sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Otan viveu um 2009 marcado por recordes de baixas e acusações


Recorde de baixas, atentado suicida no coração de uma base americana, acusações de assassinatos de civis afegãos: as forças internacionais no Afeganistão, que começam a receber os reforços prometidos por Barack Obama, terminam o ano de 2009 marcadas pelo sangue e o fogo.

Os reveses se acumularam nesses últimos dias para as forças internacionais, poucas semanas depois do anúncio do presidente americano e seus aliados da Otan do envio de 40.000 soldados extras para tentar sufocar a insurreição talibã, que avança em terreno e em intensidade.

A morte de dez civis, incluindo oito adolescentes, em uma operação no leste do Afeganistão provocou esta semana a fúria do presidente Hamid Karzai, que acusou as forças internacionais.

A publicação de um informe oficial confirmando estas acusações acirrou a polêmica, ainda mais que a Otan demorou em admitir os fatos, apesar de alegar que seus soldados apenas se limitaram a responder aos disparos que receberam.

O governo afegão exigiu ainda que os responsáveis pelas mortes sejam entregues para que possam ser julgados por seus crimes.

A morte desses civis também despertou a revolta popular e duas manifestações foram realizadas em Jalalabad e Cabul, aos gritos de "Obama, tu és o grande Satã".

Na terça, o alvo foi o contingente canadense baseado em Kandahar, um reduto talibã no sul afegão. Quatro soldados e uma jornalista do Calgary Herald, Michelle Lang, morreram na explosão de uma bomba na passagem de seu blindado.

Na quarta, os talibãs aplicaram um duro golpe ao mar oito americanos, que, segundo o Washington Post, eram agentes da CIA, numa base militar da província de Khost.

Os ataques na entrada das bases são frequentes, mas é muito raro que um atentado seja cometido dentro de uma dessas bases, onde as medidas de segurança são muito rígidas.

No entanto, empregados afegãos que trabalham em tarefas de construção e manutenção têm acesso fácil, assim como soldados afegãos treinados pelos americanos.

Antes desses ataques, as forças internacionais já haviam batido o recorde de baixas desde sua chegada em 2001, com 512 mortos contra 295 em 2008, o recorde anterior, segundo contagem da AFP estabelecida a partir do site especializado icasualties.org.

O número de militares americanos duplicou, ficando em 311 em 2009, para os 155 de 2008.

Com os reforços anunciados pelos Estados Unidos e a Otan, os efetivos totais passarão de 113.000 a 150.000 em 2010. E as baixas também deverão aumentar, segundo os especialistas.

O chefe do Estado-Maior dos Estados Unidos, almirante Michael Mullen, em visita ao Afeganistão em 14 de dezembro, chegou a alertar que esperava um grande número de baixas americanas.

"Esta missão será muito mais difícil do que foi há um ano para os soldados americanos", admitiu.


A morte de sete funcionários da CIA (agência de inteligência americana) em um ataque com explosivos no Afeganistão fechou o ano em que os Estados Unidos sofreram mais baixas nesse país desde a invasão em 2001.

Este ataque é também um dos mais graves na história dos serviços de inteligência dos Estados Unidos.

Um homem que estava com um uniforme do Exército Nacional Afegão e escondia um colete com explosivos entrou na quarta-feira na base Chapman, na província de Khost, e detonou sua carga, matando e ferindo várias pessoas.

Khost é vizinha à região tribal de Waziristão Norte, no Paquistão, de onde os talibãs e seus aliados lançam ataques através da fronteira. Um porta-voz talibã atribuiu a esse movimento o ataque contra a base americana.

A CIA confirmou hoje, em comunicado, que o ataque matou sete funcionários da agência e outros seis ficaram feridos. No entanto, o diretor da agência, Leon Panetta, ordenou que não fossem divulgadas mais informações dos agentes, "pela natureza de sua missão e por outras operações em andamento".

O ataque pode ser o mais letal contra a principal agência de espionagem e operações clandestinas dos Estados Unidos, que, desde sua criação, em 1947, perdeu 90 funcionários em ação.

Os mortos e feridos, disse Panetta, em comunicado aos empregados da agência, "estavam longe da pátria e perto do inimigo, realizando a dura tarefa que deve ser feita para proteger este país contra o terrorismo".

"Devemos nossa gratidão mais profunda (aos mortos) e prometemos a eles e a suas famílias que jamais pararemos de lutar pela causa à qual eles dedicaram suas vidas: uma nação protegida", disse Panetta.

"Este é o pesadelo que antecipávamos desde que fomos ao Afeganistão e ao Iraque", disse ao jornal "The Washington Post" John McLaughlin, ex-subdiretor da CIA que agora é membro do conselho de direção de um grupo que apoia filhos de funcionários da agência mortos em cumprimento do dever.

"Nossa gente frequentemente está ali, na linha de frente, sem uma proteção adequada, e arriscam suas vidas", acrescentou.

A CIA honra e lembra seus mortos com estrelas talhadas em um muro de mármore em seu edifício central em Langley.

O jornal "The New York Times" afirmou que "o ataque ocorreu quando a agência esteve aumentando de maneira sustentada sua presença no Afeganistão e no Paquistão, e às vezes enviou agentes para bases remotas, em vez de mantê-los nas embaixadas, vigiadas, de Cabul e Islamabad".

O ataque fechou um ano no qual pelo menos 310 soldados dos Estados Unidos morreram no Afeganistão. Desde a invasão desse país, em outubro de 2001, morreram em ação de combate ou em outras circunstâncias pelo menos 949 militares americanos, mas o número deste ano é o dobro do registrado em 2008.

Também foi um ano de luto para os aliados dos EUA na operação no Afeganistão. Em 2009, morreram nesse país 107 soldados britânicos, 32 canadenses, 11 franceses, nove italianos e oito poloneses. No total, desde 2001, morreram no Afeganistão pelo menos 1,567 mil soldados dos Estados Unidos e de seus aliados.

O total de baixas das forças estrangeiras este ano foi de pelo menos 520 soldados, comparado aos 295, em 2008, e aos 232, em 2007.

A presença de pessoal das agências de espionagem e operações clandestinas e das forças militares especiais adquiriu mais importância no Afeganistão, onde o presidente dos EUA, Barack Obama, ordenou uma estratégia de contrainsurgência.



Fonte: AFP / EFE
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