Vehicle), de origem americana, e nos veículos blindados de transporte de tropas Stryker 8x8, reconhecidos por sua flexibilidade e mobilidade em terreno variado. Além disso, drones de múltiplas capacidades ocuparão um papel central na nova doutrina militar, com funções que vão desde a vigilância e reconhecimento até ataques de precisão, operando como uma extensão dos meios terrestres.

Essa força móvel será reforçada por sistemas de defesa aérea portáteis como os mísseis franceses Mistral, com planos em andamento para aquisição de um moderno sistema de defesa aérea de médio alcance. A meta é simples e objetiva: construir uma força armada pequena, mas com alta capacidade de resposta, capaz de atuar com eficiência em ambiente urbano, terrenos montanhosos e operações conjuntas com os aliados da OTAN.

Essa mudança estrutural não ocorre de forma isolada. Em julho deste ano, a Macedônia do Norte deve assinar um acordo de defesa de longo prazo com o Reino Unido, com forte apoio dos Estados Unidos. Esse pacto prevê uma década de modernização das forças armadas macedônias, incluindo investimentos significativos em equipamentos, treinamento e interoperabilidade com as forças aliadas. Além disso, o país vem fortalecendo suas parcerias com Montenegro e Eslovênia, buscando criar um novo polo de estabilidade e cooperação nos Balcãs Ocidentais, região historicamente marcada por tensões e conflitos.

Apesar de seu orçamento modesto US$ 388,3 milhões em 2025, a Macedônia do Norte tem impressionado os demais membros da OTAN. Desde 2024, o país já destina 2,2% de seu PIB à defesa, superando a meta mínima da Aliança, enquanto muitas nações europeias ainda não conseguem atingir esse patamar. Mais surpreendente ainda é a meta recém-anunciada de alcançar até 5% do PIB em investimentos de defesa nos próximos anos, o que colocaria a Macedônia do Norte entre os países mais comprometidos com a segurança coletiva da OTAN.

Analistas de defesa veem nessa abordagem uma alternativa interessante para pequenos estados-membros da Aliança Atlântica. Em vez de tentar imitar as forças armadas das grandes potências, com seus exércitos mecanizados e arsenais caros, a Macedônia do Norte aposta em um conceito mais realista e adaptado à sua realidade geográfica e econômica. O foco em mobilidade, vigilância e interoperabilidade permite ao país atuar como um importante reforço às operações coletivas da OTAN, sem arcar com os altos custos de uma força convencional tradicional.

Esse movimento reflete uma tendência crescente entre países da região, que estão deixando para trás os equipamentos herdados da era do Pacto de Varsóvia e investindo em sistemas ocidentais modernos. Um exemplo recente foi a República Tcheca, que entregou seus últimos carros de combate T-72M1 à Ucrânia e iniciou a transição para os carros de combate Leopard 2, de origem alemã.

O pano de fundo para essa mudança de paradigma é a guerra na Ucrânia, que se tornou o maior laboratório militar dos tempos recentes. O conflito revelou a vulnerabilidade de blindados pesados frente a armas portáteis de alta precisão e drones de baixo custo. A eficácia dos drones ucranianos, tanto para vigilância como para ataque, mudou radicalmente as regras do jogo. Unidades pequenas e móveis, equipadas com mísseis antitanque e drones de reconhecimento, têm demonstrado capacidade de deter, ou mesmo destruir, formações mecanizadas muito mais robustas.

O campo de batalha moderno exige cada vez mais forças armadas ágeis, com capacidade de dispersão e comunicação eficiente. A supremacia não está mais necessariamente no volume de equipamentos pesados, mas na capacidade de obter, compartilhar e agir com base em informações em tempo real. A guerra eletrônica também ocupa um papel central, com o uso maciço de sistemas de bloqueio, interferência e guerra cibernética. Além disso, o custo-benefício das operações tem sido reavaliado. Em diversos casos, drones de poucos milhares de dólares têm conseguido neutralizar plataformas que custam milhões.

A guerra na Ucrânia ainda trouxe à tona outro ponto crucial: a necessidade de integração entre as capacidades militares e civis, especialmente no que diz respeito às comunicações e ao uso de inteligência artificial. Sistemas como o Starlink, utilizados pelos ucranianos para garantir a conectividade, evidenciam como tecnologias comerciais podem ser rapidamente adaptadas para o campo de batalha.

Frente a esse cenário, a Macedônia do Norte surge como um exemplo pragmático e realista de como forças armadas de pequeno porte podem se manter relevantes. A combinação de mobilidade, tecnologia e integração com aliados permite que o país compense a ausência de grandes arsenais com eficiência operacional e flexibilidade estratégica.

Mais do que uma simples reestruturação militar, a estratégia de Skopje representa um novo paradigma para a defesa coletiva. Em vez de buscar supremacia pelo número, a Macedônia do Norte aposta na inteligência, na velocidade e na capacidade de adaptação. É um teste em tempo real para a OTAN, que poderá, nos próximos anos, observar se esse modelo compacto, mas tecnologicamente avançado, pode se tornar referência entre seus membros.

A lição que emerge dessa transformação é clara: no teatro de operações moderno, o tamanho das forças armadas não é mais a medida definitiva de sua eficácia. O que importa, cada vez mais, é a capacidade de adaptação, de operar em rede e de empregar tecnologias emergentes com agilidade e precisão. Nesse contexto, a Macedônia do Norte não apenas redesenha seu papel regional, mas também lança um sinal importante para toda a Aliança Atlântica: a guerra do século XXI pertence aos exércitos que conseguirem se reinventar.

Diante dos desafios expostos pelo conflito ucraniano, a decisão de abandonar os carros de combate e investir em veículos leves, drones e defesa aérea portátil não é apenas uma alternativa, mas possivelmente um vislumbre do futuro das guerras. As grandes potências continuarão a manter seus arsenais volumosos, mas os pequenos países da OTAN podem encontrar nessa abordagem um caminho viável para garantir sua segurança e, ao mesmo tempo, contribuir de forma relevante para a defesa coletiva.

Ao final, a Macedônia do Norte antes vista como um ator periférico no cenário militar europeu, assume uma posição central no debate sobre o futuro das operações militares. Com um modelo que alia realismo orçamentário, compromisso político e visão estratégica, o pequeno país dos Balcãs pode muito bem ter antecipado o que muitos ainda resistem em aceitar: no campo de batalha do século XXI, agilidade, tecnologia e integração podem valer muito mais do que o peso dos canhões.


por Angelo Nicolaci


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USAF Acelera Plano de Aposentadoria do A-10 "Warthog" para 2026

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A Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) anunciou que pretende acelerar a aposentadoria da icônica aeronave de ataque A-10 Thunderbolt II, popularmente conhecida como "Warthog", com previsão de retirada total até o orçamento do ano fiscal de 2026. A decisão antecipa o cronograma inicialmente previsto para o final desta década, marcando o fim de uma era para uma das aeronaves mais reconhecidas no campo do apoio aéreo aproximado (CAS).

Segundo informações divulgadas pelo portal especializado Defense One, a USAF planeja retirar de serviço 162 unidades restantes da frota de A-10. Apesar de sua robustez comprovada e da atualização constante de seus sistemas, armamentos e aviônicos, a aeronave enfrenta desafios crescentes em um cenário geopolítico em rápida transformação.

Os atuais planejadores estratégicos da USAF consideram que a principal ameaça não são mais apenas grupos insurgentes ou forças armadas de capacidade limitada, mas sim adversários altamente capacitados, com defesa aérea integrada avançada. Com isso, a vulnerabilidade crescente do A-10, aliada ao envelhecimento estrutural, já que a aeronave não é mais fabricada há mais de 40 anos, pesou na decisão.

Além disso, a mudança de foco orçamentário também influenciou a decisão. Os recursos estão sendo gradualmente transferidos do F-35 Lightning II para o desenvolvimento do futuro caça de sexta geração, conhecido como F-47, projeto que integra o programa Next Generation Air Dominance (NGAD).

A-10 Thunderbolt II: O Ícone do Apoio Aéreo Aproximado

O A-10 Thunderbolt II entrou em operação no final da década de 1970, projetado especificamente para o apoio aéreo aproximado, com foco principal na destruição de blindados inimigos. Equipado com o lendário canhão rotativo GAU-8 Avenger de 30 mm, a aeronave é capaz de disparar projéteis de 30x173 mm com impressionante cadência, sendo temida por tanques e veículos blindados.

Além de sua impressionante potência de fogo, o A-10 destaca-se pela notável capacidade de sobrevivência. Projetado para operar em ambientes hostis, o "Warthog" possui blindagem reforçada ao redor de componentes críticos e sistemas de controle de voo redundantes. Sua resistência foi comprovada em diversos combates, onde frequentemente retornava à base mesmo após sofrer danos severos.

Movido por dois motores turbofan GE TF34, o A-10 pode transportar até 7.260 kg de munições e armamentos variados, além do próprio canhão GAU-8. Entre seus arsenais habituais estão mísseis ar-superfície, foguetes e bombas guiadas.

Destaques Operacionais e Legado do A-10

  • Guerra do Golfo (1991): O A-10 foi um dos protagonistas da Operação Tempestade no Deserto, destruindo mais de 900 tanques, 2.000 veículos militares e 1.200 peças de artilharia inimigas, segundo dados oficiais da USAF.

  • Guerra do Kosovo (1999): Atuou com eficiência contra posições sérvias, realizando missões de ataque a alvos blindados e apoio às tropas da OTAN.

  • Afeganistão e Iraque (2001-2010): Tornou-se símbolo de proteção das tropas terrestres aliadas, realizando milhares de missões de apoio aéreo aproximado contra insurgentes, com enorme eficácia no terreno montanhoso e urbano.

  • Síria e Iraque (2014-2018): Desempenhou papel central nos ataques contra posições do Estado Islâmico, provando-se novamente uma plataforma confiável e letal.

Entre suas qualidades mais notáveis, o A-10 Thunderbolt II se destaca pela robustez incomparável, sendo capaz de continuar voando mesmo após sofrer danos severos que comprometeriam outras aeronaves. Sua precisão no apoio aéreo aproximado é lendária, proporcionando segurança e eficácia no suporte direto às tropas em solo. Extremamente versátil, o A-10 consegue operar em bases improvisadas e pistas curtas, mantendo-se pronto para o combate em praticamente qualquer condição. Seu canhão rotativo GAU-8 Avenger, um dos armamentos mais potentes já instalados em uma aeronave, é capaz de destruir alvos blindados com facilidade, consolidando sua reputação de potência letal. Ao longo de décadas, acumulou um histórico marcante de sucesso em operações de combate, sempre demonstrando alto desempenho e eficiência no apoio às forças terrestres.

Mesmo com sua aposentadoria cada vez mais próxima, o A-10 Thunderbolt II permanecerá como uma lenda dos campos de batalha modernos, símbolo de resiliência, poder de fogo e dedicação inabalável à proteção das tropas no terreno. Mais do que isso, seguirá sendo lembrado como um verdadeiro martelo sobre as colunas blindadas e posições inimigas, temido por qualquer adversário que cruzasse seu caminho.


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quarta-feira, 9 de julho de 2025

Análise: Ataques Houthi no Mar Vermelho expõem riscos globais e limites da segurança marítima internacional

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O recente ataque realizado pelos rebeldes Houthi contra o graneleiro MV Magic Seas, seguido pela ofensiva contra o Eternity C, marca um preocupante retorno da campanha de agressões a navios mercantes no sul do Mar Vermelho. Após um hiato desde dezembro de 2024, os Houthis voltam a atacar com métodos cada vez mais sofisticados e letais, ampliando as tensões no comércio marítimo global.

O ataque ao Magic Seas, registrado em vídeo com produção cuidadosamente planejada, não é apenas um ato de violência. Trata-se de um movimento estratégico, pensado para projetar força, gerar propaganda e reafirmar a capacidade operacional do grupo, numa espécie de “marketing militar”. O vídeo lembra fortemente a gravação do sequestro do Galaxy Leader, em novembro de 2023, evento que inaugurou a escalada de ações contra navios mercantes na região.

O uso combinado de mísseis, drones e barcos não tripulados demonstra como o conflito assimétrico tem evoluído rapidamente. Essas táticas, baratas e de difícil detecção, impõem riscos reais até mesmo aos navios mais modernos e evidenciam o quanto as defesas tradicionais podem ser ineficazes em certos cenários.

Mais grave ainda foi o ataque ao Eternity C, que resultou na morte de três marinheiros filipinos, um claro lembrete de que o custo humano dessas operações vai muito além dos prejuízos econômicos. Os relatos apontam que o ataque foi simultâneo e extremamente agressivo, envolvendo drones marítimos, lanchas rápidas e até lançadores de RPGs. Este tipo de ofensiva, típica de guerra irregular, transforma o Mar Vermelho em uma zona de risco permanente.

O Departamento de Estado dos EUA classificou os ataques como atos terroristas não provocados, reafirmando o compromisso de proteger a liberdade de navegação. Contudo, a realidade é mais complexa. Os Houthis vêm deixando claro que seus ataques são seletivos, mirando embarcações ligadas, direta ou indiretamente, a Israel ou a seus aliados. Segundo dados da Windward, cerca de 1.113 navios atracaram em portos israelenses nos últimos seis meses, e mais de 15.000 embarcações gerenciadas comercialmente pelas mesmas empresas estão potencialmente sob ameaça.

Um alerta para o comércio global

O impacto disso vai muito além da região. Ao colocar um sexto da frota marítima global sob risco potencial, os Houthis elevam o grau de incerteza nos corredores marítimos mais estratégicos do planeta. A crise no Mar Vermelho não é apenas um problema regional: trata-se de um desafio direto ao comércio mundial, ao sistema de seguros marítimos e à própria ordem econômica global.

Os ataques também revelam uma realidade incômoda: mesmo com a presença militar das principais potências, como EUA e seus aliados, a capacidade de proteger o tráfego comercial em zonas de conflito permanece limitada. Além disso, os Houthis, ao aliarem tática militar e propaganda digital, mostram como grupos não estatais podem, com poucos recursos, paralisar cadeias logísticas inteiras e comprometer vidas.

Considerações finais

Por mais que a reação internacional condene os ataques, o conflito tende a se prolongar. Os Houthis estão utilizando o Mar Vermelho como palco para ampliar sua influência política e militar, com foco não apenas no Iêmen, mas em todo o Oriente Médio.

O mundo, por sua vez, se vê diante de um impasse: proteger a navegação mercante sem mergulhar em uma nova escalada militar aberta. Até lá, cada navio que cruzar o sul do Mar Vermelho, mesmo que sem ligação com o conflito, navegará sob risco.

O que está em jogo vai muito além da segurança de cargueiros: trata-se do futuro da navegação global em tempos de guerra híbrida.


por Angelo Nicolaci


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KC-390 decolando no mundo: Embraer negocia com até 10 países e projeta novo salto nas vendas

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A Embraer reforça sua posição no mercado global de defesa com o avanço do cargueiro militar KC-390 Millennium, que atualmente está em negociação com até 10 países. O dado foi confirmado pelo presidente-executivo da empresa, Francisco Gomes Neto, durante o Fórum Empresarial dos BRICS, realizado no fim de semana.

Sem citar os países envolvidos, Neto destacou que as conversas têm avançado de maneira positiva e sinalizam um interesse crescente pelo avião de transporte tático da Embraer. “Não posso falar nomes… (mas negociamos) com 5, 10 (países). É bastante”, afirmou em entrevista à Reuters.

O KC-390 tem conquistado espaço no mercado internacional, com vendas já confirmadas para Portugal, Hungria, Áustria, Coreia do Sul e, mais recentemente, Lituânia, que anunciou a escolha da aeronave como seu novo vetor de transporte militar.

Apesar do avanço, o presidente da Embraer reforçou que a empresa mantém foco em um dos contratos mais desafiadores: a venda para a Força Aérea dos Estados Unidos. “Estamos tentando convencer a Força Aérea Americana sobre o KC-390. Até agora, só levamos para demonstração, mas ainda não vendemos nenhum”, comentou.

Receita recorde e ritmo acelerado de entregas

Além do fortalecimento no setor de defesa, a Embraer também segue em ritmo acelerado no mercado comercial. A empresa encerrou 2024 com receita recorde de US$ 6,4 bilhões e projeta faturamento entre US$ 7 bilhões e US$ 7,5 bilhões em 2025.

As entregas de aeronaves refletem esse momento positivo. A companhia registrou um crescimento de 40% nas entregas no primeiro semestre de 2025, em comparação ao mesmo período de 2024, e projeta alta adicional de 17% nas entregas até o fim do ano.

De acordo com Francisco Gomes Neto, esse desempenho é resultado de uma melhor organização da linha de produção. “Esse crescimento grande é porque a gente está nivelando a produção, que antes era concentrada no fim do ano. Estamos distribuindo melhor”, explicou.

Vendas estratégicas e projeções ambiciosas

Em 2025, a Embraer já anunciou importantes vendas, incluindo 45 jatos para uma companhia aérea escandinava e 15 aeronaves para uma empresa japonesa, além de acordos com a Airlink, da África do Sul, e a SkyWest, dos Estados Unidos.


Esses contratos fazem parte da estratégia da empresa para atingir um faturamento anual de US$ 10 bilhões até 2030, meta que o presidente acredita poder antecipar, com base no ritmo atual de encomendas.

O bom momento também tem refletido no mercado financeiro. As ações da Embraer ultrapassaram R$ 83 na última semana, atingindo o maior valor de sua história.

Para o executivo, os resultados alcançados são consequência de uma estratégia disciplinada, iniciada em 2020. “Nosso foco era fazer o básico bem feito: reduzir custos, vender aviões, cortar estoques e fortalecer a cultura interna. Estamos entregando resultados consistentes, e o mercado tem reconhecido isso”, concluiu Neto.

Com forte presença nos mercados de aviação comercial e militar, e com o KC-390 cada vez mais consolidado no cenário global, a Embraer entra em um novo ciclo de expansão, mirando novos contratos e reforçando seu protagonismo na indústria aeroespacial.


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Ataque com laser: Alemanha convoca embaixador da China após incidente militar

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As tensões diplomáticas entre Alemanha e China se intensificaram nesta semana após Berlim acusar militares chineses de terem disparado um laser contra uma aeronave alemã que participava da operação da União Europeia no Mar Vermelho. Como resposta ao incidente, o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha convocou o embaixador chinês para prestar esclarecimentos.

De acordo com o governo alemão, o incidente ocorreu no início de julho durante uma missão de rotina no âmbito da "Operação Aspides", uma iniciativa da UE voltada à proteção de rotas marítimas internacionais naquela região estratégica. Segundo o Ministério da Defesa alemão, um navio de guerra chinês, que já havia sido identificado diversas vezes na área, disparou um feixe de laser contra a aeronave sem qualquer comunicação prévia ou justificativa aparente.

O ministério afirmou que o disparo colocou em risco a segurança da tripulação e da aeronave, levando ao encerramento antecipado do voo por precaução. A aeronave pousou em segurança em uma base em Djibuti, posteriormente a missão foi retomada. O equipamento atingido era uma Plataforma Multissensor (MSP), considerada o “olho voador” da operação, e operada por um serviço comercial civil em colaboração com militares alemães.

O governo alemão classificou o episódio como “totalmente inaceitável”. Em publicação na rede social X, o Ministério das Relações Exteriores de Berlim afirmou: “Colocar pessoal alemão em risco e interromper a operação é completamente inaceitável”.

Por outro lado, a China negou a acusação. Questionada durante uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (9), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, declarou que as informações divulgadas pela Alemanha “são totalmente inconsistentes com os fatos conhecidos pelo lado chinês”.

Mao destacou que a Marinha Chinesa atua na região cumprindo missões de escolta no Golfo de Áden e nas águas próximas à Somália, contribuindo para a segurança das rotas marítimas internacionais. Ela ainda defendeu que os dois países mantenham diálogo baseado em fatos para “evitar mal-entendidos e julgamentos equivocados”.

Incidentes anteriores e cenário geopolítico

Apesar de a China já ter negado, no passado, o uso de lasers contra aeronaves americanas, casos envolvendo países europeus da OTAN são menos frequentes. Em 2020, os EUA acusaram um navio chinês de ter disparado um laser contra uma aeronave de patrulha americana no Pacífico, o que também foi negado por Pequim.

O incidente recente ocorre em um momento de crescente preocupação dentro da União Europeia sobre a influência chinesa em setores estratégicos, incluindo tecnologias críticas e infraestrutura de segurança.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a UE acompanha de perto o caso e está em diálogo com os Estados Unidos sobre as medidas a serem adotadas diante do ocorrido.

O que é a Operação ASPIDES?

A Operação ASPIDES é uma missão militar conduzida pela União Europeia com o objetivo de proteger navios civis e comerciais que transitam pelo Mar Vermelho, Golfo de Áden e Estreito de Bab el-Mandeb, uma das rotas marítimas mais importantes do mundo.

Criada em fevereiro de 2024, a operação foi uma resposta direta ao aumento dos ataques contra navios na região, especialmente por grupos armados, como os Houthis, no contexto do conflito no Iêmen. Além de proteger o comércio internacional, a missão também busca garantir a segurança dos fluxos marítimos essenciais para diversos países.

Entre as principais atividades da ASPIDES estão a escolta de embarcações, o monitoramento aéreo e naval, com o uso de aeronaves, drones e sensores, e a reação a ameaças como pirataria, terrorismo e ataques militares.

Participam da operação diversos países da União Europeia, como Alemanha, França, Itália e outros parceiros do bloco, que contribuem com navios, aeronaves e pessoal especializado.

O nome "ASPIDES" tem origem no grego antigo e significa “escudos”, representando o papel central da missão: proteger e garantir a segurança no mar.


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com Reuters


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Espanha encomenda novos satélites de vigilância PAZ-2 à Airbus para reforçar defesa e segurança

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A unidade de Defesa e Espaço da Airbus foi selecionada pela operadora espanhola Hisdesat para construir dois satélites de radar avançados PAZ-2, que serão utilizados pelo Ministério da Defesa da Espanha. O anúncio foi feito pela empresa nesta quarta-feira (9).

Os novos satélites terão capacidade para fornecer imagens de radar 24 horas por dia, oferecendo suporte tanto para operações de inteligência e vigilância militar quanto para aplicações civis, como o monitoramento ambiental e a avaliação de desastres naturais. Eles substituirão o atual satélite PAZ, que está em operação desde 2018 e é um dos principais ativos de observação da Terra da Espanha.

Em meio ao atual cenário geopolítico, o contrato é considerado estratégico para reforçar a autonomia tecnológica espanhola. “Com os satélites PAZ-2, a Airbus reafirma seu compromisso com o fortalecimento da soberania tecnológica em segurança e defesa”, destacou Alain Faure, chefe da Airbus Space Systems.

Segundo a Airbus, o primeiro dos dois satélites deverá entrar em operação em meados de 2031. As atividades de montagem e testes ocorrerão nas instalações da empresa em Getafe, na Espanha, reforçando o papel da indústria local no desenvolvimento do projeto.

Com este contrato, a Espanha amplia suas capacidades de vigilância espacial e fortalece sua posição no setor de segurança e defesa na Europa.


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com Reuters



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Saab apresentará suas principais tecnologias aeroespaciais e de defesa na F-AIR Colômbia 2025

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A Saab, uma das líderes globais no desenvolvimento de soluções de defesa e segurança, participará da F-AIR Colômbia 2025, uma das mais importantes feiras internacionais do setor aeroespacial e de defesa, que será realizada entre os dias 9 e 13 de julho de 2025, em Rionegro, Medellín, na Colômbia.

Durante o evento, a empresa sueca vai apresentar ao público suas tecnologias mais avançadas nos segmentos aeroespacial e de defesa. No estande 234A, visitantes terão a oportunidade de vivenciar uma experiência imersiva com destaque para a réplica em tamanho real do caça Gripen E, além de conhecer o radar Giraffe 1X e as inovadoras soluções de torres digitais (r-TWR).

SAAB r-TRW

O Gripen E, que vem ganhando relevância na América Latina por meio do Programa Gripen Brasileiro, será uma das grandes atrações do evento. Pela primeira vez, o público colombiano poderá acompanhar a demonstração aérea de duas aeronaves Gripen E da Força Aérea Brasileira (FAB), que se apresentarão durante a feira.

Desde a assinatura do contrato para aquisição de 36 caças Gripen, em 2015, o Brasil tem participado de um amplo programa de transferência de tecnologia com a Saab. Mais de 350 brasileiros, entre engenheiros, técnicos e pilotos, foram capacitados na Suécia e trouxeram esse conhecimento de volta ao país, fortalecendo a base industrial de defesa nacional. Atualmente, o Brasil conta com 10 aeronaves Gripen E — nove delas em operação na Base Aérea de Anápolis (GO) e uma envolvida em campanhas de ensaios e desenvolvimento no Centro de Ensaios em Voo do Gripen, em Gavião Peixoto (SP).

Reconhecida mundialmente, a Saab oferece soluções que combinam alta tecnologia, confiabilidade e excelente custo-benefício. Presente em mais de 100 países, a empresa atua nas áreas de aeronáutica, armamentos, comando e controle, sensores e sistemas terrestres e navais.

Principais atrações do estande da Saab:

  • Réplica em tamanho real do Gripen E: O público poderá conhecer de perto o caça multifunção, suas capacidades e tecnologias de ponta.

  • Simulador interativo do Gripen E: Visitantes poderão experimentar a sensação de pilotar o Gripen E em um ambiente virtual.

  • Radar Giraffe 1X: Radar móvel 3D de curto alcance com alta capacidade de detecção e mobilidade.

  • r-TWR – Torres Digitais: Solução de controle de tráfego aéreo remoto que oferece eficiência, segurança e centralização das operações aeroportuárias.

Participação acadêmica

Além da exposição, a Saab também integrará a agenda acadêmica da F-AIR Colômbia 2025, com a participação de nomes de destaque:

  • Micael Johansson, presidente e CEO da Saab, falará sobre as tendências globais em defesa e segurança, com foco especial no cenário europeu, no dia 10 de julho, às 10h, na Sala Condor.

  • Marcus Wandt, astronauta sueco e primeiro piloto do Gripen E, realizará uma apresentação exclusiva no mesmo dia, às 11h20, na Sala Condor.

  • Jussi Halmetoja, piloto do Gripen, abordará os desafios do poder aéreo moderno no dia 11 de julho, às 14h45, na Sala Colibri.


Com sede na Suécia, a Saab desenvolve, produz e mantém sistemas avançados nas áreas aeroespacial, naval, terrestre e de defesa cibernética, sendo uma referência mundial em soluções de alta tecnologia. Atualmente, conta com mais de 25 mil colaboradores e mantém parcerias de longo prazo com diversos países, incluindo o Brasil, onde atua com soluções civis e militares e promove o fortalecimento da indústria local de defesa por meio de programas como o Gripen Brasileiro.



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com SAAB

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Como o Harpia Pode Elevar a Letalidade da Artilharia do CFN

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A guerra moderna exige integração, precisão e rapidez nas ações de combate. Neste contexto, o Sistema de Aeronave Remotamente Pilotada (SARP) HARPIA emerge como uma solução estratégica de grande relevância para o Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), especialmente no apoio às unidades de artilharia de foguetes e à capacidade de Artilharia de Defesa de Costa, que começa a ganhar forma com a introdução do MANSUP empregado a partir da plataforma Astros.

Desenvolvido pela ADTECH, empresa brasileira com tecnologia 100% nacional, o HARPIA tem se destacado como uma ferramenta versátil e eficiente no campo da artilharia. Em 2023, durante a Operação Formosa, o maior exercício militar do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), realizado em Formosa (GO), o sistema foi apresentado em uma demonstração para o Exército Brasileiro e para o CFN. Na ocasião, comprovou sua capacidade de aquisição de alvos e de orientação de fogo de artilharia, reforçando seu potencial como um elo vital entre sensores e sistemas de armas.

Além disso, o HARPIA também demonstrou seu desempenho no exterior, durante uma demonstração realizada em dezembro de 2024 na Indonésia, onde foi empregado com sucesso em missões de reconhecimento, vigilância e designação de alvos em ambientes operacionais complexos.

Um dos grandes diferenciais do HARPIA é sua arquitetura modular, que permite a integração de diferentes sensores e cargas úteis, adaptando-se a uma ampla gama de missões. O sistema pode ser configurado para atuar no reconhecimento tático, vigilância prolongada, identificação de alvos, marcação e designação de alvos, ampliando sua capacidade de emprego tanto no apoio à artilharia quanto em operações de inteligência e controle de área.

HARPIA em demonstração na Indonésia

Além disso, o HARPIA pode ser rapidamente lançado por meio de um sistema simples de catapulta e recuperado com segurança por paraquedas, o que possibilita seu emprego a partir dos mais adversos e variados terrenos, garantindo mobilidade e flexibilidade às tropas em combate. Integrado aos sistemas de artilharia de foguetes, como o ASTROS, ou aos mísseis MANSUP lançados pelos sistemas de defesa costeira ASTROS, o HARPIA permitiria ao Corpo de Fuzileiros Navais ampliar significativamente o alcance, a precisão e a letalidade de suas ações. Além de localizar e monitorar alvos com alta precisão, o HARPIA fornece dados georreferenciados, otimizando a correção de disparos e elevando a eficácia dos ataques.

Mais do que um vetor de reconhecimento, o HARPIA consolida-se como um elemento-chave na chamada “cadeia sensor-atirador”, em que a identificação, avaliação e neutralização de ameaças ocorrem de forma rápida e eficiente. Essa capacidade representa um diferencial estratégico, sobretudo nos cenários litorâneos e ribeirinhos, áreas de atuação típicas dos Fuzileiros Navais brasileiros.

A integração entre o SARP HARPIA e o sistema ASTROS representaria uma oportunidade concreta para fortalecer a capacidade dissuasória do CFN. Além de expandir a consciência situacional, o Harpia pode operar em perfeita coordenação com os sistemas de artilharia, reduzindo o risco de danos colaterais e aumentando a precisão dos fogos de saturação e dos mísseis de longo alcance.

O Corpo de Fuzileiros Navais, em seu contínuo processo de modernização, já demonstra disposição em adotar soluções inovadoras. Incorporar o HARPIA à artilharia de foguetes e à defesa costeira seria um avanço estratégico e natural, consolidando o CFN como uma força moderna, flexível e capaz de operar com precisão em qualquer cenário.

Integrar um sistema como o HARPIA as capacidades do CFN não é apenas modernizar a artilharia: é garantir superioridade no campo de batalha, com tecnologia nacional e adaptada às necessidades reais do Brasil.


por Angelo Nicolaci


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terça-feira, 8 de julho de 2025

ASELSAN conclui com sucesso teste do sistema de defesa YILDIRIM 100

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A turca ASELSAN, líder no setor de defesa, realizou com êxito o teste do sistema de contramedidas infravermelhas direcionadas (DIRCM) YILDIRIM 100. Durante a avaliação, o sistema conseguiu neutralizar mísseis guiados por infravermelho equipados com ogivas reais, comprovando sua eficácia na proteção de plataformas aéreas.

O teste marca um avanço significativo para a Turquia na área de tecnologias de defesa baseadas em laser, um campo dominado por poucas nações no mundo. O YILDIRIM 100 demonstrou sua capacidade de desviar ameaças ao direcionar energia laser multibanda diretamente nos sensores dos mísseis, neutralizando-os com alta precisão.

Desenvolvido integralmente pela ASELSAN, o sistema foi projetado para atuar em ambientes de combate aéreo moderno, sendo capaz de detectar, rastrear e neutralizar múltiplas ameaças simultaneamente. Com baixo consumo de energia e alta disponibilidade operacional, o YILDIRIM 100 é compatível com aeronaves de asas fixas e rotativas.

Entre seus diferenciais estão o design de torreta dupla, sensores avançados e uma unidade de controle integrada, que permitem respostas rápidas e sincronizadas, além de comunicação eficaz com os sistemas de alerta de mísseis.

Segundo a ASELSAN, o YILDIRIM 100 é uma solução pronta para missão, oferecendo proteção eficaz contra ameaças atuais e emergentes no campo de batalha.

O presidente da ASELSAN, Ahmet Akyol, destacou a importância do feito: “Com o teste bem-sucedido do YILDIRIM 100, elevamos as capacidades de defesa aérea do nosso país ao patamar das principais nações do mundo. Neste ano em que celebramos o 50º aniversário da ASELSAN, este resultado reflete a força da nossa tecnologia nacional e o nosso compromisso permanente com a inovação. Continuaremos desenvolvendo sistemas revolucionários que atendam às demandas do campo de batalha moderno”, afirmou.


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com ASELSAN

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Ministério Defesa e MCTI discutem tecnologias quânticas

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O Ministério da Defesa, por meio da Secretaria de Produtos de Defesa (Seprod), e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) realizaram, nesta sexta-feira (4), uma reunião para discutir os avanços da Iniciativa Brasileira para Tecnologias Quânticas (IBQuântica) e sua aplicação no setor de Defesa Nacional. O encontro ocorreu na sede do Ministério da Defesa, em Brasília.

Durante a reunião, representantes do Departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação (DECTI) da Seprod e do Departamento de Programas de Inovação (DEPIN) do MCTI apresentaram os resultados obtidos pela iniciativa e reforçaram a importância da cooperação entre os dois órgãos para o desenvolvimento de tecnologias críticas.

O Diretor do DECTI, Contra-Almirante Charles Wilson Gomes Conti, destacou que a parceria entre as pastas é fundamental para o avanço tecnológico do país em áreas estratégicas. “O estreitamento de laços entre o Ministério da Defesa e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação é de extrema importância para o desenvolvimento de projetos que envolvem Tecnologias Quânticas, além de abrir espaço para futuros trabalhos nas demais tecnologias críticas e nas áreas de interesse para a Defesa Nacional", afirmou.

Defesa e tecnologia de ponta

Durante o encontro, foi ressaltado o vasto potencial das tecnologias quânticas para aplicações militares e civis. No campo da defesa, as tecnologias podem viabilizar o desenvolvimento de radares quânticos para a detecção de aeronaves camufladas, criptografia quântica para garantir comunicações seguras e computadores quânticos capazes de acelerar a criação de novos materiais e medicamentos.

Já em aplicações civis e em tempos de paz, as tecnologias quânticas podem contribuir para a criação de biossensores e dispositivos de imagem para diagnóstico precoce de doenças complexas, garantir maior segurança em transações financeiras com o uso da criptografia quântica e possibilitar a internet quântica, com comunicações ultra seguras e de alta velocidade.

IBQuântica: soberania tecnológica como prioridade

Criada pelo MCTI, a Iniciativa Brasileira para Tecnologias Quânticas tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento nacional nessa área estratégica, buscando reduzir a dependência externa e alcançar a soberania tecnológica. A iniciativa vem sendo estruturada por meio de um grupo de trabalho interministerial e está alinhada às diretrizes nacionais de segurança cibernética, transformação digital e semicondutores.

Com o avanço dos projetos, a expectativa é que o Brasil possa se posicionar de forma competitiva no cenário internacional, desenvolvendo tecnologias de ponta com aplicação tanto na Defesa quanto em setores essenciais para a sociedade.


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com Ministério da Defesa

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Brasil bate recorde histórico nas exportações de produtos de defesa e amplia presença no mercado global

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O setor de defesa brasileiro alcançou um marco histórico em 2024, registrando o maior volume de exportações dos últimos 11 anos. Segundo dados do Ministério da Defesa, o Brasil autorizou exportações que somam R$ 9,53 bilhões (equivalente a US$ 1,65 bilhão), superando o recorde anterior, de US$ 1,62 bilhão, obtido em 2021.

Atualmente, a indústria de defesa nacional comercializa seus produtos e serviços para cerca de 100 países. As aeronaves representam o principal produto exportado, correspondendo a 40% do total das vendas externas. Outros itens de destaque incluem armamentos leves, munições, armamentos não letais e serviços de engenharia especializados em defesa.

O bom desempenho reflete a combinação de diversos fatores, como a busca por novos mercados, a competitividade da indústria nacional e a capilaridade da Base Industrial de Defesa (BID), que representa hoje 3,58% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e é responsável pela geração de cerca de 2,9 milhões de empregos diretos e indiretos.

De acordo com o Observatório Nacional da Indústria, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o setor de defesa tem forte efeito multiplicador: para cada vaga gerada na BID, outras três são abertas em outros segmentos econômicos.

O Secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, Heraldo Luiz Rodrigues, destacou que os números são resultado de um trabalho contínuo de fomento ao setor. “Buscamos facilitar, junto às empresas, a produção e a exportação. Oferecemos as condições necessárias para que as empresas possam vender, produzir com segurança no Brasil e realizar as entregas com todas as garantias envolvidas”, afirmou.

O governo federal, por meio da Secretaria de Produtos de Defesa (Seprod), também tem atuado na promoção ativa dos produtos nacionais em eventos internacionais, feiras de defesa, encontros empresariais e missões comerciais, além de monitorar oportunidades globais de negócios no setor.

Base Industrial de Defesa: tecnologia, soberania e geração de empregos

A Base Industrial de Defesa (BID) é composta por empresas estatais e privadas que atuam nas áreas de pesquisa, desenvolvimento, produção, distribuição e manutenção de equipamentos e serviços estratégicos para a defesa nacional.

Atualmente, 252 empresas estão cadastradas junto ao Ministério da Defesa, compondo um portfólio que reúne cerca de 1.700 produtos de alta tecnologia. Entre eles, estão aeronaves, embarcações, sistemas cibernéticos de proteção de dados, radares, armamentos e soluções avançadas de comunicação segura.

Além de fortalecer a segurança nacional, a BID contribui para o desenvolvimento econômico e tecnológico do país, posicionando o Brasil como um dos principais exportadores de soluções de defesa no mundo.


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com Ministério da Defesa


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