domingo, 2 de janeiro de 2011

O Mundo dos Super Caças e o Brasil


Os Norte-americanos na segunda metade dos anos 80 lançaram uma requisição para uma nova aeronave de alta tecnologia, assim nos anos 90 deram o primeiro passo rumo aos caças de 5ª geração com o voo do fantástico F-22 Raptor, vencedor da disputa com o YF-23. O programa demandou muitas pesquisas e investimentos, mas o resultado foi um formidável caça que não tinha rival a sua altura. Ao menos não possuía até o início do século XXI.

Com o fim da URSS, o surgimento de novas ameaças assimétricas e a crise financeiro que atingiu os EUA, o congresso americano decretou o fim da produção do F-22 Raptor, uma linha curta com pouco mais de 120 exemplares entregues.

Dando continuidade a linhagem dos super caças da nova geração, os americanos desenvolveram um caça mais barato e com mais capacidade de emprego para complementar suas capacidades, nascia um novo caça, o F-35 A Lightning II ou F-35 Joint Strike Fighter, um programa que visa a produção de três aeronaves stealthy multi-role fighters supersônicas, que fora desenvolvido para satisfazer as necessidades de uma nova geração de caças para os EUA e seus aliados.

O F-35 foi concebido como projeto de três caças de 5ª geração, CTOL F-35A JSF, STOVL F-35B JSF, CV F-35C JSF , de relativo baixo custo, para a Marinha, Força aérea e Marines dos EUA, pois englobar três aeronaves em um mesmo projeto atenuou os elevados custos de desenvolvimento comparado aos três separados.

O projeto do F-35 Lightning II vem enfrentando altos e baixos, que passa por enormes entraves e revezes em sua concepção, sofrendo atrasos na conclusão do programa, resultando no aumento de seu custo, levando muitos possíveis operadores deste a reconsiderar a sua escolha.

Na primeira década deste século, rumores diziam que a Rússia estava desenvolvendo secretamente um novo caça de quinta geração, logo após o cancelamento dos MIG 1.44 e Su-47 Berkut, o suposto PAK-FA, um caça de 5ªG inovador e com custo unitário baixo, muito diferente dos seus rivais Norte-americanos. O mercado e mesmo especialistas por diversas vezes duvidavam da capacidade russa e mesmo da existência de tal programa, dando o SU-35 como o caça mais avançado que a Rússia teria a sua disposição, pelo menos nas próximas décadas. Mas eis que para a surpresa de todos surgiu o Sukhoy T-50 PAK-KA, um caça stealth de linhas arrojadas, realizando com sucesso os primeiros vôos de teste e ainda conseguiu uma parceria no desenvolvimento com a Índia.

Nos últimos dias deste ano outro mito saiu do papel, o caça chinês J-20, este então pouco se esperava, ao menos não antes de 2015, pois até então a China vinha tocando seu J-11, uma cópia descarada do SU-27 russo. Mas nesta última semana fotos deste novo vetor surgiram dando amostras do que pode ser o primeiro protótipo ou apenas um mock-up deste novo vetor de quinta geração que em breve vai dominar os céus. Mais uma prova que da China podemos esperar muitas surpresas.

Agora aqui pela América do Sul vemos o Brasil ainda em dúvida sobre a escolha do seu FX-2, um programa vital para a Força Aérea Brasileira que necessita urgente de um novo caça para substituir seus “históricos” F-5 que são ainda hoje após mais de quarenta anos a espinha dorsal da FAB e os caças de superioridade aérea Mirage 2000, aquisição improvisada após a baixa dos Mirage IIIBR até a definição do Programa FX.

Após dezesseis anos, o cancelamento do programa FX e abertura do FX-2, ainda aguardamos a definição do novo vetor de 4ª Geração da FAB. Entre os finalistas temos três vetores, o Boeing F-18 Super Hornet americano, o JAS-39 Gripen NG sueco e o favorito de Brasília até aqui Dassault Rafale. A única certeza que temos hoje é que seja qual for a aeronave vencedora deste programa, quando entrar em serviço já estará ultrapassado na arena de combate pelos novos caças de 5ª geração. Lembrando que hoje a Venezuela opera os melhores caças do continente, enquanto no Brasil operamos ainda os F-5 que mais uma vez são modernizados.

Os finalistas do FX-2 já apresentaram todas suas propostas e no início de 2010 se esperava a definição do vencedor, para muitos o Rafale francês. Mas o que vemos é a velha novelinha brasuca, vamos empurrar com a barriga e neste ano de 2011 o problema é da aspira que assumiu o Planalto.

Enquanto o mundo caminha para voar os caças de 5ªG, e talvez já estejam concebendo em suas pranchetas até mesmo os de 6ªG, nós ainda estamos aqui discutindo qual caça de 4ªG iremos comprar. A alegada preocupação é a questão referente à transferência de tecnologia. O que me faz pensar no quanto nossa mentalidade é atrasada pra não dizer outra coisa. Pois em um mundo onde todos estão investindo em novas tecnologias, estaremos gastando bilhões com tecnologias que estarão em sua entrada em serviço já ultrapassadas no mínimo, quando deveríamos investir em capacitação de nossa indústria de alta tecnologia e concepção de um novo caça nacional de 5ª Geração.

Realmente é vergonhoso ver nossos pilotos tendo de voar caças recauchutados, e o pior, saber que até 2014 teremos de comprar mais caças de segunda mão para manter a defesa aérea caso não decidam em tempo hábil um novo vetor para nossa FAB. Mas como diz o velho dito popular: “A esperança é a última que morre”. Só nos resta mesmo esperar por um milagre.


Angelo D. Nicolaci
Editor GeoPolítica Brasil
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