quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Relatório dos EUA acusa China de campanha de desinformação para prejudicar vendas do Rafale, Pequim nega

A China conduziu uma campanha coordenada de desinformação com o objetivo de prejudicar a imagem internacional do caça francês Rafale após seu emprego pela Índia em confrontos recentes com o Paquistão, segundo relatório publicado pela Comissão de Revisão Econômica e de Segurança EUA-China. Pequim rejeitou as alegações, classificando-as como falsas e ideologicamente motivadas.

O documento, divulgado nesta terça-feira (18), ganhou ainda mais repercussão ao ser publicado logo após a Ucrânia assinar uma carta de intenções para adquirir até 100 aeronaves Rafale nos próximos 10 anos, reforçando o apelo crescente do caça da Dassault Aviation no mercado internacional.

De acordo com a comissão, a China teria utilizado perfis falsos em redes sociais para disseminar imagens manipuladas por inteligência artificial e até capturas de videogames, apresentadas como supostos destroços de Rafale abatidos por sistemas chineses (J-10C empregando míssil PL-15). O objetivo seria ampliar dúvidas sobre a robustez e a confiabilidade da aeronave francesa em um momento de disputa geopolítica cada vez mais intensa no campo da aviação militar.

A reputação do Rafale foi abalada no início do ano, quando ao menos uma aeronave operada pela Índia foi abatida por um caça J-10 de fabricação chinesa utilizado pelo Paquistão, durante um conflito de quatro dias entre os dois países, ambos detentores de armas nucleares. Apesar disso, o relatório afirma que a China teria explorado o episódio para fins de propaganda e influência regional.

Em respostas às acusações, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou que “o relatório divulgado pelo próprio comitê é falso” e acusou o órgão de manter “inclinação ideológica contra a China”, alegando que suas conclusões carecem de credibilidade. Índia e Indonésia, países citados no documento, não responderam aos pedidos de comentário.

O relatório também aponta que diplomatas chineses teriam persuadido a Indonésia a suspender temporariamente uma compra já em andamento de caças Rafale, enquanto Jacarta avalia uma oferta chinesa do caça J-10. O vice-ministro da Defesa indonésio havia declarado em junho que o país analisaria cuidadosamente o desempenho da aeronave chinesa, levando em conta relatos sobre o abate de aeronaves indianas.

A comissão dos EUA destaca ainda que, embora caracterizar o confronto de maio como uma “guerra por procuração” seja exagerado, Pequim aproveitou o episódio para testar sistemas de armas, avaliar reações regionais e nutrir sua estratégia de comunicação global no setor de defesa.

O caso expõe a crescente disputa entre potências globais não apenas no desenvolvimento de tecnologias militares, mas também na batalha pela narrativa, cada vez mais moldada por operações de influência digital, inteligência artificial e campanhas de desinformação direcionadas.

Análise do GBN Defense

À luz desse cenário, nossa análise aponta que o uso de resultados obtidos em operações reais como ferramenta de marketing é uma prática comum e amplamente consolidada no setor de defesa. Fabricantes e governos frequentemente valorizam o desempenho comprovado de seus sistemas em situações de combate para fortalecer narrativas de eficiência, confiabilidade e superioridade tecnológica, elementos decisivos no momento de conquistar novos clientes. Em um mercado altamente competitivo e influenciado por fatores geopolíticos, é natural que episódios de êxito operacional sejam transformados em argumentos comerciais, seja para destacar a robustez de uma plataforma, seja para contrapor a ascensão de produtos concorrentes.


GBN Defense - A informação começa aqui

com Reuters


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