A Embraer e a Polska Grupa Zbrojeniowa (PGZ) deram na última terça-feira (2) um passo concreto e estruturante rumo a uma cooperação de longo prazo no setor de defesa e aeroespacial. A assinatura de cinco Memorandos de Entendimento com o conglomerado estatal polonês e suas subsidiárias WZL-1, WZL-2, WSK “PZL-Kalisz” e WBCKT marca o início de uma parceria robusta, com potencial de transformar a Polônia em um dos principais polos de apoio, manutenção, produção e desenvolvimento ligados às plataformas da Embraer na Europa.
Mais do que acordos formais, os MoU's estabelecem uma arquitetura industrial abrangente, que inclui suporte operacional, manutenção, reparo e revisão (MRO), fabricação de componentes, integração à cadeia de suprimentos, engenharia, testes e desenvolvimento de soluções aeroespaciais. O escopo também contempla de forma prospectiva, atividades relacionadas a sistemas C4ISR, ampliando o nível de integração tecnológica entre as partes e abrindo espaço para projetos de alta complexidade no futuro.
No campo industrial, a cooperação com a WZL-1 concentra-se na produção de componentes metálicos e em materiais compósitos, transferência de tecnologia, certificação e garantia da qualidade, além da exploração de tecnologias emergentes. Já com a WZL-2, o foco recai sobre a possibilidade de transformar a unidade em um hub de manutenção do KC-390 Millennium e de outras aeronaves, incluindo serviços especializados de pintura aeronáutica, um elemento fundamental para a autonomia logística e a sustentabilidade das frotas em operação no continente europeu.
Os memorandos firmados com a WSK e a WBCKT expandem o alcance dessa parceria. Com a WSK, estão previstas atividades voltadas à produção e ao suporte de componentes aeronáuticos, processos mecânicos, tratamentos térmicos, além de programas de capacitação e consultoria técnica. Com a WBCKT, a atenção se volta ao desenvolvimento conjunto de equipamentos de apoio em solo (GSE) para o KC-390, ampliando as capacidades locais de suporte à aeronave.
Durante a cerimônia, a Embraer apresentou oficialmente o KC-390 Millennium em uma nova pintura, reforçando o protagonismo da aeronave dentro dessa estratégia de cooperação. Também foram destacadas as capacidades do A-29 Super Tucano, especialmente em cenários de combate a sistemas aéreos não tripulados, missão cada vez mais relevante nos conflitos contemporâneos.
A assinatura dos memorandos ocorre no momento em que o KC-390 consolida sua trajetória internacional. Em operação desde 2019 com a Força Aérea Brasileira, desde 2023 na Força Aérea Portuguesa, e mais recentemente, desde 2024 na Força Aérea Húngara, a aeronave vem registrando índices expressivos de desempenho, com taxa de disponibilidade em missão de 93% e índice de conclusão superior a 99%, números que reforçam sua credibilidade como plataforma de transporte multimissão de nova geração.
Com capacidade de transportar até 26 toneladas, velocidade de cruzeiro de 470 nós e grande alcance, o KC-390 se destaca em missões de transporte de tropas e cargas, lançamento aéreo, evacuação aeromédica, busca e salvamento, combate a incêndios e operações humanitárias. Na versão KC, equipada para reabastecimento em voo, já comprovou sua eficiência tanto como avião-tanque quanto como receptor, ampliando sua versatilidade operacional.
Na prática, os acordos com a PGZ e suas subsidiárias vão além da simples expansão comercial. Representam um movimento estratégico de construção de soberania industrial, transferência de conhecimento e fortalecimento da base tecnológica local, ao mesmo tempo em que inserem a indústria polonesa em um ecossistema global liderado pela Embraer.
Para a Polônia, trata-se de uma oportunidade de ampliar competências em áreas críticas da defesa moderna, gerar empregos de alta qualificação e integrar-se a uma cadeia de valor de alcance internacional. Para a Embraer, é a consolidação de sua presença na Europa Oriental, com uma abordagem baseada em parceria, cooperação tecnológica e desenvolvimento industrial sustentável.
Esse movimento reforça uma tendência cada vez mais evidente no setor: a de que os programas de defesa do futuro não se constroem apenas com aquisição de plataformas, mas com alianças industriais sólidas, transferência de tecnologia e integração entre nações com interesses estratégicos convergentes.
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