segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Türkiye sinaliza abandono do S-400 e abre caminho para possível retorno ao programa F-35

O impasse estratégico entre Türkiye e Estados Unidos, centrado na controversa aquisição dos sistemas russos de defesa antiaérea S-400, pode estar se aproximando de um ponto de virada. Após mais de meia década de tensões, sanções e rupturas no âmbito da OTAN, Ancara demonstra disposição para abrir mão do sistema russo a fim de reatar vínculos plenos com a arquitetura de segurança ocidental e, sobretudo, viabilizar seu retorno ao programa do caça furtivo de quinta geração F-35.

A sinalização partiu de fontes oficiais norte-americanas. O embaixador dos Estados Unidos na Türkiye, Thomas Barrack, afirmou que Ancara estaria preparada para abandonar os sistemas S-400 em um futuro próximo. Segundo ele, a questão que há seis anos trava a cooperação técnico-militar entre os dois países poderia ser solucionada em um intervalo de quatro a seis meses.

O diplomata destacou que, embora o S-400 não seja efetivamente utilizado pelas forças armadas turcas, sua mera presença no território nacional continua sendo um obstáculo intransponível para a retomada da confiança estratégica entre Washington e Ancara. Ao ser questionado diretamente sobre a possibilidade concreta de a Türkiye abrir mão do sistema, Barrack respondeu de forma afirmativa, indicando um cenário real de mudança de postura.

Esse movimento, se confirmado, representará uma inflexão profunda na política externa e de defesa da Türkiye. A compra do S-400 foi, à época, apresentada como um símbolo de autonomia estratégica frente aos Estados Unidos e à OTAN. O custo dessa decisão, porém, foi alto: além de sanções e restrições, a Türkiye foi excluída do programa Joint Strike Fighter, considerado o mais avançado projeto de aviação militar da atualidade.

Washington sempre sustentou que a integração de sistemas russos em solo de um país-membro da OTAN representa um risco inaceitável de vazamento de dados sensíveis, especialmente em um ambiente que envolve aeronaves furtivas, sensores avançados e redes integradas de combate. Por essa razão, a simples permanência do S-400 no inventário da Türkiye tem sido tratada como uma linha vermelha.

A eventual reintegração de Ancara ao programa do F-35 exigirá, portanto, a retirada completa do sistema russo de seu território ou, no mínimo, sua eliminação de qualquer estrutura de defesa aérea nacional. Caso essa condição seja cumprida, a Türkiye poderá retomar não apenas a aquisição de caças de quinta geração, mas também sua participação plena em um dos ecossistemas tecnológicos mais restritos e sensíveis do planeta.

Essa mudança de postura ocorre em um contexto geopolítico cada vez mais instável, marcado pela guerra na Ucrânia, pelas tensões no Oriente Médio e pela crescente assertividade de potências revisionistas. Para a OTAN, a Türkiye não é apenas mais um membro: sua posição geográfica, entre a Europa, o Oriente Médio e o Mar Negro, torna o país uma peça-chave no equilíbrio estratégico do flanco sudeste da Aliança.

Ao mesmo tempo, a Força Aérea da Türkiye enfrenta um desafio urgente de modernização. Embora os S-400 tenham representado um gesto político poderoso, sua inoperância prática e a ausência de uma solução de quinta geração colocaram Ancara em desvantagem crescente frente a potenciais adversários regionais equipados com plataformas mais avançadas.

Se o cronograma de quatro a seis meses indicado pelo embaixador Barrack se concretizar, o retorno da Türkiye ao programa F-35 transcenderá uma simples aquisição de equipamentos. Estará em jogo uma recalibração do equilíbrio de poder no Mediterrâneo Oriental, no Oriente Médio e no próprio interior da OTAN, reforçando a coesão da aliança em um dos momentos mais críticos da segurança internacional nas últimas décadas.


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